28 de ago. de 2010

Algumas impressões bem particulares da Vivência em Huánuco

"Viver alguns dias em Huánuco me tocou a alma de um jeito muito especial. Bagunçou significativamente pelas aspirações e sonhos. Todos os dias, desde que voltei lembro de cara rosto, cada mão, cada vento empoeirado, cada sorriso e abraço infantil que recebi. É impressionante como vivências com gente pode mudar nosso caminho e nossa vida.


Desejei servir e acabei por ser servida em todo o tempo de uma maneira que até me constrange. Na chegada o mal de altitude me incomodou e foi com muito amor que as peruanas queridas cuidaram de mim.

Quando me deparo com contextos, como os vividos nos assentamentos humanos de Huánuco, me envergonho da natureza caída e ao mesmo tempo, me alegro em saber que a Ressurreição é possível!

Os dias na comunidade me fizeram ver mulheres valorosas, crianças com um potencial de mover o mundo, hermanitos guerreiros militando para seu povo pudesse ter condições de vida mais dignas, mesmo que para isso tivesse que compartilhar do sofrimento da miséria e buscar mudar a realidade mesmo que sem armas, sem recursos, apenas com o seu crer e suas convicções. Cristo estava lá..."

Carol Ferigolli



"Estar em Huánuco foi uma experiência única. Tenho uma mistura de sentimentos, alegria por servir, tristeza por conhecer uma realidade tão difícil, gratidão a Deus pela oportunidade de compartilhar. Difícil explicar em palavras tudo o que foi vivido em Huánuco, senti que, de alguma forma, eu era mais humana que nunca. Nada melhor que eles, mas por causa da graça de Deus, com mais oportunidades, o que só aumenta a responsabilidade de fazer algo para ajudar de fato.

Em HUánuco, senti que o pouco que podia fazer, dar meus abraços, meu sorriso, minha vontade de ajudar, não era muito, mas era valorizado pelas crianças e as mães da comunidade.

Também agradeço a equipe de voluntários internacionais de Umbrella Initiatives /Iniciativa Paraguas pela oportunidade de compartilhar com pessoas de diferentes países, culturas e idiomas, pessoas dispostas por dar e aprender em grupo.

Finalmente, minha vivencia pessoal em Huánuco me traz muitas reflexões, que com o tempo posso entender, mas sem duvidas, tenho claro e em minhas recordações as carinhas das crianças da comunidade, seus rostos não me saem da cabeça, nem tão pouco do meu coração. Estar com eles foi como estar mais perto de Deus"

Juliana Noronha

Escolas Indigenas - Povo Terena - Mato Grosso do Sul - Brasil

Sobre o trabalho nas escolas indígenas de aldeias Terenas/MS



Em junho de 2010 tive a oportunidade de ter uma vivência educacional em terras pantaneiras. Fui a convite de um grande amigo antropólogo, que trabalha com a formação de professores indígenas. A queixa inicial tinha relação direta com o trabalho com as crianças que apresentam alguma necessidade educativa especial, assim como deficiência. A proposta foi fazer uma oficina com os professores indígenas na escola de Dois Irmãos do Buriti/MS e uma assessoria a professoras da Aldeia Passarinho em Miranda/MS

Tivemos alguns problemas na nossa chegada à aldeia, o que ocasionou uma mudança significativa na proposta que havia sido apresentada. Considerando o ritmo diferenciado e elementos culturais necessários para a realização de um trabalho como esse, foi necessário, considerar elementos do cotidiano e demandas internas da organização da Aldeia.

Gostaria de considerar dois momentos, que foram parte desse tempo de reflexão e que considero significativo para compartilhar:

1. Roda de conversa com os professores e coordenador da Escola Indígena - Tempo precioso de troca de experiências, levantamento de hipóteses e sugestão de proposta de trabalho, sobre os principais problemas apresentados pelos alunos e dificuldade que os professores apresentam na intervenção com os alunos.

2. Sondagem com algumas crianças da comunidade - mapeamento de habilidades relacionados à leitura e escrita, assim como competências de construção simbólica e de representação da linguagem.

