quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Guia do aquário marinho



Guias Aquário de Rochas Vivas - Montagem e Manutenção

O aquário marinho fascina por ter cores e formas nada convencionais e assusta pelo custo dos equipamentos e animais. Mas isso é um detalhe superado bela beleza que proporciona. Muitos crêem ser mais difícil de manter do que um aquário de água doce, mas na verdade isso é um mito, pois se fosse dado o cuidado necessário e correto ao aquário dulcícola, este seria mais trabalhoso, devido a mais trocas parciais.
Aquário de exposição da loja de 580 litros
Este guia tem como finalidade expor de maneira clara e objetiva, um melhor jeito de manter e montar um aquário de rochas vivas com peixes, corais e invertebrados de forma simples e saudável. Para um melhor esclarecimento, recomendamos alguns livros ao final desta matéria na bibliografia utilizada.
Existem diversas formas de montar o seu aquário, além do tipo de filtragem e iluminação, você pode ter um aquário para peixes, invertebrados e corais ou somente para peixes. Aqui vamos tratar de um aquário comunitário, com peixes, invertebrados e corais, com um sistema de filtragem biológico de rochas vivas e filtro denitrificante de fundo (“Sistema Dr. Jaubert”), skimmer, iluminação e outros equipamentos essenciais, visto que é o mais montado atualmente e principalmente o que melhor funciona, mantendo por muito mais tempo o aquário estabilizado. Pois existem outros modelos de filtragem, como filtro biológico de placa, filtros de areia fluidizada e dry-wet que acarretam problemas, principalmente, com nitratos e fosfatos, ou seja algas.
MONTAGEMOs seguintes itens são necessários:
aquário: prefira aqueles retangulares e acima de 200 litros (por exemplo 100x40x50cm) para ter uma maior estabilidade, praticidade e mais espaço para uma maior variedade de animais. Note que tamanhos maiores são mais caros, mas muito mais fáceis de serem mantidos. Cuide para o aquário não ser muito estreito e alto, pois dificulta a manutenção e a iluminação; Fazemos sob medida.
móvel: é importante ter uma base firme e a tampa ser arejada e protegida contra umidade; Fazemos sob medida.
placas de filtro biológico: consiste de placas modulares que se encaixam umas nas outras, todas perfuradas, para fazer o filtro denitrificante de fundo;
cascalho: areia de halimeda ou aragonita, a espessura pode ser por volta de 8 a 12cm;
bomba submersa para circulação: use em torno de 15 a 20 vezes o volume do aquário passando pelas bombas por hora, sempre próximas à superfície, ou seja para um aquário de 200 litros poderemos usar duas bombas de 1500 litros por hora até duas de 2000 l/h. Pode parecer muito, mas uma boa movimentação e circulação são fundamentais para uma ótima eficiência da filtragem, maior troca gasosa e sendo assim maior estabilidade do aquário, mantendo uma alta taxa de oxigênio dissolvido (existem dispositivos como Wave Maker e o Gira-gira, que podemos utilizar para uma melhor circulação de água);
água: deve ser de filtro deionizador ou de filtro de osmose reversa (RO);
sal sintético: utilizar um de qualidade reconhecida, sem fosfato e nitrato. Em geral 1kg prepara 30 litros;
densímetro: serve para verificar a salinidade da água, que deve estar por volta de 1022;
skimmer: equipamento fundamental, remove dejetos orgânicos, deixando a água limpa e livre de nutrientes em excesso, diminuindo a carga biológica e consequentemente baixos ou nulos níveis de amônia, nitrito, nitrato (em conjunto com o Sistema Jaubert) e fosfato;
rocha viva: utilizar de 10 a 20% do volume do aquário em peso, para um aquário de 200 litros usaríamos de 20 à 40 quilos de rocha. Verificar se as rochas já estão tratadas, as melhores são as de Recife;
termômetro: para medir a temperatura, que deve ser em torno de 24 a 26 graus Celsius;
um bom termostato: para usar em conjunto com um aquecedor ou acoplado a mesma peça. O ideal é que se tenha 1 Watt por litro. O Acquaterm é um termostato que já vem com termômetro;
