A CASA DO OSCAR

Wednesday, June 27, 2007

AUDIÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA DEBATE IMPASSE EM INVERNADA DOS NEGROS, SC

Acontece nesta quinta-feira (28), às 10h, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, audiência pública para discutir e avaliar o impasse sócio-econômico criado com a decisão de demarcação, desapropriação e assentamento de famílias de afro-descendentes na localidade denominada "Corredeiras", atualmente "Invernada dos Negros", em Campos Novos, SC, conforme determina o Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003. A audiência foi pedida pelo deputado Odacir Zonta, do PP de Santa Catarina. A expectativa é que outros parlamentares que integram as frentes ruralista e em defesa da Igualdade Racial também estejam presentes ao encontro.

Também estarão presentes à audiência pública o vice-prefeito de Campos Novos, Cirilo Rupp, o presidente da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Leôncio de Souza Brito Filho, o presidente da Associação dos Legítimos Proprietários de Terras da Antiga Fazenda São José, Luiz Carlos Mânica e o presidente da Associação dos Remanescentes do Quilombo da Invernada dos Negros, José Maria Gonçalves de Lima. Quilombolas da área da Invernada dos Negros e também proprietários de fazendas que ocupam a área quilombola também vão participar do debate.

Uma visita técnica, com integrantes do INCRA, SEPPIR, MDS e Movimento Negro na área de Campos Novos foi realizada nesta terça (26). O objetivo da visita foi esclarecer os quilombolas sobre o Decreto 4.887 e também levar informações aos pequenos produtores rurais que ocupam a área de Campos Novos sobre a desocupação da área, de que forma haverá ou não indenizações.

DIVERSIDADE CULTURAL: KOFI ANNAN ENVIA SAUDAÇÃO ESPECIAL

O ex-secretário–geral das Nações Unidas, Kofi Annan, gravou uma saudação aos participantes do Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, aberto na manhã desta quarta-feira (27), pelo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, em Brasília. Annan salientou a importância do seminário, argumentando que cultura é um importante símbolo de identidade. Para o ex-secretário-geral, a globalização deveria levar à diversidade cultural e não à homogeneização. "Deveria ser um processo de redefinição criativa que juntasse tradições globais e locais", salientou Kofi Annan. O Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural prossegue até sexta-feira (29) e pode ser acompanhado, ao vivo, pela site http://optimedia.com.br/diversidadecultural.

A seguir, a tradução do discurso de Kofi Annan:

"Excelências, senhoras e senhores.
Estou feliz por ter essa oportunidade para lhes passar uma rápida mensagem por ocasião do Seminário Internacional de Diversidade Cultural. Nós todos compartilhamos a percepção de que nosso mundo esta diante de desafios únicos. É da natureza humana acreditar que o momento que vivemos é absolutamente único. Isso é parcialmente verdadeiro, mas de fato, as raízes dos desafios de hoje não são muito diferentes de tempos anteriores. Desde quando a sociedade começou a refletir sobre ética e valores a questão da identidade sempre esteve presente, nós tendemos a olhar para nós mesmos a partir das nossas diferenças com os outros. Fazendo isso, normalmente perdemos a visão do que a humanidade tem em comum e do que é essencial. Cultura é um importante símbolo de identidade e pertencimento. A atual onda de globalização tem exacerbado o sentimento de que somos diferentes. Certamente somos. Globalização deveria levar à diversidade cultural e não à homogeneização. Deveria ser um processo de redefinição criativa que juntasse tradições globais e locais.
Devemos reconhecer a integridade e autonomia das diferentes culturas locais e nacionais. Acessórios de confiança e energia para as pessoas do mundo todo. Deveríamos fazer mais para proteger direitos culturais incluindo diversidade cultural como chave para os direitos humanos fundamentais.
Por tudo isto, estou feliz que meu grande amigo, Ministro Gilberto Gil, ele mesmo, um reconhecido símbolo da diversidade, deu todo seu apoio a este Seminário sobre Diversidade Cultural organizado sob os auspícios da Organização dos Estados Americanos.
Não teria um melhor lugar a não ser o Brasil para a realização deste Seminário. Um país com ricas e diversas culturas, para energizar vossas discussões e deliberações.
Desejo-lhes todo sucesso e esperança para que nasçam ai novas contribuições para a Paz Mundial.
Obrigado!"

DIVERSIDADE CULTURAL: CONHEÇA OS PALESTRANTES DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL

Palestrantes do primeiro dia de conferência (27/6)

Ignácio Ramonet
: é presidente e diretor de redação do periódico francês Le Monde Diplomatique, doutor em História pela École des Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris e especialista em geopolítica e estratégia internacional. É autor de diversos livros, entre eles Geopolítica do Caos, Guerras do Século XXI, O que é Globalização? e A Tirania da Comunicação.

Mac Maharaj: é professor e politico sul-africano, participou junto com Nelson Mandela da luta pela democracia racial na África do Sul, onde foi preso e torturado. Após retorno do exílio, participou da transição democrática e se tornou ministro do primeiro governo pós-apartheid. Leciona hsitória da África do Sul no Bennington College e é organizador do livro Mandela: Retrato Autorizado.

Miguel Bartolomé: é antropólogo argentino, professor e pesquisador do Instituto Nacional de Antropologia e História do México - Centro Oaxaca e membro da Academia Mexicana de Ciências. Estuda a sociedade e a cultura das etnias das Américas e é autor de diversos livros, entre eles Gente de Costumbre y Gente de Razón e Etnicidad y pluralismo cultural: la dinámica étnica en Oaxaca.

Eduardo Viveiros de Castro: é antropólogo brasileiro, professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor de A inconstância da alma selvagem, Antropologia do Parentesco: Estudos Ameríndios, From the enemy´s point of view: humanity and divitiny in an Amazonian society , entre outras diversas outras obras sobre cultura indígena no Brasil e nas Américas.

Palestrantes do segundo dia (28/6)

Jesus Martín Barbero: é intelectual espanhol, radicado na Colômbia, especialista em comunicação e cultura. Foi professor da Universidade de São Paulo, Universidad Autónoma de México, Universitat Autónoma de Barcelona e da Universidad Nacional de Colômbia. Publicou, entre outras obras, Comunicação massiva: discurso e poder e Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia.

John Perry Barlow: é ensaísta norte-americano, graduado em religião comparada, professor visitante do Berkman Center for Internet & Society da Universidade de Harvard e co-fundador da Eletronic Frontier Foundation, organização para a proteção dos direitos de liberdade de expressão no mundo digital. É membro da Academia Internacional de Artes e Ciências Digitais e autor de The Economy of Ideas.

Joost Smiers: é professor holandês de ciência política e membro do grupo de pesquisa Arte & Economia da Escola de Artes de Utrecht. É pesquisador com trabalhos sobre propriedade intelectual e diversidade cultural e autor de Artes sob pressão: promovendo a diversidade cultural na era da globalização. Escreve, em co-autoria com Marieke van Schijndel o livro Imagining a world without copyright.

Omar Lopez Olarte: é economista colombiano, pós-graduado pela Universidad Nacional de Colombia. Foi consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). É consultor do Projeto Economia e Cultura do governo Andrés Bello e autor de artigos sobre economia da cultura na América Latina e do livro Impacto económico de las industrias culturales en Colombia.

Palestrantes do terceiro dia (29/6)

Hugo Achugar: é uruguaio, professor titular de Literatura Latino-Americana da Universidade de Miami. Diretor do Observatório de Politicas Culturais do Uruguai, Universidad de la República. Coordena o Programa "Políticas Culturais, Estado e Sociedade Civil no Contexto da Região e da Globalização" da Fundação Rockfeller (Montevidéu) e é autor dos livros Planeta sem boca e Biblioteca en Ruínas.

George Yúdice: é professor norte-americano, foi diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos da Universidade de Nova York, onde leciona literatura e língua portuguesa, espanhola e estudos americanos. É autor de A conveniência da cultura - usos da cultura na era global, On edge: the crisis of contemporary Latin American culture e Cultural Policy.

DIVERSIDADE CULTURAL: POLÍTICAS PÚBLICAS E UMA NOVA ORDEM NO PENSAMENTO LATINO EM PAUTA NO BRASIL

A idéia de promover o Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural nasceu de uma proposta do Governo Brasileiro apresentada à Comissão Interamericana de Cultura da Organização dos Estados Americanos (OEA). A intenção é criar uma oportunidade para a ampliação do debate sobre a diversidade cultural e sobre as experiências de políticas públicas da cultura nas Américas. Para isso, foram convidados palestrantes ilustres de distintos países do mundo e autoridades governamentais do campo cultural dos países membros da OEA.

Os trabalhos durante o seminário são divididos em painéis. Cada painel será composto por uma palestra inicial, a ser proferida por um intelectual e especialista nos temas abordados, e apresentações de países membros da OEA, que versarão sobre experiências em políticas públicas da cultura. Os debates serão finalizados com os comentários do mediador, que, além de coordenar os trabalhos da mesa, elaborará uma análise crítica das apresentações realizadas pelo palestrante e pelos representantes dos países membros.

O primeiro painel, que acontece na manhã desta quarta (27) estará em foco na palestra Globalização e Diversidade Cultural no Mundo Contemporâneo, ministrada por Ignácio Ramonet, a diversidade cultural nos países das Américas. Outro destaque da programação é para a palestra Democracia e Multiculturalismo no Mundo Contemporâneo, a ser ministrada pelo professor Mac Maharaj, da África do Sul, um dos fundadores do Movimento Anti-Apartheid. Em sua fala, Maharaj abordará o relacionamento entre a África e os demais continentes.

DIVERSIDADE CULTURAL: BRASIL SEDIA CHAMAMENTO LATINO AMERICANO PELA DIVERSIDADE E INCLUSÃO DA CULTURA EM POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS

Na abertura oficial do Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, Práticas e Perspectivas, representantes da cultura da América Latina fizeram um chamamento em favor da valorização da cultura, em especial da diversidade e pluralidade regional. Esta foi a principal fala dos dirigentes governamentais. O ministro de Estado da Cultura, Gilberto Gil, foi enfático em salientar a importância da inclusão cultural para a juventude e também a importância do aporte cultural para a sobrevivência dos povos e incremento da atividade econômica. Gil também salientou a necessidade de se promover a diversidade cultural junto aos meios de comunicação, a fim de inverter a lógica dominante, a qual não destaca as diversas formas de saberes e fazeres. Na fala do ministro brasileiro, fora apontada ainda a necessidade de se preservar a pesquisa histórica contínua, trazendo ao conhecimento de todos os reais fatos da ocupação histórica do continente americano. Também foi salientado como uma ação positiva em favor da diversidade o Programa Cultura Viva, que está levando através dos Pontos de Cultura, ferramentas para garantir a todos os cidadãos a produção audiovisual e o registro de suas manifestações e valores históricos.

Em seu pronunciamento, o presidente da Comissão Interamericana de Cultura (CIC) da Organização dos Estados Americanos (OEA), André Frenette, frisou a constituição da Convenção da Unesco em favor da Diversidade Cultural, cujo reforço se deu em reunião em 18 de junho último com a adesão de mais países. Hoje, 13 países latinoamericanos ratificam o documento, entre eles o Brasil, que está sendo protagonista do seminário o qual irá divulgar as bases do Estado Brasileiro em favor da diversidade cultural. Frenett também ressaltou a importância de se valorizar a produção da atividade cultural como inclusão para a juventude e acesso ao mercado de trabalho. Pesquisas, como a realizada pelo governo mexicano confirmam que a atividade cultural responde por 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) mexicano. Na Argentina, segundo dados da Secretaria de Cultura do país, em 2005 a produção cultural correspondeu a 5% do PIB argentino. No Mundo, a cultura já responde por 7% do PIB mundial. O representante da OEA ainda apontou a valorização da instituição no fomento a políticas de produção cultural na América Latina.

O vice-presidente da República, José Alencar, o qual representou o presidente Lula no evento, ratificou a importância da cooperação internacional em cada país membro da OEA. Em nome do governo brasileiro, José Alencar saudou a todos os presentes frisando o compromisso do Brasil em discutir com profundidade o convívio entre todos os povos.

Monday, June 25, 2007

PRESIDENTE LULA CONFIRMA PRESENÇA NA FEAFRO EM SÃO PAULO

Já foi confirmada para o dia 6 de julho, sexta-feira, a presença do presidente Lula na primeira edição da Feafro – Feira Afro-Étnica de Comércio, Cultura e Arte, que tem como objetivo intensificar e otimizar as relações bilaterais entre o Brasil e os países da África subsaariana. Acompanhando o presidente, estará a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Os ministérios do Turismo e do Meio Ambiente também já reservaram seus estandes na feira.