A situação do ensino lá é muito complicada, uma vez que os professores acabam não tendo uma formação adequada e nem acesso a materiais didáticos e de estudo, que possam fomentar/viabilizar propostas de trabalho que sejam interessantes e eficazes. Além dos aspectos sociais que influenciam a aprendizagem do pequenos, como é a questão da desnutrição e falta de trabalhos relacionados a aquisição de linguagem, inclusive oral.

Por Carol Ferigolli


Proposta inicial:

DIA Horário TEMA/ Atividade proposta

4/6 – sexta Manhã (9hs -12hs) 9hs – 10hs – Apresentação e compartilhar de expectativas sobre o encontro

10hs – 12hs – Roda de conversa sobre alunos que não “aprendem”. Quem são esses alunos? Por que eles não aprendem?

Sondagem

Apresentação de casos reais e possibilidades de intervenção

Tarde (14hs – 18hs) Formação sobre Alfabetização e Letramento

5/6 - sábado Manhã (9hs – 12hs) Sondagem com as crianças na escola indígena

Tarde (14hs – 18hs) Trabalho em grupo – Produção de atividades e intervenções

6/6 - domingo Manhã (10hs – 12hs) 10hs – 11hs – Compartilhar do trabalho em grupo

11hs – 12hs – Avaliação

ERA UMA VEZ...

ERA UMA VEZ...As histórias e suas contribuições




Por Renata Truffa

Um convite. “Era uma vez...”. Um outro tempo se dá.

É o momento de expor o tempo e o lugar, como diz Von Franz (2007), “a terra de ninguém” do inconsciente coletivo .

Era é um verbo do pretérito imperfeito. Regina Machado (2004) lembra que as crianças brincam utilizando-se deste verbo: “Faz de conta que eu era a mãe e você o pai, tá?”. Os artistas também, como nesta frase de Chico Buarque: “Agora eu era herói”!

Quando se diz: “Há um tempo atrás eu era mais tímida”, o “era” é cronológico, referindo-se a uma questão do passado. Mas, o “era” do “Era uma vez” não é cronológico. É um tempo da imaginação, da fantasia, da criação.

Regina Machado comenta:

“Quando ouvimos um conto – adultos ou crianças -, temos uma experiência singular, única, que particulariza para cada um de nós, no instante da narração, uma construção imaginativa que se organiza fora do tempo da história cotidiana, no tempo do ‘era’. Tal experiência diz respeito à universalidade do ser humano e, ao mesmo tempo, à experiência pessoal como parte dessa universalidade...A história só existe quando é contada ou lida e se atualiza para cada ouvinte ou leitor. ‘Era uma vez’ quer dizer que a singularidade do momento da narração unifica o passado mítico – fora do tempo – com o presente único – no tempo – daquela pessoa que a escuta e a presentifica. É a história dessa pessoa que se conta para ela por meio do relato universal”. (MACHADO, 2004, p. 23)

O ouvinte e/ou leitor possa a estar na história quando ela é contada. Ele passa, em seu imaginário, a estar na história, ele “era” a história.

Alessandra Giordano comenta:

“Que verbo é este: ERA? Fui é passado, Sou é presente, Serei é futuro, e ERA? O que é? Fico pensando que ERA é o tempo do instante que jamais se repete. Este instante (imperfeito que é perfeito) não será jamais o próximo. É sempre único e está fora da seqüência temporal e espacial, pois a voz que fala o ERA UMA VEZ é sempre outra...E como diz o poeta: ‘nada do que foi será do jeito que já foi um dia”. (GIORDANO, 2007, p. 36)

“Era uma vez...” coloca o ouvinte em prontidão para adentrar em um outro tempo. Um tempo sem tempo cronológico. Um tempo interno.

Desde os tempos primitivos a história é parte da vida do homem. Os estudos antropológicos demonstram que sempre houve a presença de um contador de histórias, que, ao contar histórias, muitas das vezes, tinha como objetivo perpetuar a cultura daquele povo. Portanto, elas – as histórias – surgiram muito antes da psicologia e das artes, como afirma Clarissa Pinkola Estes:

“As histórias são muito mais antigas do que a arte e a psicologia, e serão sempre as mais velhas nessa comparação, não importa quanto tempo passe”. (ESTES, 1994, p.35)

Elas foram ganhando outras funções. São excelente recurso educativo, propiciam a reflexão e estimulam a transformação.