iluminação: é fundamental, principalmente se quiser ter invertebrados e corais que se desenvolvam bem. Além disso realçam as cores dos peixes e deixam seu aquário mais bonito e iluminado. Devemos ter uma boa quantidade de lâmpadas fluorescentes, em torno de 1 a 1,5 Watt por litro. Para o aquário cujo objetivo é a manutenção somente de peixes, não há recomendação específica. Quanto ao tipo, procure usar modelos próprios para aquários marinhos, como as do tipo branca (6500K a 14000K) e azul actínica, deixando-as ligadas de 8 a 12 horas por dia, utilizando duas brancas para uma azul. Por exemplo para o nosso aquário de 200 litros podemos utilizar pelo menos 6 lâmpadas, sendo 4 10000K e 2 Actínica, todas de 30W. Podemos utilizar também lâmpadas do tipo VHO (Very High Output) ou compactas, que são lâmpadas fluorescentes de maior potência, diminuindo a quantidade de lâmpadas à colocar e com um custo próximo das convencionais. Existe ainda outro tipo de lâmpada muito utilizada, que é a Metal Halide ou Vapor Metálico, lâmpada de alta potência e brilho, tem um custo mais elevado, mas são muito eficientes e sua luz tem uma beleza inconfundível. Coloque sempre para fora da tampa a instalação elétrica, para evitar corrosão e super aquecimento;
filtro externo: podemos utilizá-lo esporadicamente para fazermos uma boa filtragem química com carvão ativado ou resinas removedoras. Ou então usarmos o sump (caixa de circulação), que nada mais é que uma caixa de vidro (um aquário pequeno sem tampas), colocada lateralmente ou embaixo do aquário, servindo para colocação dos equipamentos de filtragem (skimmer, carvão ativado, resinas), aquecedor, entre outros, além de acumular os detritos excedentes. Se utilizar o sump, faz-se necessário o uso de uma bomba de recalque;
testes: de cálcio, alcalinidade ou dureza carbonatada (KH), pH, nitrito (NO2) e futuramente se necessário nitrato (NO3) e fosfato (PO4);
suplementos: de cálcio e talvez um tamponador (ou somente o Bio-Calcium);
dica: como utilizamos muitos equipamentos, eles acabam ajudando à esquentar a água e em alguns casos pode se ter uma temperatura acima de 28 graus Celsius, altamente estressante para os animais. Para ajudar a manter a temperatura mais baixa, pode se utilizar um ventilador direcionado para a superfície da água (com termostato), o único problema é que aumenta a evaporação. Se isso não for suficiente, você precisará de um chiller, que serve para resfriar a água do aquário.
COMO USAR E PARA QUE SERVEM OS EQUIPAMENTOSComo funciona?
Depois de algum tempo que a água já estiver circulando pelas rochas vivas – dentro de uma semana, pelo menos – algumas espécies de bactérias se desenvolverão na superfície e no interior das rochas, e assim se reproduzirão e irão se fixar em suas microporosidades. Estas bactérias são bem vindas, benéficas e indispensáveis em nossos aquários. Serão responsáveis pela “transformação” ou melhor dizendo, redução dos compostos orgânicos produzidos em nossos aquários como fezes, restos de comida, etc. Tornando assim nossos aquários habitáveis para peixes das mais diversas espécies. Para isso você precisa de um volume de rochas razoável e uma circulação constante (24 horas por dia, podendo ser oscilatória, utilizando um gira-gira ou um wave maker).
No caso das placas e do cascalho, eles fazem parte do filtro denitrificante de fundo (Sistema Jaubert), que consiste em fomentar bactérias anaeróbicas que consomem nitrato (leva cerca de alguns meses para estabilizar esse sistema).
O skimmer é um escumador de proteínas. Seu funcionamento é simples. Fazendo um turbilhonamento potente com bolhas bem pequenas por uma coluna d’água de altura razoável, retira por meio de contato diversos nutrientes dissolvidos na água do aquário. Sua principal função é deixar o aquário limpo e livre de partículas em suspensão, isso faz com que a água fique cristalina e saudável para peixes e invertebrados. Ou seja é um filtro mecânico à nível molecular, retirando grandes moléculas de proteína da água. E consequentemente ajuda na mínima filtragem biológica, não sobrecarregando o sistema. Como elimina nutrientes dissolvidos na água deve-se tomar cuidado na reposição dos bons elementos, com reposições periódicas de nutrientes e trocas parciais.