O evento vem ao encontro da política do presidente Lula para a África, que desde seu primeiro mandato já realizou várias viagens ao continente e alerta, freqüentemente, para a importância do Brasil em enxergar na África uma futura ilha de prosperidade. Vale ressaltar que, segundo dados da Câmara de Comércio Brasil-África do Sul, no ano passado, o Brasil exportou R$ 15,5 bilhões para a África e importou R$ 16,8 bilhões com um saldo de R$ 1,3 bilhão favorável aos parceiros africanos.

A FEAFRO já demonstrou seu potencial na realização de negócios. Organizou uma rodada entre representantes da Associação Comercial Brasil-Nigéria e empresas brasileiras, que irão implantar na Nigéria, já no próximo ano, uma agrovila para abrigar 1.000 famílias. O modelo, baseado na auto sustentabilidade, prevê que a partir de culturas locais como a cana de açúcar, dendê e mamona sejam produzidos etanol, diesel e biodiesel. Para os empresários brasileiros participantes do projeto, o governo nigeriano irá isentá-los do pagamento de todos os impostos, durante cinco anos, e da evasão de resultados.

Durante o evento, novas rodadas de negócios, entre empresários brasileiros e representações de cada país, estão previstas para os dias 4 a 6, das 10h às 17h. Também será lançado, pela Câmara de Comércio Brasil África, um selo de qualidade para os produtos apropriados para consumo dos africanos.

Para ampliar ainda mais o volume de negócios, estarão representados na feira, os seguintes países: Angola, África do Sul, Cabo Verde, Cameroon, Congo Democrático, Costa do Marfim, Gabão, Guiné-Bissau, Kênia, Mali, Nigéria, Senegal e Togo. Entre os países africanos que vão expor seus produtos estão Angola, Costa do Marfim, Gana, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Namíbia, Nigéria, República do Mali e Senegal.

Também já têm seus espaços reservados, empresas como Somatória e África Continental (trading), Dunga Biscoitos, Legas Metal, Muene (cosméticos), EcoEnergia, JetBio, Dental Delivery (consultórios odontológicos móveis), Empire (construção), Coam Service (merenda escolar), Blanko Blindagem, Obi Music, DCPair, GE Marketing, Sistecon (sistemas construtivos), Sabesp e Banco do Brasil. O Fórum África, a Cooperativa Paulista de Artistas e Educadores (CPAE) e a Associação do Verde e Proteção ao Meio Ambiente (Avepema) também terão estandes.

Serviço

Evento: 1ª FEAFRO – Feira Afro-Étnica – Comércio, Cultura e Arte
Data e horário: De 3 a 8 de julho – das 10 às 22 horas
Local: Pavilhão do Centro de Exposições Imigrantes. Rodovia dos Imigrantes – Km 1,5 – São Paulo. Fone: (11) 5067-6767
Site oficial: www.feafro.com.br
Credenciamento para os Jornalistas: Por e-mail: oficinademidia@oficinademidia.com.br. Por telefone: (11) 3283-1281. Deve constar nome completo, nº MTB, nome do veículo, função, e-mail e telefone.

Fonte: Oficina de Mídia

FEAFRO MOVIMENTARÁ NEGÓCIOS, COMÉRCIO E CULTURA ENTRE BRASIL E ÁFRICA

Segundo dados da Câmara de Comércio Brasil-África do Sul, no ano passado, o Brasil exportou R$ 15,5 bilhões para a África e importou R$ 16,8 bilhões com um saldo de R$ 1,3 bilhão favorável aos parceiros africanos. Para os países africanos, o Brasil vende peças para automóveis, produtos cerâmicos e até alimentos congelados. E compra dos países africanos, matérias-primas como minérios.

Os produtos étnicos também ganharam muito espaço nos últimos anos. Além da indústria de cosméticos, a moda e a decoração com temas afros crescem substancialmente no Brasil. Dados do IBGE apontam que o Brasil é o segundo país de pele negra no mundo, 59% dos brasileiros são afrodescendentes. Embora não haja números oficiais fechados sobre os investimentos brasileiros na África, o Banco Central divulgou recentemente que, as empresas brasileiras investem atualmente, no exterior, algo em torno de R$ 150 bilhões.

A primeira edição da Primeira Feira Afro-Étnica de Comércio, Cultura e Artes (I FEAFRO) que acontecerá em São Paulo, de 3 a 8 de junho próximos, chega em momento bastante oportuno do ponto de vista econômico.Para a Primeira FEAFRO, 30 países africanos foram convidados.

Destes, Angola, África do Sul, Cabo Verde, Cameroon, Congo Democrático, Costa do Marfim, Gabão, Guiné-Bissau, Kênia, Mali, Nigéria, Senegal e Togo já confirmaram presença. Durante os seis dias do evento, das 10h às 17h, a feira focará os aspectos mercadológicos entre o Brasil e os países africanos com rodadas de negócios entre os setores produtivos como construção civil, indústria, agronegócio, tecnologia, maquinaria, empresas de cosméticos e empreendimentos esportivos, entre outros segmentos da economia.

PROCURADOR É ACUSADO DE RACISMO AO XINGAR POLICIAL DURANTE DISCUSSÃO DE TRÂNSITO NO RIO

Um acidente na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, terminou nesta madrugada com um motorista e um amigo que se identificou como procurador do estado presos - acusados, respectivamente, de dirigir bêbado e chamar um sargento da Polícia Militar de "crioulo". Segundo o policial responsável pela ocorrência, o procurador Cláudio Roberto Pieruccetti Marques, 32 anos, precisou ser dominado antes de ser preso, depois de ofendê-lo com palavras racistas.

A colisão que provocou o tumulto aconteceu por volta das 3h50, no trecho da Avenida Vieira Souto entre os hotéis Ceasar Park e Sol Ipanema e envolveu o Palio placa LNL 6403 e o Fox placa KXV 0499. Depois da batida, o primeiro veículo ficou na ciclovia da orla de Ipanema e o segundo, nas areias da praia. Segundo o sargento Marcelo Silva (na foto, conduzindo Elias), do 23º BPM (Leblon), que teria sido ofendido no tumulto, o motorista do Fox, Elias Camilo Jorge Junior, visivelmente alcoolizado, bateu na traseira do Palio. Ele ficou com um corte no queixo depois da colisão.

A confusão teria começado depois que Elias chamou seu amigo Cláudio Roberto, que chegou ao local num terceiro veículo. Segundo o sargento, o procurador queria levá-lo para Hospital Samaritano (Botafogo), em vez do Hospital Miguel Couto e da 14ª DP (Leblon), percurso considerado correto pelo policial.

Segundo Marcelo, diante da recusa, Cláudio teria ficado exaltado e colocado a carteira de procurador na cara do policial. Depois, durante a discussão, teria dito que, apesar de fardado, o PM não passava "de um crioulo". Também de acordo com o policial, o procurador não aceitou a voz de prisão que recebeu e também quis prendê-lo. Cláudio precisou ser dominado, com a ajuda do motorista do Palio, outra vítima do acidente.

O procurador foi levado algemado á delegacia. Durante o depoimento, ele pediu desculpas ao sargento pelas ofensas, e por isso acabou sendo liberado.
Associação defende procurador

A Associação dos Procuradores do Estado do Rio de Janeiro informou que o procurador Cláudio Roberto Pieruttetti Marques, 32 anos, que foi acusado de racismo pelo sargento Marcelo, da PM, disse que não chamou o policial militar de "crioulo", conforme foi veiculado pela imprensa. De acordo com a Aperj, no aditamento do Boletim de Ocorrência nem injúria restou, muito menos registro de racismo. A assessoria de Comunicação da instituição ponderou ainda que se, de fato, ele tivesse sido acusado do crime, teria ficado preso, uma vez que o delito é inafiançável.

No termo de declaração feito na delegacia, o procurador teria negado ter chamado o policial de crioulo e feito questão de registrar que, apesar de não ter ofendido ninguém, ele pedia desculpas, caso alguém tivesse se sentido ofendido por alguma coisa. Cláudio Roberto afirmou que pretendia apenas prestar socorro ao amigo, Elias Camilo Jorge Júnior, que acabara de sofrer um acidente. Sua intenção foi levá-lo a um hospital particular, em vez de ir para o Miguel Couto.

CENSO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS RECRUTA PESQUISADORES

Está aberto o processo seletivo para pesquisadores do Censo de Religiões Afro-brasileiras em Porto Alegre. O edital e a ficha de inscrição estão acessíveis abaixo e na sede do Centro de Pesquisa Histórica da Secretaria Municipal da Cultura (av. Independência, 456, fone 3289-8040). O prazo para inscrições acaba em 13 de julho.

Atendendo solicitação da comunidade vinculada às religiões afro-brasileiras em Porto Alegre, o CPH realiza até setembro um censo das casas de religião afro-brasileira do município. Os pesquisadores estarão devidamente identificados por um crachá. A primeira etapa mapeou os bairros Azenha, Cidade-Baixa e Menino Deus, nos meses de setembro e outubro do ano passado.

CIDAN OFERECE CURSOS GRATUITOS NO RIO DE JANEIRO

O Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (CIDAN), fundado em 1984 por Zezé Motta, está com inscrições abertas para os cursos de Câmara, Produção, Continuidade e Edição. Todos os cursos são gratuitos, abertos a todas as raças, e, embora tenha como alvo preferencial, os moradores de comunidades carentes, também aceitam candidatos de outras regiões. Informações sobre a data de início dos cursos, que não exigem experiência anterior, e horários dos mesmos, podem ser obtidas pelo telefone (21) 2223-0694.

História

Fundado em 1984 pela atriz Zezé Motta, o CIDAN visa a promoção e a inserção dos artistas negros - atores, músicos, cantores, bailarinos, modelos e técnicos em espetáculo - no mercado de trabalho. Entre os sócios fundadores do CIDAN constam os atores Antonio Pitanga e Alexandre Moreno, além do diretor Luiz Antonio Pilar.

PESQUISA VAI MAPEAR A POPULAÇÃO NEGRA DO MARANHÃO E SÃO PAULO

O Maranhão e São Paulo estão sendo alvos de uma pesquisa inédita que visa conhecer quem e quantos são os negros que compõem a população dos dois estados. O levantamento é uma das etapas do projeto Ações de acolhimento e acesso ao diagnóstico e tratamento do HIV/Aids para a população negra, desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (Ufma) em parceria com o governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e instituições governamentais e não governamentais de São Paulo.

Passo importante para a realização dessa pesquisa será dado a partir de amanhã, 25, durante a primeira oficina do Projeto, cuja solenidade de abertura está marcada para as 18h, no auditório do Hotel Praia Mar. Além de representantes dos 14 municípios que mantém Centros de Testagem Anônima (CTA) e/ou Serviço de Atendimento Especializado (SAE), participarão do evento, coordenadores do Programa DST/Aids do estado.

O projeto de pesquisa, financiado pelo Ministério da Saúde, foi elaborado pelo Mestrado de Saúde e Ambiente da Ufma e está sendo executado em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde e a colaboração de pesquisadores do Centro de Cultura Negra (CCN), do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, da Faculdade de Saúde Pública, do Centro de Trabalhadores de Saúde Pública da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, e do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e das Desigualdades.

Sob a coordenação da SES, a oficina, que se estenderá até quinta-feira, 28, tem como um dos objetivos a capacitação de profissionais das equipes dos SAEs e CTAs para a adoção da auto-identificação como método para o preenchimento do quesito cor/raça no cadastramento e recadastramento da clientela das duas unidades.

Segundo a coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids, Sílvia Viana, mesmo o projeto tendo como foco a população negra no que diz respeito ao acolhimento e acesso ao diagnóstico e tratamento do HIV/Aids, o cadastramento e o recadastramento atingirão toda a população de forma indiscriminada, uma vez que os Centros de Testagem Anônima não atendem somente as pessoas infectadas com o vírus.

"Nós queremos saber quem é a população negra dos estados do Maranhão e de São Paulo para planejarmos ações adequadas, especialmente, no que se refere à assistência em saúde e controle e prevenção da Aids", frisou a coordenadora.

