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quarta-feira, maio 10, 2006

Blog do Alexandre Nero.

E por falar em grupo Fato, acabei de receber a notícia no orkut de que o Nero está com um blog na área. Eu já entrei e é muito bom, tem inclusive um texto de apresentação do Luiz Felipe. Vale a pena conferir. Eu já disponibilizei o link logo ao lado.

Sobre o Alexandre Nero, nada melhor que um textinho do Leprevost estilo "iconoclastinha". Lá vai:

"Ps. Porque eu quero que publique esse texto na íntegra, mesmo que você ache que é um texto de merda, eu coloquei o “ps” logo no começo. Esse “ps” é pra dizer que não tem problema o “ps” vir na frente. É claro que alguém dirá “Ó que subversivo que o Leprevost é, ele põe o “ps” no começo do texto.” Mas esse “ps” aqui é só pra isso: pra dizer que é pra você publicar todo esse texto, inclusive esse “ps” do começo.
Então, aí vai:

UM CURITIBOCA DE FORA

(de Luiz Felipe Leprevost)
A mão esquerda está caída. É como ele desmunhecasse. É um cacoete de estilo (se é que estilo tem cacoete e cacoete tem estilo). A mão direita segura o microfone. O quadril e as pernas se movimentam, e é o suficiente pra alguém pensar “Nossa, ele rebola!”

É, ele é um cara que canta. Canta rasgado. Timbre de tenor. Atitude de roqueiro. Ele é o cara que me disse “Existe uma técnica pra gritar assim e não ficar rouco, mas eu não sei qual é essa técnica.” Ele tem o suingue de um não-curitibano (os curitibanos não têm suingue). Então o que é essa porra que ele tem, que todo mundo confunde com suingue? É o balanço de um maluco que se transformou em CURITIBOCA (assim mesmo com caixa alta). (Vou até repetir) CURITIBOCA, ou seja, sujeito que mente ser introvertido, que mente ser frio, que mente ser metido, que mente ser CURITIBOCA, pra no fundo ser introvertido, frio, metido, CURITIBOCA enfim. Veja, é o mesmo princípio daquele poema do Fernando (isso, o Pessoa) no qual ele diz que “O poeta é um fingidor” etc e tal (o resto você já sabe). Taí, o CURITIBOCA é um fingidor. Esse cara, malandro, não é CURITIBOCA, mas finge que é CURITIBOCA, e então acaba sendo CURITIBOCA. Sacou a jogada? Ser para não ser, não ser para ser, tudo para ser e não ser (e assim por diante, sempre).

Certo, alguém deve estar pensando “Mas o termo CURITIBOCA é pejorativo.” O sujeito que está pensando isso, é o verdadeiro CURITIBOCA (ou o falso... caralho, já não sei). Acontece que esse maluco sobre quem estou me referindo (o tal cantor) descobriu muito facilmente que numa cidade como a nossa, numa cidade chamada Gélida, só se é possível ser CURITIBOCA.

Outro tópico: As pessoas dizem que eu e esse cantor somos parecidos. Que temos personalidades parecidas (Talvez porque sou o maior dos CURITIBOCAS. Que saco!, não consigo parar de usar essa maldita palavra CU... Pára!). Sem dúvida somos mesmo dois vaidosos, talentosos, inteligentes etc e tal até o infinito. Mas as semelhanças ficam por aí. Se eu fosse um chato que só pensa em trabalho, que é extremamente profissional; se eu fosse muitíssimo original, e ainda soubesse ganhar dinheiro com arte (Lembrem do ensinamento do mestre: Só pode pedir dinheiros pro produtor “cultural” quem faz com que o produtor “cultural” tenha lucro; e isso é mais velho do que caranguejo andar para todos os lados e afundar no lodo); se a mulherada toda quisesse dar pra mim; se eu fosse um poço de genialidades, grandes sacadas, e incontáveis contradições; se e fosse casado com uma atriz gostosa e talentosa pra caralho, que todo mundo queria beijar, amassar, fazer bilu-bilu; aí sim eu seria parecido com essa cara. Olha, vou dar a real. Eu nem devia escrever esse texto porque tô puto com o cara sobre quem esse texto fala (Tá ouvindo aí? Você mesmo, que nunca musica meus poemas sem desconstruí-los, decepá-los, tá ouvindo? Então se toca!).

