segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Proposta de Trabalho – ABP/gestão 2010-2013

Apresento minha plataforma como candidato à Presidência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em sua próxima gestão. Sou membro atuante em diversas funções executivas e de várias Comissões. Atualmente, exerço a função de vice-presidente e considero-me em plenas condições para assumir a liderança administrativa e político-associativa desta instituição que adquiriu porte nacional e internacional.

Como tesoureiro e vice-presidente, procurei realizar trabalho criativo, competente e transparente. Fui o responsável pela implantação da auditoria externa das contas da ABP, além de ter conseguido patrocínio fora da indústria farmacêutica para o custeio do ABP Comunidade.

As funções inerentes ao cargo em nada impediram que participasse dos projetos institucionais: PEC-ABP, ABP Comunidade, Revista Brasileira de Psiquiatria, Site, Banco de dados, Programa Psiquiatras em Formação, Comissão Organizadora das ultimas seis edições do CBP e Conselho Científico da AMB. Em síntese, participei do desenvolvimento dos projetos de três gestões bem sucedidas.

A seguir detalharei meu plano de ação para o desenvolvimento sustentável da ABP na próxima gestão, se eleito Presidente. Seus tópicos são relacionados com um objetivo maior: a assistência digna aos pacientes com transtornos psiquiátricos. Em torno dele estão valorização do psiquiatra e da psiquiatria; produção e difusão de conhecimento; políticas de saúde; acesso a tratamento e defesa profissional.


1. Gestão

a) Transparência e eficiência administrativa.

b) Sistema político-organizacional. Discutir a organização institucional da ABP engloba o processo sucessório, mas não se restringe a ele. Pretendo, orientado por consultas feitas aos associados, conhecer suas demandas. A partir disso, tomar providências para implementar as reformas, passo a passo.

c) Administração e captação de recursos. A ABP depende financeiramente de duas grandes receitas: CBP e anuidade dos associados. Quando tesoureiro, consegui obter recursos fora da indústria farmacêutica, mas para avançar nesta tarefa será necessário auxílio especializado. Proponho:

• Captação profissional de patrocínios;

• Assessoria profissional de busca de fomentos para projetos de pesquisa que pretendemos desenvolver;

• Busca ativa de empresas privadas que possam se interessar pelos programas da Associação (ABP Comunidade, PEC-ABP, Editora ABP, Site, Eventos);

• Consolidar a ABP Editora, fundada em 2008 e que lançou vários títulos no XXVII CBP (São Paulo), como fonte de renda para a Associação;

• Conquista da autonomia financeira para os diversos programas da ABP.

• Trabalho junto às federadas para ampliar o número de associados.


d) Aprimoramento do Fórum de Federadas da ABP. O Fórum é hoje a mais importante instância de gestão da entidade. Dele saíram muitas das diretrizes que norteiam as ações da diretoria da ABP. Algumas melhorias possíveis:

• Formato que garanta discussão prévia, entre os associados, dos temas que julgarem pertinentes e mais importantes.

• Manutenção do cronograma de Fóruns Regionais antecedendo o Nacional. As dimensões continentais do nosso país e seus contrastes precisam ser levadas em consideração na formulação de propostas para assistência em saúde mental e para formação e fixação de psiquiatras.

• Investimento na “via de mão dupla” dos trabalhos e responsabilidades. Diretoria e Federadas prestam contas dos compromissos assumidos.

e) Departamentos. Representam o segmento científico da instituição. Sua participação em pesquisas tem sido cada vez maior, mas ainda tímida perto do potencial que temos. Algumas propostas:

• Criar um grupo de pesquisas científicas da ABP.

• Realizar simpósios interdepartamentais voltados para grupos específicos de profissionais.


2. Políticas públicas de assistência

Manter a postura que vigora desde a fundação da ABP de independência de grupos político-partidários e de interesses específicos. Não deixar, no entanto, de participar de discussões nas instâncias governamentais com foco na defesa da assistência ao paciente com base em evidências científicas e boa prática clínica. Isso pressupõe o aprimoramento constante das nossas Diretrizes.

Seguir na luta pela efetiva implantação da lei 10.216, com postura vigilante e crítica, denunciando as distorções feitas pela Coordenadoria de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Defender a valorização dos psiquiatras dentro das normatizações nacionais.

