TODO MATERIAL POSTADO EM MEU BLOG É DE CONTEÚDO PESQUISADO NA INTERNET OU DE AMIGOS QUE ME ENVIAM, AO QUAL SOU SEMPRE AGRADECIDO.
POUCAS VEZES CRIEI ALGO PARA COLOCAR NO BLOG.
O MEU SENTIMENTO É O DE UM GARIMPEIRO, QUE BUSCA DIAMANTES, E QUANDO ENCONTRA NÃO CONSEGUE GUARDAR PARA SI.

22/11/2008

PRIMEIRA GALERIA DE ARTE



“Diz a ilustradora Květa Pacovská (natural de Praga)
que o livro ilustrado é a primeira galeria de arte que uma criança visita.
Está bem pensado e melhor dito.
Depois de se proporcionar às crianças
com muitas “galerias de arte” desse tipo,
podemos ir abrindo caminho
à fruição e conhecimento de artistas e quadros famosos.”

21/11/2008

FRASES DA EDUCAÇÃO 22120/


"A dúvida


é o princípio


da sabedoria".


(Aristóteles)

FRASES DA EDUCAÇÃO 211108


“Criança não quer estudar.
Quer aprender,
ler o mundo,
ler a vida”

Tatiana Belinky escritora
Amei o sobrenome, principalmente as quatro primairas letras...

PEQUENAS MENTIRAS

O dono do restaurante (o pai que estava atendendo a um telefonema) perguntou em voz alta ao outro dono (filho): “o almoço da Fátima já tá pronto?”...
No que o filho respondeu naquele timbre de quem tá em débito com alguma coisa, sabe? Aquele que começa numa altura e vai-se diminuindo o tom, a fim de que o receptor não entenda bem o que o emissor disse: “Tá saindo”...
Aí o Pai disse “o quê?” e ele repetiu, quer dizer, modificou a resposta, dessa vez em unísono: “já saiu”.
Só que a quentinha ainda estava do lado dele...
Eis a questão: uma mentirinha dessas é inofensiva?
Afinal, a pessoa, do outro lado desligou e, contente, esperava o almoço, que realmente, após o telefonema, saiu.
Parece que tudo está resolvido...
Existe um ditado popular que diz “a mentira tem perna curta”.
Será?
Na verdade, este ditado tem a função moral de evitar que as pessoas mintam porque com certeza, brevemente, serão descobertas, é o que diz o ditado.
Mas, isso não corresponde à realidade.
Uma mentira pode durar muitos anos e até nem ser descoberta nunca, basta que o mentiroso (no caso em que só ele saiba da mentira) nunca a revele.
Por isso, alegar que o filho não deveria mentir porque a Fátima descobriria sua mentira não é argumento final, porque, nesse caso, tão “inofensivo”, ela jamais descobriria, e ainda que viesse a saber, depois de já ter almoçado, provavelmente nem ligaria mais...
Porém, o problema último das mentiras, incluindo essas aparentemente inofensivas é que elas, por terem caráter de impunidade, viciam o praticante...
No dizer de um pensador moderno “aumentam o declive”, facilitam novas mentiras, cada vez mais freqüentes e maiores, dão exemplos negativos aos outros...e numa reação em cadeia, logo, logo, todo mundo está mentindo.
Aliás, é exatamente a nossa realidade atual.
Mente-se em todas as situações: manda-se dizer que não está pra não atender aquele telefonema “inoportuno”; cola-se nas provas, porque não se quer estudar nem prestar atenção às aulas; mente-se, ao fone, que se está doente, a fim de não ir trabalhar; os vendedores garantem que aquele produto é excelente, quando ele sabe que não é; políticos, alicerçados em Maquiavel, mentem à população garantindo que vão lhes cuidar da saúde e da educação...
E assim vamos nós...nós?
Eu tou no meio?
Se eu minto? Claro!! Os exemplos me vêm de longe (fato que não me tira a culpa, porque se tiver coragem, não minto)...
Mas são mentiras “inofensivas”...

"Quem pode, deve! Quem pode, deve e não faz, cria débito!
E todo débito gera sofrimento" Huberto Rohden

"Conhecereis a Verdade, e Ela vos libertará", Jesus, o Cristo

20/11/2008

CONVERSAS FAMILIARES

Você já pensou, em algum momento, gravar as conversas familiares? Tem idéia a respeito do que se fala, no lar, às refeições, por exemplo? E do efeito desses diálogos sobre as mentes infantis?

