Os Botocudos não constituiam um grupo indígena único. Eram índios de diferentes etnias com algumas características em comum: como o uso dos botoques e o semi-nomadismo. Sobre o genérico nome "botocudo" eram conhecidos os índios das etnias Pojixá, Jiporok, Naknenuk, Nakrehé, Etwet, Krenak, entre outras... Os botocudos foram caçados de forma vil e cruel pelos portugueses e os únicos sobreviventes são os Krenak, que vivem hoje no norte de Minas Gerais e não usam mais os antigos botoques. Os não-índios desencorajavam o uso dos botoques à medida que iam conquistando esses povos.
Os ornamentos dos Botocudos eram feitos da madeira extraída da árvore "Barriguda" (Bombax ventriculosa). Depois de cortada, a madeira era desidratada no fogo o que a tornava leve e branca. Era comum que o botoque fosse pintado com riscos geométricos. Somente os homens esculpiam os botoques, mesmo aqueles usados pelas mulheres. As orelhas das crianças eram furadas aos 7 anos de idade mais ou menos e os lábios um pouco mais tarde. Os botoques implantados inicialmente eram pequenos e aumentavam de tamanho gradativamente.
Os Botocudos contavam que esses adornos eram uma indicação de seu herói-cultural, chamado Marét-Khamaknian. Ele vivia no céu, era muito alto, tinha cabelos vermelhos e um enorme pênis. Foi ele quem ensinou toda a cultura aos Botocudos. O herói atendia aos pedidos da comunidade mas também enviava castigos na forma de tempestades e na morte, provocada por uma flecha invisível que atingia o coração dos índios. Marét-Khamaknian vivia com uma mulher chamada Marét-Jikki (a velha Jikki), mas o casal não se dava muito bem e suas brigas eram a explicação para as diferentes fases da lua.
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