Já há acompanhamento e divulgação dos projetos de lei em tramitação no Congresso Federal referentes à nossa especialidade ou à saúde mental, prática que inaugurei na gestão atual com o auxílio da assessoria parlamentar. Ampliar e sistematizar por temas essa realização, contando com a participação dos associados, que melhor conhecem a situação de suas cidades, estados e regiões, de modo a formar uma verdadeira rede de vigilância.


3. Exercício profissional

Fortalecer as alianças com a AMB, CRM e CFM pela defesa de nossa profissão e das condições de trabalho do psiquiatra, respeitando as peculiaridades e finalidades de cada instituição.

Continuar apoiando lutas como a aprovação do PL 7703/2006, que dispõe sobre o exercício da medicina (Ato Médico), movimento para valorização da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) e acompanhamento da tramitação referente ao PL 39/2007, que estabelece critérios para a edição do Rol de Procedimentos e Serviços Médicos.

Zelar pelos interesses dos psiquiatras na rede suplementar de assistência médica. A ABP foi uma das primeiras sociedades de especialidade a atender à solicitação da AMB, cujo convênio com a Agência Nacional de Saúde (ANS) estabelece diretrizes clínicas de diagnóstico e tratamento das diversas doenças.


4. Comunicação

O crescimento da ABP impõe a necessidade de contato ágil e regular com os associados, federadas e outras instituições. Utilizar os avanços tecnológicos para o aprimoramento regular de nossas ferramentas (site, clipping, banco de dados, cadastro de associados).
Aprimorar e agilizar o “Contato via Formulário Web”, permitindo mais e mais manifestações e solicitações dos associados.


5. Publicações

Serão objeto de atenção e cuidado constantes.

• A Revista Brasileira de Psiquiatria conquistou por duas vezes seguidas índice de impacto superior a 1, tornando-se uma das mais importantes da América Latina e adquirindo respeitabilidade internacional. O trabalho dos editores e a autonomia editorial dada pelas diretorias da ABP contribuíram para esse resultado. Manter o apoio e a autonomia é compromisso que assumo.

• O Psiquiatria Hoje se desdobrou em duas publicações: o Psiquiatria Hoje Notícias e o Psiquiatria Hoje Debates, atendendo às necessidades dos associados que solicitavam um veículo para discussão sobre temas de interesse da especialidade, possibilitando assim maior integração do corpo associativo. A independência editorial tem sido e será respeitada.

• Unir Boletim Científico, que possibilita visibilidade à produção científica de nossos associados e divulga textos relevantes para nossa especialidade e Revista de Casos Clínicos, publicação que nasceu das sessões de casos clínicos do CBP, em uma só publicação voltada para a prática clínica.


6. Formação do psiquiatra

Este é um tema básico para a especialidade, extremamente complexo pela quantidade de interesses e variáveis em jogo. As necessidades mudam de região para região do país.

• Residência médica. Referência de modelo para formação de especialistas. Tem sido o foco de muitas ações, por intermédio da Comissão de Residência Médica. Trabalhar junto aos órgãos envolvidos com os programas de residência no país pela manutenção das bolsas depois da implantação dos 3 anos. Aprimorar as RM, incentivar a criação de RM em áreas deficitárias e defender a avaliação sistemática dos cursos. Essa avaliação poderia ser feita pela Prova de Título de Especialista da ABP/AMB.

Cursos de especialização. A ABP reconhece alguns cursos de especialização, com conteúdo programático e carga horária semelhantes às das RM. Proponho que sejam submetidos a processo de recadastramento. Os Cursos de Pós-Graduação latu senso não são e não serão reconhecidos pela ABP.

• Curso de Extensão. Está em andamento um projeto piloto idealizado pela ABP em colaboração com a UFGRS, para criação de curso de extensão na região norte do país, com objetivo de capacitar colegas já atuantes na área de psiquiatria.

• RM a partir de curso de especialização. Auxiliar no desenvolvimento de cursos de especialização na região Nordeste e Centro-Oeste, com conteúdo programático e carga horária propostas no currículo mínimo para RM, com vistas a se transformarem em RM no futuro.