Estarão presentes também no evento, representantes da Secretaria de Estado da Igualdade Racial, dos Fóruns estadual e municipais de ONGs Aids, da Rede de Pessoas Vivendo com o HIV/Aids, do Hospital Universitário Presidente Dutra e Materno Infantil, Rede de Religião Afro-brasileira e Saúde e das populações indígenas do estado.

Fonte: Jornal Pequeno, São Luís, MA

REUNIÃO MOVIMENTA A UFSM EM TORNO DAS COTAS

Estudantes e militantes do Movimento Negro estão reunidos na manhã desta segunda-feira (25) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O encontro conta com a presença do professor José Jorge Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB) e está servindo para informar e mobilizar a comunidade acadêmica a implantar a política afirmativa a partir dos relatos da experiência da UnB. Na UFSM, o Conselho Universitário se reunirá na próxima sexta-feira (29)para discutir e aprovar a implantação do sistema de cotas para o vestibular do ano que vem.

Segundo Jorge Marinho, acadêmico de Direito e também integrante do Movimento Negro Unificado, apontou que as discussões na universidade tem encontrado resistência em dois centros acadêmicos: o do curso de Educação Física e do curso de Ciências Sociais. Fora estes dois pontos, o restante da comunidade acadêmica, inclusive a reitoria, está sensível a implantação afirmativa na instituição pública de ensino, uma das maiores do Rio Grande do Sul.

Hoje no Rio Grande do Sul, duas discussões favoráveis ao sistema de cotas são intensas. Uma delas é na UFSM e a outra na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na UFRGS, a resistência também é intensa por parte dos acadêmicos dos cursos de Medicina e Engenharia Civil. Na UFRGS, o debate promete voltar a tona no próximo dia 29 de junho, quando o Conselho Universitário da instituição volta a se reunir, na sede da Reitoria em Porto Alegre.

O acadêmico e também militante lembra que o Movimento Negro também deve intensificar as ações em torno da votação do Estatuto da Igualdade Racial. "Não adianta nada fazermos uma intensa movimentação pelas cotas, garantir a sua aprovação e depois a mesma ser derrubada por força de liminares de estudantes brancos que venham a se sentir prejudicados pelas cotas em vestibulares", disse Marinho.

Friday, June 22, 2007

COTAS NA UFSM? MOVIMENTO NEGRO E ESTUDANTES NA LUTA...

Pelo que se sabe, extraoficialmente, ainda não foi desta vez que a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aprovou a implantação do sistema de cotas para o ingresso de estudantes negros no concurso vestibular da instituição. Segundo Jorge Marinho, acadêmico de Direito e também integrante do Movimento Negro Unificado, a reunião então prevista para esta quinta-feira (21) parece que não se realizou. Mas Marinho adianta que o Movimento Negro local, em conjunto com o grupo estadual e mais o apoio de estudantes continuará na luta pela implantação do sistema na UFSM.

Marinho também apontou que as discussões na universidade encontram resistência em dois centros acadêmicos: o do curso de Educação Física e do curso de Ciências Sociais. Fora estes dois pontos, o restante da comunidade acadêmica, inclusive a reitoria, está sensível a implantação afirmativa na instituição pública de ensino, uma das maiores do Rio Grande do Sul. Hoje no Rio Grande do Sul, duas discussões favoráveis ao sistema de cotas são intensas. Uma delas é na UFSM e a outra na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na UFRGS, a resistência também é intensa por parte dos acadêmicos dos cursos de Medicina e Engenharia Civil. Na UFRGS, o debate promete voltar a tona no próximo dia 29 de junho, quando o Conselho Universitário da instituição volta a se reunir, na sede da Reitoria em Porto Alegre.

O acadêmico e também militante lembra que o Movimento Negro também deve intensificar as ações em torno da votação do Estatuto da Igualdade Racial. "Não adianta nada fazermos uma intensa movimentação pelas cotas, garantir a sua aprovação e depois a mesma ser derrubada por força de liminares de estudantes brancos que venham a se sentir prejudicados pelas cotas em vestibulares", disse Marinho.

ESTUDO APONTA: ORKUT MOSTRA QUE SOCIEDADE BRASILEIRA É RACISTA

A discussão das cotas raciais no site de relacionamentos Orkut mostra que a população negra continua sendo desrespeitada e a discriminação racial ronda o pensamento brasileiro. Esta foi a conclusão da professora Maristela Abadia Guimarães, da Universidade Estadual de Mato Grosso, em sua dissertação de mestrado defendida no ano passado e apresentada na última quarta-feira (20/6) aos 50 participantes do I Seminário dos Universitários Negros da UEMS, em Dourados, Mato Grosso do Sul.

Maristela levantou, em 2005, 23 comunidades que expressavam 67 tópicos com opiniões favoráveis ou contrárias à implantação das cotas raciais nas universidades públicas brasileiras. "As cotas têm sido entendidas por aqueles que não acreditam em seu efeito positivo como um modo de racializar a sociedade brasileira, criar o racismo em um país até então "cordial" e, ao combatê-las, os oponentes insultam não somente a população negra, como todos aqueles que defendem esse mecanismo", afirma a professora.

Para ela, o Orkut tem sido uma ferramenta preciosa para este tipo de pesquisa, pois as pessoas expõem seus pensamentos, idéias e posicionamentos sem a preocupação de estar ofendendo o outro ou mesmo de represália. Com relação às críticas às cotas, Maristela afirma que "os insultos mostram uma recusa em aceitar a população negra como um novo ator no diálogo, seja desqualificando-o como cidadã - pois é mostrada como incapaz de intervir no debate democrático - seja utilizando táticas para retirá-la do debate".

É por reconhecer que as questões raciais têm importância significativa na estruturação das desigualdades sociais e econômicas no Brasil que a UEMS promoveu o seminário, pois assume o compromisso de formar atores responsáveis para superação dessa forma de relações humanas. Como instrumento de ação afirmativa, esta universidade implantou, em 2003, o sistema de cotas para estudantes negros e indígenas, no qual os primeiros disputam entre si 20% das vagas ofertadas no vestibular e os últimos 10%.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DIVULGA NÚMERO DE INSCRITOS PARA O VESTIBULAR

A Universidade Estadual de Feira de Santana divulgou o número de candidatos que se inscreveram no vestibular 2007.2, que acontece entre os dias 22 e 24 de julho. Foram 10.522 inscritos, que concorrem a 685 vagas. O número menor de inscrições em relação ao vestibular de início de ano (11.774) já era esperado, pois tradicionalmente a procura maior acontece em janeiro.

O curso de maior concorrência é Direito, com 1.511 inscritos, uma média de 37, 77 candidatos por vaga (em janeiro, foram 28,7 vestibulandos para cada vaga). Entre os mais concorridos estão os cursos de Enfermagem (37,37 por vaga com 1.495 inscritos) e Odontologia (28,46 por vaga e 854 inscritos).

São oferecidas vagas em 19 cursos. A média geral da concorrência é de 15,36 candidatos por vaga. Como ocorreu em janeiro, 50% das vagas estão reservadas para quem cursou o ensino médio e pelo menos dois anos do ensino fundamental (5ª a 8ª série) em escola pública.

Dessas, 80% das vagas serão ocupadas por candidatos que se declararem negros. Estão garantidas, caso haja demanda, mais duas vagas por curso para grupos indígenas e quilombolas.
No vestibular de meio de ano, cerca de 900 pessoas devem trabalhar em locais de provas espalhados por nove colégios da cidade, além da UEFS.

LAURYN HILL SACUDIU O TOM BRASIL, EM SÃO PAULO

Por Débora Costa e Silva
blog Digestivo Cultural

Instrumental encobrindo o vocal; platéia lotada; muita gente passando mal; uma cantora frenética que pulava e dançava no mesmo ritmo e intensidade das batidas da bateria e do DJ; músicas cansativas de dez minutos cada, cheias de improvisos e arranjos que destoavam das gravações originais.

Se tivesse que resumir o show do dia 14 de junho que aconteceu no Tom Brasil, seriam esses os destaques. Lauryn Hill, em sua primeira apresentação em São Paulo, decepcionou muitos com seu atraso, improvisos cansativos e excesso de estrelismo*. Por outro lado, sua energia no palco, a qualidade da banda de treze integrantes (dois tecladistas, um DJ, um guitarrista, um baterista, uma percussionista, dois baixistas - acústico e elétrico -, trios de metais e três backing vocals) e o próprio talento ganharam os fãs, já cansados de esperar por sua aparição, que aconteceu depois de quase duas horas.

Mesmo após a entrada dos integrantes da banda no palco, a cantora ainda esperou uma jam jession, com duração de quinze minutos em média, para finalmente aparecer e soltar a voz. Ela começou vocalizando algumas frases, improvisando junto com a banda, mas quase não se ouvia sua voz, pois o som da banda estava muito mais alto do que de seu microfone. Uma pena.
Na verdade, em boa parte das canções o instrumental estava encobrindo a voz de Lauryn. Ela mesma pediu à banda no meio de uma música: "Easy, easy! I want the people listing what I sing!". Creio que esse problema técnico se deu ao fato de que esse espetáculo foi feito para ser executado em um espaço maior, como em um estádio. A casa não tem espaço para "abrigar" um megashow daquele porte.

Mas além desse problema técnico, outro fator incomodou os ouvidos dos fãs: os arranjos. Muitas músicas tiveram uma nova roupagem, foram prolongadas e ganharam improvisos. Até aí, nenhum problema, se não fosse pelo fato de que ficou impossível acompanhar as músicas, muito diferentes das gravações originais.

Se não fosse a primeira turnê da cantora no Brasil, creio que não haveria nenhum incômodo por parte do público. Como em todos os shows internacionais que vêm para o Brasil, os fãs querem ouvir as músicas mais conhecidas, querem cantar junto, enfim, identificar o som para curtirem melhor os espetáculos, que, no caso da Lauryn Hill, não acontecem com freqüência em nosso país. Mas não foi o que aconteceu.

Depois de cerca de meia hora, cansadas de esperarem por músicas conhecidas, muitas pessoas começaram a sair do local, ou para irem embora ou porque estavam passando mal, afinal o local estava muito cheio. Assim, a platéia ficou mais vazia - sorte de quem resistiu.

A showgirl

A primeira música que agitou o público foi "Lost Ones", do primeiro disco solo da cantora, The miseducation of Lauryn Hill, mas bem mais rápida do que a original. "Ex-factor" e "To Zion", ambas do mesmo álbum, também animaram os fãs.

A fusão de ritmos como funk, rap, raggae e soul, típica de seu trabalho, estava presente em todas as canções apresentadas. Mas o ritmo jamaicano teve um espaço significativo no show. A nora de Bob Marley (Lauryn é casada com Rohan Marley) prestou uma homenagem ao sogro, cantando uma seqüência de quatro músicas suas: "Iron Lion Zion", "Trenchtown", "Zimbabwe" e "Hammer". Destaque para a interpretação à capella de "Zimbabwe", prolongando o refrão e deixando soar a frase "Fight for our rights" ("lutar pelos nossos direitos") diversas vezes, como que para reforçar suas ideologias.

Após estas interpretações, Lauryn fez uma viagem de volta às origens e cantou uma série de músicas de sua ex-banda, The Fugges. `How many mics", "Fu Gee La" e "Zealots" deram início à seqüência, todas muito mais aceleradas. O sucesso da década de 1990 "Ready or not" empolgou de vez o público, conseguindo levantar muitos que estavam sentados pelos cantos e chamando atenção dos que há muito tempo haviam desistido de acompanhar o show.

No intervalo que fez para depois voltar com o bis, os fãs, que já sabiam qual seria a próxima música, começaram a cantar o refrão de `Killing me softly". Como que atendendo aos pedidos, Lauryn voltou ao palco para cantar essa canção, que foi um grande sucesso em sua voz, ainda no Fugges. Esse foi o grande momento da apresentação, em que o coro à capella do público se encontrou com a bela e emocionada interpretação da cantora.

Ela ainda cantou uma música nova, "Lose myself", uma balada romântica que é trilha sonora do filme Tá dando onda, cuja previsão de estréia no Brasil é em outubro. Finalizou com "Doo Wop (That thing)", outro sucesso de seu primeiro disco solo. Do seu último CD, o Unplugged MTV, a cantora ficou devendo: não tocou nenhuma.

As músicas finais do show deram aos fãs uma recompensa pela espera e pelo repertório carente de hits. Mas um fator não se pode negar: Lauryn é brilhante. Ótima voz, presença de palco indiscutível e se mostrou uma verdadeira regente da banda. Ela ordenava a queda da dinâmica, a entrada e saída dos instrumentos na música, de acordo com sua transe na performance. E era essa a impressão que dava, que estava em transe durante todo o show.