Pois um professor de Sociologia da Universidade da Pensilvânia realizou a experiência.

O Dr. Bossard conseguiu fartos exemplos da conversa de famílias, à hora do jantar. E, embora não tivesse imaginado, descobriu alguns estilos, definidos pelos hábitos de conversação constante.

Um dos mais evidentes foi o estilo crítico. Isto é, durante a refeição, não se falava nada de bom a respeito de alguém.

O assunto constante eram os amigos, parentes, vizinhos, os aspectos de suas vidas, naturalmente sempre apresentados de forma negativa.

Reclamava-se das filas no supermercado, do mau atendimento em lojas, da grosseria do chefe, enfim, das coisas ruins que existem no mundo.

Essa atmosfera familiar negativa redundava, conforme as observações realizadas, em crianças insociáveis e malquistas. Portanto, com problemas acontecendo na escola, na vizinhança.

Em outro grupo, as hostilidades da família se voltavam para dentro, contra si mesma.

Dr. Bossard classificou o grupo como os brigões, porque, sem exceção, as refeições se constituíam em torneios de insultos e brigas.

Tudo era motivo para acusações mútuas.

Nesse caso, as crianças absorviam o estilo que lhes criava problemas. Mesmo que isso, por vezes, viesse a se revelar depois de já crescidas e casadas, nos novos lares constituídos.

Um grupo de famílias revelou um estilo exibicionista. Num primeiro momento, o observador poderia se deixar encantar pelo brilho de espírito e o bom humor demonstrado por todos.

Contudo, aprofundando-se na pesquisa, essas famílias revelaram que todos se portavam como se fossem atores.

E cada qual desejava sobrepujar o outro, aparecer mais. Isso redundava em crianças que, onde estivessem, desejavam ser o foco das atenções.

Quando assim não acontecia, elas se sentiam desprezadas e repelidas, limitando a sua simpatia e respeito pelos outros.

Mas, afinal, será que nenhuma das famílias tinha bons hábitos de conversação?

Claro que sim. Essas foram adjetivadas como portadoras de atitude correta de processo interpretativo.

Nesse caso, as pessoas, os acontecimentos, os fatos são comentados pela família de forma tranqüila, com dignidade e, até, com senso de humor.

As crianças são animadas a participar da conversa e são ouvidas com respeito. A nota dominante, nesse grupo familiar, é a compreensão.

* * *

Se, ouvindo ou lendo esta mensagem, você se deu conta de que sua família pertence a um dos grupos de conversação incorreta, não se perturbe.

O estilo das conversas pode ser modificado. E pode começar hoje.

O primeiro passo é descobrir o estilo dominante e, num esforço conjunto da família, modificar a conversação.

Afinal, um grande Mestre disse um dia que o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai dela.

Pensemos nisso. Melhorar o estilo da conversa em família não é garantia absoluta de crianças ajustadas.

Mas é um meio seguro de lhes proporcionar melhores oportunidades de uma vida equilibrada, pois o exemplo é forte ingrediente na formação do caráter.


Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Cuidado com a conversa – Há crianças ouvindo, de
Thomas J. Fleming, da Revista Seleções do
Reader´s Digest, fevereiro de 1960.
Em 20.11.2008.

19/11/2008

UM PEDIDO







OH! MEU EDUCADOR...


MEU AMIGO...


MEU FACILITADOR.



O QUE TE PEDIMOS



É MUITO POUCO



PRECISAMOS DE TI...


DA TUA BONDADE


DO TEU SORRISO


DO TEU CORAÇÃO...

18/11/2008

ESPALHANDO LUZ

A melhor imagem que pode ocorrer

quando pensamos no trabalho

de quem dedica a sua vida

à educação de crianças e jovens...

A imagem de um vitral:

O Educador recebe e espalha a LUZ

16/11/2008

SEMANA DA MÚSICA II

Nada melhor que na semana na música um repertório de 6 horas de Aves Marias, nos mais diversos estilos e vozes.
São midis voices, arquivos curtos para serem baixados...
Divirtam-se
É só clicar no cantor.