• Intercâmbio entre Serviços. Incentivar o rodízio dos residentes por serviços de qualidade reconhecida de outras regiões, com vistas a uma formação mais completa para a realidade do país.

• Título de especialista. A prova passou por atualização de critérios com base nas resoluções da AMB, que a considera exemplar. A Comissão de TE da ABP continuará a ter liberdade de ação. Facilitar o acompanhamento pelo associado do processo de recertificação disponibilizando no site as regras e pontuações dos interessados.

• Ensino de graduação. Zelar pela adequada veiculação de Programas de Psiquiatria e Psicologia Médica nos cursos de graduação em Medicina. Insistir para que um representante da ABP integre as comissões multidisciplinares para esse fim.


7. Relações com instituições internacionais

Fortalecer com parcerias e colaborações as alianças com a WPA/APAL. Fazer o mesmo com a Associação Psiquiátrica Americana, a ASMELP e a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Já estão em andamento negociações para que a ABP Editora represente no Brasil as publicações da WPA.


8. Programas da ABP

Atingiram um nível de qualidade inquestionável, mas exigem acompanhamento contínuo para que as inovações sejam feitas com responsabilidade.

• ABP e Compromisso social

o ABP Comunidade. Sem dúvida o que mais cresceu e deu visibilidade à ABP na mídia e entre a população geral. Um dos seus pontos fortes é a desvinculação da indústria farmacêutica. Lutar por subsídios para sua consolidação definitiva. Estimular as Federadas a reproduzirem o programa em suas comunidades


• ABP e Aprimoramento do profissional

o Programa de educação continuada (PEC-ABP). Uma das mais importantes e melhores ferramentas de educação à distância. Seu formato tem sido revisto ultimamente para torná-lo mais atraente. Participo do Conselho Editorial desde os seus primórdios e comprometo-me a preservar a autonomia gerencial. Utilizá-lo em cursos de capacitação de profissionais da atenção primária. Buscar parceria com Universidades no sentido de baratear seu custo mantendo a qualidade e ampliando seu uso.

o Programa de Apoio ao Psiquiatra em Formação. Proporciona aos candidatos selecionados uma participação mais racional, com maior aproveitamento, do nosso Congresso. Muito bem aceito e elogiado pelos participantes da primeira edição, cuja implantação e acompanhamento ficaram ao meu encargo, tem tudo para se tornar outro marco da Associação.


9. Eventos científicos

• Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Buscar incessantemente seu aprimoramento, respeitando as normas para elaboração da programação científica, a cargo da COCIEN, cuja autonomia na tomada de decisões continuará a ser respeitada. Manter a parceria com a(s) federada(s) do local que o recebe. Rever a responsabilidade de cada uma das partes e a divisão do resultado financeiro à luz das novas dimensões que o CBP atingiu. Debater a questão da escolha da cidade-sede do evento com base em reflexão sobre o que se deseja para seu futuro.

• Jornadas Regionais. Com dimensão e abrangência muito diferentes nas diversas regiões, serão reavaliadas visando melhor aproveitamento.

• Simpósios de Departamentos. Promover eventos autônomos, menores, temáticos e direcionados a segmento dos associados, sob responsabilidade de um ou mais departamentos e a supervisão da ABP.

• Eventos conjuntos com outras especialidades. Fortalecer a integração da psiquiatria com as outras especialidades médicas, além da interconsulta.


10. Considerações finais

O bom funcionamento administrativo da ABP requer um profundo conhecimento de suas peculiaridades e de seus mecanismos de gestão, algo que adquiri ao longo de minha carreira nas diversas instâncias da instituição.

Essa experiência e a visão realista e diferenciada de nossa condição financeira, política e social são pontos fortes da minha candidatura. Minha formação e trajetória profissional de clínico e pesquisador imprimirá raciocínio científico e operacional na sustentação das diversas ações propostas.

As idéias apresentadas neste documento têm caráter inicial e serão aprimoradas e modificadas a partir de comentários, críticas e sugestões que receber. Afinal, o trabalho associativo depende da colaboração de todos os associados.

