Se seu comentário não aparecer de imediato é porque eles são publicados apenas depois de serem lidos por mim.
Isso evita propagandas (SPAM) e possíveis ofensas.
Mas não deixe de comentar!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Filme: Bruna Surfistinha

Tirando uns pequenos problemas com drogas, deve ser fácil ser uma garota de programa. 

É o que concluí após a sessão de Bruna Surfistinha (2011), primeiro longa-metragem do diretor Marcus Baldini.

O filme é baseado no livro O Doce Veneno do Escorpião, best-seller de 2005 onde a ex-garota de programa Raquel Pacheco (que ficou famosa em 2004 por criar um blog de histórias de clientes) conta parte de sua trajetória, motivações e curiosidades de programas que fez como a prostituta Bruna Surfistinha.

Estruturado de forma episódica, o filme mostra Raquel (Deborah Secco) antes de ser prostituta, entrando pra “vida”, aprendendo a profissão, montando seu flat, conhecendo as drogas, criando o blog, fazendo sucesso e sendo dominada pelas drogas até se esgotar.

Apesar de conseguir divertir em muitos momentos, o roteiro peca por não detalhar a motivação dos personagens. 

A voz de Deborah Secco narra boa parte da história, mas mesmo assim depois que você sai do cinema fica com dificuldade de lembrar porque ela começou a ser prostituta.

Existe até um esboço de explicação que não é desenvolvido (como a indiferença do pai e o ódio do irmão), sendo sumariamente abafado por outros aspectos.

Aspectos esses que ele aborda melhor, como a diversidade de clientes, o relacionamento entre as prostitutas, as dificuldades da carreira e o malefício das drogas.

Além da falta de motivação, outro aspecto negativo é que, mesmo tendo o sexo como pano de fundo, o filme pouco menciona a questão da responsabilidade sexual, as paixões das prostitutas e gravidez indesejada além de ignorar completamente qualquer tipo de DST.

Ou seja, tirando um ou outro sonho, aspiração ou problema com droga, o filme apresenta um olhar bastante machista sobre o assunto visto que as garotas de programas do filme são quase robôs sexuais, transando muito e praticamente sem reclamações.

Sem falar na parte final que lembra aquelas histórias de ascensão-queda-retorno como se a personagem fosse algum tipo de artista, político ou mesmo estrela da música que aprende a lição e muda completamente no fim, o que não ocorre aqui, afinal ela tem uma meta a cumprir.

O que salva o filme é sem dúvida o elenco muito bem escolhido com atores talentosos ou ao menos carismáticos que mantém os olhos do espectador pra tela. 
 
Deborah Secco está lindíssima como Bruna Surfistinha e sua transformação de adolescente tímida a mulher-fatal é bastante admirável. Belo trabalho de composição da atriz que, mesmo com tantos problemas de roteiro, consegue tornar o filme assistível. 

Atuação elogiosa também de Cássio Gabus Mendes, que como Huldson, consegue fazer milagres pelo papel pouco desenvolvido.

Mas o destaque mesmo vai pra Drica Moraes, como a cafetina Larissa, que rouba sempre as cenas em que aparece com suas expressões e jeito de falar bem peculiares, conseguindo imprimir realidade e profundidade a uma personagem escrita no limite do cartunesco. Uma atriz acostumada com comédias que merecia mais papéis dramáticos no cinema.

O filme ainda tem uma boa direção de fotografia que faz questão de mostrar os corpos nus tanto das garotas quanto dos homens em diferentes posições e modalidades sexuais em eterno contraste entre o belo, o feio e o aceitável.

Um filme bastante razoável cujo roteiro funciona melhor como pequenas anedotas episódicas e falha como narrativa longa, sendo salvo pelo talento e carisma dos protagonistas que carregam o filme nas costas.

Valeu!

Um comentário:

Leonardo Giordano disse...

A única motivação que eu teria pra ver esse filme seria a possibilidade de ver Deborah Secco nua, em cenas quentes etc., coisa que já percebi que não aconteceria quando soube a classificação indicativa do filme (16 anos) e que me foi confirmada por gente que viu o filme.
Não acho que a Bruna Surfistinha seja o tipo de pessoa que mereça um filme, não por ter sido prostituta (ela diz que parou, eu não acredito), mas pela ausência de elementos para segurar um longa na história de vida dela, já bastante conhecida.
Todo mundo sabe que o livro que inspirou o filme nem foi escrito pela Bruna, e sim por uma "escritora fantasma". O verdadeiro talento dela, esse sim sua contribuição para humanidade, pode ser visto em diversos vídeos encontrados com facilidade na net e em algumas video-locadoras. Eles são, naturalmente, proíbidos para menores de 18 anos.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 
Tweet