sexta-feira, 9 de maio de 2008

É possível definir Liberdade?

Aparentemente, existem diversas "liberdades" circulando por aí.

A questão da liberdade civil ou jurídica engloba o tratamento de questões externas ao homem, o repúdio à autoridade de uma vontade humana sobre outra. Na verdade, o que observa-se é que a própria lei que institui uma suposta liberdade pode ser considerada como autoridade. Autoridade, pois não respeita um princípio fundamental na questão de ser livre: Quem define o que é liberdade é você mesmo, segundo aquilo que você toma como valores próprios e pessoais. Basicamente, creio que a liberdade seja definível, a grande questão é que sua definição não pode ser igual para todos.

Antes de tudo, liberdade só é possível quando se estiver liberto em sua própria consciência. Livrar-se do que quer que seja que possa agir autoritariamente sobre seu intelecto. Ou seja, amarras da sociedade, pragmatismos, problemas cotidianos, enfim, pensamentos que limitam um fluxo contínuo da mente.

O ponto essencial é observar se a minha liberdade acaba onde começa a do outro, ou se ela se expande quando encontra-se com a do outro. Sinceramente este é um questionamento que não consigo responder.

Penso que as pessoas querem incluir o conceito de igualdade no conceito de liberdade. A liberdade não é igual para todos, você é livre apenas quando tiver em sua consciência a certeza de que é livre.

Corrijo o que disse nos comentários do post passado: Devem existir pessoas que encontraram a liberdade de alguma forma e vivem segundo ela, só que nunca entenderemos isso, pois só entenderemos liberdade quando formos livres. Fora que essas pessoas podem ter encontrado liberdade em outro nível de consciência e por lá ficaram.

Liberdade é um ato individual, e explicando a frase do post passado sobre a compra da liberdade, creio que a sociedade atual cria uma teia de relações utilitaristas que impede qualquer um de ser livre dentro de sua cabeça, mesmo que haja individualismo exacerbado.

Os jovens em 68 revoltavam-se em busca do fim da autoridade, da limitação de suas liberdades, e a favor da espontaneidade e dos desejos humanos.

"Frequentemente se coloca a questão: Por que os estudantes, que são priviliegiados, filhos de burgueses, se revoltam com tal violência? Esta questão (...) recobre um erro fundamental: a idéia de que só a miséria material justifica a revolta e de que um homem 'que tem tudo de que precise' (no plano material) deve se encontrar igualmente satisfeito no plano moral."

Creio que esta frase da mestre em filosofia Olgaria C. F. Matos, em seu livro "Paris 1968: as Barricadas do Desejo" explicita melhor o que quero dizer.

O sistema impõe satisfação material como satisfação moral, fazendo-nos crer que algo palpável é o que nos torna livres, ou seja, se você pode consumir ou não.

Não sei qual é o caminho para a liberdade plena, e talvez nunca saiba. O ponto é que podemos encontrar "pedaços" de liberdade em nossa mente eventualmente, caso estejamos agindo de acordo com nossa própria lógica.

4 comentários:

Felipe disse...

amo ser um flaneur também tá aqui meu blog pra vc..


caoselvagem.blogspot.com

meu msn: exugalvan@hotmail.com

um abraço valeu espero seu contato

Anônimo disse...

vo dah uma olhada lah logo menos...
como chegou até aqui?
discipulo de bukowski eh bom hein

Speed disse...

André, percebo no seu belo texto uma certa dose de angústia. Encontrei na Wikipedia várias definições de liberdade, mas aquela com que mais me identifiquei foi a de Sartre:
"Para Jean-Paul Sartre, a liberdade é a condição ontológica do ser humano. O homem é, antes de tudo, livre. O homem é livre mesmo de uma essência particular, como não o são os objetos do mundo, as coisas. Livre a um ponto tal que pode ser considerado a brecha por onde o Nada encontra seu espaço na ontologia. O homem é nada antes de definir-se como algo, e é absolutamente livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo.

A liberdade humana revela-se na angústia. O homem angustia-se diante de sua condenação à liberdade. O homem só não é livre para não ser livre, está condenado a fazer escolhas e a responsabilidade de suas escolhas é tão opressiva, que surgem escapatórias através das atitudes e paradigmas de má-fé, onde o homem aliena-se de sua própria liberdade, mentindo para si mesmo através de condutas e ideologias que o isentem da responsabilidade sobre as próprias decisões."

Que lhe parece?

Anônimo disse...

A corrente existencialista realmente me atrai em suas definições filosóficas sobre as questões humanas. Sartre foi um grande homem, um dos maiores da história da humanidade.

O fato de estarmos ligados a responsabilidades de nossas ações é algo com que me identifico muito e penso na hora de agir.

Vlw pelo comentário. Um abraço

BTW, como vc chegou no meu blog?