17 comentários:

  1. As propostas são interessantes.Infelizmente, nada foi citado com relação às altas taxas que a ABP cobra dos associados( anuidade, inscrição no Congresso,indicação de hotéis com preços exorbitantes).O tempo dos médicos-fazendeiros já acabou;somos, na maioria, funcionários públicos,com baixos salários.Espero melhoras nesse sentido em gestões futuras.
    Atenciosamente,
    Jayme Tadeu dos Santos
    CRM-SP:43395
    ABP:02601
    E-mails:jts.itp@hotmail.com
    jaymetadeu@bol.com.br

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  2. Parabéns Luiz Alberto Hetem!!! Espero que tenha sucesso ...

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  3. Prezado Hetem
    Sua proposta de trabalho pareceu-me bastante abrangente e interessante.
    Sou técnico pericial psiquiatra no Ministério Público do Rio de Janeiro e também psicanalista ligado à International Psychoanalytical Association.
    Como psiquiatra constato uma autêntica deserção de futuros psiquiatras, já que exige-se mais filiação ideológica que conhecimentos científicos para exercer-se a psiquiatria, o que, a meu ver espanta muitos acadêmicos de medicina na escolha da especialidade.
    Outra coisa que vem me chamando a atenção é a raridade de psiquiatras infantis e mesmo, uma formação médica pouco consistente no que se refere a alguns itens tais como o diagnóstico precoce do autismo (este diagnóstico viabiliza um melhor prognóstico no autismo adulto principalmente nos casos de automutilações).
    Outra coisa da qual sinto falta é a da presença mais efervescente da instituição psiquiátrica nos eventos politicos, geralmente liderados pelos psicólogos, em autêntica disputa de mercado. Mesmo que não entremos no jogo, julgo que não devemos nos omitir e ter sempre uma pronta resposta oficial de nossa entidade representativa.
    Por favor, inclua as instituições psicanalíticas da IPA entre as possíveis parcerias com a ABP (sei que a Sociedade Brasileira de Psicanalise do Rio de Janeiro está com a ABP mas inclua as outras também)
    Essas são algumas idéias, cujo meu objetivo em apresentá-las visa unicamente ajudar;
    Sucesso e um abraço

    José de Matos

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  4. Bela trajetória. Fiquei um tanto impressionado com a organização atual da ABP. Eu que estava um tanto desencantado com a psiquiatria fiquei novamente animado. Sou do Estado do Rio de Janeiro e fui morar há 3 anos na cidade de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Não tenho o título, mas o reconhecimento oficial do CREMERJ como psiquiatra. Ja sou filiado e logo que cheguei ao Acre liderei um Forum de Saude Mental no Vale do Juruá. Mas como estava chegando foi somente uma bandeira que levantei. Atuo no CAPS
    daqui e atualmente estou cursando um pós de pesquisa de drogas da USP, via internet, bem puxado, com presencial de um mes no final do ano. muito bom. Aqui no Acre estamos necessitando de capacitação, e aqui no Vale do Jurua(na outra banda do Estado) estamos pelejando mas queremos que a ABP lembre de nós e traga mais luz para essa gente sofrida. Até então estava um tanto decepcionado com a participação do psiquiatra no programa de saude mental do MS. Mas o novo posicionamento da ABP é mais animador. Eu não sou cachorro não. ABS e sucesso nos seus objetivos ! Conte com a gente!!
    HENRIQUE ROOSEVELT BOECHAT DE LACERDA, 63 ANOS
    Há mais de 30 anos trabalhando em Psiquiatria.

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  5. Gostaria de saber sobre a sua posição em relação ao médico poder realizar a
    prova de título de especialista, sem ter feito residencia ou especialização
    em Psiquiatria em entidades aprovadas pela ABP.Penso que não é adequado,
    pois somente a apresentação do futuro candidato a prova, dá margem a
    qualquer médico que acha que pode ser especialista, fazer a prova e não ter
    formação adequada para exercer a profissão de psiquiatra.

    Um abraço.

