segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Respostas da Apostila III de Filosofia

Respostas:
Tarefa Mínima (página 07)

1)O trecho expressa a idéia de que a liberdade traz insegurança, medo. De acordo com o texto, é esse medo que leva um grande número de pessoas a preferir a servidão à liberdade.


2) A expressão "querer não-pensar" implica um ato de vontade: eu quero, eu decido. Portanto, a servidão, fruto do não-pensar, é vista como um ato de vontade, "fruto de um esforço" (como é dito em seguida).

Tarefa Complementar (página 07 e 08)

1)O aluno pode indicar a semelhança física entra as duas representações: deus é um homem velho, barbado (lembremos que, segundo o historiador da Arte E. H. Gombrich, Blake era admirador de Michelangelo e pode muito bem ter se inspirado na imagem produzida pelo italiano). Podem-se identificar semelhanças também em relação ao ato de criar: o deus de Michelangelo dá a vida com um toque de seu dedo; o deus de Blake também usa as mãos para criar o universo, só que faz isso com a ajuda de um compasso, o que pode explicitar o caráter racional de deus para Blake. A diferença prende-se a aspectos formais: a representação, em Michelangelo, é mais realista; já a pintura de Blake é fantástica.

2) Na medida em que as duas imagens apresentam um deus que cria o universo através de seus gestos e de sua vontade, fica mais fácil identificá-lo como transcendente. Porém, na imagem de Michelangelo, há uma proximidade maior entre deus e o homem, que quase se tocam. Além
disso, a semelhança dos corpos de ambos (representados segundo os cânones de perfeição da época) sugere uma presença da divindade no homem, portanto, uma imanência.

Leitura Complementar (página 09)

A resposta não está fechada e pode resultar tanto de uma reflexão individual quanto de um amplo debate com a turma.


Tarefa Mínima (página 14)

1) Liberdade significa "autodomínio", o que implica o conhecimento do processo de mudanças a que o indivíduo está submetido e de suas leis (ou seja, o conhecimento de seu lugar na História). A partir desse conhecimento, torna-se possível a realização das potencialidades que provocam a própria evolução do espírito.


2) Em sua resposta, o aluno pode destacar:
1. a forma como Marx realizou o projeto hegeliano, definindo as leis da História e sua racionalidade, não apenas como forma de descrever o passado, mas de integrá-lo a um devir histórico representado pela revolução proletária.
2. a proposta de revolução, que resultaria no exercício da liberdade (conforme pensada por Hegel).
3. a diferença entre a visão idealista de Hegel (que vê na História uma expressão do Espírito) e a materialista de Marx (que analisa os processos históricos a partir da estrutura econômica e social).

Tarefa Complementar (página 15)

1) Porque pessoas que vivem em situação de extrema pobreza geralmente tornam-se reféns de sua condição, por não terem acesso aos instrumentos que lhes permitiriam mudar a realidade em que vivem.


2)Os alunos poderão citar vários tipos de ação que objetivem acabar com a miséria – ou pelo menos dar melhores condições de vida aos extratos mais carentes da população –, desde práticas de caráter mais assistencialista (nas quais muitos incluem programas como o Fome Zero e o Bolsa-Família, por exemplo) até outras, que visem a mudanças estruturais (como investimento em educação gratuita e de qualidade para todos e programas de redistribuição
de renda e terras). Vale ressaltar que muito se discute, em nossa sociedade, sobre a validade de atividades assistencialistas, pois, segundo alguns, elas são medidas paliativas, que não permitem o acesso aos meios de transformação da realidade, apenas contribuindo para a acomodação dos excluídos.


Leitura Complementar (página 15)


Na medida em que o exercício da cidadania depende de liberdade e autonomia, podemos afirmar que ele se constitui numa atividade ética e que há, portanto, uma estreita relação entre o cidadão e o sujeito ético. Os alunos poderão se referir às concepções de cidadania de pensadores como Edgar Morin e Richard Falk, citados no texto, que colocam a consciência crítica e a capacidade de ação transformadora como principais características do cidadão.


Tarefa Mínima (página 20)

1)Segundo Sartre, nossas escolhas resultam em um compromisso ético em relação a como queremos ser e como queremos que seja o mundo. Nossas escolhas revelam valores. Dessa forma, molda-se a humanidade. O sentido do humanismo de Sartre é justamente esse: colocar nas mãos do homem a possibilidade de criar a humanidade.


Tarefa Complementar (página 21)

1)O trecho nos chama a atenção para o fato de que o corpo não é um objeto. Os textos apresentados pela tarefa, no entanto, mostram-nos que, em nossa sociedade, principalmente
devido a interesses mercadológicos, ele tem sido visto e tratado como um objeto. Prova disso são as muitas intervenções cirúrgicas realizadas para se ter o "corpo ideal". Em vez de "vivermos" o corpo, aceitando que ele seja diverso, único, utilizamos de artifícios para modificá-lo, para torná-lo igual. Assim, apagam-se do corpo as marca de uma história pessoal. Em outras palavras, deixamos de ser-para-si e nos tornamos ser-em-si.


2)Significa que vivemos numa sociedade que cerceia, em muito, nossa liberdade para ser o que somos ou queremos ser. Ao impor modelos de "ser", restringe-nos. Isso exige muito mais do sujeito, que, para exercitar sua liberdade, deve, necessariamente "brigar" com uma estrutura poderosa, que tem na mídia seu principal instrumento. Além disso, essa situação prejudica as relações interpessoais, acarretando grande prejuízo para a construção de nossa "existência" e para a transformação de nossa realidade.