Eu não sei vocês, caríssimos leitores, mas sempre achei furado esse papinho de artista, que diz “Ai eu me prostituo porque tenho que comer, sustentar família etc e tal e etc até a vaca ir pro brejo.” Pra esses eu digo plagiando a música (Pausa. Grito) “Artista é o caralho!” Agora, se nego vai continuar com essa porra de “Sou artista mas tenho que comer, fuder, ir ao shopping, fazer novela na Globo, jantar no Ilha da França com o Antônio Fagundes etc e etc e etc.” Aí eu sou obrigado a alertar “VOCÊ NÃO É ARTISTA!” Sabe o que eu penso? Eu penso que “ARTISTA NÃO COME, NÃO TEM FAMÍLIA, NÃO TEM CACHORRO, NÃO TEM DINHEIRO, NÃO TEM MAMÃE NEM PAPAI, ARTISTAS PAGAM O PREÇO!” Hum, não gostaram? Não era isso que você queria ouvir? Foda-se. Vou dizer “NÃO SOU ARTISTA, NEM ESSE CARA SOBRE QUEM ESTOU FALANDO É, NINGUÉM QUE EU CONHEÇO É!” Tudo bem, me explico melhor: Esse “conceito” de artista acabou. Artista era um Van Gogh, um Nijinski. No século 19 havia ainda artistas. No 20 eles começaram a desaparecer. No 21, meu bróder, viramos todos ESPECIALISTAS. É o tempo dos ESPECIALISTAS. E olha que existem ESPECIALISTAS geniais. Assim como existem CURITIBOCAS geniais. Esse cara sobre que estou falando, ele é um ESPECILISTA CURITIBOCA genial. Ele é um cara em que a frase “Me prostituo porque tenho que comer, tenho que me vestir, tenho que freqüentar o Clube” não soa de maneira pejorativa. Porque ele não é um artista, mas um ESPECIALISTA CURITIBOCA genial. Uma vez minha professora de marquetingue (Sim, os CURITIBOCAS ESPECIALISTAS geniais estudam marquetingue, tem que estudar marquetingue senão não se tornam CURITIBOCAS ESPECIALISTAS geniais) Essa minha professora deu a seguinte aula “Quem é bom se estabelece.” Eu levantei, dei boa noite, e nunca nunca mais encontrei aquela professorinha (até hoje acho que ela não se estabeleceu... bem, pelo menos nunca cruzei com ela ali pelo Largo da Ordem). Mas eu aprendi alguma coisa com essa minha professora.

Essa “teoria” de que ARTISTAS não existem mais.

Onde cheguei tendo aprendido tantas coisas? Cheguei até a seguinte opinião “Quem é vendido se estabelece.” Esse cara de quem falo, esse cara é um CURITIBOCA ESPECIALISTA genial VENDIDO. Sim, irmãos, deus é bom com alguns. Tudo bem, leitor, você está discordando de mim nesse momento (Você também “cara de quem estou falando” está discordando de mim). Mas vai dizer que um cara que toca violão pra caralho, com um suingue ducaralho, canta em três bandas ducaralho (super-contraditórias em suas essências), faz comercial de televisão, atua em peças de teatro (aqui me refiro a Lingüiça no Campo, ducaralho), faz performances, é cineasta experimental, cozinha bem, e motiva um escritor bom pra caralho a escrever um texto sobre ele, vai me dizer que esse cara não é um vendido ducaralho?

Vou expor um pouquinho mais da realidade pra vocês: 1º, sou apaixonado por esse cara; Segundo, ele adora trocadilhos (e com ele trocadilho tem peso de soneto); Sexto e décimo e ponto final, o lance dele é grana, e ele se prostituirá caso você pague bem. Parem de ser hipócritas, todo mundo aqui e aí e ali adora puta.

Então é isso, tá na hora de vocês conhecerem o Nero. Ouçam suas canções, seus poemas. Vá ver suas peças, seus desfiles no não-carnaval do Largo da Ordem. Procure por ele em Antonina e nos bares mais quentes de Gélida. Vire amigo íntimo do Nero, e você verá que ele não é tão metido, tão antipático quanto você pensava (mesmo que você nunca tenha pensado isso a respeito dele). (Mesmo que você tenha sempre o achado um doce, um fofo, um amor, um cara parecido com o Luiz Felipe Leprevost) Vá então confirmar que ele é tudo isso: um fofo, um doce, um bilu-bilu, um Luiz Felipe Leprevost. ATENÇÃO, invista seu dinheiro no talento de Alexandre Nero. Lembre-se sempre que ele é um CURITIBOCA ESPECIALISTA genial VENDIDO e contrate seus atributos. Isso faz dele um cara único, ótimo, sábado, proparoxítono. COMPRE JÁ ALEXANDRE NERO, COMPRE, COMPRE, COMPRE, seu cachê vale a pena, na insatisfação, seu dinheiro de volta, COMPRE, AJUDE A FAMÍLIA, AJUDE NERO QUEIMAR ESSA CIDADE, VAMOS BOTAR FOGO EM GÉLIDA.Alexandre Nero é um que sabe que “debaixo dessa neve mora um coração.”Ps. do final. Tanto o “ps” do começo como o “ps” do final devem ser publicados. Não esqueça. Não mude nada. Não edite. Se não couber no teu site, sinto muito, não entrará. Só coloque se for na íntegra. Se é um texto ofensivo, ofendido, defensivo, brutamontes, humilhante, nada disso importa. Esse texto é isso, nem menos nem mais. Inclusive os abraços, a assinatura, a data e o local, que escreverei em seguida, devem estar publicados com o todo. Abraços,

Luiz Felipe Leprevost
16/03/2006 – Rio de Janeiro.
(Luiz Felipe Leprevost é jornalista, escritor,ator, compositor e poeta. Autor dos livros "Fôlego" e "Ode Mundana")

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