    M.D.Juliano Szulc Nogara
    Psiquiatra Cremers 27313
    Esp.Dep.Química UNIFESP/EPM

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  6. Gostei imensamente da maneira clara e lógica com que colocou suas ideias para a elaboração de uma plataforma de administração da nossa entidade maior, a ABP. Desejo sucesso e estou no aguardo de novas notícias.
    Sônia Lafayette
    Psiquiatra CRM/Am 737
    04/03/2010

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  7. Olá. Também acredito, como o comentarista anterior, que não deveria ser permitido pela ABP (nem pela AMB) que os médicos que não tenham cursado Residência Médica em Psiquiatria reconhecida pelo MEC, ou Especialização em Psiquiatria reconhecida pela ABP, e com carga horária semelhante à da RM (e não os famosos "cursos de psiquiatria de fim de semana ou quinzenais") possam tirar o título de especialista através da prova anual da ABP. Essa distorção gerou, a meu ver, o credenciamento como especialistas de muitos profissionais com conhecimento bastante deficitário em Psiquiatria, levando à freqüente prescrição/associação indiscriminada de antidepressivos, antipsicóticos, bem como à recomendação de uso abusivo de benzodiazepínicos, dentre outros fatores iatrogênicos que acabam contribuindo para a estigmatização da Psiquiatria perante parte da população e da classe médica em geral. Também acredito que, ao contrário do que foi mencionado anteriormente, não há falta de médicos que queiram ser psiquiatras, muito pelo contrário; por terem os transtornos do humor e ansiosos se tornado doenças cada vez mais freqüentes e diagnosticadas (correta ou incorretamente) na sociedade atual, sendo essas patologias freqüentemente incapacitantes e geradoras de potencial afastamento das atividades laborativas, fato este que é de conhecimento coletivo... Enfim, há uma procura cada vez maior por Psiquiatras para atendimento da população em geral; isto é percebido por muitos médicos (ou seja, profissionais já graduados), que acabam "descobrindo" a Psiquiatria como uma maneira de "ganhar dinheiro fácil em consultas rápidas" (vide a famosa equação: antidepressivo +ansiolítico + atestado = satisfação imediata do paciente). E a maneira mais fácil (ou o caminho mais curto) de conseguir o título de Psiquiatra é através dos famosos "cursos de fim de semana ou quinzenais", obtendo o almejado respaldo de verdadeiros especialistas para poder então realizar a prova da ABP. Ou seja: já não se procura mais a Psiquiatria por paixão, durante a faculdade, como antigamente; busca o médico tornar-se psiquiatra para atingir um novo "nicho" de mercado. Mas, e quanto àqueles que cursaram dois anos (ou, mais recentemente, três) de Residência Médica, bem como as Especializações reconhecidas e com carga horária equivalente à da Residência Médica (em torno de 5.000 horas)? Enfim... fica aí o meu desabafo para os colegas avaliarem, e todos pensarmos a respeito dos rumos da Psiquiatria no Brasil.
    Boa sorte e sucesso à campanha do Dr. Luiz Alberto.

    Thiago C. de A. Silveira
    CRM-SC 11.820 / RQE 7.166
    Residência Médica em Psiquiatria pelo IPQ-SC

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  8. Maria Cecilia Leite Massari4 de março de 2010 às 20:38

    Penso que o colega Juliano precise rever um pouco essa sua posição de que só tem direito a prestar o concurso de título de especialista, o colega que passou por residência. Noto que muitos colegas que hoje atendem em presídios, como psiquiatras, muitas vezes estudam ou estudaram muito mais do que colegas que passaram por residência. Lembremos que estes colegas foram concursados para isso e que mesmo sem terem título de especialista são pessoas muito mais sérias e empenhadas em exercer dignamente o ofício de psiquiatra. Quantos colegas que tive em serviço público que tinham o título de especialista e mal olhavam ou ouviam seus pacientes. OU até mesmo nunca estudavam para aprimorar sua especialização...Um abraço e grande luta pela sua eleição. M. Cecilia Leite Massari
    Psiquiatra pela ABP e Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

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  9. Em defesa ao colega Juliano:

