sábado, 31 de outubro de 2009

CELINA DE HOLANDA


"Se apago esta paixão, me apago" (Celina de Holanda)

"Não sei de muitas vozes poéticas femininas que se equiparem à sua, pela limpidez do sentimento reflexivo e pela discrição da palavra."
( Carlos Drummond de Andrade )


Celina de Holanda, grande poetisa, nasceu no engenho Pantorra, município do Cabo de Santo Agostinho e publicou seu primeiro livro quando já tinha mais de 50 anos de idade. É Patrona da Academia Cabense de Letras e recebeu do grande Poeta Carlos Drumond de Andrade o comentário acima postado.



AS VIAGENS

Celina de Holanda



Viajo nos livros que faço,
mas sempre torno,
para escrevê-los
onde a vida
é uma menina pobre chorando
entre as moitas.
Trago-a de volta
ao seu colo, sua casa,
até que venha e me leve
o meu amado.

CASA DA MEMÓRIA


Rua Vig. João Batista (1928)

Ainda que o governo municipal, através do Prefeito Lula Cabral, não ter demonstrado interesse em viabilizar o projeto de implantação da Casa da Memória do Cabo de Santo Agostinho continua vivo. Na Conferência Municipal de Cultura ficou muito claro que é desejo da sociedade civil, representada por artistas e, isoladamente, por alguns membros da Secretaria de Cultura, que o projeto é importante para a cidade.

Há 23 anos trabalhando o projeto e reunindo peças para o acervo, Antonino Olivira Júnior ouviu e sentiu, em conversa com o prefeito Lula Cabral não haver por parte dele (prefeito), qualquer interesse em montar a Casa da Memória. É desejo de Lula Cabral montar um "grande" museu na cidade.

Antonino Oliveira Júnior, idealizador do projeto e Presidente do Centro Cultural Casa da Memória, diz: "O projeto não para implantação de um "grande" museu; aliás, não o considero museu de tamanho nenhum, mas, um organismo vivo, com informações que resgatam a história mais antiga e, com certeza, ajudará a escrever a hstória contemporânea do Cabo de Santo Agostinho, um imprtante banco de consultas para a população".

Em sua luta "quixotesca", Antonino e amigos continuam com a mesma dedicação em viabilizar a Casa da Memória e anuncia para breve mais um grande encontro com intelectuais, artistas e empresários, quando fará uma demostração de que o descaso oficial não somente atrasa o projeto, como já leva à deteriorização de peças importantes do acervo.

"Sobre Insistir em ver funcionando a Casa da Memória, faço minhas as palavras de Celina de Holanda: Se apagar esta paixão, me apago"

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

NOS LABIRINTOS DA ALMA

Ronaldo Menezes

Penetrei, um dia, nos labirintos d’alma;
Nesses recônditos fui surpreendido,
Pois a viagem que havia empreendido
Imaginara ser tranqüila e calma.

No início percebi, na obscuridade,
De livre-arbítrio camuflado, o egoísmo,
Que nos leva, às vezes, ao paroxismo
Da ânsia louca, ambição, maldade.

Acelero o passo, e no próximo desvio,
Figura singular, me surge à frente:
É o orgulho, aguardando, indolente,
Alguém que o exalte, num simples elogio.

Mais adiante, em trecho reluzente
Extasio-me, ante a magnificência,
Havia encontrado a inteligência
Acomodada em trono refulgente.

Ao prosseguir, percebo com emoção,
Um solução, em trecho esmaecido/
Era o amor que jazia esquecido,
Em meu endurecido coração.

É HOJE! Lançamento CD de poemas de Frei Aloísio Fragoso intitulado “Certas Inevitáveis Paixões”.


Os sonetos, agrupados por temáticas como vocacionais, resistência, fé, dialética, protesto e utopia nos transmitem, através de sua voz e do declamador José Eduardo Gomes da Silva, toda a sensibilidade de um sacerdote voltado para a missão do Cristo libertador.

Na ocasião, haverá um recital de poemas, assim como músicas em homenagem a Mercedes Sosa.

DIA: 30 DE OUTUBRO DE 2009 – Sexta-feira
LOCAL: CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE OLINDA (Ladeira de São Francisco, 280 - Olinda)

6º Encontro de História e Geografia


Texto: Nathália Marinho – Estagiária da Secom/Cabo

A Secretaria de Educação do Cabo de Santo Agostinho vai promover o 6º Encontro de História e Geografia que acontecerá entre os dias 5, 6 e 7 de novembro. A abertura do evento será no Teatro Barreto Júnior (centro), dia 5, às 19 horas, com a palestra do representante do Porto de Suape, Inaldo Campelo e apresentação da Filarmônica XV de Novembro Cabense. De acordo com a coordenadora de História da Secretaria de Educação, Elanne Karla Correia, no dia 06 de novembro serão oferecidos seis minicursos na Fachuca (Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Cabo de Santo Agostinho) das 8 às 17 horas, enquanto que para o dia 7 estão programadas as aulas de campo na área rural do município.