Para oxigenar o aquário é que usamos as bombas submersas. Provocando uma movimentação na superfície da água, provendo oxigênio que esta dissolvido no ar e também para circular a água pelas rochas oxigenando-as e auxiliando na filtragem biológica. Não há necessidade de bolhas em nossos aquários. A movimentação causada pelas bombas é suficiente.
Como proceder?
Primeiro montamos as placas do filtro denitrificante de fundo procurando cobrir todo o fundo do aquário com uma ou duas camadas.
Colocamos então o cascalho que deve ser bem lavado antes de ser colocado no aquário. E então com um anteparo no fundo, enchemos o aquário com água desmineralizada (é importante o uso da água desmineralizada, livre de fosfatos e silicatos, para não haver problemas, principalmente com algas). (você pode comprar a água ou então o filtro deionizador ou o filtro de osmose reversa nas lojas de aquário mesmo). Adicionamos o sal sintético aos poucos, retirando água do aquário e misturando em um balde.
As bombas já devem estar fixadas, tenha cuidado para fazer uma boa circulação, procurando colocá-las o mais próximo possível da superfície.
Colocamos a rocha viva após estabilizar a densidade, isso leva alguns dias. Então colocamos o skimmer, para desde o primeiro dia ajudar a eliminar qualquer dejeto orgânico. Deixaremos estabilizar o aquário até os parâmetros de pH, alcalinidade, cálcio e nitrito estarem ideais, pode levar algumas semanas. A iluminação pode começar a ficar ligada a partir de duas horas, aumentando semanalmente uma hora até chegar em dez ou até doze horas diárias. (Dica: você pode utilizar um timer, que é um temporizador que liga-desliga as lâmpadas automaticamente).
A partir da segunda semana, colocamos a turma da limpeza: mini-paguros, turbo snail, ofiúros e depois camarões (bailarino, stenopus, cleaner). São imprescindíveis para uma boa higiene do aquário, pois comem restos de comida, algas e outros dejetos. Podemos começar a colocar outros invertebrados a partir de 30 dias, como zoanthus, estrela vermelha lisa, actinodiscus (mushrooms), palitozoanthus, entre outros, desde que já tenha iluminação.
Passadas algumas semanas após a montagem (cerca de 40 dias, quando o nitrito estiver zerado), então podemos adicionar um peixinho por semana, respeitando a regra de 1cm para cada 10 litros. Prefira os menores e mais mansos inicialmente, como palhacinhos, gramma loreto, baianus pequeno, neon gobi, entre outros. E de preferência peixes algueiros. Quanto aos corais, prefira inicialmente os moles do tipo leather, entre outros, não são tão caros e muito resistentes.
E a manutenção?
Os peixes e outros animais habitantes de nossos aquários necessitam para sua formação e metabolismo, alguns elementos existentes na composição da água salgada. Com o passar do tempo esta necessidade acaba consumindo total ou parcialmente estes oligoelementos, tornando a água pobre, por isso devemos trocar periodicamente uma parte da água, repondo elementos.
Para fazermos a troca de água é necessário deixarmos a água com sal sintético homogeinizando por pelo menos 24 horas, com uma pedra porosa ou bomba submersa. Trocar no máximo 25% (1/4 do volume total) por vez, ou seja, num aquário de 200 litros devemos tirar no máximo 50 litros. Procure sifonar as rochas para ajudar a retirar o pó que pode ficar concentrado em cima delas. Antes de adicionar água nova no aquário não se esqueça de verificar se está com a densidade, o pH e temperatura semelhantes a água do aquário.
No caso de reposição devido à evaporação, devemos colocar um tamponador (Triple-Buffer ou Reef and Marine pH Buffer). Também podemos usar o Kalkwasser (suplemento à base de hidróxido de cálcio), que diluído com água doce torna-se uma solução saturada de hidróxido de cálcio - Ca(OH)2, ou seja além de aumentar a reserva alcalina e manter o pH estável, repõe cálcio. Também podemos utilizar o Bio-Calcium, que já vem completo e estabiliza o aquário ionicamente. Isto faz com que em poucos meses as rochas estejam bem rosadas, repletas de algas calcáreas (pinks). Só deve-se ter cuidado com a quantidade a ser reposta para não alterar drasticamente o pH e ser feita preferencialmente ao anoitecer. Podemos usar também algum tipo de repositor automático (Eclusa) ou uma simples bóia plástica acoplada ao sump. Outra forma de se adicionar cálcio, tamponador e nutrientes no aquário e usar o Bio-Calcium. Desta forma, com a água e o aquário mais limpos, temos um ambiente mais estável. Não há “prazo de validade”, ou seja, o aquário não acaba, não existem mais períodos de mortes incontroláveis e tudo passa a andar melhor. Peixes e invertebrados mais saudáveis, menos dinheiro jogado fora e aí sim podemos ter aqueles peixes e corais considerados mais sensíveis ou mais caros.