Aaron Neville
Agnaldo Rayol
Albano Romina Power
Andrea Bocelli
Andre Rieu * Schubert
Andre Rieu
Andre Segovia
Andy Williams
Angela Maria & Pery Ribeiro
Amigos * Sertanejos
Auriz Barreira * Schubertze
Ave Mundi Spes Maria Gregorian Chant
Bach
Barbra Streisand
Beniamino Gigli
Bethovem ( Voz )
Bing Crosby
Brittany Hunter
Caio Mesquita * Saxofonista
Carlos Gomes
Carpenters
Celine Dion
Claude Barzotti
Charles Aznavour
Chitãozinho & Xororo
Demis Roussos
Enrico Caruso
Ernesto Cortazar ( Ave Maria Bach )
Executada no Piano
Fafa de Belem
Fagner ( Gounod )
First Offense
Francisco Alves
Gounod
Gounod 1
Gounod Coro
Gregorian Chat
Il Divo
J. Connick Jr.
Jesse Norman
Joan Baez
Joana
Johnny Mathis
Jorge Aragão
José Carreras
Kenny G
Kiri te Kanawa
Les Petits Enfants de Saint Marc * en Concert ( de Caccini )
Luciano Pavarotti
Maria Callas
Maria Dion
Maria Irene Paiva
Maria Russel
Missa Cantada Estilo Congoles
Mozart Opera
Nana Mouskourit * Gounod
Nana Mouskourit * Schubert
Nina Hangen
Renata Tebaldi * Bach e Gounod
Richard Clayderman
Roberto Carlos & Pavarotti
Roberto Carlos
Sarah Brightman
Sergio Chiavazzoli * Cavaquinho
Schubert
Soundtrack
The Mormon Tabernacle Choir
Three Tenor ( Carreras, Domingo e Pavarotti )
Valdir Azevedo
Verd
Vicente Celestino * Schubert
Voz Ecoro Somma
Vicente Celestino * Schubert
Voz Ecoro Somma
Ave Maria * ?
Ave Maria * ??
Jacno * Ave Maria
Jordan * Ambient Maria mix
Jordan * Matadore Solo Acoustic mix
Jordan * Spanish Hybrid mix
Jordan * Sweaty Spanish mix
Jordan * Thundertone mix
Agnaldo Rayol & Angela Maria * Ave Maria do Morro
Altemar Dutra * Ave Maria
Andrea Bocelli * Ave Maria do Morro
Angela Maria & Cauby Peixoto * Ave Maria do Morro
Anisio Silva * Ave Maria dos Namorados
Coral cantores de Petrópolis * Ave Maria dos Navegantes
Dalva de Oliveira * Ave Maria do Morro
Fafa de Belem * Ave Maria dos Navegantes
Francisco Petronio & Dilermando Reis * Ave Maria do Morro
Jesse & Cascatinha * Ave Maria do Sertão
Oswaldo Montenegro * Ave Maria de todas as Seitas
Maria Bethânia * Ave Marias ( Oração a Nossa Senhora )
Raul Seixas * Ave Maria da Rua
Silvio Caldas * Ave Maria

SEMANA DA MÚSICA

“Música é vida interior. E quem tem vida interior jamais está sozinho.”

É IMPOSSIVEL PARA MIM, LER UM TEXTO ASSIM E NÃO ME LEMBRAR DAQUELES MEUS AMIGOS QUE AMAM E VIVEM A MÚSICA...

Eu gosto muito de música clássica.
Comecei a ouvir música clássica antes de nascer, quando eu ainda estava na barriga da minha mãe.
Ela era pianista e tocava... Sem nada ouvir eu ouvia.
E assim a música clássica se misturou com minha carne e meu sangue. Agora, quando ouço as músicas que minha mãe tocava, eu retorno ao mundo inefável que existe antes das palavras, onde moram a perfeição e a beleza.