Segundo ela, a expectativa é de que deverão participar cerca de 200 professores e profissionais ligados à área de educação, além de alunos. “Vamos debater sobre diversos temas relacionados ao município para que possamos repassar esses conhecimentos a outras pessoas que moram ou se interessem pela história do Cabo”, disse Elanne Correia, lembrando que da organização do evento também participa o coordenador de Geografia, Jefferson Rodrigues.

Os interessados em participar do evento deverão se inscrever através do site: www.ehgcabo.com.br. A taxa de inscrição para profissionais é de R$ 20,00 e estudantes R$ 10,00. Mais informações através do telefone: 8802-8844.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

APROVADO O VALE CULTURA

A Câmara dos Deputados aprovou ontem o Projeto de Lei nº 5798/09, do Executivo, criando o VALE-CULTURA, que beneficiará os trabalhadores de empresas que aderirem ao Programa. O Vale-Cultura será de R$ 50,00 e deverá ser utilizado para compra de livros, ingresso a cinema, teatro, museus, etc.

NOTÍCIAS DA ACL

NO SHOPPING COSTA DOURADA

Os Acadêmicos farão visita às instalações do Shopping Costa Dourada, neste sábado, dia 31 de outubro. A Academia Cabense de Letras será recebida pela Diretoria do Costa Dourada, que anuncia que em novembro próximo abrirá suas portas ao público.

COLETÂNEA COMEÇA A TOMAR CORPO

Começa a tomar corpo a publicação que resgatará os trabalhos de antigos intelectuais cabenses, a exemplo de Teo Silva, Zeca Plech, Antonino Oliveira (Tune), Gabriel Dourado, Israel Felipe e Celina de Holanda, entre outros. A ACL pretende fazer justiça aos antigos escritores e tornar conhecidas as suas obras.

O DIA DE REUNIÃO

A Academia Cabense de Letras se reúne na primeira sexta-feira de cada mês. A próxima reunião será dia 6 de novembro, às 18 horas, no prédio da Maçonaria, à rua Joaquim Nabuco, próximo ao Teatro Barreto Júnior. Qualquer cidadão ou cidadã que queira assistir ao encontro mensal dos acadêmicos cabense, poderá fazê-lo.

METADE

Jedaías Santos

Ah, meu amor
não sei porque
é tão cruel a saudade!

Ansioso olho os ponteiros
do relógio a circular...
sinto ao longe
que você é o meu complemento

E aqui o máximo que sou
é uma metade
Metade do nosso amor...

Os ponteiros correm
a saudade cresce,
mas o dia virá e eu irei

Irei me completar
nos seus braços
e assassinar
essa saudade martirizante...

"REI DO LIXO" EM CIRCUITO ESCOLAR

O REI DO LIXO, excelente espetáulo com a marca de Luiz Navarro (texto e direção), agora em nova montagem, com um elenco jovem e talentoso, poderá, segundo o próprio Luiz Navarro, fazer um circuito escolar.´

O pensamento de Luiz Navarro é motivar a criação de um novo público para o teatro cabense e o REI DO LIXO é um espetáculo infantil que abrange os públicos juvenil e adulto, pelA força da mensagem contida no texto.

As escolas interessadas poderão manter contato com o próprio Luiz Navarro, pelo fone: 8874 2140.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Homenagem a “Seu” Tune se transforma em louvação à cultura

Publicado em 28/10/2009 por Redacao TP
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Na política, “Seu” Tune foi vice-prefeito do Cabo (1951/1954), compondo a chapa com o prefeito João Ferreira. Faleceu em Julho de 1988, 12 dias antes da convenção do PT que oficializaria a sua candidatura a prefeito do Cabo.

Por José Ambrósio


Foi emocionante a cerimônia de entrega de título de Cidadão Cabense a Antonino José de Oliveira, o “Tune do Cartório”, na terça (27), na Câmara Municipal do Cabo. Ao falar sobre o homenageado, que nasceu em Bonito em 1918 e chegou ao Cabo aos dois anos de idade, o professor e ex-prefeito do Cabo, Antonio Medeiros, destacou, entre outras qualidades, a sua contribuição à cultura do município.

