SINTAM-SE TODOS CONVIDADOS A COMPARTILHAR SUAS EXPERIÊNCIAS, CONTRIBUINDO COM PALAVRAS POSITIVAS E BONS FLUIDOS



Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.
Fernando Pessoa


domingo, 20 de março de 2011

Prevenção....

A sugestão para que olhem este vídeo, não tem a intenção de chocar ninguém.
Apenas saibam que eu descobri meu nódulo em um auto-exame.
Ele ainda era pequeno, porém do tipo mais agressivo.
Talvez a urgência, seriedade e coragem com que tratei do assunto tenham contribuído para hoje eu poder estar narrando esta história.
Sentir medo diante das descobertas é natural.
Não podemos nos acovardar perante as situações estabelecidas.
É preciso saber agir.
É uma luta contra o tempo.



http://www.youtube.com/watch?v=JwYs1--pmAo

terça-feira, 15 de março de 2011

Este ano de 2011 imprime uma década de inúmeros significados.

Alguns positivos, outros nem tanto. Poderíamos por exemplo, pensar que há dez anos, em vários países, o terrorismo se fez presente, com atentados em Israel, Índia, caos aéreo internacional e o maior atentado contra um povo: o ataque às Torres Gêmeas. Ou lembrar, que em 2001 teve origem a Wikipédia: enciclopédia livre, que veio tornar-se uma fonte de consulta de linguagem fácil e acessível à população. Para além de todos os fatos que decorreram naquele ano, um modificou substancialmente minha trajetória nesta existência: a descoberta de um CA de mama. Confesso a vocês que o pior momento de minha vida, foi naquela tarde em que a Dra Rossana Crestani chamou-nos em seu consultório e nos entregou o resultado do exame realizado no nódulo retirado da mama direita. No primeiro momento, senti o chão abrir-se sob meus pés. Parei de raciocinar. Chorei. Chorei muito. Chorei, pois pensei nos meus filhos: à época com 8 e 12 anos. Chorei, pois pensei nos meus pais: eles não podiam perder uma filha. Nenhum pai ou mãe deve enterrar seu filho. Passado o primeiro impacto, que não durou 2 horas, retornei ao consultório médico, pedi à Dra. que me aconselhasse um médico que faria a cirurgia em Porto Alegre. Nessa mesma tarde tomei todas as providencias necessárias: marquei consulta, contei para minha família, para minhas colegas e fui até a casa da minha amiga Gladis, contar o que havia acontecido e pedi que, durante o tempo em que eu ficasse fora da cidade, fazendo tratamento, ela tomasse conta de minha filha, colega da filha dela.

Choramos abraçadas enquanto ela repetia que o diagnóstico deveria estar errado. Garanti que, infelizmente estava correto. Aos meus filhos, mais tarde em casa, expliquei que precisava fazer uma cirurgia em Porto Alegre, mas em breve retornaria. Felizmente, após estar de posse dos resultados dos exames, consegui consulta para 3 dias depois e a cirurgia foi marcada para dali 4 dias, considerada sua urgência.

13 de julho de 2001 e 13 de agosto de 2001.

Estes dias tornaram-se o marco de minha volta à vida. Decidi que precisava viver. Precisava terminar de criar meus filhos. Precisava viver para ver meus pais envelhecerem e quem sabe, cuidar deles. Depois disto, nunca mais os dias e as noites foram iguais. Depois disto, nenhum fato ou pessoa passaram despercebidos em minha vida. Ao contrário: todas as oportunidades foram caçadas e sonhadas da forma mais intensa que alguém possa pensar. No começo, eu prometi a mim mesma e à minha família que faria transformações radicais na minha vida. Sonhei em isolar-me do mundo. Morar no campo quem sabe... Largar tudo. Viver. Aproveitar a vida. Viajar. Não queria saber mais de trabalhar. Porém, findo o tratamento, 30 sessões de radioterapia e 4 dolorosas sessões de quimioterapia depois, decidi que era tempo de retomar minha vida. E voltei com todo o gás. Com toda a vontade de viver que alguém possa sentir. Vontade de aprender, conhecer pessoas novas, cumprir uma etapa de minha vida que ficara interrompida: cursar uma faculdade. Desde então, não consegui parar de estudar, de aperfeiçoar-me e dedicar-me a pessoas com necessidades especiais. Minha família não me entende muitas vezes. Eles não compreendem porque esta insatisfação, esta busca constante por coisas novas... Para mim é como se eu precisasse urgente recuperar um tempo perdido... uma vida estagnada. Por isso faço tanta coisa. Não sabemos quanto tempo temos pela frente, nenhum de nós pode sabê-lo. Como diz a Carla Dexheimer: deveríamos vir com prazo de validade para não incorrermos em certos erros. Saiba Carla que viemos, sim com prazo de validade, mas felizmente, não temos conhecimento da data final, pois isso seria um caos. Assim, decidi viver tudo ao mesmo tempo. Todas as emoções juntas. Fazendo tudo o que caiba no meu dia e no meu bolso. Nesta caminhada, algumas parceiras tomaram um rumo diferente. Transcenderam esta vida, deixaram de sofrer e creio, estão hoje junto ao pai. A estas parceiras gostaria de dizer: obrigada pelo carinho, pela força, pelas palavras ditas nos momentos de fraqueza. Vocês que hoje não estão mais conosco, de forma alguma foram vencidas pela doença. Ao contrário, foram salvas. Nós que aqui permanecemos ainda temos nossas dívidas. Por isso vivemos. E é nisto que creio. Só busco saldar minha parcela olhando o outro de forma diferente. Vendo-o como parte indispensável de uma energia que interliga todos os seres vivos que coabitam o universo. Por fim, a ideia de realizar este blog, veio traduzir uma vontade, uma necessidade de agradecer a todas as pessoas que desde o começo, incansavelmente, me acompanharam, me acolheram e principalmente, tiveram muita paciência e amor comigo. A elas, que estão homenageadas a seguir, minha eterna gratidão e minhas desculpas por todos os momentos difíceis que passamos juntas. Aos que foram se agregando à minha vida ao longo desta jornada, só posso dizer: que bom tê-los comigo. Tomara ainda tenhamos outra década para celebrar e quem sabe outra e mais outra... Então digo a todos: não desistam por pouca coisa. Os obstáculos podem ser superados. Tenham vontade sempre de viver. Vale a pena. Valem a pena os amores conquistados e aqueles perdidos. Valem a pena as noites de lua cheia, o pôr-do-sol, a descoberta de uma ave diferente, uma crisálida se transformando. Tudo, completamente tudo vale a pena. Vale chorar. Mas vale mais ainda, sorrir. Sorrir com a família. Sorrir com os amigos. Sorrir até para quem nem se conhece. Sabe o que vale? Vale tentar ser feliz. Nem que essa busca pareça infinda... “Uma nova chance”