quarta-feira, 12 de maio de 2010

Resenha: Hole - "Nobody's Daughter"

Álbum: Nobody's Daughter
Produtores: Michael Beinhorn / Micko Larkin / Linda Perry
Gravadora: Mercury Records
Lançamento: 27/04/2010
Nota: 7,5


Após a inatividade de 11 anos do Hole, finalmente Courtney Love rompe o silêncio e faz a alegria dos fãs. Embora seja a única remanescente da clássica formação, ela consegue manter parte da essência de sua antiga banda ao longo das 11 faixas de Nobody’s Daughter.

Apesar da co-autoria de Billy Corgan, vocalista e guitarrista do Smashing Pumpkins, e de Linda Perry, ex-4 Non Blondes, em algumas canções, o novo álbum é recheado de características marcantes da viúva de Kurt Cobain. Com o pano de fundo de violões, Rock e Pop, o ouvinte receberá altas doses de feminismo, angústia, amor e introspecção.

A produção de Nobody’s Daughter foi dividida entre o atual guitarrista do Hole, Micko Larkin, Linda Perry e Michael Beinhorn. Este, que também produziu Celebrity Skin (1998), assinou a maior parte do trabalho.

Se você espera um disco raivoso e sujo, como Pretty On The Inside (1991) ou Live Through This (1994), irá se decepcionar. O novo álbum é uma espécie de continuação de Celebrity Skin – ainda que sem o mesmo brilhantismo de outrora – e de America’s Sweetheart, disco solo de Courtney Love, lançado há seis anos. Entretanto, isso não faz de Nobody’s Daughter um trabalho fraco.

“Nobody’s Daughter”, a tranqüila faixa de abertura, mostra um belo arranjo de guitarra e voz e, à medida que se aproxima do fim, cresce e ganha força. Pode facilmente cair no gosto do público, pois é fácil “digeri-la”. “Skinny Little Bitch” vem logo na seqüência e causa uma ótima impressão: vocais rasgados, com um “Q” de Rock “modernoso”, e uma acelerada, digna de início de carreira, nos momentos finais. Sem dúvida, uma das melhores faixas do disco.

Pausa para relaxar. Os violões e vocais da balada “Honey” parecem saídos diretamente de Celebrity Skin. Apesar das diferenças entre uma faixa e outra, o disco soa bastante interessante e o ouvinte, por sua vez, não se decepciona com a música seguinte. “Pacific Coast Highway”, uma das mais viáveis para tocar nas FMs, é um belíssimo Rock/Pop com letra sobre o amor, em 1ª pessoa. Aliás, Courtney não costuma esconder o que pensa e escancara a vida pessoal no papel.

O vocal é o destaque de “Samantha”. Esta é uma daquelas que o público adorará cantar nos shows, principalmente no refrão, marcado pelos constantes “fuck”. A partir de agora, o ouvinte é transportado a canções predominantemente acústicas e menos agitadas. O álbum sofre uma queda brusca em seu andamento e insiste nessa linha.

Embora o esforço seja notório em determinados momentos dos vocais de “Someone Else’s Bed”, ela chega a dar sono. O mesmo pode ser dito sobre “For Once In Your Life” que, apesar do bonito arranjo de cordas, piano e violino, também não empolga.

A última da sessão “calmaria” é “Letter To God”. À primeira audição, alguns podem torcer o nariz. No entanto, esta faixa vale pela excelente letra - talvez a melhor e mais profunda de Nobody’s Daughter. Assim como o título sugere, uma carta é endereça a Deus. É possível sentir a dor e a angústia transmitidas por Courtney durante a “conversa” com Ele.

A energética “Loser Dust” quebra completamente o clima tranquilo das músicas anteriores e mostra que o sangue Punk ainda corre nas veias da viúva de Cobain. “Loser Dust” é agitada, suja e rasgada, chegando a lembrar o excelente Distillers com algumas pitadas da rainha Joan Jett.

Às vezes, parece que o processo de criação de alguns músicos é pensando em como incendiar o público durante os shows. Em “How Dirty Girls Get Clean” é exatamente esta a impressão. Essa música, cuja sacada do título deixa dúvida até no técnico Dunga, funcionará muito bem nas apresentações do Hole, pois é explosiva e contagiante. Destaque para a precisão do baterista Stu Fisher.

O álbum é encerrado de maneira nunca antes vista no Hole: um agradável Country que atende pelo nome de “Never Go Hungry”. A despretensão de Courtney é simpática e faz o ouvinte acreditar que a última faixa tenha sido composta enquanto Love tocava violão em uma roda de amigos, depois de belas garrafas de cerveja.

É verdade que Nobody’s Daughter não tem a contribuição do guitarrista Eric Erlandson, que esteve ao lado de Courtney Love durante toda a carreira do Hole. Entretanto, a identidade da banda foi preservada, assim como algumas músicas foram trabalhadas para que soassem diferentes e inovadoras.

Além disso, medidas as circunstâncias em que o álbum foi criado, o resultado poderia ser bastante insatisfatório, mas Courtney provou quem manda na “casa”. Agora, resta-nos saber se essa história terá inéditos e bons capítulos, ou se a conturbada “queridinha da América” está tentando, mais uma vez, apontar novos holofotes em sua própria direção.

por Bruno Gazolla

3 comentários:

  1. Ficou do caralho!!

    Demorei pra fazer a minha resenha, veio você e fez... hahahahahaha.

    Damn!

    Eu como fã de Hole de carteirinha desde 1996 não fiquei muito feliz em saber que algumas coisas não mudaram desde o Celebrity Skin sendo que a unica musica q eu gosto nesse play é a Reasons to Be Beautiful e foi justamente esse play q, digamos, "banalizou" todo o underground do Hole fazendo uma das faixas desse album tocar em filme de patricinhas a lá Linday Lohan.

    Espero sinceramente que Love tenha se queimado o suficiente para só quem realmente é fã ouça! rs...

    Bjos e parabens.

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  2. Lud,

    Concordo em gênero, número e grau com você! rs A partir do "Celebrity Skin", o Hole se tornou uma banda essencialmente comercial.
    Eu nem fico mais com aquela ilusão de que a Courtney faria algo excelente e voltado às origens...
    Mas confesso que esperava um pouco mais desse disco...
    Quanto à personalidade da Courtney, quase tudo o que ela diz a queima demais e só quem realmente é fã consegue acompanhar sua carreira musical! rsrs

    Muito obrigado por acompanhar o blog!

    beijo,

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  3. ficou do caralho² !!!
    eu particularmente gosto de celebrity skin,n tenho nenhum problema com ele,assim como eu amo o LTT. mas nobody's daughter é um dos meus preferidos. espero q n vire modinha 'o'

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