“Muitas vezes eu disse a ele (Tune do Cartório) que a Casa da Cultura do Cabo era na casa dele”, lembrou Medeiros, sob o olhar atento de três dos seus filhos, todos escritores, poetas e membros da Academia Cabense de Letras. São eles Douglas Menezes, Fred Menezes e Antonino de Oliveira Júnior. Roberto Menezes é jornalista renomado e Ronaldo e Romário Menezes são também escritores.

“Seu” Tune, como também era conhecido, teve intensa vida intelectual, sendo presidente da Filarmônica XV de Novembro Cabense e do Grêmio Literário Cabense. É patrono da cadeira na qual o poeta e escritor Jairo Lima tem assento na Academia Cabense de Letras. Na política, foi vice-prefeito do Cabo (1951/1954), compondo a chapa com o prefeito João Ferreira. Faleceu em Julho de 1988, 12 dias antes da convenção do PT que oficializaria a sua candidatura a prefeito do Cabo.

A cerimônia foi prestigiada por parentes, amigos, poetas, escritores e intelectuais. Coube ao presidente da Câmara, Gessé Valério, autor da proposta de homenagem, entregar o título, recebido por Fred, Douglas e Antonino.

SEMANA CABENSE DE CULTURA

A Secretaria Executiva de Cultura anuncia para Novembro, mais uma SEMANA CABENSE DE CULTURA. Com certeza, está sendo preparada com todos os cuidados pela equipe da secretaria de cultura, mas, é preciso que este ano seja transformada numa ação do governo, para não correr o risco de ser, como em outras versões, uma ação isolada da secretaria de cultura, realizada aos empurrões. Cultura tem que ser uma ação do governo. Sucesso aos que a organizam e que tenham o apoio interno que o evento merece, por sua importância para o universo cultural da cidade.

PENSAMENTO

Manoel Luiz de Lima (Paraíba)

Tentei calar silenciando a voz
Mas bem dentro de mim
Algo gritou: Por que me prendes?
Não sabes que sou livre?!

Como é que vais poder
privar o pensamento
se com o vento vai
até onde alguém jamais pode ir.
Sou livre para mergulhar
até as profundezas dos mares,
transpassar todas as barreiras.
Posso até subir às estrelas,
porque fui feito assim.

Não sou mortal
para que tenha medo
e nem sou brinquedo
que se possa controlar.

Sou rebelde, não tenho superior
posso agir para o bem e para o mal
Não tenho asas, mas posso voar
Ninguém vai me segurar.
Sou indomável, não tenho senhor.

O MÍSTICO

Paulo Cultura

O Místico
entre Deus e o diabo
causador do teu amor e felicidade
causador do teu ódio e infelicidade.
Ele é como brisa
ele é como o furacão.
O maior entre os maiores
o menor entre os menores.
O causador dos teus sonhos
O provocador da tua realidade.
O que tu pensaste agora
Ele já pensou antes, muito antes...
A ureza dos seus atos
A exatidão das suas palavras
Leva-te a pensar que ele é louco.
Mas, lá no fundo, no fundo...
Da profundidade d'alma
Ele é teu protetor
Ele é teu cobertor
Ele é o equilíbrio
Entre o ser e o não ser
Entre o bem e o mal
Entre a tua tristeza e tua alegria.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

MAIS UM CABENSE

A Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho faz entrega hoje do Título de Cidadão Cabense a Antonino José de Oliveira (seu Tune) (In-memorian). A Sessão Solene acontece ás 18 horas, no Plenário da Câmara. A iniciativa de homenagear seu Tune foi do Presidente do Legislativo, Vereador Gessé Valério.

HOMEM (IN) COMUM

Natanael Júnior

A Mirtes Cordeiro


Sou um homem (in)comum
de corpo e de alma
de sonhos e fantasias.

Sou viajante do tempo
sem rumo, único e incompleto
feito chama que não apaga:
a vida que me acompanha
está sempre acesa
sempre viva.

Sou como você
feito também de coisas passadas
de lembranças envelhecidas e sombrias...

Sou cúmplice das dores e decepções
dos sem-pátria e dos sem-chão
dos sonhos que brotam do solo das injustiças
sem flores e sem perfumes.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UM MAL INCOMPATÍVEL COM FAMÍLIA

Assisti hoje, no noticiário Bom Dia Brasil, da TV Globo, o drama de um pai que entregou o próprio filho à polícia, depois que ele (o filho) matou a namorada por asfixia. Bruno, o rapaz, confessou que não lembra de ter assassinado a namorada, mas, confessou que tinha fumado crack momentos antes. O pai chorava, mas entregou o filho, mas ele, com certeza, não é um personagem único no imenso cenário do Brasil.