Em alguns momentos, parecia que a apresentação era para satisfação própria e da banda, pois eles não pareciam se importar se o público acompanhava ou não, só curtiam o som que faziam. Apesar do problema com o volume dos instrumentos, a qualidade da banda era indiscutível. Profissionalismo de primeira, um espetáculo incrível, coisa ainda um pouco rara feita no Brasil.

* Uma das produtoras brasileiras do show, que não quis se identificar, revelou que Lauryn fez algumas exigências absurdas. A primeira é que fez mudar todas as placas que tinham escrito seu nome, Lauryn Hill, para "Miss Lauryn Hill". A outra, mais absurda ainda é que exigiu que apenas negros trabalhassem na produção diretamente com ela. Sim senhora, Miss Lauryn...

CHIQUINHA GONZAGA É TEMA DE PESQUISA POR ESTUDANTES DE VOLTA REDONDA, RJ

A cantora Chiquinha Gonzaga é tema do Projeto Negritude Brasileira, lançado em abril na Escola Estadual Rondônia, no bairro São Geraldo. De acordo com o professor de geografia e história da áfrica, Cleber Vicente Gonçalves, criado com a finalidade de resgatar a cultura África Brasileira e incluir na temática do dia-a-dia da escola, o projeto, em sua primeira fase, quer homenagear uma das principais cantoras negras do Brasil. O trabalho conta com a participação da turma do segundo ano do Ensino Médio e segue até o final do ano letivo.

Segundo o professor Cleber, o estudo do projeto começou a partir de Chiquinha Gonzaga por ela ter sido uma das principais figuras da história brasileira. Começou pela cantora por verificar que a verdadeira história dos negros nunca foi valorizada como devia. ?Chiquinha Gonzaga era mulata e muita gente não sabia disso. A nossa intenção com isso é valorizar mais os negros brasileiros?, diz o professor, ressaltando que o nome do projeto parece um pouco preconceito, mas a idéia é mesmo causar impacto.

O Projeto Negritude Brasileira está sendo desenvolvido através de pesquisas realizadas pelos estudantes. O professor Cleber explica que a primeira parte do projeto trata-se de um marco da história brasileira que está contando o interesse e a dedicação total dos estudantes envolvidos. Lembra que todos estão passando horas na escola, após as aulas, com a finalidade de concluir bem o trabalho. O encerramento da primeira fase do projeto acontece hoje, com apresentação musical. Os alunos prepararam coreografia com músicas da cantora que serão interpretadas pelo estudante Douglas Souza dos Santos, 17 anos.

Ele contou que está sendo um trabalho difícil, mas muito gratificante. Fez questão de informar que vai cantar mesmo as músicas e não fazer dublagem. ?Eu não conhecia as músicas, mas agora aprendi bastante. Espero fazer bonito no dia da apresentação?, diz o estudante. Outro que também está radiante com o projeto é Péricles de Araújo Junior, 16 anos. Responsável pela coreografia do grupo, ele garante que não está sendo difícil, já que já participou de trabalhos com o mesmo tema.

PROGRAMA DE CONSCIÊNCIA NEGRA VIRA DOCUMENTÁRIO NO RIO DE JANEIRO

O Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Professor Sousa da Silveira, de Quintino, na Zona Norte, foi documentado em vídeo. Durante nove meses, o jornalista e cientista social, Pedro Pio, registrou as atividades do "Programa de Reflexões e Debates para a Consciência Negra", considerado referência na aplicação da lei 10.639/03 - que torna obrigatória a inserção da cultura afro-brasileira nas escolas. O resultado será exibido nesta quinta-feira (21/06), às 19h30.

Para realizar o trabalho, o diretor acompanhou as palestras temáticas organizadas mensalmente, os projetos dos alunos e as atividades realizadas em parceria com outras instituições. A produção procura mostrar a riqueza dos conhecimentos acumulados, através das falas e depoimentos de palestrantes, professores e estudantes.

O documentário foi realizado pelo Núcleo de Educação e Comunicação Comunitária (NECC), das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como conclusão do curso de Comunicação Social. A universidade estimula seus alunos a trabalharem temas de mobilizações e expressões comunitárias.

- Não será a simples exibição do vídeo. Alunos e professores irão opinar sobre a visão que o diretor teve do trabalho que fazemos. Também será uma oportunidade para refletirmos sobre as contribuições do documentário para a comunidade escolar. Além disso, o encontro servirá de incentivo para os nossos alunos que têm planos de documentar, em vídeo, outros projetos, como "Guardiões da Memória" e "Relatório de Avaliação do Direito ao Meio Ambiente" - diz a coordenadora do programa, Carla Lopes.

A apresentação do documentário acontece no auditório do Colégio Estadual Professor Sousa da Silveira. O endereço é Rua Amália s/nº.

RACISMO PODE TER MOTIVADO MORTE DE TORCEDOR COLORADO POR GREMISTAS

O torcedor do Internacional Emerson Goulart, de 31 anos, foi espancado até morrer depois de provocar um grupo de gremistas na madrugada desta quinta (21), em Dom Pedrito, no interior do Rio Grande do Sul.

A polícia investiga o caso e desconfia que, além de desavenças futebolísticas, o crime também tenha motivações racistas. A vítima era negra e os agressores, brancos e de classe média.
Os primeiros depoimentos, colhidos durante o dia, indicaram que Goulart teria feita uma piada com os perdedores da decisão da Copa Libertadores da América (para o Boca Juniors, por 2 a 0) ao passar de bicicleta pelo bar onde os gremistas estavam reunidos. Ele foi derrubado por um dos torcedores e depois passou a ser chutado, pisoteado e espancado por outros quatro homens.

Reação exagerada

O delegado José Renato Moura disse que a reação foi desproporcional à provocação e acredita que os agressores podem ter usado a rivalidade futebolística como pretexto para praticar um ato de violência contra uma pessoa pobre e negra. E não descarta a possibilidade de indiciar o grupo por homicídio doloso e racismo. O inquérito deve estar concluído em 30 dias.

LEI 10.639 SERÁ ESTADUALIZADA EM ALAGOAS

Alagoas deve ganhar, em julho, uma nova ferramenta no combate à discriminação racial. É que o governador Teotonio Vilela Filho deve estadualizar a Lei Federal 10.639/2003, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, obrigando as escolas públicas e privadas a incluir no currículo o ensino da história e da cultura afro-brasileira. A informação é do deputado estadual e líder do governo na Assembléia Legislativa, Alberto Sextafeira.

Segundo o deputado, a iniciativa teve a aprovação da Assembléia, está sendo analisada pelo secretário de Estado da Educação e do Esporte, Fábio Farias, e seguirá para análise da Procuradoria Geral do Estado (PGE). A informação foi passada aos quase 200 participantes do XXII Encontro Afro-alagoano de Educação, realizado nesta quinta-feira, no auditório do Palácio República dos Palmares, pelo Núcleo Temático Identidade Negra na Escola da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte.

O evento teve como finalidade reunir unidades de ensino para discutir a abordagem da temática através das atividades educacionais e apresentar as experiências desenvolvidas nas escolas. Estavam presentes representantes de instituições municipais e estaduais de 12 municípios alagoanos.

Avanços

"A secretaria está avançando nessa questão da releitura dos preconceitos nos espaços escolares. Além de questão negra, temos apresentado melhorias também nas questões indígenas e dos movimentos do campo", destacou o secretário Fábio Farias, ressaltando que esse é o papel do Estado na formação cidadã. "Estamos tratando esse assunto com muita responsabilidade. A estadualização da Lei é uma demanda social de um tema que ultrapassa os muros da secretaria e atinge toda a sociedade", afirmou o secretário.

O evento contou ainda com a presença do secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, que ministrou, pela manhã, uma palestra sobre a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial e a Lei 10.639/03. "Aqui está acontecendo algo que não aconteceu no país ainda. E isso não é dito porque Alagoas é um estado pequeno. Interessa às elites contrárias ao governo somente divulgar as coisas negativas do Estado, mas precisamos falar do que está sendo realizado de positivo", destacou Perly, ressaltando que Alagoas já é referência nacional na promoção à igualdade racial.

À tarde, outra palestra, seguida de debate, marcou a programação do encontro, com a temática "A Afirmação do Caráter Pluriétnico da Escola Alagoana", proferida pela advogada Flávia Souza, chefe de Gabinete da Secretaria de Educação. Os debates foram coordenados pela professora quilombola Regina dos Santos, da comunidade do município de Taquarana.

O projeto de estadualização da Lei 10.639 foi apresentado em 2006, pela então deputada estadual Maria José Viana, mas não chegou a ser aprovado. Este ano, o Núcleo Identidade Negra na Escola e representantes de diversas organizações negras procuraram a Comissão de Educação da Assembléia Legislativa para que o projeto fosse reapresentado. "A secretaria tem pontuado a questão negra de forma institucional, e isso é um grande avanço. Ao estadualizar a lei, as escolas concebem isso como política de Estado, e não de governo, possibilitando sua implementação de forma efetiva", acredita a coordenadora do Núcleo Identidade Negra na Escola, Arísia Barros.

Segundo ela, as unidades de ensino ainda não conceberam totalmente a necessidade de abordar a temática da África e do negro na escola, mas há um grande avanço nesse sentido. "O Núcleo já existe há três anos. Vamos continuar promovendo encontros e garantindo essa discussão", garantiu.

UEMG TERMINA INSCRIÇÃO PARA SISTEMA DE COTAS

A Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) encerra nesta sexta-feira (22/6) o prazo para se inscrever a uma vaga no Programa de Seleção Socioeconômica dos Candidatos ao Processo Seletivo (Procan) -também conhecido como sistema de cotas da universidade.
Para concorrer, os candidatos índios, portadores de deficiência, negros ou estudantes que estudaram em escolas públicas, devem ter concluído o ensino médio.

O programa de reserva de vagas também concede isenção de inscrição a estudantes comprovadamente carentes. Os candidatos podem optar por ambas as alternativas ou escolher somente a isenção. Os interessados têm até o dia 22 de junho para responder o questionário socioeconômico que estará no site. Após preencher, o candidato deve enviar pelos Correios toda a documentação pedida (listada em edital), até o dia 25 de junho (o vestibulando deve guardar o comprovante de postagem).

Segundo a UEMG, o fato de um candidato estar habilitado a concorrer o vestibular pelo Procan não significa que ele terá vaga garantida na universidade. Ele deverá submeter-se ao vestibular como todos os outros candidatos. A divulgação dos resultados será feita no dia 24 de agosto.
Os candidatos ao vestibular 2008 da UEMG devem se inscrever entre os dias 3 e 21 de setembro. A taxa de inscrição custa R$ 110. As provas serão aplicadas nos dias 8 e 9 de dezembro. A lista de aprovados será divulgada no dia 11 de janeiro de 2008.

UFSC DEBATE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE COTAS PARA 2008

O Conselho Universitario da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) começa a discutir a proposta de implantação do sistema de cotas para o ingresso de jovens negros no Concurso Vestibular. A proposta elaborada por uma comissão institucional prevê reserva de 20% das vagas para oriundos do ensino médio público, 20% de vagas para negros - nesta inclui 5% de vagas para alunos do ensino médio público e 15% para estudantes oriundos de qualquer origem escolar - além de cinco a 10 vagas para indígenas no período compreendido entre 2008 a 2013.
Em uma das reuniões do Conselho Universitário, realizada recentemente, nenhum dos conselheiros se posicionou contra a proposta de ação afirmativa, porém a discussão persiste em torno de cotas, bônus e percentual de vagas para candidatos negros. Caso haja acerto, a implantação do sistema de cotas para o ingresso na UFSC já começa no vestibular no ano que vem. A proposta da comissão institucional da UFSC pode ser lida no endereço www.acoes-afirmativas.ufsc.br/Proposta-Final.doc. E-mails também podem ser encaminhados a reitoria da universidade, pelo endereço gabinete@reitoria.ufsc.br

MP VOLTA A DISCUTIR TITULAÇÃO DA PEDRA DO SAL EM SETEMBRO

No próximo dia 4 de setembro, Fundação Cultural Palmares, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Ministério Público, Instituto de Terras do Estado do Rio de Janeiro (ITERJ) e quilombolas do Quilombo da Pedra do Sal voltam a discutir a titulação da área, localizada no bairro da Saúde, zona portuária do Rio de Janeiro. A informação é do procurador federal na Fundação Cultural Palmares. Alcides Gama destaca que o resultado da última audiência, realizada na sede do Ministério Público carioca, no último dia 19 de junho foi bastante positivo. Positivo porque, de acordo com o procurador, foi encaminhada a produção do laudo antropológico sobre a área, a qual irá incluir todo o espaço territorial da Pedra do Sal, que deverá ser finalizado em agosto. Alcides Gama disse que foi proposto na audiência, presidida pela procuradora federal no Rio de Janeiro, Márcia Morgado Miranda, a possibilidade da pactuação de um convênio entre o INCRA e o ITERJ para realizar uma pesquisa nos imóveis situados na área dominial da comunidade quilombola. Esta iniciativa ficou para ser estudada entre os dois órgãos públicos.