Em outros tempos, falava-se muito mal da alienação.
A palavra “alienado” era usada como xingamento. Alienação era uma doença pessoal e política a ser denunciada e combatida.
A palavra alienação vem do latim alienum que quer dizer “que pertence a um outro”. Daí a expressão alienar um imóvel. Pois a música produz alienação: ela me faz sair do meu mundo medíocre e entrar num outro, de beleza e formas perfeitas.
Nesse outro mundo eu me liberto da pequenez e picuinhas do meu cotidiano e experimento, ainda que momentaneamente, uma felicidade divina.
A música me faz retornar à harmonia do ventre materno.
Esse ventre é, por vezes, do tamanho de um ovo, como na Reverie, de Schumann; por vezes é maior que o universo, como no concerto n. 3 de Rachmaninoff. Porque a música é parte de mim, pra me conhecer e me amar é preciso conhecer e amar as músicas que amo.
Agora mesmo estou a ouvir uma fita cassete que me deu o Ademar Ferreira do Santos, amigo de Portugal. Viajávamos de carro a caminho de Coimbra.
O Ademar pôs música a tocar. Ele sempre faz isso. Fauré, numa transcrição para piano. A beleza pôs fim à nossa conversa. Nada do que disséssemos era melhor que a música.
A música produz silêncio. Toda palavra é profanação.
Faz-se silêncio porque a beleza é uma epifania do divino. Ouvir música é oração. Assim, eu e o Ademar, descrentes de outros deuses, adoramos juntos no altar da beleza. Terminada a viagem, o Ademar retirou a fita e m’a deu.
“É sua”, ele disse de forma definitiva. Protestei. Senti-me mal, como se fosse um ladrão. Mas não adiantou. Há gestos de amizade que não podem ser rejeitados. Assim, trouxe comigo um pedaço do Ademar que é também um pedaço de mim.

A música clássica dá alegria.
Há músicas que dão prazer.
Mas a alegria é muito mais que prazer.
O prazer é coisa humana, deliciosa. Mas é criatura do primeiro olho, onde moram as coisas do tempo, efêmeras, que aparecem e logo desaparecem.
A alegria, ao contrário, é criatura do segundo olho, das coisas eternas que permanecem.
Superior ao prazer, a alegria tem o poder divino de transfigurar a tristeza. Haverá maior explosão de alegria do que a parte final da Nona Sinfonia?
E, no entanto, a vida de Beethoven chegava ao fim, marcada pela tristeza suprema de não poder ouvir o que mais amava, a música. Estava totalmente surdo.
Mas é precisamente dessa tristeza que nasce a beleza.
No último movimento, Beethoven faz o coro cantar a Ode à Alegria, de Schiller. Sempre que a ouço imagino Beethoven de pé sobre um alto rochedo à beira-mar. O céu está negro. O mar ruge furioso. Respingos e espumas molham a sua roupa. Mas ele parece ignorar a fúria da natureza. Sorri, abre os braços e rege... o mar. A tempestade não cessa, continua. Mas a fúria se põe a cantar a alegria! Abre-se uma fresta nas nuvens negras através da qual se pode ver o céu azul...

A Nona Sinfonia me faz triste-alegre. Essa é a magia da beleza: ela é um triunfo sobre a tristeza. Feiticeira, a beleza é o poder mágico que transforma a tristeza-triste em tristeza-alegre...
É só por isso que eu a quero ouvir vezes sem conta. Porque a vida é triste.
E nisso está a honestidade da música clássica: ela não mente. Se soubéssemos disso, se sentíssemos a tristeza da vida, seríamos mais mansos, mais sábios, mais bonitos.

Meu outro amigo português, professor José Pacheco, pastor da Escola da Ponte... (Ele se recusa a ser chamado de diretor. Por isso o chamo de “pastor”, aquele que ama e cuida das ovelhas, as crianças.
Não seria bonito se os professores se vissem como pastores de crianças?)... conversando comigo sobre a música de Ravel, me dizia que, por vezes, ele fica tão “possuído” que ouve um mesmo CD vezes repetidas, sem parar, não deseja ouvir outro.
Comigo acontece o mesmo. A beleza produz uma “compulsão à repetição”. Kierkegaard dizia que um amante seria capaz de falar sobre sua amada dias a fio sem se cansar, repetindo as mesmas coisas. Falamos para transformar a ausência em presença. Ao escrever essas linhas, estou tornando presente aquela viagem com o Ademar, a caminho de Coimbra, ouvindo Fauré. E estou de novo com o José Pacheco, conversando sobre Ravel e bebendo vinho.