Como pode uma autoridade pregar a liberação do uso das drogas? Faz tempo que vivo demonstrando a minha indignação com a posição do Ministro Carlos Minc, que vive participando de noitadas movidas a drogas e defende a liberação. Não entendo como o presidente Lula mantém no cargo um homem que devia se preocupar com a fumaça que cobre a amazônia e jamais querer legalizar a fumaça da maconha e do crack. É um irresponsável o ministro e é conivente o Presidente que não o exonera.

A semana passada, os jornais do Brasil inteiro publicaram declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mostrando-se, também, favorável à liberação das drogas. Uma bruta decepção. Será que esse pessoal não vê a degradação do jovem e a destruição que as drogas produzem nas famílias? Não aceito, inclusive, um artista, um intelectual, que deve ser uma pessoa diferenciada, confessar o uso e o desejo de ver as drogas liberadas. Na mnha opinião, droga tem que ser combatida com dureza e traficante não tem que ter nenhum benefício previsto em Lei. E, claro, o governo atuar com políticas públicas junto à juventude. E que, em casa, esses jovens recebam amor e afeto suficientes que não lhes deixem inseguros. Se liberarem, teremos traficantes montando cantinas nas escolas ou, no mínimo, alguém com um tabuleiro na porta das escolas, vendendo maconha e crack para os estudantes. É a minha opinião.

CIDADÃO CABENSE

A Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho concede o Título de Cidadão Cabense (In-memorian) a Antonino José de Oliveira, "seu" Tune do Cartório", como era conhecido. O Título foi uma iniciativa do Presidente da Câmara, Vereador Gessé Valério, e será entregue à família de "seu" Tune em Sessão Solene, nesta terça-feira, 27 de outubro, às 18 horas, no Plenário da Câmara.

O homenageado nasceu em Bonito, PE., e chegou ao município do Cabo com apenas dois anos de idade. Foi Oficial do Registro Civil da cidade por 39 anos, foi Vice-Prefeito do município, de 1951 a 1954, falecendo em Julho de 1988, doze dias antes da Convenção Partidária que oficializaria a sua candidatura a Prefeito pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Foi Presidente da Filarmônica XV de Novembro Cabense e do Grêmio Literário Cabense. Poeta, deixou dezenas de poemas. É um dos Patronos da Academia Cabense de Letras, mais precisamente da Cadeira ocupada pelo escritor e poeta Jairo Lima.

CIDADÃOS DE PERNAMBUCO

A Assembléia Legislativa concede Título de Cidadãos de Pernambuco a Joelma e Chimbinha (Banda Calypso), provavelmente por terem espalhado no meio da juventude a música brega de má qualidade. É muito pouco, não acham? Tornar-se Cidadão de Pernambuco é coisa para quem, não nascendo no Estado, desenvolve alguma atividade de relevância e/ou para o desenvolvimento de Pernambuco e /ou de sua gente, a exemplo de Ariano Suassuna, dom Hélder Câmara e tantos outros merecedores. A brilhante idéia foi do Deputado Nelson Pereira (PCdoB). Se sou contra? Não. Tudo o que eu queria era saber por que...

sábado, 24 de outubro de 2009

O REI DO LIXO

Quem ainda não viu, tem a oportunidade de ver esse verdadeiro clássico do nosso teatro infantil. O Rei do Lixo, de Luiz Navarro, estará amanhã no Teatro Barreto Júnior, do Cabo de Santo Agostinho, a partir das 16 horas. Quem já assistiu, terá a oportunidade de ver essa nova montagem da Troupe Cara e Coragem, com um elenco renovado, composto por adolescentes. É mais um tento de Luiz Navarro. Vale conferir.

CONFERÊNCIA DE CULTURA

A Conferência Municipal de Cultura do Cabo de Santo Agostinho encerrou seus trabalhos ontem, dia 23, com a realização da Plenária. Foi um dia produtivo, apesar dos problemas de atraso, muitas vezes provocado pela inexperiência da equipe na realização de eventos dessa natureza. Apesar de ser notada a ausência de um maior número de artistas e produtores, os debates em grupos aconteceu e produziu resultados, notando-se que inúmeras propostas foram repetidas em quase todos os grupos, o que pode ser entendido que a maioria presente pensava da mesma maneira acerca das carências da cultura local.