    ...Imaginem se, para se tornar cirurgião geral sem cursar a respectiva Residência Médica, o médico pudesse, comprovando que apenas auxiliasse (ou até mesmo realizasse?) cirurgias em um Hospital Geral em qualquer lugar do Brasil (capitais ou interior) durante um período mínimo de dois anos (através de uma declaração assinada por qualquer cirurgião geral já reconhecido como especialista), pudesse então submeter-se à prova do Colégio Brasileiro de Cirurgiões? Provavelmente, esse médico aspirante a cirurgião, após sua centésima cirurgia não-supervisionada, e possivelmente tendo sido em torno de oitenta dessas cirurgias efetivamente mal-realizadas, resultando em mortes ou seqüelas para os pacientes em questão; tornar-se-ia então esse profissional apenas um cirurgião geral de nível técnico ruim ou, na melhor das hipóteses, mediano. Isso é o que ocorre na prática? Evidentemente, não. Para tornar-se Cirurgião Geral, o médico necessita cursar dois anos de Residência Médica reconhecida pelo MEC, com EXTENSA CARGA HORÁRIA DE APRENDIZADO OBRIGATORIAMENTE SUPERVISIONADO POR ESPECIALISTAS (e não apenas aprendendo por sua própria prática, erro e estudo); alternativamente, o médico pode vir a se tornar cirurgião geral reconhecido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões, caso comprove no mínimo DEZ ANOS DE EXPERIÊNCIA OU ATUAÇÃO COMO CIRURGIÃO GERAL (SEM A RESIDÊNCIA MÉDICA), sendo essa experiência atestada e reconhecida por escrito através da anuência de pelo menos dois especialistas membros do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Ora, seria então pelo fato de que as medicações psicotrópicas, prescritas pelo psiquiatra em geral, dificilmente venham a matar um paciente por si mesmas (não obstante a realidade destas medicações poderem causar sérios efeitos colaterais agudos ou crônicos se forem mal prescritas), é que devemos permitir que outros médicos se tornem psiquiatras "por si mesmos", na base da "tentativa e erro" de medicações e do estudo nao-supervisionado ou orientado por especialistas? Existem, de fato, médicos que conseguiram se tornar excelentes psiquiatras mesmo sem terem cursado a Residência Médica ou a Especialização (não de fim de semana) em Psiquiatria; mas, pelo que testemunhei pela minha própria experiência e convívio com outros profissionais da área, essa situação específica mencionada em outro comentário representa muito mais a exceção do que a regra geral da excelência da qualidade da formação do médico psiquiatra. Além disso, o critério deficitário na concessão do Título de Especialista em Psiquiatria não apenas prejudica os pacientes do médico aspirante a psiquiatra, como também os próprios psiquiatras que já estão atuando no mercado de trabalho, pois a taxa anual de formação de médicos psiquiatras no Brasil certamente já é muito maior do que a taxa de crescimento da população geral, levando à crescente má remuneração do psiquiatra, tanto pelo SUS, quanto pelos planos de saúde, fatos estes que já são notórios para todos nós.
    Um abraço a todos e grande sucesso à campanha do Dr. Luiz Alberto!

    (César)

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  10. jorge paprocki -psiquiatra -tep5 de março de 2010 às 09:54

    Caro Hetem meus parabens pelo progama.Estou ousando uma sugestão : credenciamento de algumas residências pela abp , após avaliação do currículo de seus preceptores, bem como da qualidade dos programas e de seu cumprimento, e por fim, do nivel de aproveitamento dos residentes.Os residentes egressos destas residencias credenciadas teriam créditos na prova de obtenção do tep.Esses créditos seriam proporcionais à nota auferida por aquela residência por ocasão de seu credenciamento. Essas notas poderiam ser reatualizadas para mais (ou para menos) de acordo com revisões periódicas realizadas por uma comissão regional da abp. Um grande abraço e uma eleição feliz.Paprocki.

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  11. Fundamental é o completo desligamento da ABP da industria farmacêutica. Principalmente no congresso nacional. Só assim ela terá credibilidade. Todo resto depende disso.
    Fabrício Meyer Godoy CRMMG 371612

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  12. MEU NOME É LUIZ COLIBAVA, SOU PSIQUIATRA EM MARINGÁ E FIZ MINHA FORMAÇÃO EM RIBEIRÃO PRETO, TENDO A OPORTUNIDADE DE ASSISTIR ALGUMAS AULAS COM O DR LUIS ALBERTO. SUA COMPETÊNCIA É INQUESTIONÁVEL E JÁ QUE EXISTE ESSA OPORTUNIDADE DE PARTICIPAÇÃO DOS ASSOCIADOS GOSTARIA DE FAZER ALGUNS COMENTÁRIOS. O PRIMEIRO SE REFERE AO PREÇO EXCESSIVO DAS ANUIDADES - ACREDITO QUE ISSO PROMOVE DESFILIAÇÃO E INCLUSIVE DIFICULDADE NA CONQUISTA DE NOVOS ASSOCIADOS. EM SEGUNDO SINTO A NECESSIDADE DE PALESTRAS E CURSOS VOLTADOS EXCLUSIVAMENTE A PSIQUIATRAS NOS CONGRESSOS, COM ÊNFASE EM TRATAMENTO CLÍNICO. OBRIGADO!