Tarefa Mínima (página 27)
1) De acordo com o texto: "estreitar a gama do pensamento". Nesse sentido, o controle da língua e a tentativa de discipliná- la resultariam na morte do pensamento crítico ou filosófico, no esvaziamento da consciência. Assim, a língua policiada se transformaria num instrumento de dominação e opressão.

2)A resposta não está fechada, mas provavelmente a maior parte dos alunos dirá que o processo de "racionalização" da língua, conforme proposto no texto, resulta num empobrecimento. Alguns poderão defendê-la, por garantir uma maior precisão e reduzir a possibilidade de desentendimentos. Contra esse argumento pesa o fato deque a riqueza da língua (e seu potencial revolucionário) talvez resida exatamente numa suposta "falta de precisão", que pode ser encarada como uma "abertura" para a livre atuação do sujeito, em outras palavras, para a criação.


Tarefa Complementar (página 28)

1) O trecho da canção se refere ao uso de estrangeirismos, considerados por muitos um sintoma de dominação econômica e cultural: a cultura local (e isso inclui a língua) vai sendo "substituída" pela cultura daquele que detém o poderio político e econômico. Trata-se, portanto, de uma forma de dominação pela linguagem.

2)Sim, uma vez que ele associa a "transformação" da sociedade ao cinema falado e ao telefone, enfim, ao progresso tecnológico, característico da modernidade.

3)No caso, a tendência a se valorizar o que é estrangeiro, em detrimento do que é nacional, esconde um forte preconceito cultural e lingüístico contra os menos favorecidos socialmente,
ou seja, um elitismo.

4)"A gíria que o nosso morro criou / Bem cedo a cidade aceitou e usou."; "Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição / Não se lembra que o samba não tem tradução
no idioma francês."; "Tudo aquilo que o malandro pronuncia / Com voz macia é brasileiro, já passou de português."

Tarefa Mínima (página 34 e 35)

Platão demonstra desconfiar da escrita, criticando aqueles que escreveram sobre política. Além disso, afirma que sofreria se a redação "saísse defeituosa". Finalmente, Platão é irônico nas últimas linhas, dizendo que a escrita (no caso, sobre política) resume-se, no máximo, a um conjunto de indicações sumárias. Subentende-se a preferência em expor as idéias "de viva voz" (termo que se refere ao diálogo como forma de se aproximar da verdade). Já a verdade surge de uma "faísca" que brota a partir da meditação sobre os problemas de natureza política (ou de outra natureza; ou seja, sobre os problemas que são objetos da filosofia).

Tarefa Complementar (página 36)

Há várias respostas possíveis. Muito provavelmente os alunos falarão sobre a necessidade de uma participação política efetiva de toda a população, independentemente do estrato social
a que se pertença. Lembre-se que participar é mais do que votar. É cobrar ações dos governantes e engajar-se em discussões e ações que visem à resolução de problemas que
afetam a sua comunidade (sua rua, seu bairro, sua escola, sua cidade, etc.). Em outras palavras, é necessária a construção de espaços democráticos, em que o debate, o diálogo sejam a principal
arma para a resolução dos problemas. Nesse processo, certamente a educação tem papel fundamental, por possibilitar o exercício da participação e a construção coletiva de um
pensamento sobre ela. Por fim, deve-se ressaltar que em países como o Brasil, marcado pela injusta distribuição de renda, pela corrupção e pela apatia da população em geral, a tarefa se
torna bastante complexa, embora não seja impossível.



Tarefa Mínima (página 40 e 41)

1)Na medida em que há muitos homens maus, aquele se limitar a fazer o bem provavelmente se arruinará. No caso do Príncipe, a prática do bem pode acarretar a perda de seu poder.


2)Logo no primeiro parágrafo, Maquiavel afirma que é necessário se afastar de "repúblicas e principados" imaginários, ou seja: em vez de teorizar sobre como a política deveria ser, é mais correto estudar como ela de fato é. Segundo Maquiavel, essa é a forma de conhecer a verdade.

Tarefa Complementar (página 41 e 42)

1) Os três veiculam a idéia de política como uma atividade "suja", "imoral", em que prevalecem a falta de conduta ética e a satisfação de interesses pessoais ou de grupos, em detrimento do bem comum.


2)Os textos mostram que, séculos depois de Maquiavel ter escrito O Príncipe, a separação entre política e moral continua sendo praticada. Observa-se hoje a mesma contradição apontada por Maquiavel na sociedade de sua época: de um lado, há os que defendem que a política deve estar voltada para o bem comum e se pautar na ética; de outro, verifica-se uma prática política em que a moral quase nunca dita as regras. Isso pode ser entendido como prova da atualidade do pensamento desse pensador.

3)A resposta não está fechada, sendo possível posicionar- -se tanto a favor quanto contra essa forma de entender a política e sua prática. Mas seria interessante aproveitar o momento para discutir até que ponto a "imoralidade" política não é um reflexo da "imoralidade" que permeia a sociedade como um todo. Afinal, análises que tendem a resumir tudo em termos de certo e errado, mocinhos e bandidos, em geral são ingênuas. Como os brasileiros se comportam em relação às leis? E o que dizer sobre o "jeitinho brasileiro"? São questões a serem pensadas para uma melhor compreensão das relações entre ética e política e de sua prática na sociedade contemporânea.

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