Mas achamos que o resultado da Conferência foi positivo, pela participação e pela vontade de acertar, o que não quer dizer que tudo aquilo que foi discutido e aprovado na plenária vá ser realizado. Vai depender da decisão do prefeito Lula Cabral, que já passou quatro anos e não fêz o seu governo avançar em relação à cultura. E ninguém pode garantir que agora vai. Ainda assim, a alegria do pessoal da secretaria de cultura, com o apoio importante da secretaria da juventude, garantiu que a Conferência cumprisse seus objetivos. Agora, é esperar para ver. Aos artistas cabe a missão de não deixar que tudo caia no esquecimento, que sempre acontece quando não existe uma disposição verdadeira de quem tem o poder nas mãos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

SOBRE PITOMBA E LAVADEIRA

Antonino Oliveira Júnior

Muitas vezes, quem defende a cultura popular não consegue se fazer entendido. Acham logo que a gente quer acabar com os eventos da cidade e é contra os "bregas" jogados na cabeça do povo, em especial, os jovens. E aí, acertam, pois sou mesmo um inimigo da música sem qualidade que se espalhou Brasil afora. Mas, quanto aos eventos, existem uns e outros. É bom a gente ver o povo tendo a oportunidade de assistir alguns artistas cujo show se paga caro para entrar, mas, promover e/ou apoiar os eventos que primam pela cultura popular e pela manutenção de nossos brincantes é dever governamental, uma vez que, por si só, o artista popular não consegue tocar a sua obra, pois divide seu tempo entre cortar cana, levantar prédios, faxinar e ser artista ou brincante.

Tomar atitudes assim é uma questão de decisão política (canso de falar isso) e, ainda, de concepção de governo, que, às vezes, até tem em seu corpo quem pensa assim, mas o (ou a?) cabeça não consegue pensar nessa direção. Na vizinha Jaboatão dos Guararapes aconteceu este ano a primeira Festa da Pitomba diferente, com as manifestações da cultura popular derramando cores e ritmos morro abaixo. Pode não ter tido ainda um publico formado por milhares de pessoas se abrrotando em frente à poluição das músicas desqualificadas e desqualificantes, mas aconteceu de forma diferente, inclusive, sem violência. Foi um passo primeiro rumo a um processo de requalificação da cultura naquele município.

Aqui, em nosso querido Cabo de Santo Agostinho, alguma coisa pode ser feita. Se o governo municipal não "puxa" o povo nessa direção, juntem-se povo, brincantes e artistas e tentem "puxar" o governo para este caminho. A Festa da Lavadeira pode ser o primeiro passo. É preciso criar um foco de resistência à especulação que ignora a cultura do povo. Que venham os ricos e milionários (não confundir com Milionário e Zé Rico), mas, que fique a Lavadeira, o maior evento, a maior mostra, a maior concentração de manifestações de cultura popular do Brasil, não tenho dúvidas.

Tenho certeza que não fará mal aos narizes dos donos das mansões e hóspedes dos grandes resorts, respirar, uma vez no ano, os ares que mantém vivos os nossos brincantes , a identidade do nosso povo.