Ainda no Rio de Janeiro, o procurador Alcides Gama ouviu os moradores da Pedra do Sal e os mesmos se declararam agradecidos ao ingresso da Fundação Cultural Palmares na luta pela titulação da terra, antigo posto de comercialização de escravos, junto ao complexo portuário e ao centro do Rio de Janeiro. O presidente da Arqupedra, Damião Braga Soares dos Santos também considerou positivo o resultado da audiência e lembrou que a inserção da Fundação Cultural Palmares no caso, já que foi a instituição que concedeu em dezembro de 2005 a certidão de auto-reconhecimento à Pedra do Sal como área quilombola, garante mais segurança e mobilização às famílias que vivem na área.


Entenda o caso:

A Ordem Terceira da Penitência afirma ser proprietária de todo o espaço após receber os mesmos de herança de um padre há mais de 300 anos. Os quilombolas dizem que na verdade a polêmica começou a se acirrar em 1999 quando o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, anunciou a realização de um projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, o qual incluiria ações de restauro e modernização da área onde está localizada também a área da comunidade quilombola. A partir da valorização dos terrenos, cujo metro quadrado fora estimado ficar em torno de US$ 5 mil a partir da revitalização aumentou a cobiça tanto do setor imobiliário quanto da própria Ordem Terceira, que anuncia utilizar os imóveis para compor um projeto social com benefícios para mais de 40 mil pessoas.

INTOLERÂNCIA CONTRA RELIGIÕES NEGRAS TAMBÉM EM RONDÔNIA

Os episódios de intolerância para com a prática de rituais das religiões de matriz africana não mobilizam apenas a discussão e a reação do Movimento Negro na Bahia, onde os casos de intolerância são mais divulgados pela mídia. No extremo norte do país, no estado de Rondônia, são constantes os ataques ofensivos e atos de vandalismo praticados por seguidores de igrejas evangélicas contra os espaços sagrados e terreiros de religiões de matriz africana. Quem denuncia é Silvestre Gomes, do Centro de Cultura Negra de Rondônia. Não há ainda uma pesquisa oficial sobre o total de casas de culto afro-brasileiro existentes no estado de Rondônia, mas estima-se, extraoficialmente, que sejam de 600 até 800 terreiros, espalhados por todo o Estado. "A maior concentração de terreiros hoje é em Porto Velho, mas as denúncias se estendem a todas as áreas. As agressões são as mais variadas, vão desde ameaças, pressões psicológicas até a depredação de assentamentos".

Silvestre relata ainda que os ataques também são freqüentes em programas religiosos veiculados em emissoras locais, onde pastores induzem os seus fiéis a libertar do pecado todos aqueles que não são seguidores da fé cristã. "O que queremos na verdade é que se cumpra o artigo 5º da Constituição, o qual diz que deve haver respeito a liberdade de culto no país", afirma Silvestre. Em Rondônia, os casos de intolerância são acompanhados de perto por entidades do Movimento Negro e pelo Ministério Público.

ESCOLA INCLUSIVA É PROPOSTA PARA O PLANO PLURIANUAL NO MATO GROSSO

No momento em que começam a ser construídas as propostas para o Plano Plurianual 2008-2011 pelo Governo do Estado do Mato Grosso, ações para fomentar a educação e a aplicação da Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003 - versa sobre o ensino da cultura e da história afro-brasileira em sala de aula - educadores matogrossenses também incrementam as ações para formar um ensino inclusivo e de qualidade. "São poucas as escolas estaduais localizadas próximas a comunidades quilombolas. Ainda são as instituições municipais de ensino que atendem aos remanescentes dos quilombos e, para isso, precisamos capacitá-los para trabalhar com a cultura e a história negra", esclarece a gerente da Gerência de Educação Ambiental e Educação das Relações Étnico-Raciais da Secretaria de Estado da Educação de Mato Grosso, Ângela Maria dos Santos.

A educadora confirma que a mobilização pela promoção de uma política educacional inclusiva ganha apoio junto ao Movimento Negro e também ao Conselho do Negro do Estado, que participa e acompanha os debates. Ãngela Maria ressalta que o momento também é de apoiar e ajudar a desenvolver as instituições negras do estado, que sofrem com a carência de recursos para ampliar ações junto à sociedade civil. Ainda aponta que há políticas de apoio à população negra, mas que estas também não conseguem acessar a comunidade em sua totalidade.

Ao analisar a resistência por parte do Conselho Universitário da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) em implantar o sistema de cotas para garantir o acesso de jovens negros ao ensino superior, a dirigente pública lembra que a universidade não abraçou o tema e que também é hora da população matogrossense fazer coro diante da UFMT para que a mesma considere a proposta que já foi enviada por setores da instituição que estudam e trabalham com ações afirmativas.

Nas discussões em torno da promoção de um ensino público contemplativo à temática afro, Ângela Maria conclui, afirmando que a Gerência está empenhada também em atender uma reivindicação antiga do Movimento Negro matogrossense: assegurar a criação de um Fórum na Secretaria de Estado da Educação para acompanhar, debater e propor ações afirmativas.

FESTIVIDADE MARCA LANÇAMENTO DO PORTAL DA NEGRITUDE GAÚCHA, EM PORTO ALEGRE

Uma grande festa, com apresentações artísticas e depoimentos das principais lideranças do Movimento Negro gaúcho e representantes do governo estadual participaram do lançamento do Portal do Centro de Cultura Negra do Rio Grande do Sul (CCN). Atualizado semanalmente, o objetivo do Portal é divulgar a variedade de ações dos afro-gaúchos, mostrando ao público em geral as potencialidades da negritude do Sul. Ações estão sendo realizadas para dar maior visibilidade ao novo veículo de comunicação direcionado a comunidade negra. Estará sendo veiculada, por 20 dias, anúncios nos ônibus que fazem as linhas para as regiões Sul e Norte de Porto Alegre. Conheça o Portal do CCN pelo endereço www.ccnrs.com.br

A abertura do portal traz uma marca sonora, uma "Assinatura Musical", de autoria do músico Telmo Martins, ilustrada com imagens de negros e negras do Rio Grande do Sul, com duração de 30 segundos. Diversos artigos e notícias são publicadas no espaço. Entre os destaques do conteúdo está a seção de busca, que traz um mapa do Estado com o percentual de negros e informações relacionadas às cidades do Rio Grande do Sul. O portal oferece relevantes matérias sobre os afro-brasileiros, sejam elas sobre as religiões, o samba, o Hip Hop, os mais de 120 quilombos do Estado, os 53 Clubes Sociais Negros, os CTG’s criados por negros, o 20 de novembro celebrado pela primeira vez em 1971, em Porto Alegre, bem como temáticas da negritude.

REDE AMAZÔNIA NEGRA BUSCA PARCERIAS COM O GOVERNO FEDERAL

O Brasil guarda em seu território o última fonte de resistência ecológica do Planeta. O que falo é da Amazônia, com sua fauna, flora e diversidade populacional. Isso mesmo, quem pensa que apenas os oito estados que compõem a área ( o Norte de Mato Grosso também está no espaço florestal equatorial) apenas é composto do branco e do índio está redondamente enganado. Os negros também compõem as cores e os tons do norte brasileiro. Foram para o interior das matas que os ex-escravos fugiam de seus perseguidores e em meio à floresta também constituíram quilombos, áreas de luta contra a chibata.

Para dinamizar ainda mais a promoção de ações culturais e educativas, os integrantes da ONG Rede Amazônia Negra estiveram nesta quinta-feira (21) na sede da Fundação Cultural Palmares/MinC, em Brasília. O objetivo da visita de Paulo Axé, do Amapá, Silvestre Antônio Gomes, de Rondônia e de Maria Aparecida Matos, de Mato Grosso, foi de apresentar projetos para dinamizar a realização de projetos culturais e ações educativas em favor da promoção e difusão da Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, a qual determina a inclusão do estudo da cultura e da história afro-brasileira em sala de aula. O resultado da visita foi bastante positivo, já que a Fundação Cultural Palmares/MinC, por meio da chefe de gabinete, Juscelina Nascimento, que recebeu o grupo, declarou que a Palmares quer sim aproximar ainda mais os laços para com a região amazônica.

Identidade:

Inúmeras são as mobilizações em favor da pesquisa e da inclusão de estudos sobre o Negro na Amazônia, tanto na academia quanto nos ensinos médio e fundamental. Mas um longo caminho ainda precisa ser vencido, o de sensibilizar os quilombolas da região a valorizar a sua história e trajetória de vida, apontou a mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Maria Aparecida Matos. Um detalhe também citado por Paulo Axé indica a dificuldade de identificação do negro da região amazônica com a sua questão étnica. "Vemos em Manaus (Amazonas) que a maioria dos negros que lá vivem querem ser mestiços, caboclos. Ou seja, mesmo que tenham se misturado com os índios e os brancos, ainda assim não conseguem se definir como negros", conta. Maria Aparecida também lembrou que no Mato Grosso, principalmente nas cidades mais ao norte do Estado, os negros são chamados de morenos. Os quilombolas, dizem os dois integrantes, são também povos da floresta e começaram a ocupar a região desde o século XVIII. Mas foi no início da década de 40 que os negros remanescentes dos quilombos começavam a se miscingenar em maior escala com os indígenas que viviam na terra.

Os conflitos agrários também são iminentes na região. Além dos conflitos ainda existentes na região de Mata Cavalo, em Mato Grosso, os quilombolas de Rondônia também convivem com impasses. Um deles é o que existe na área da Comunidade Remanescente de Quilombo de Santo Antônio. A comunidade, conta Silvestre Gomes, já foi titulada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) não aceita a titulação e briga em juízo em razão de a área onde está a comunidade ser de preservação ambiental. Esse caso, diz o dirigente da Rede Amazônia Negra não é o único. Há outros em toda a região Amazônica. Em geral, dizem, os negros da Amazônia sofrem com a invisibilidade, já que quando se pensa ou se fala na região, é sempre destacada a presença indígena. Por isso os índios são os mais beneficiados com ações públicas. Assim como os quilombolas, a situação da mulher negra amazônica também é semelhante ao que se vê no restante do Brasil. "A mulher negra em nossa região sofre também com a submissão e com a violência", diz Maria Aparecida. A docente da UFMT esclarece ainda que as mulheres negras amazônicas são responsáveis pela organização da ordem familiar, dos quilombos e também são guardiãs de todo o patrimônio religioso existente."São líderes, mas ainda carecem de políticas de incremento ao estudo e ao trabalho", conclui.

A chefe de gabinete da Fundação Cultural Palmares, Juscelina Nascimento, se declarou bastante satisfeita com a visita e frisou que a instituição pública federal deseja ampliar as relações com a região Amazônica, inclusive desenvolvendo a idéia de instalar uma representação na região.

COLETIVO LÉSBICO FAZ JORNADA CULTURAL EM PORTO ALEGRE

Debater novas perspectivas de avanço no combate ao racismo e todas as formas de preconceito, como a Lesbofobia e Homofobia no Movimento Negro é o tema central da Primeira Jornada Cultural de Lésbicas Negras, a ser realizada neste sábado, 23 de junho, a partir das 9h30min, no Plenarinho da Câmara Municipal de Porto Alegre. O evento é uma realização do Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas (Candace-BR) e tem entrada franca.

JOVENS NEGROS RUMAM AO ENJUNE, NA BAHIA, EM JULHO

A maior manifestação da juventude negra brasileira está rumo à realização de seu primeiro grande evento, o Enjune - Encontro Nacional da Juventude Negra, que agita e mobiliza a juventude das cinco regiões da país rumo a Lauro de Freitas, na Bahia.A articulação nacional do Enjune conta, em sua primeira edição, com a participação de 18 estados brasileiros, atingindo cerca de 400 municípios do país. Jovens negros e negras envolvidos neste processo estão discutindo em suas etapas preparatórias as principais questões que afligem esta juventude.