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  13. Luiz Alberto
    Boa plataforma; congratulações!
    Sinto falta de maior valorização, dentro da ABP, da psicoterapia (individual, grupal, casal, famíia), inclusive aquela que Balint propõe para uso do clínico geral, e que julgo eu - seria muito útil, mesmo para os psiquiatras organicistas.
    Um abraço, e sucesso para toda a equipe!
    Waldemar José Fernandes
    Psiquiatra clínico e psicoterapeuta - São Paulo

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  14. Caro Hetem,
    Pelo histórico de desenvolvimento da ABP nos últimos anos, com a sua participação, tenho certeza de que estaremos bem representados!
    A participação, cada vez maior e mais ativa, da ABP no cenário da saúde mental no Brasil deve ser a prioridade e ninguém melhor do que você para esta continuidade. Parabéns pelas propostas!
    Eduardo Tancredi

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  15. Caro Hetem,
    Meus parabéns pela iniciativa de criar um blog durante a campanha para presidência da ABP. Representa uma inovação importante, abrindo espaço para que outros colegas, mesmo distantes, possam dar opiniões e sugestões que, de certo, serão úteis, em sua maioria, para sua gestão, caso seja eleito - o que é o nosso desejo!
    Acredito que a psiquiatria, como especialidade médica está atravessando um bom momento: não há semana que não haja, em pelo menos um meio de comunicação, uma reportagem tratando de temas psiquiátricos. Ao mesmo tempo que isso faz com que a especialidade vá, gradualmente, sofrendo menos preconceito, há o risco da vulgarização dos diagnósticos psiquiátricos - o que já vem acontecendo. Devemos saber aproveitar bem este momento para que não caiamos no descrédito. Portanto é fundamental haver uma maior fiscalização na formação do psiquiatra e mais rigor na conferência de título.
    Ao contrário do que um colega acima afirmou, percebo, como supervisor dos residentes do IPUB-UFRJ, que a procura pela especialidade, por parte dos formandos, só faz crescer a cada ano, assim como o número de vagas oferecidas nas instituições já tradicionais e o aparecimento de novos cursos de residência. Este último aspecto deve ser visto com muito critério, pois essas vagas são abertas justamente onde se menos precisa de psiquiatra, enquanto locais mais distantes carecem de profissionais. Com isso há uma oferta maior do que a demanda e os salários oferecidos são muito inferiores aqueles oferecidos a colegas de outras especialidades.
    Desejo, desde já, muita sorte a você e toda sua equipe. Abs. Flávio Alheira

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  16. Olá Luiz Alberto,

    Parabéns pela iniciativa e sorte. Acho que os principais problemas estão no preconceito de boa parte da população com a psiquiatria, na campanha incansável que algumas psicólogas fazem contra nossa profissão, na visão distorcida de grande parte da população que acha que tem que procurar o neurologista como "médico de cabeça" e nos pseudo-psiquiatras que vem prestando a prova de título sem formação em residencia médica.

    Propor que a pessoa possa ser um psiquiatra auto-didata ou através de cursos "Mandraques" é o mesmo que subverter todo o sistema educacional e desvalorizar o esforço dos que seguiram o caminho mais difícil... Passou o tempo em uqe não havia residencias suficientes.Que se reconheçam os cursos equiparados e fiscalizados pela ABP.

    Força e um abraço,

    Moysés Chaves
    CRM TO 1539
    CRM SP 106856

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  17. OI LUIS ALBERTO,

    ACHEI A PLATAFORMA ÓTIMA!
    GOSTEI BASTANTE DO BLOG E DO ESPAÇO PARA DISCUSSAO.

    ABRAÇOS
    CRIPPA

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