AH, ESSA MEMÓRIA

DOUGLAS MENEZES

Dona Coló benzia os meninos com espinhela caída e mau-olhado. O pinhão roxo ficava murcho de tanta mazela que os pequenos possuíam. Mas quem diabo botaria mau-olhado num menino magrinho,pálido e perebento? Dona Coló também pisava no pilão secular e torrava o café de cheiro bom que incensava a rua da Aurora e descia pela rua da Matriz. Sinto hoje, ainda, o gosto daquele cheiro: o pretinho forte que povoava a infância de crianças que caminham hoje para a velhice. Alguns agora de passos lerdos, carregando o peso daquele tempo. Dona Coló tirava mau-olhado. Era mãe de Laura, avó de Carlos e respeitada como uma mãe. Heitor Paiva lutou décadas para ser prefeito do Cabo. Quando conseguiu, renunciou pouco depois, em troca de um emprego na secretaria da fazenda do estado. Isto magoou muita gente, mas diziam todos, era ele um homem sério. Meu padrinho Heitor: deu-me a primeira bola de couro, com a qual jogava no campo da ladeira e no campinho de Benedito. Naquela época, o menino sonhava em ser jogador de futebol, coisa que a realidade tratou de sepultar e fazer a criança adulta entender que no decorrer da existência os sonhos vão sendo enterrados. Talvez fosse ator, cantor, compositor: ”poeta de pouco brilho, pai de família criada”, já dizia o grande Vinícius de Moraes. O menino dormitava nos braços da mãe e ouvia algazarra de gente que descia a Vigário João Batista. Padre Melo fazia mais uma passeata com os seus camponeses. Tempos de agitação, a cidade na vanguarda dos movimentos sociais. Se a criança no colo da mãe não entendia ainda, depois os mais velhos repassaram a história. PadreMelo, polêmico, mas fundamental em nossas vidas. Levou a geração cabense dos anos sessenta e setenta ao debate, a questionar a vida, a politizá-la e olhar a cidade como um ser vivo, questionador e social. O vigário ajudou muita gente, lutou e criou o bairro, quase uma cidade hoje, São Francisco. Contribuiu para a fundação do Abrigo que possui uma das mais belas histórias de solidariedade da Cidade de Santo Agostinho. Não esquecer padre Melo. é não deixar de lembrar esse pedaço que marcou nosso caminho para o desenvolvimento. Professor Daury sacudiu o município: foi candidato a prefeito, perdeu por quarenta e nove votos, não quis recontagem dos votos, seus aliados insistiam que havia fraude e elegante, o mestre aceitou a derrota. A família do menino o apoiou. A criança, mesmo sem entender bem, ouviu a história que o pai, candidato a vice contou. E dizem, o Cabo, nos anos sessenta, deixou de ter um prefeito intelectual e de coração puro. Quatro horas o banho, quatro e meia comprar o pão. Um dia na volta da padaria, já perto de casa, alguém grita: uma bala. Com um martelo, o projétil detonado, a quentura estranha na perna do menino, a bala alojada na coxa. A primeira grande dor, ainda criança. A extração da bala em Recife. O primeiro contato com a violência real. As indústrias chegavam: Coperbo, Brahma, Rhodia. A cidade era só expansão. Começava o final do ciclo de Vicente Mendes, reconhecido pelos mais velhos como um prefeito operoso. Surgia o Ginásio Industrial e a vila Esperança. O menino continuava brincando de artista, barra bandeira, quatro cantos e jogando bola, pensando em ser jogador. Caiu sobre uma lata de conserva e pegou cinco pontos, mais dor para ilustrar a vida. Dona Elzanira era a professora braba, mas boa gente, do grupo escolar Morgado do Cabo, que tinha a porta feito a entrada de um salão de filme faroeste. E o professor Daury tentou de novo e perdeu feio para Zequinha da Bolacha. O Cabo não queria um prefeito intelectual. A mente quer contar mais coisas. Misturada,não consegue articular o que pretende dizer. Bate o sono, mas resiste ainda a memória,em estado de hibernação, imaginando, um dia, talvez, poder falar tudo o que a existência juntou e que teima em se mostrar como cachoeira que desce rio abaixo,sem um rumo certo.
SETEMBRO DE 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

NOTÍCIAS DA ACL

A Academia Cabense de Letras já discute a criação de sua Biblioteca, que, a princípio, contará com as obras publicadas por seus academicos, a exemplo de Milton Lins, que já fêz a doação de sua obra completa, num total de 17 livros publicados.

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Projeto arrojado da ACL para promover o SALIC (Salão de Literatura do Cabo), com objetivo de torná-lo um dos eventos do calendário de promoções literárias de Pernambuco e, posteriormente, do Brasil.

***///***

A ACL já está partindo para construir o seu Site e, assim, entrar definitivamente no mundo globalizado da informática.

NOITE

"Seu Tune"*

É noite.
Os pingentes dos céus
ornamentam a imensidão do infinito,
refletindo os sonhos dos apaixonados.

É noite.
O pequeno filamento prateado
(o neón mais incandescente)
vagueia, rastreando suspiros enamorados.

É noite.
O olhar vitrificado
enclausura tua imagem no horizonte.
Uma lágrima desce
e tua lembrança
é a companhia da minha solidão.

Resistir é preciso,
reagir, lutar,
sair em busca do sol das novas esperanças.
Mas, é noite.
É tempo de ceder às paixões,
é momento de sofrer as distâncias.

*"Seu Tune" era o apelido de Antonino José de Oliveira, Patrono de uma das Cadeiras da Academia Cabense de Letras, falecido em 1988.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O BEM DA NOSSA PAZ

Aline Vieira Costa

Quero sentir o bem da paz, da nossa paz,
E brindar sim a nossa paz com a paz do mundo
Bem de mãos dadas quero ir rumo ao nirvana,
E partilhar da luz do bem puro e fecundo

Do bem que sinto a cada andar de pés que galgam
Fielmente a paz do bem amor que nosso aflora
E olham juntos na justiça que a constrói com branda voz
Em terra firme sem limites, dentro e fora

E quero a paz de quando a alma se arrepia
Causa riso, alaga olhares, na mais terna sintonia
É um sentir certeiro, que de cheio e de permeio, espaço tem
Mais que o centro do meio,
É do peito, é inteiro
É do Bem.