Temas como ações afirmativas e reparações, segurança pública, inclusão de pessoas com deficiência, educação, saúde, cultura, entre outros temas, irão compor as Rodas de Discussão do Enjune.“É importante pontuar que nós, juventude negra, nos colocamos como continuidade do movimento negro, na luta contra o racismo e as desigualdades, mas principalmente no enfrentamento às iniqüidades que atingem especificamente esta juventude, levando em consideração fatores como violência, saúde, sexualidade, desemprego, acesso aos espaços de poder, entre outros”, explica o coordenador nacional do Enjune, Deivison Nkosi.

Durante os dias 27, 28 e 29 de julho, a juventude negra brasileira estará reunida no Centro de Referência Afro-Brasileira de Lauro de Freitas, na Bahia. São esperados(as) cerca de 600 jovens, eleitos(as) delegados(as) em etapas estaduais, além de convidados(as) nacionais e internacionais.O Enjune conta com diversos apoios para sua realização. Diversas instituições compreendem que o fortalecimento do protagonismo juvenil é uma das estratégias de ação social mais eficaz para o protagonismo da juventude negra e o estímulo a participação cidadã.

No governo federal o Enjune possui o apoio da Secretaria Especial de Políticas para a Igualdade Racial; Secretaria Nacional de Juventude; Fundação Cultural Palmares; o Ministério da Educação; Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de DST/AIDS; das Secretarias de Promoção da Igualdade, Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza e de Turismo do Governo da Bahia; Departamento de Promoção da Igualdade Racial de Lauro de Freitas e Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas; CESE; das agências da ONU no Brasil UNIFEM e UNICEF; Fundação Friedrich Ebert; Articulação para o Combate ao Racismo Institucional; Ijexá Comunicação e Produção; Na Mira Produções; Instituto de Mídia Étnica; Instituto Cultural Steve Biko e Associação Posse Hausa.

Tuesday, June 19, 2007

COJIRA RIO PASSA A PARTICIPAR DE COMISSÃO CONTRA RACISMO DA CUT

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), que faz parte do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, foi indicada para integrar a nova coordenação da Comissão Estadual de Combate à Discriminação Racial da Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CECDR-CUT) no triênio 2007/2010. A primeira reunião dos novos coordenadores será no dia 28 de junho, às 10 h, na sede regional da CUT, na Avenida Presidente Vargas, 502, 15º andar, no Centro.A eleição foi realizada durante o VII EESAR – Encontro Estadual dos Sindicalistas Anti-Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) - nos dias 13 e 14 de junho de 2007, na sede do Sintergia, no Centro do Rio.

Na ocasião, foi aprovado o documento “As políticas da CUT para a superação da discriminação racial e racismo”, assinalando que uma das missões da CECDR-CUT é ampliar o conhecimento do movimento sindical cutista sobre as relações raciais, especialmente sobre a discriminação no mercado de trabalho, suas causas e implicações em todos os âmbitos, sensibilizando e envolvendo um maior número de sindicatos em torno da participação dos Coletivos Estaduais Anti-Racistas.

Outro destaque do documento foi a confirmação da luta também contra o sexismo e o machismo, que ainda atingem as mulheres, especialmente a mulher negra.A Cojira-Rio também foi eleita para integrar a delegação fluminense que participará do VI Encontro Nacional dos Sindicalistas Anti-Racismo da CUT Nacional, a ser realizado entre os dias 19 e 22 de julho, na capital paulista, onde será também eleita a nova Comissão Nacional de Combate à Discriminação Racial da CUT, um dos órgãos oficiais da CUT desde 1994.

MOVIMENTO NEGRO INTENSIFICA MOBILIZAÇÃO PRÓ-COTAS NA UFRGS

Uma reunião realizada ontem (18/6) na sede do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) avaliou novas estratégias para sensibilizar o Conselho Universitário da instituição pública federal a implantar o sistema de cotas para o ingresso de estudantes negros. A última reunião do Conselho Universitário, no último dia 15 de junho, terminou sem sucesso.

A decisão sobre o tema foi prorrogada para o próximo dia 29 de junho. Mas os conselheiros terão até sexta-feira (22) para apresentar emendas ao projeto. O debate é longo e há mais de 30 anos as entidades negras gaúchas esperam uma ação inclusiva pela UFRGS. Se por um lado a situação na Universidade está complicado, o Movimento Negro Unificado, aponta o dirigente Antônio Matos, se prepara para comemorar uma vitória: nesta quinta-feira (21) o Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), localizada na região central do Estado se prepara para votar a aprovação do sistema de cotas para o ingresso de candidatos afro-descendentes. "Se conseguirmos esta vitória em Santa Maria, com certeza o efeito será cascata. Assim, a UFRGS e a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) também irão se mobilizar para incluir a ação afirmativa", indica Matos.

Hoje, a UFRGS disponibiliza 4.200 vagas em seu concurso vestibular, com o incremento de 20% de vagas em cotas para negros, o número de ofertas chegará a aproximadamente 5.000 vagas. "Vai, sem dúvida, oportunizar a inclusão, iniciativa que é função da universidade pública", ressalta o dirigente.

Antônio Matos lembra que hoje o tema Cotas encontra grande resistência principalmente nos cursos considerados top pela instituição. São os casos dos cursos de Engenharia Civil e Medicina. "A cada vestibular, o curso de Medicina oferta 140 vagas. Em nossa proposta como movimento negro, sugerimos acréscimo de 10% no número de vagas para o vestibular de 2008, 15% para 2009 e 20% para 2010. Deixamos claros para os estudantes e para os diretores do Departamento de Medicina que na verdade as vagas existentes não serão reduzidas com as cotas. Pelo contrário. As vagas continuarão as mesmas, com acréscimo para estudantes negros oriundos da rede pública de ensino", comenta.

Quanto a posição dos cerca de 70 integrantes do Conselho Universitário, o diretor do Movimento Negro Unificado esclarece que há muita divisão. Segundo ele, a força política de direita permanece muito forte dentro da UFRGS, situação esta que já não é tão intensa na UFSM. Quanto a iniciativa de levar o debate sobre as cotas para a UFPEL, Matos explica que a próxima votação do Conselho Universitário da UFSM será fundamental para as próximas iniciativas do Movimento Negro no Rio Grande do Sul. "A partir do que acontecer esta semana em Santa Maria, vamos sim traçar diretrizes para também impulsionar o movimento na UFPEL", conclui.

GOVERNOS FEDERAL E DO DF UNIDOS PARA COMBATER VANDALISMO NA PRAINHA DOS ORIXÁS, EM BRASÍLIA

A partir da composição de um Grupo de Trabalho Intergovernamental começa a se desenvolver um conjunto de ações para recuperar as estátuas dos orixás africanos instalados na Prainha do Lago Paranóa, em Brasília. O acerto para a formação do trabalho foi realizado no último dia 18 de junho entre a Fundação Cultural Palmares/MinC, Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Distrito Federal e Federação Brasiliense e do Entorno de Umbanda e Candomblé. A Fundação Palmares irá atuar com projeto na área de restauro das imagens, produzidas pelo artista plástico Tatti Moreno. Os demais órgãos de governo e também a Federação de Umbanda e Candomblé irão atuar na elaboração de ações para a proteção e valorização da cultura e da religiosidade afro-brasileira. Os casos de vandalismo contra as imagens na Prainha acontecem há mais de dois anos. Quem vai até o local, às margens do Lago Paranóa se depara com um lamentável cenário: todas as 16 esculturas de deuses africanos estão danificadas. Cinco foram arrancadas dos pedestais de concreto - entre elas a de Iemanjá, também decaptada e queimada. Das 11 esculturas que ficaram em pé, as imagens de Exu e Ibeji foram recentemente atacadas.

SITE DO ENJUNE ESTÁ NO AR

Está no ar na Web a página de internet do Encontro Nacional de Juventude Negra (Enjune) , com informações sobre a articulação nacional da juventude negra. O site www.enjune.com.br reúne em suas editorias, todas as informações sobre o processo de construção do Encontro, seus objetivos, data e local de realização, arquivos dos relatórios das plenárias nacionais e materiais de apoio para a realização das etapas estaduais, além dos contatos das comissões organizadoras dos estados participantes.

A página traz a programação do Enjune e as informações sobre os eixos temáticos do encontro. Na sessão Notícias e Agenda, os(as) internautas poderão se informar das principais atuações da juventude negra pelo país, com informes de atividades, eventos, atividades culturais, entre outros. O site traz ainda a editoria Boletim, onde estarão disponíveis as edições do Boletim do Enjune com suas reportagens e entrevistas.

Durante os dias 27, 28 e 29 de julho, a juventude negra brasileira estará reunida no Centro de Referência Afro-Brasileira de Lauro de Freitas, na Bahia. São esperados(as) cerca de 600 jovens, eleitos(as) delegados(as) em etapas estaduais, além de convidados(as) nacionais e internacionais.

FILMES AFRICANOS PODERÃO SER COMPRADOS PELA INTERNET

Dentro de alguns meses, a sociedade sul-africana Mnet será a detentora da quase-totalidade dos direitos de difusão na Web dos clássicos do cinema africano, e isso por um prazo de ao menos um quarto de século. Em menos de dois anos, este poderoso canal de televisão adquiriu mais de 400 filmes, dos quais ela possui os direitos de exibição na Internet para o mundo inteiro e, em muitos casos, também os direitos de difusão em salas e na televisão para o continente africano. O
projeto tem por nome "African Film Library". Esta biblioteca do cinema africano tem por objetivo explícito "de oferecer uma solução pan-africana radical para o desafio histórico da distribuição". A Mnet é o principal canal do conjunto de TVs por assinatura, oferecidas pela empresa DSTV, que pertence ao grupo Naspers, o gigante dos veículos de comunicação sul-africanos.

Todos os principais cineastas foram procurados um após o outro por Mike Dearham, encarregado das compras. A notícia não demorou a se espalhar pelo pequeno mundo dos realizadores africanos. Em Uagadugu (Burkina Faso), durante a mais recente edição do Fespaco, este sul-africano, que estava instalado no terraço do Hotel Indépendance, um dos mais importantes pontos de encontro durante o festival, assinava na mesma hora cheques em dólares para os cineastas dispostos a vender os seus direitos.

Mike Dearham não gosta de falar de números, mas, segundo várias fontes, a Mnet paga entre US$ 25.000 e US$ 40.000 (entre R$ 48.600 e R$ 77.800) por filme, para adquirir seus direitos por um prazo de 25 anos. Assim, o canal teria investido cerca de US$ 5 milhões (R$ 9,72 milhões) neste projeto. "Nós pretendemos adquirir o melhor do cinema africano e conferir uma nova vida a esses filmes", explica Mike Dearham. "Até o momento, eles não foram nem distribuídos nem comercializados corretamente. As salas de cinema não existem mais neste continente; agora, o futuro é o filme 'on demand', que pode ser comprado e visionado na Internet".

Os meus filmes estão dormindo dentro de gavetas há anos. Eles vêm acumulando poeira, nada mais. A proposta da Mnet é a única que existe atualmente no mercado; então, vale a pena aceitá-la", explica Pierre Yaméogo, um cineasta burquinabê, autor, entre outros, de "Wendemi" (1993), "Eu e Meu Branco" (2003) e "Delwende" (2005). Este último irá assinar em breve um contrato com Mike Dearham. "A duração, de 25 anos, me parece um pouco excessiva, mas eles sabem que nós não temos escolha", acrescenta o realizador. "Ao menos, não será pior do que a proposta da CFI (Canal France International), que nos pagava 7.000 euros (R$ 18.200) para uma exclusividade de dois anos e oferecia os nossos filmes gratuitamente às televisões africanas".

