sábado, setembro 23, 2006

Fazendo a diferença

Não que eu quera mudar, mas mesmo que quisesse, agora seria um pouco tarde. Com um grau de bacharel em Administração e agora prestes a pegar o meu diploma de mestrado em Administração, o meu futuro é fazer negócios, moviementar dinheiro, gerar lucro para as empresas.

Para que o parágrafo acima não soe de forma negativa, quero esclarecer que estou feliz com a minha escolha e até então tive prazer onde trabalhei e gosto do que faço. Mas uma pergunta sempre me vem à cabeça de vez em quando: como eu posso fazer a diferença no mundo? O que eu posso fazer para ajudar as pessoas. Tudo bem que os administradores geram negócios, que movimentam a economia, que em contra-partida geram novos empregos, etc, etc. Mas tudo isso acontece num nível muito macro e dificilmente conseguimos ver as consequências concretas das ações diárias do nosso trabalho. Ou ao menos do meu.

É muito fácil entender do que estou falando: um(a) professor(a) na sala de aula está em contato frequente com os seus alunos e pode acompanhar o aprendizado deles e ver o resulado concreto de suas ações e que através da educação que está passando para esses alunos eles irão se desenvolver, pensar, questionar, progredir. E dessa satisfação eu posso falar com conhecimento de causa da época em que dava aulas de inglês para os sobrinhos da minha prima lá em Curitiba para ganhar uma grana na época que eu estava na faculdade.

Outro exemplo óbvio são as pessoas que trabalham para organizações internacionais como a ONU por exemplo. Os médicos, que lidam com a vida humana diariamente.

Há pouco mais de um ano quando viajei com a minha amiga Dani, eu a vi escrevendo um cartão postal para mandar para as crianças de uma escola onde a irmã dela, a Juliana, trabalha. Meses depois eu fiz uma viagem ao Líbano e resolvi fazer o mesmo e enviei um cartão para essas crianças. Foi o primeiro cartão postal internacional que as crianças receberam. Quando soube da repercussão que esse cartão teve com essas crianças da 2º série de um colégio público de Cajamar, fiquei felicíssimo que esse gesto tão simples pudesse ter causado neles tal efeito.

A Juliana me contou que eles ficaram super curiosos para saber onde ficava o país no mapa, que língua eles falavam, como eu me comunicava com eles, qual era a bandeira do país, etc. Então quando soube disso, resolvi continuar me comunicando com essas crianças através dos cartões postais e cada vez que viajava, mandava um cartão para eles. O melhor foi quando a Dani veio me visitar no final do ano passado e com ela trouxe um pacote de cartas escritas pelas crianças endereçadas a mim.

Era incrível ver a naturalidade e a inocência com que me escreviam e como através desse gesto eu criei um vínculo com elas. As perguntas na carta eram as mais variadas, entre elas queriam saber se eu gostava de bolo de chocolate, como se chamavam meus pais, se eu tinha irmãos, se eu era rico, quando eu iria ao Brasil novamente, entre muitas outras. E gostei também de saber que todas as meninas da escola tinham me achado bonito!

Pouco antes do verão iniciar aqui na Europa e todo mundo partir para as férias, pensei, por que não estender esse ato aos meus amigos, afinal de contas, eu já estudei com gente de mais de 40 nacionalidades na Dinamarca e estou num ambiente similar agora no MBA. Foi exatamente isso que fiz – mandei um e-mail para toda a minha rede de contatos explicando o feito com as crianças e pedindo para que esses meus amigos mandassem um postal para essas crianças mostrando algo típico do país onde estavam, que escrevessem um pouco da cultura do país, das comidas, da língua, da vida deles, enfim contando algo que despertasse o interesse dessas crianças a continuar na sala de aula, de questionar, de saber que o mundo está cheio de oportunidades para elas.

Soube que as crianças e a Juliana já receberam cartões postais de Cingapura, da Finlândia, da Alemanha, da Grécia, da Dinamarca e vários outros devem estar a caminho.

Há pouco mais de uma semana recebi um e-mail da Juliana agradecendo pelos cartões e contando que ela tinha sido transferida para ir dar aula em uma outra escola.

No e-mail ela me disse que as crianças diziam “Tia, e agora, o Alan vai continuar escrevendo pra gente?” e estavam preocupadas em saber se quando os cartões chegassem se a nova professora iria entregá-las.

Resumo da história, no último dia da Juliana, as crianças não vieram à escola. Nenhuma delas. Essas crianças, acompanhadas dos pais, foram protestar para que a Juliana ficasse. Como para isso havia a necessidade de aprovação de alguém superior, o caso foi devidamente encaminhado e aprovado e lá está a Juliana continuando o seu trabalho com essas crianças.

Então essa história é para parabenizar a Juliana por estar educando essas crianças com paixão, visando o desenvolvimento delas e mostrando que caso elas queiram, elas vão conseguir ter uma vida melhor do que a dos pais delas. O primeiro resultado concreto pode ser visto agora com o fato de ela ter ficado na escola. Aqui fica a minha admiração e o meu agradecimento por ter me dado a oportunidade de participar desse projeto com você e não se preocupe porque esses meninos e meninas continuarão recebendo fotos e histórias dos quatro cantos do planeta.

3 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada meu bem, realmente vc sabe fazer a diferença!!!
Saudades
Beijos

Vick disse...

Alan, se soubesse teria mandado postais para as crianças também e posso te mostrar várias maneiras em que você já faz a diferença e em que já ajuda às pessoas! Te adoro bastante!

Marlene Maravilha disse...

Alan, a melhor coisa na vida é sermos uteis na vida de alguém e fazermos diferença.
Eu vejo isso numa instituição que se chama NOA (Nucleo de orientação e Ajuda), e que eu dou aulas de bijoux. A criançada ama de paixão!
E eu acabo ficando muito feliz com isso. Imagino a tua experiencia com este fato! Parabéns!
(Tive muita dificuldade para entrar todos estes dias no teu blog, e agora entrei pelo do Renato.)
Espero que tenhas um final de semana lindo com as tuas visitas, e que aproveitem a Marisa Monte!
Beijos e obrigada!