Dica: no caso de aparecer algas, nunca lave as rochas em água doce. Isto é um crime! Um aquário para atingir a maturidade plena leva cerca de 6 meses. Com um bom sistema de filtragem, reposição de nutrientes, iluminação adequada, trocas parciais periódicas e quantidade controlada de peixes e alimentação, jamais haverá esta necessidade. Caso ocorra uma infestação faça trocas parciais mais frequentes e verifique a qualidade da água e do sal utilizados (se necessário utilize resinas removedoras de fosfatos, silicatos e nitratos).
Então são imprescindíveis as trocas parciais periódicas, pelo menos uma vez por mês, limpeza dos vidros semanalmente, reposição de nutrientes periodicamente (CombiSan ou outro similar), reposição de água evaporada com tamponador (para não comprometer o pH e a reserva alcalina), limpeza do skimmer semanalmente e utilizar o carvão ativado periodicamente. Alimentação de maneira racional (o suficiente para ser consumida em poucos minutos) e quantidade moderada de peixes ajudam. As bombas podem ser limpas a cada 3 ou 4 meses, para retirada de incrustações e algas.
O filtro químico (carvão ativado ou outro elemento) serve para absorver alguns elementos tóxicos do aquário. No caso das resinas, elas são removedoras ou controladoras de fosfatos, nitratos ou silicatos. Num aquário bem estabilizado acaba se utilizando somente carvão ativado (sem fosfato e sem nitrato), devido à suas ótimas propriedades de absorção e adsorção de gases, fenóis e outros subprodutos, auxiliando muito na limpeza e estabilidade do aquário. Utilize por no máximo 7 dias.
RESUMINDO...
Há sete itens importantes à serem observados em um aquário marinho de rochas vivas periodicamente, sendo eles:
alcalinidade, reserva alcalina (2,2 à 3,6 meq/l ou ppm) ou dureza carbonatada (KH 7 à 10)
cálcio (350 à 450 ppm)
pH (8,2 à 8,6)
nitrato (até 20 ppm)
fosfatos (até 0,2 ppm)
densidade (1020 à 1024)
temperatura (24 à 26 graus Celsius)
Esses testes devem ser feitos periodicamente. Após o aquário estabilizado, o que leva em torno de quatro meses, a necessidade de testes será menor. O mais importante é a estabilidade dos parâmetros.
Então você precisa de:
equipamentos adequados
manutenção correta e periódica
alimentação racional (mas não pouca) e bem variada
comprar peixes e invertebrados saudáveis
testes de pH, alcalinidade ou dureza, cálcio, densímetro, nitrito, nitrato e fosfato – os mais usados, mas existem outros, como amônia, magnésio e silicato.
Obs.: medicamentos devem ser evitados a qualquer custo usados apenas quando necessários. Qualquer medicamento prejudica o equilíbrio biológico do aquário. Não esqueça de retirar o carvão ativado e desligar o skimmer, para não cortar o efeito do produto. E após o uso de algum medicamento, recoloque o carvão ativado, troque 20% da água e na semana seguinte mais 20%. O melhor é ter um aquário hospital ou quarentena.
DICAS
Anjos, balistes, borboletas, entre outros são peixes que devoram corais e invertebrados, por isso não são recomendáveis para aquários contendo estes animais. Podem ser colocados em aquários somente de rochas vivas com outros peixes.
É muito importante manter estáveis os parâmetros do aquário, mesmo que não consiga obter os parâmetros ideais não faça mudanças bruscas.
BIBLIOGRAFIA
· Aquários Marinhos de Recifes de Corais – Alberto Bacelar
· O Aquário Marinho & as Rochas Vivas – Sérgio Gomes
· The Reef Aquarium Volume One – J. C. Delbeek and Julian Sprung
· Reef Secrets - Nilsen & Fossa
· Aquarium Corals - Eric H. Borneman

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