Todos os principais cineastas foram procurados um após o outro por Mike Dearham, encarregado das compras. A notícia não demorou a se espalhar pelo pequeno mundo dos realizadores africanos. Em Uagadugu (Burkina Faso), durante a mais recente edição do Fespaco, este sul-africano, que estava instalado no terraço do Hotel Indépendance, um dos mais importantes pontos de encontro durante o festival, assinava na mesma hora cheques em dólares para os cineastas dispostos a vender os seus direitos. Mike Dearham não gosta de falar de números, mas, segundo várias fontes, a Mnet paga entre US$ 25.000 e US$ 40.000 (entre R$ 48,6 mil e R$ 77,8 mil) por filme, para adquirir seus direitos por um prazo de 25 anos. Assim, o canal teria investido cerca de US$ 5 milhões (R$ 9,72 milhões) neste projeto. "Nós pretendemos adquirir o melhor do cinema africano e conferir uma nova vida a esses filmes", explica Mike Dearham. "Até o momento, eles não foram nem distribuídos nem comercializados corretamente. As salas de cinema não existem mais neste continente; agora, o futuro é o filme 'on demand', que pode ser comprado e visionado na Internet".

DOCUMENTÁRIO SOBRE MILTON SANTOS É LANÇADO EM BRASÍLIA

Um bom programa para se fazer nesta noite de terça-feira (19) é assistir, a partir das 20h, no Auditório Petrônio Portela, do Senado Federal, o lançamento em Brasília do documentário "Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global visto do lado de cá", do cineasta Sílvio Tendler.

O tema:

O documentário trata do processo de globalização com base no pensamento do geógrafo Milton Santos. Aponta as perversidades do mundo atual e apresenta um futuro possível. Narração de Fernanda Montenegro. Elenco: Milton Gonçalves, Matheus Nachtergaele, Osmar Prado, Beth Goulart e participação de Zélia Duncan cantando Terra de Caetano Veloso

SEMINÁRIO DEBATE MULHER E AÇÕES AFIRMATIVAS NA POLITICA NA CÂMARA FEDERAL

Acontece hoje (19) e amanhã (20) na Câmara dos Deputados, o Seminário Trilhas do Poder das Mulheres: Experiências Internacionais em Ações Afirmativas. Realizado em parceria entre o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher - NEIM/UFBa, Agende Ações em Gênero Cidadania e Desenvolvimento - AGENDE, Projeto Mulher e Democracia/Casa da Mulher do Nordeste com a Bancada Feminina no Congresso Nacional e as Comissões de Legislação Participativa - CLP, de Seguridade Social e Família - CSSF, de Direitos Humanos e Minorias - CDHM, de Constituição e Justiça e de Cidadania - CCJ da Câmara dos Deputados, tem por objetivo trazer para conhecimento, discussão e análise as experiências exitosas de ações afirmativas internacionais como mecanismo de ampliação da participação das mulheres nos organismos do legislativo.

O evento insere-se nas ações do projeto Trilhas do Empoderamento de Mulheres (Pathways of Women's Empowerment Research Programme Consortium), consórcio internacional que envolve Centros e Programas de Estudos sobre as Mulheres das Universidades de 13 países (Brasil, Gana, Serra Leoa, Nigéria, Egito, Palestina, Sudão, Iêmen, Bangladesh, Índia, Paquistão, Afeganistão e Inglaterra), desenvolvido com o apoio financeiro do Department for International Development- DFID da Inglaterra e UNIFEM de Nova York. No Brasil o consórcio é coordenado pelo NEIM/ UFBA em parceria com a AGENDE e o Projeto de Mulher e Democracia.

Metade do eleitorado brasileiro:

O pequeno percentual de participação das mulheres nos mecanismos formais do poder no País é um dos exemplos mais concretos da exclusão feminina. Hoje somos 51% do eleitorado brasileiro, isto é, mais da metade daqueles (brasileiros e brasileiras) que estão habilitados a participar do sistema eleitoral. No geral, nossa participação nos cargos eletivos do poder no âmbito do Estado brasileiro não chega a 9%.

VEM AÍ A COJIRA-DF

Em breve, mais uma comissão de jornalistas em defesa da promoção da Igualdade Racial será constituída no movimento sindical brasileiro. É a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) do Distrito Federal. As reuniões estão sendo realizadas desde meados de abril e o grupo, formado por jornalistas negros que atuam em órgãos governamentais, assessorias de imprensa e redações de mídia eletrônica e impressa estará lançado um abaixo assinado, com a logomarca do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, respaldando a criação da Comissão e também se manifestando a respeito das constantes veiculações de matérias pela mídia as quais questionam a promoção de Ações Afirmativas, como a implantação do sistema de cotas em instituições públicas de ensino superior e o Estatuto da Igualdade Racial, projeto que tramita há uma década no Congresso, de elaboração do senador Paulo Paim (PT/RS).

Os encontros do grupo que formula a Cojira no Distrito Federal são realizadas todas as segundas-feiras, a partir das 19h, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF. Todos os jornalistas e profissionais de Comunicação Social são convidados a participar.

Saturday, June 16, 2007

DOCUMENTOS SOBRE A ESCRAVIDÃO ESTARÃO DISPONÍVEIS NA SANTA CASA DE PORTO ALEGRE

O Centro Histórico-Cultural Santa Casa, previsto para ser inaugurado em outubrode 2008, terá em seu acervo uma importante documentação restaurada que revelaalgumas faces de um marcante período da história de Porto Alegre e do Rio Grandedo Sul no século19: a escravidão.

Trata-se de documentos manuscritos queregistram sete mil óbitos de escravos sepultados no Cemitério da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, o mais antigo da cidade em ininterrupto funcionamento. Situado em local distante da área urbana, na colina da Azenha, os escravos eram sepultados fora dos seus muros. Afinal, eles não eram considerados "gente". O restauro da coleção de registros de óbitos, composta de 13 livros, integra o projeto Escravos na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre: Memória e Sociedade. Ele está sendo patrocinado pela Caixa Econômica Federal, através do Programa Caixa de Adoção de Entidades Culturais, que vem beneficiando diversos projetos culturais em todo o País .

Graças a um convênio estabelecido entre as duas instituições em 2006 , a Caixa vai repassar R$ 30 mil para a conservação e restauração desses livros. Eles estão em avançado estado de deterioração devido à corrosão causada pela nação da tinta ferrogálica, utilizada na escrita da época. O trabalho de recuperação será realizado em um ano e contará com técnicos altamente qualificados para a minuciosa atividade.

Na avaliação da historiadora do Centro Histórico-Cultural Santa Casa, Véra Barroso, esse material histórico é de extrema importância para a instituição e para a sociedade, porque é um patrimônio que evidencia claramente as relações entre negros e brancos no Estado naquela época. Ela explica que o óbito de escravos era registrado em livros separados dos destinados às pessoas livres.“Após o restauro e a documentação exposta aos pesquisadores e à população, poderá ter uma idéia nítida de como foi esse período sombrio da história no Rio Grande do Sul. Esses documentos são uma prova da herança de racismo e preconceito frente ao afro-descendente em nosso meio”, enfatiza a historiadora. Véra está certa de que nos documentos recuperados serão de grande valia para estudantes, sociólogos, antropólogos, historiadores e médicos interessados em pesquisar sobre o assunto.

Cada registro de óbito é um verbete, no qual constam todas as informações do escravo morto: seu pré-nome (ele não tem sobrenome), sua nacionalidade, idade, cor da pele, causa da morte, o nome do proprietário, entre outros detalhes que traçavam como eram as suas condições de vida. Todos esses dados eram retirados dos bilhetes escritos pelo proprietário que eram colocados junto aos corpos e levados, até o Cemitério da Santa Casa, de carroça ou à mão por outros escravos. Em certas ocasiões, os escravos eram recolhidos na rua e encaminhados à Santa Casa para que fosse feito o seu sepultamento.

Os dados registrados nesses documentos também permitiam avaliar o tempo médio de vida dos escravos adultos, que variava entre 30 e 40 anos. A constatação mais alarmante, no entanto, é o grande número de óbitos infantis. Milhares de crianças morriam de doenças ocasionadas pelas péssimas condições de alimentação e moradia, quando não eram mortas pelas próprias mães. “Essas mulheres desesperadas viam nesse ato a única forma de livrar seus filhos da escravidão e dos maus tratos de seus donos”, explica Véra, acrescentando que entre os escravos adultos também havia um alto índice de suicídio. Observa-se nesses dois gestos a resistência dos negros à escravidão, à vida difícil e infeliz que levavam”,completa.

Afinidade antiga

A Santa Casa de Porto Alegre e a Caixa Econômica Federal nasceram com a própria informação histórica do Estado. As duas instituições têm em comum a atitude de benevolência aos gaúchos necessitados, desde o século 19, em especial à população negra. De um lado estava a Santa Casa que, desde 1826, abria suas portas para milhares de escravos, mortos ou vivos, dando a eles a assistência necessária. Do outro, estava a Caixa, fundada 60 anos depois, como a primeira instituição financeira a guardar a economia dos negros que juntavam dinheiro para comprar sua liberdade. Segundo o superintendente em exercício da Caixa,Ruben Danilo Pickrodt, os primeiros clientes da instituição foram os escravos.

PROFESSORA É CONDENADA POR CRIME DE RACISMO NO MATO GROSSO DO SUL

O juiz Jairo de Quadros, da 2ª Vara Criminal de Dourados, condenou a professora Solange Tereza Yanes do Nascimento a pagar uma indenização por crime de racismo praticado contra uma outra professora, Dejanira Pereira da Silva. A sentença foi dada no dia 6 de junho deste ano e está publicada no site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O caso se arrasta desde 2002 e a professora que foi vítima do racismo não está mais morando em Dourados.

Na época dos fatos, Solange era candidata à diretora da Escola Izabel Muzzi Fioravanti, e foi eleita para o cargo. Solange foi condenada ao pagamento das custas processuais e a uma indenização de dez salários mínimos. O juiz considerou procedente a queixa-crime e entendeu que a condenada atuou com expressivo grau de culpabilidade, realçando dolo intenso, tendo inclusive persistido em semelhante conduta delituosa. De acordo com os autos, Solange dirigiu palavras que feriram a honra e dignidade da professora Dejanira dentro da escola na presença de outras pessoas e do filho menor.

Dejanira era professora convocada e depois desse incidente ela disse ao douradosinforma, por telefone, que não conseguiu mais emprego.Ela entende que a justiça foi feita, mas foi “horrível” suportar a humilhação e o dano psicológico. “Desde 2002 estou sem trabalho (...)”. Ela não divulgou o nome da cidade onde reside atualmente e disse temer pelos desdobramentos dessa ação. São raras decisões desse gênero em nível local.

Inicialmente o juiz tinha optado pela pena de dois anos e dois meses de reclusão e pagamento de 30 dias multa à razão unitária de 1/30 do salário mínimo vigente ao fato, mas como a ré é primária foi beneficiada pelo artigo 44, incisos I, II, e III do Código penal e o disposto no parágrafo 2º do mesmo dispositivo, substituindo a pena privativa de liberdade por duas restritivas de direitos.

O juiz condenou-a a ter seu nome lançado no rol dos culpados. Em dez dias ela deverá apresentar nos autos comprovante do recolhimento das custas processuais e da multa.O advogado de Solange, no caso, é Issac Duarte de Barros.

ONG PAULISTANA ABRE VAGA PARA ESTÁGIO E SERVIÇO VOLUNTÁRIO

A ONG Instituto de Projetos Sociais, que atua no bairro Santa Cecília, em São Paulo, busca pessoas para trabalharem no Projeto Correspondentes, cuja proposta baseia-se na troca regular de correspondências com crianças e adolescentes que moram em abrigos ou freqüentam núcleos sócio-educativos.

A atividade é voluntária e a organização oferece ao participante instrumentalização no processo de troca de cartas, além de suporte técnico necessário ao desenvolvimento das ações. A entidade também oferece uma vaga para estágio em secretariado. É preciso ser recém-formado/a em secretariado para realizar atividades que envolvem a manipulação de correspondências, arquivamento e contato telefônico com voluntários do projeto.

O salário é de R$ 1.000 e a carga horária é de 40h semanais. O instituto também busca seis estagiários/as, estudantes do 4º ou 5º período, das faculdades de psicologia ou serviço social. O trabalho exige contato direto com instituições de abrigamento e núcleos sócio-educativos para o acompanhamento das atividades do Projeto Correspondentes. A carga horária é de 8h.

O estágio é não remunerado, mas a entidade oferece ajuda de custo para deslocamento. Os currículos devem ser enviados para correspondentes@inpros.org.br e mais detalhes podem ser encontrados em www.inpros.org.br.

TEXTO: A COR DOS BRANCOS

Por Carlos Eduardo Dias Machado

É impressionante como os brancos brasileiros se sentem incomodados e ameaçados quando se faz menção dos resultados da sua dominação civil e militar e dos projetos políticos que propõem uma equalização de direitos para promover o desenvolvimento humano no país.