Atos nossos, nada falhos, desejados, procurados.
Sonhos, vidas e almas, bem nos olhos, encontrados.
E por sentir bem querer nosso, tão bacana, eu digo vem
Vem viver domingos plácidos,
Em beijos tácitos,
Meu Bem.




Aline Vieira Costa






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terça-feira, 20 de outubro de 2009

O DIA DO POETA

Quantas vezes terás que morrer de amor, de compaixão, de indignação, de alegria e de prazer? És médico, arquiteto, pedreiro, pintor...és artista, és ombro, boca e coração, és cabeça que vira e revira as coisas do mundo e das pessoas. És um alento para os que sofrem os tempos das violências (todas), és o operário da alma. Tua vida é pura emoção, transpirando sorrisos e lágrimas.

Poeta, hoje é teu Dia. Aproveita e abre tuas asas sobre nós e canta teus versos que embalam a liberdade, o amor e a vida. Parabéns. E saiba: O mundo não seria o mesmo se não existisses.

CAMINHOS DA CULTURA

Às vésperas da Conferência Municipal de Cultura do Cabo de Santo Agostinho, quando, inclusive, haverá a posse do reativado Conselho Municipal de Cultura, expomos nosso ponto de vista sobre o assunto: É de se esperar, como já falei neste espaço, uma Conferência aberta e democrática o suficiente para que os artistas, produtores culturais e intelectuais se manifestem, através dos Delegados, as suas inquietações e insatisfações, além, claro, de apresentar sugestões que possam contribuir definitivamente para a construção de uma política pública de cultura para o município, uma vez que, até o momento, o governo municipal tem se limitado à realização de eventos e pequenas intervenções pontuais, que no final nada ou quase nada deixam para a cultura local. Não faltam idéias, não faltam artistas, não faltam produtores, não faltam intelectuais. O que falta, afinal?
Simples, cultura é decisão política, ainda que entendamos ser normal que a cultura não tenha o maior orçamento de uma administração. Mas, a decisão política passa, fundamentalmente, pelo respeito ao orçamento, aos artistas e ao povo. Respeito ao orçamento, na medida em que dá força aos gestores da cultura no sentido de que os recursos financeiros alocados sirvam para um investimento na própria cultura, lembrando que não adianta destinar no orçamento 1 milhão de reais para a pasta da cultura se desse montante sairão 300 mil para o carnaval, 300 mil para o São João e 300 mil para a festa da juventude, além de atender às festas religiosas com seu intenso calendário. A cultura precisa de um orçamento real, fora dessa sangria que os eventos de massa promovem, o que pode ser encarado como o primeiro passo de respeito à cultura. Depois, o respeito ao artista, investindo na sua capacitação e no atendimento aos seus projetos, de forma respeitosa e sem achar que está fazendo um grande favor a ele, tendo a compreensão exata de sua importância como agente comunitário e de cidadania. E, finalmente, respeito ao povo, e, aí, temos que ter do gestor municipal, no caso, o prefeito, a consciência de que a cultura é o DNA da cidadania e que fortalecendo as manifestações culturais (não confundir com os eventos) estará trabalhando na preservação da identidade do povo. Quanto ao Conselho Municipal de Cultura, esse não pode ser um objeto de decoração e muito menos deve se deixar manipular. Não deve e nem tem porque ser oposição ao governo, mas, deve se impor como órgão representativo dos diversos seguimentos culturais da cidade. Aos nossos gestores um alerta: manipular um Conselho de Cultura é assinar um recibo de má intenção para com as raízes, a história e a identidade do povo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ZECA PLECH - Grande Poeta Cabense



A foto mostra o poeta José Plech Fernandes, conhecido como Zeca Plech, já falecido. Autor de centenas de poemas de alto nível, Zeca Plech pode ser considerado como um dos maiores intelectuais do Cabo de Santo Agostinho. Ele é um dos patronos da Academia Cabense de Letras, da cadeira ocupada pelo escritor Douglas Menezes. Em breve a ACL pretende tornar público a grande obra de Zeca Plech.

ESPAÇO ABERTO

Os que desejam publicar avisos ou trabalhos neste Blog devem encaminhar correspondência para: antoninojr@hotmail.com especificando ser o conteúdo para publicação no Blog.

ACADEMIA CABENSE DE LETRAS

Teve a sua primeira reunião ordinária no dia 16/10, com uma extensa pauta, quando se fêz uma avaliação da participação na Bienal Internacional do Livro, definiu os seus representantes para a Conferência Municipal de Cultura, além de discutir uma ação ainda para este ano e o planejamento para o ano de 2010. É pensamento da ACL uma publicação de uma coletânea com trabalhos dos acadêmicos e dos Patronos.