Há músicas que contêm memórias de momentos vividos.
Trazem-nos de volta um passado. Lembramo-nos de lugares, objetos, rostos, gestos, sentimentos... Aquele hino Deus vos guarde pelo seu poder provocará sempre, Jether, a memória do barco seguindo o navio.
Lembrar-se do passado é triste-alegre... Alegre porque houve beleza de que nos lembramos.
Triste porque a beleza é apenas lembrança... Não mais existe. Mas há músicas que nos fazem retornar a um passado que nunca aconteceu.
É uma saudade indefinível, sentimento puro, sem conteúdo. Não nos lembramos de nada. Apenas sentimos. Sentimos a presença de uma ausência... Fernando Pessoa se refere a uma saudade vazia?
Saudade é sempre “saudade de”. Mas essa saudade é saudade pura, sem ser saudade de coisa alguma.
Será possível ter saudades de algo que não foi vivido?. Octávio Paz descreve uma dessas experiências no seu maravilhoso livro O arco e a lira. Ele diz: “Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim; todos os dias nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado, feito de tijolos e tempo urbano.” (Coisas do primeiro olho!) “De repente, num dia qualquer, a rua dá para um outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos.”
(O segundo olho!) “Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais. Sua própria realidade compacta nos faz duvidar: são assim as coisas ou são de outro modo? Não, isso que estamos vendo pela primeira vez, já havíamos visto antes.
Em algum lugar, no qual nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que nos recordamos e quereríamos voltar para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiqüíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer.
Um sopro nos golpeia a fronte. Adivinhamos que somos de outro mundo. É a ‘vida anterior’ que retorna...” Mas esse lugar encantado, onde se encontra?
Nunca o vimos e, a despeito disso sabemos que é o nosso destino: queremos voltar. Você nunca sentiu isso, uma saudade indefinível de um lugar encantado em que você nunca esteve?

Na sua Ode Marítma, Fernando Pessoa escreve sobre a mesma experiência. De longe ele contempla o cais e seus navios. “E quando o navio larga do cais/ E se repara de repente que se abriu um espaço/ Entre o cais e o navio,/ Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente./ Ah, todo o cais é uma saudade de pedra.” “Ah, quem sabe, quem sabe,/ Se não parti outrora, antes de mim,/ Dum cais, se não deixei, navio ao sol/ Oblíquo de madrugada,/ Uma outra espécie de porto...” Partir outrora, antes dele mesmo?

Há músicas que nos levam para o tempo “antes de nós mesmos” e para lugares onde nunca estivemos. Talvez o que Ângelus Silésius disse para os olhos possa ser dito também para os ouvidos. “Temos dois ouvidos. Com um ouvimos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro ouvimos as coisas da alma, eternas, que permanecem.”

A Valsinha do Chico faz isso comigo. O que a Valsinha canta nunca aconteceu. Está fora do tempo. Está fora do espaço. E, no entanto, está no espaço e no tempo da minha alma. A Valsinha é um “pedaço arrancado de mim”. Por isso rio e choro ao ouvi-la. Também a Primeira Balada de Chopin, aquela que o pianista triste e esquálido tocou para o oficial alemão no filme O Pianista. A Chacona, de Bach. A sonata Appassionata, de Beethoven, que Lenin dizia ser capaz de ouvir indefinidamente. Oblivion, de Piazzolla, que tanto comovia o Guido, meu amigo querido, que agora mora naquele “lugar onde as coisas são sempre banhadas por uma luz antiqüíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer”.

A música tem virtudes médicas. Cura. Nesse tempo em que todo mundo sofre de stress aconselha-se música do estilo new age para acalmar. Comigo música new age não funciona. Tira-me o stress transformando-me em gelatina. Dissolvo-me em águas indefinidas. Quando estou aos pedaços deito-me no tapete da sala e o que quero ouvir é Bach. A música de Bach me estrutura, devolve-me o esqueleto, põe meus pedaços no lugar. O Bach dos corais, não o dos florais... Há música para os mais variados tipos de doença: Mozart. Beethoven. Schumann. Chopin. Brahms, Ravel. Os médicos deveriam receitar aos seus pacientes, junto com os remédios bioquímicos, a música...

Bom seria se a música clássica se ouvisse nos consultórios médicos, nas escolas, nas fábricas, nos escritórios, nas rádios. Há cidades que têm essa felicidade: rádios FM que tocam música clássica o dia inteiro. Infelizmente não é o caso de Campinas. Mas poderia ser... A música clássica desperta, nas pessoas, aquilo que elas têm de melhor e de mais bonito. Música clássica contribui para a cidadania.

