sábado, 23 de agosto de 2008

Resenha: Contemporaneidade e Serviço Social: contribuição para Interpretação das Metamorfoses Societárias


A autora é Assistente Social, Professora do Departamento de Serviço Social da UEL, Doutora em Ciências da Comunicação USP e Coordenadora desta pesquisa da qual resultou o presente artigo. Este tem por objetivo provocar debates a cerca da dimensão das transformações societárias, as quais exercem grande influência no que se refere aos espaços ocupacionais do Serviço Social, seja no âmbito público ou privado.
As mudanças contemporâneas dizem respeito a uma possível revolução tecnológica; às negociações que afirma e define o ALCA – Área de Livre Comércio das Américas; a interdependência dos mercados; o Estado Mínimo, com suas privatizações de empresas públicas e a filantropização das instituições, as quais são focalizadas para as camadas mais pobres. São políticas focalistas e fragmentadas das quais não se obtém os resultados esperados.
A autora discute também a dicotomia que existe entre o discurso e a realidade do neobileralismo ideológico, o qual promete igualdade de oportunidades, e no entanto, o que há na realidade é um crescimento significativo da desigualdade da econômica, cultural e social.
Neste contexto, com toda a certeza, a profissão de Serviço Social não está imune mediante essas transformações, pois estas geram mudanças importantes no universo do mundo do trabalho e com isso dinamizam, tanto a demanda que advém para os profissionais, como também os espaços ocupacionais da profissão.
Dentre os diversos resultados de tudo isso, a autora cita alguns, como reduções cada vez elevados de postos de trabalho, cortes orçamentários para as Políticas Públicas, assim com as terceirizações dos serviços.
Tudo isso demanda a urgência que o Serviço Social tem para ressignificar-se enquanto profissão, e encarar de frente as novas dimensões em que as facetas da Questão Social se lhes apresentam. Para isso é necessário retomar a caminhada formativa, porquanto a sociedade requer um profissional conhecedor das relações sociais, econômicas, culturais e políticas locais e por que não dizer, mundiais. Assim, melhorando o nível formativo é possível manter e/ou reconquistar espaços ocupacionais no mercado de trabalho. Caso contrário, os profissionais das áreas afins estarão disputando os mesmos espaços de atuação.
Em suma, a autora vislumbra para o Assistente Social do Século XXI um agente ativo que participe da formulação das Políticas Públicas, assim como aquele que pensa estratégias de enfrentamento da demanda social, enfim, um propositor e não mero executor de tarefas terminais e burocráticas tentando fazer milagres com a escassez de recursos.
No contexto sócio político em que está inserido o profissional do Serviço Social, a submissão às exigências vigentes do mercado de trabalho torna-se inconteste, ou seja, inevitável. Consequentemente ele precisa desempenhar-se como polivalente, e não raras vezes pelos mesmos honorários. Duas alternativas se lhes apresentam: conhecer e assumir as circunstâncias contextuais ou perder-se no mundo dos “desqualificados” pela qualificação do universo do mundo do trabalho. Um contradição aqui se evidencia: quanto mais os instrumentos de trabalho são qualificados pela tecnologia, mais o trabalhador – o ser social – carece de formação/qualificação. Num contexto globalizado tudo acontece muito rapidamente e o ser humano, se pretende permanecer inserido no mercado, deve arrastar-se paralelamente a ele.
Por conseguinte, emerge para o Assistente Social a necessidade de estar envolto num processo de formação contínua, caso contrário, pode engrossar as fileiras existentes no mercado excedente. Como trabalhador assalariado o profissional não pode acomodar-se mediante as metamorfoses ocorridas na sociedade, pois enquanto membro da classe trabalhadora, vive as mesmas contradições, em maior ou menor intensidade, o processo de exploração de sua força de trabalho. Enquanto subordinado a um empregador não tem autonomia para desenvolver suas ações. Deve trabalhar de acordo com as diretrizes ditadas pela instituição empregadora, com quem mantém vínculo empregatício. Neste caso, a instituição pode ser as Políticas Sociais e o empregador, o Estado.
Neste, os recursos, amiúde, são escassos e por isso o profissional trabalha com a seletividade dos usuários, o que se constitui contraditório ao que afirma a própria LOAS/93[...] para todos que dela necessitarem[...] e ao próprio compromisso ético político profissional que deve atender com eqüidade a diversidade da demanda. Aquele que é tido como o promotor de emancipações e protagonismos, torna-se meramente pragmático.
Historicamente é perceptível que a profissão de Serviço Social careça de uma nova ressignificação, com novas metas de atuação – fazer valer a intenção de ruptura – que alargue horizontes e mostre novos rumos mais eficientes e eficazes de enfrentamento da demanda. Para tanto é preciso um profissional com maior qualificação, que atenda às novas demandas e desafios, que enalteça a Ética Profissional e que saiba identificar a complexidade das relações sociais. Além disso, que busque incessantemente novos conhecimentos, que trabalhe de forma interdisciplinar, que busque para si um processo continuado de formação para assim estar capacitado para integrar e coordenar equipes e, acima de tudo, com aguçado senso crítico e competência para decifrar a realidade. Somente a partir daí, é possível, de forma mais efetiva, garantir e preservar o direito do usuário.
Agilidade, criatividade e liderança são características pertinentes e essenciais ao perfil do Assistente Social do Século XXI, tanto para quem atua nas Políticas Sociais, como para ousa romper com o mundo conhecido para atuar na diversidade demandatária emergente para o Serviço Social.
Ana Carolina Santini B. de Abreo

3 comentários:

DIEGO CORDEIRO LOPES disse...

é realmente precisa-se de assistentes sociais capacitados e competentes que sejam norteados pelo codigo que rege a profissão.

Unknown disse...

Magnifico o conteúdo abordado parabéns.

Unknown disse...

Amo os textos que me dão compreecão ,das realidade ,daspolìticas sociais.E importante pra .meu texto