CONTRARIANDO O POETA

CONTRARIANDO O POETA
Antonino Oliveira Júnior

Espera,
Logo vou ultrapassar essa estrada,
Cuja bruma densa
Deixa opaca a retina dos meus olhos...
Sei que devo encontrar-te
E será logo, Mas não serei breve;
Espera,
Meu coração camaleônico
Toma agora uma forma única,
Estagnado na cor que reflete
O negro dos teus olhos,
O calafrio emotivo de tua pele,
A maciez rósea dos teus seios,
O mistério do teu ventre acolhedor;
Espera,
Vou entregar-me cegamente
Como quem voa um vôo sem descida,
E, uma vez em teus braços,
Gritarei para o mundo
Meu discordar do poeta,
O meu brado de entrega:
Que este amor que me incendeia
E me aquieta o coração
Não seja infinito enquanto dure,
Mas, que dure por ser ele infinito.


sábado, 17 de outubro de 2009

RÁPIDAS

CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA
Dias 22 e 23/10/2009, no CAIC. O que se espera é que o debate cultural se dê de forma democrática e que todos tenham os mesmos espaços. E que o fnal expresse o ideal dos artistas e intelectuais da cidade.

PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO

Até entendemos que o grandioso Projeto Paiva, com suas mansões, traga o progresso para o litoral cabense. Mas, será que trará desenvolvimento? Existe algo no ar, dizendo que a Festa da Lavadeira poderá sumir da Praia do Paiva. É a maior manifestação de cultura popular do Nordeste e não pode e nem deve ser eliminada por apenas interesses financeiros e econômicos. É preciso que haja debate.

OS DOIS TEMPOS DA CIDADE

OS DOIS TEMPOS DA CIDADE
Antonino Oliveira Júnior


Estou em pé, bem em frente à Igreja matriz. O olhar fixo rumo à estação ferroviária observa o burburinho enlouquecedor de pessoas, carros e motos, em idas e vindas que mais lembram trilhas de formigas a carregarem seus fardos de sobrevivência. Era a antiga rua Antonio de Souza Leão, hoje entregue ao comércio. A rua de seu Alcides, seu Claudino, seu Zequinha da Modelo, de seu João Lopes, do bar de Leo. Ninguém conhece mais ninguém. Ninguém consegue parar. Conversar, nem pensar...mas, ali, eu passava devagar, com meus amigos, vindo do Luisa Guerra e depois do Santo Agostinho...ruas vazias, quietas. As pessoas formigas continuam subindo e descendo. Viro um pouco o corpo e a rua da matriz e a mesma agonia, o burburinho do desce e sobe, dos locutores das lojas. A rua de seu Catarino, da farmácia de seu Chico, seu Joel Alfaiate, a rua de seu Pipiu, seu Duca, de dona Cecita, a casa de seu Tune, de seu Figueiredo, a rua de tanta gente...tá lá um corpo estendido, crivado de balas, a moça que apanha do “seu amor” madrugada a dentro, aos gritos, na minha rua, a rua do garrafão, do barra-bandeira, do cine Santo Antonio, nossa diversão maior...
O burburinho continua, ninguém sabe quem é ninguém e eu, em pé, olhando o cenário, ora virado para a estação ora virado para a igreja de Santo Amaro. Aquela mesma rua que foi a passarela dos poemas de Theo Silva, as noitadas de Epitácio Pessoa, as serestas, os desfiles ingênuos do sete de setembro. A minha rua, com um corpo jovem estendido no chão, fuzilado. É só um jovem dos muitos sem assistência, sem lazer, sem horizontes, presa fácil das drogas, destino das balas. A mesma rua do eu menino, com meus amigos, sem medos, sem traumas. Olhei novamente para tudo e senti saudade de mim.

Antonino Oliveira Júnior
É escritor, poeta e membro
Da Academia Cabense de Letras.

UM ESPAÇO PARA O DEBATE

Estamos abrindo um novo espaço para o debate sobre diversos assuntos de interesse público, em especial, a cultura e a história. Desejamos interagir com os nossos leitores, trocar idéias sobre literatura, teatro, música, cultura popular, etc., e, ao mesmo tempo, contribuir para a formação de uma nova consciência, a partir do debate sobre temas que envolvam a cultura, a arte e a história do nosso povo.
Deixamos aqui o convite, para que você possa estar conosco, a partir de então, nesta franca, aberta e transparente conversa que manteremos sobre as manifestações culturais e artísticos que expressam a nossa identidade como cidadãos. A cultura, no nosso ponto-de-vista, é o DNA da cidadania. Respeitar o cidadão passa, inevitavelmente, pelo respeito à sua cultura. Estamos aí.