O desconforto que o assunto provoca nos faz criar um tabu de não falar a respeito, aliás, durante décadas esta estratégia funcionou, mas o efeito da supremacia persiste como a corrente contínua numa tomada de 110 volts. A raça no Brasil assim como em outros países do mundo, é um fator explicativo que define a mobilidade social assim como a classe, gênero, religião e origem geográfica.

Não querer enxergar esta realidade só faz encobrir o privilégio de ser homem, mulher ou GLBT branco em detrimento de outras “raças” termo que foi criado pelos antepassados brancos para hierarquizar as sociedades africanas, americanas, asiáticas e da Oceania em seu proveito de supremacia para si e para as futuras gerações euro-descendentes como legado.

Acreditar nas desigualdades sociais como único fator explicativo da pobreza é perpetuar a hegemonia branca e os seus resultados nefastos de racismo, pobreza e violência para as gerações de negros e indígenas em nosso país.

O ódio já está aqui entre nós e faz aniversário de 507 anos. O que desejamos é harmonia e igualdade, todos e todas ganharemos se as oportunidades forem iguais.

NA SÃO PAULO FASHION WEEK, CAMILA PITANGA SOLTA O VERBO E FALA DO RACISMO NO MUNDO DA MODA

Camila Pitanga, sexta atriz da TV Globo a desfilar no São Paulo Fashion Week, foi uma das raras modelos negras, embora não seja profissional, a pisar na passarela desta edição. Pitanga foi a estrela de dois desfiles nesta sexta-feira, de Fabia Bercsek e Cori, assinada por Alexandre Herchcovith. Além dela, só havia mais uma modelo negra no casting da Cori. "Acho que (a falta de modelos negros no SPFW) espelha essa resistência, esse preconceito que infelizmente ainda está presente na nossa sociedade", disse a atriz à Reuters no backstage da Cori.

A fraca presença dos negros nos desfiles de moda no Brasil voltou ao debate na quinta-feira, após a apresentação da nova grife AfroReggae, que usou um casting 100 por cento negro.
Segundo seu estilista, Marcelo Sommer, a coleção da grife era inspirada na cultura negra e por isso a escolha dos modelos, entre amadores e profissionais. "Existe uma carência gigante de modelos negros no Fashion Week. E ficamos impressionados com a quantidade de modelos negros que achamos", disse Sommer.

Para Herchcovith, o problema é outro. "A oferta de modelos negros é menor", disse. "São as agências (de modelos) que têm que fazer um trabalho maior para recrutar mais negros, não acho que é culpa do estilista." Herchcovith negou que haja preconceito no mundo da moda e classificou Pitanga, que será garota da campanha da Cori, como a "personificação da mistura de raças que é o Brasil", disse. "Acho que a beleza dela é muito brasileira."

O agente de modelos Bruno Soares explica a polêmica pela ótica financeira, afinal de contas, quem consome as grifes que desfilam no SPFW é uma maioria branca, de classe social mais alta.
"Além do preconceito racial, o preconceito social é muito mais forte", disse. "Na França, eles colocam um monte modelos asiáticas porque a Ásia virou um grande investidor, por exemplo."

No Fashion Rio, o exército de modelos brancas que dominava os desfiles surpreendeu o britânico Michael Roberts, editor da revista Vanity Fair, para quem "o Brasil deveria aproveitar mais sua diversidade". "É uma vergonha", disse.

TAMBOR DE CRIOULA SERÁ PATRIMÔNIO IMATERIAL BRASILEIRO

O Tambor de Crioula, tradicional dança popular do Maranhão, será registrado como patrimônio imaterial brasileiro. O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reúne-se no dia 18 de junho, em São Luís, para apreciação do registro do Tambor de Crioula no Livro das Formas de Expressão. Esse registro do patrimônio imaterial equivale ao tombamento que reconhece e protege os bens e monumentos considerados como patrimônio material.

A solenidade de registro do Tambor de Crioula será realizada às 15h, na Casa das Minas (Rua de São Pantaleão, nº 857), com a presença do ministro da Cultura, Gilberto Gil, e do presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida.Após a solenidade, 62 grupos de Tambor de Crioula farão uma procissão em homenagem a São Benedito - padroeiro da manifestação - pela Rua de São Pantaleão, que será fechada, ornamentada com 50 painéis homenageando os brincantes do tambor e totalmente decorada com flores e chita.

O cortejo vai terminar em frente à Fábrica das Artes/Museu do Tambor de Crioula, na mesma rua. Lá, há uma capela de São Benedito onde será feito o depósito do andor com a imagem do santo. Logo após procissão, o ministro Gil e representantes de comunidades locais, do Governo Federal, do estado e da prefeitura vão inaugurar uma escultura e lançarão o selo comemorativo dos Correios em tributo ao Tambor de Crioula. No final da solenidade haverá uma apresentação de um grupo composto pelos principais mestres do Tambor.

Na mesma data, a Fábrica das Artes inaugura duas exposições: Tambores da Ilha, do fotógrafo Edgar Rocha, que acompanhou o inventário realizado pelo Iphan para o processo de registro da manifestação; e uma mostra de artes plásticas de artistas maranhenses, inspirados nos elementos do Tambor de Crioula.

Fábrica das Artes

Fica instalada em um conjunto de prédios tombados, situados no coração do centro histórico de São Luís. Dividida em diversos espaços, sedia ensaios de grupos folclóricos, como os juninos e carnavalescos, e realiza exposições.

Conselho Consultivo

Coordenado pelo presidente do Iphan, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural recebe e delibera sobre propostas de registro de bens culturais e é composto por 18 representantes da sociedade civil, como museólogos, antropólogos, arquitetos, urbanistas e historiadores. Também participam representantes do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios Históricos, do Instituto dos Arquitetos do Brasil, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

Quando a decisão do Conselho é favorável ao registro, o bem cultural é inscrito no livro correspondente (dos Saberes, das Celebrações, das Formas de Expressão ou Lugares) e recebe o título de Patrimônio Cultural do Brasil.O Iphan, em todo o país, registrou dez bens culturais imateriais. São eles: o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (ES); a Kusiwa - Linguagem e Arte Gráfica da tribo Wajãpi (AP); o Círio de Nazaré (PA); o Samba de Roda do Recôncavo Baiano (BA); o Modo de Fazer Viola-de-Cocho (MT); o Ofício das Baianas de Acarajé (BA); o Jongo no Sudeste (RJ); a Cachoeira de Iauaretê - lugar sagrado dos povos indígenas dos rios Uaupés e Papuri (AM); a Feira de Caruaru (PE) e o Frevo (PE).

GOVERNO ENTRA NA ARTICULAÇÃO PELA TITULAÇÃO DO QUILOMBO PEDRA DO SAL, NO RIO DE JANEIRO

Um Grupo Interministerial (GT) irá acompanhar o processo de titulação do Quilombo da Pedra do Sal, em especial as audiências realizadas no Ministério Público do Rio de Janeiro. O primeiro encontro de trabalho foi realizado nesta sexta (15) na sede da Fundação Cultural Palmares/MinC. O presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, recebeu na instituição representantes do Incra, Seppir, bem como da Procuradoria Jurídica da entidade e da Diretoria de Proteção do Patrimônio Afro-Brasileiro. Na próxima terça-feira (19) acontece mais uma audiência no MP carioca. O procurador federal na Fundação Cultural Palmares/MinC, Alcides Gama, estará no Rio de Janeiro para acompanhar a reunião, a qual reunirá, junto com a Fundação Cultural Palmares, Ministério Público, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e integrantes da Associação dos Remanescentes do Quilombo Pedra do Sal (Arqupedra).

O impasse sobre a posse da área quilombola, localizada no bairro da Saúde, na área portuária do Rio de Janeiro veio a público no último dia 25 de maio, em reportagem realizada pela Rede Globo e veiculada no Jornal Nacional. A Ordem Terceira da Penitência, sociedade religiosa e beneficente ligada à Igreja Católica afirma ser proprietária de 130 imóveis localizados em torno da Igreja de São Francisco da Prainha, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MinC), situado na área onde vive hoje 10 famílias de remanescentes do quilombo da Pedra do Sal.

Na última segunda-feira (11) o presidente da Arqupedra, Damião Braga Soares dos Santos esteve reunido na sede da Palmares, em Brasília com o presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, e demais dirigentes da fundação. No encontro, o caso da Pedra do Sal foi discutido, com a apresentação de todas as peças processuais que envolvem a certificação e o pedido de titulação, o qual está envolvendo o INCRA e o Ministério Público carioca. Damião considera que a presença da entidade, que emitiu a certidão de auto-reconhecimento aos quilombolas é de fundamental importância para somar a luta pela titulação da área.

MOVIMENTO NEGRO SE PREPARA PARA REALIZAR PROTESTO EM LAGES, SC

Nos próximos dias estará sendo definida a data de realização do protesto de grupos não governamentais em frente a empresa Madepar, localizada em Lages, Santa Catarina. Para o ato público já estão confirmadas as presenças de representantes da Associação dos Capoeiristas do Estado de Santa Catarina, Grupo de Mulheres Negras Antonieta de Barros (Florianópolis), Núcleo de Estudos Negros (Florianópolis), Grupo Liberdade (Florianópolis), Federação Catarinense de Boxe, Unegro e Núcleo de Integração Social de Itajaí, também em Santa Catarina.

A Madepar foi denunciada no Ministério Público catarinense pela prática de ato racista, assédio moral e sexual contra a funcionária Raica Franciele Lima da Silva Correa, de 26 anos. De acordo com o vereador de Florianópolis, Márcio de Souza (PT), a vítima registrou dois boletins de ocorrência policial contra a empresa. O primeiro boletim foi registrado em agosto de 2006 e o segundo no dia 27 de fevereiro último. Nas duas ocorrências, Raica Correa declarou-se vítima de assédio sexual, moral e também de racismo. O caso veio à tona durante visita da Caravana Anti-Racismo pela cidade. A caravana constituiu um advogado e a empresa deverá ter seu nome encaminhado para o grupo das empresas que praticam ações racistas. A denúncia contra a Madepar, empresa do setor madereiro, já está protocolada na Delegacia Regional do Trabalho de Lages.

O caso que envolve a empresa Madepar não é o primeiro registrado em Santa Catarina. O vereador Márcio de Souza informa também que, recentemente, a Seara, empresa que atua na área de produção de gêneros alimentícios, fora condenada em primeira instância pela justiça catarinense a indenizar em R$ 10 mil um funcionário vítima de racismo no interior da empresa. Em 1996, um caso polêmico também chamou a atenção não só dos catarinenses, mas também dos brasileiros. Um empregado da Eletrosul fora demitido por prática de racismo. O mesmo recorreu em juízo e fora readmitido pela empresa.

GRUPO MÃE ÁFRICA PROMOVE OFICINA DE CAPACITAÇÃO EM AIDS E RACISMO

O Grupo Mãe África - Ação Social em parceria com a Secretaria Extraordinária de Políticas para os Afrodescendentes do Amapá (SEAFRO) realiza, no próximo dia 22, a III Oficina de Capacitação em HIV/AIDS. A relação entre AIDS e racismo será o tema do debate, que acontece das 13h às 17h, no Centro do Rio.

O Grupo Mãe África, que reúne pessoas de Angola, Cabo Verde, Moçambique e Guiné Bissau, além de duas brasileiras, desde de 2004 promove atividades com objetivo de discutir as relações étnico-raciais, tanto no Brasil quanto na África, além de buscar alternativas para enfrentamento das epidemias que assolam os países africanos, dentre elas o HIV/AIDS.

Outra proposta do Mãe África é ser referência de apoio aos africanos residentes no Brasil – estudantes e refugiados – para garantir acolhimento e melhores condições de vida enquanto residirem aqui, bem como melhoria das capacidades técnicas e consciência política para atuação em seus países de origem, ao regressarem.

Já a SEAFRO, desde julho de 2006 desenvolve o projeto AFROAIDS, que informa, combate e previne às DSTs e a AIDS nas populações de áreas ribeirinhas, rurais, quilombolas e na periferia do Amapá com especial foco para as mulheres.

O evento acontece no CIAD Mestre Candeia que fica na Avenida Presidente Vargas, 1997 - sala 309. Mais informações pelo e-mail gmaeafrica@yahoo.com.br. Entrada franca.

PROGRAMAÇÃO

13h - Credenciamento
13h30 - Debate AIDS/SIDA – Racismo
16h30 - Coffe Break