Fico triste pensando naqueles que nunca conhecerão esse prazer. Simplesmente porque a possibilidade não lhes foi oferecida. Eu tive a sorte de ter a minha mãe.

Veja e ouça, na TV Senado, o programa Quem Tem Medo de Música Clássica, apresentando por Artur da Távola – um maravilhoso mestre que ama as crianças. Aos sábados, às 10 e 18 horas. Aos domingos, às 10, 18 e 24 horas.

RUBEM ALVES

APRENDER É...

Os seres humanos não podem sobreviver sem aprender (Perrenoud).
Por isso a aprendizagem tem de ser um processo permanente, ao longo da vida. Complexo, frágil, imprevisto.
E no entanto, há algumas verdades que importa ter presente para que a aprendizagem (as aprendizagens) possa existir.

Aprender é desejar.
Sem desejo, sem vontade, dificilmente pode haver aprendizagem. E este é uma drama que muitas vezes ocorre nas nossas aulas, o de ensinar a quem não quer aprender.
Dai que uma das primeiras e fundamentais tarefas do educador é desafiar o outro, é acender o desejo de saber, é estimular, motivar.
Mostrando o sentido, desenhando situações de implicação, explicitando a empregabilidade pessoal e social dos conteúdos que se querem “transmitir”.

Aprender é perseverar.
Sem esforço, repetição, continuidade, a aprendizagem é problemática.
Dai a necessidade de uma postura perseverante que obriga a uma disciplina interior.

Aprender é construir.
O saber não pode ser transmitido, o saber não pode ser vertido na cabeça do educando.
Para haver aprendizagem tem de haver uma implicação pessoal, tem de haver uma construção, uma reconstrução, mesmo quando o método passa pela lição magistral.
E para construir, muitas vezes é preciso desconstruir. As falsas certezas, as visões deformadas, os preconceitos.

Aprender é interagir.
Com os saberes, com os outros aprendentes, com os mediadores, com desafios, com situações-problema.
Aprender é sempre interagir.

Aprender é enfrentar riscos.
O risco do erro, do fracasso, do abandono.
Aprender é enfrentar situações de desequilíbrio, de perda, de naufrágio.
E procurar sempre recomeçar.

Aprender é mudar.
De hábitos, de rotinas, de saberes, de visões, de lentes.

NENHUM A MENOS

Vencedor do festival de Veneza de 99, Nenhum a Menos, de Zhang Yimou é um retrato quase documental da atual situação da classe de estudantes rurais na China. Com uma câmera discreta, e muitas vezes escondida, Yimou registrou o ensino em uma escola rural no interior do país.

Com atores amadores, e grande parte deles ainda crianças, o que se vê é uma verdadeira aula de direção ao retratar a evasão escolar justificada pela pobreza.


A iniciante Wei Minzhi é uma professora de apenas 13 anos

Tudo começa quando o professor da escola tira uma licença para cuidar de sua mãe. Em seu lugar, a prefeitura coloca uma garota de apenas 13 anos, Wei (Wei Minzhi). Ela terá que morar na própria escola durante um mês, junto com alguns dos 28 alunos, até que o mestre retorne. Sua missão é garantir que nenhum deles abandonea escola.

Wei faz a chamada religiosamente a cada novo dia e depois passa para os alunos os deveres de cópias das lições escritas no quadro negro. Sem se preocupar muito se eles realmente estão aprendendo, ela só quer que eles não abandonem o curso e saiam da escola. Tamanha é a pobreza do local, que a garota só dispõe de um giz para cada dia de aula, ninguém possui livros, e as camas dos alunos são improvisadas com as carteiras da classe.

A garota professora e seus alunos, fixados no meio de um vilarejo, formam uma espécie de espelho miniatura da comunidade chinesa com seus problemas atuais, principalmente quando refere-se à camada rural da população.

A determinação de Wei em manter os alunos na escola é tanta que as situações passam a ser cada vez mais absurdas, chegando ao ponto da garota partir para uma grande e próspera metrópole, em busca de um dos alunos, Zhang Huike (Zhang Huike) que fugiu com a família em busca de trabalho.

O diretor diz ter usado atores amadores para enfatizar o realismo. Sem deixar que as crianças lessem o roteiro, a maioria das atuações partiram como improvizações dos personagens que interpretavam, grande parte das vezes, suas próprias vidas.





VÁRIOS CURSO SOBRE EDUCAÇÃO