Para as histórias, as palavras. O poeta Edmond Vandercammen disse que uma palavra pode ser uma aurora, um abrigo seguro. Gaston Bachelard, em seu livro A poética do devaneio, escreve poeticamente:

“Sou, com efeito, um sonhador de palavras, um sonhador de palavras escritas. Acredito estar lendo. Uma palavra me interrompe. Abandono a página. As sílabas da palavra começam a se agitar. Acentos tônicos começam a inverter-se. A palavra abandona o seu sentido, como uma sobrecarga demasiado pesada que impede o sonhar. As palavras assumem então outros significados, como se tivessem o direito de ser jovens. E as palavras se vão, buscando, nas brenhas do vocabulário, novas companhias, más companhias. Quantos conflitos menores não é necessário resolver quando se passa do devaneio erradio ao vocabulário racional”. (BACHELARD, 2001, p. 17)

As palavras, através das histórias, adquirem novos e únicos significados. Histórias valorizam a individualidade, para cada ouvinte e/ou leitor a história é uma. Mônica Guttmann, esclarece a este respeito:

“As palavras podem ser pensadas, escritas, ditas e ouvidas, mas os significados e as imagens que elas adquirem são únicos para cada indivíduo. Palavras nomeiam sentimentos, emoções, pensamentos, que geram outras palavras, outras imagens”. (GUTTMANN, 2004, p. 257)

O educador que utiliza-se de histórias poderá tornar mais prazerosa e produtiva a aprendizagem da leitura e escrita. Rubem Alves define-se como um contador de histórias e, sabemos, é ele um grande educador:

“Eu sou um contador de estórias. Descobri-me um contador de estórias contando estórias para a minha filha pequena. As estórias se formam da mesma maneira como se forma a pérola dentro de um ostra. Ostras felizes não fazem pérolas. É preciso que um grão de areia entre em sua carne mole. O grão de areia a torna uma ostra infeliz. Para livrar-se da dor do grão de areia, a ostra pacientemente o envolve com uma substância lisa, sem arestas e redonda: a pérola. E é assim também que nascem as estórias, como as pérolas. Minha filha nasceu com um defeito facial. Eu contava estórias para transformar a dor em beleza. Mas, para isso, era necessário que eu tivesse poderes de feiticeiro. Estórias são rituais mágicos...Ao terminar de contar uma história, minha filha me perguntava sempre: ‘Papai, essa estória aconteceu de verdade?’ E eu não podia lhe dar a resposta. A minha resposta seria demais para a cabecinha de uma criança. Minha resposta teria sido: ‘Não. Essa estória não aconteceu nunca para que aconteça sempre....” (ALVES, 2005, p. 134)

O contato com a arte, e dentro da arte, a poesia, a literatura, os contos de fada, os mitos ajudam no desenvolvimento moral e intelectual. John Naisbitt apresenta uma carta que Charles Darwin escreveu no fim de sua vida:

“Até meus 30 anos ou mais, a poesia proporcionou-me grande prazer. Mas agora faz muitos anos que não suporto ler nenhuma linha sequer de poesia. Minha mente parece ter se tornado uma máquina de processar consideráveis coleções de fatos, transformando-os em leis gerais. Se eu tivesse que viver minha vida de novo, adotaria a regra de ler um pouco de poesia e ouvir um pouco de música várias vezes todas as semanas. A perda desses gostos é uma perda de felicidade, e pode ser prejudicial ao intelecto e, mais provavelmente, ao caráter moral, debilitando a parte emocional de nossa natureza” (NAISBITT, 2007, 269) .

A carta de Darwin demonstra o valor das artes, das letras, palavras, poesias, histórias na educação do homem. Educadores contadores de histórias têm a possibilidade de estimularem a educação integral da criança e, juntamente com isto, sua autonomia.

A carta escrita por Charles Darwin e sua biografia encontram-se no site: http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin.

Inconsciente coletivo: Segundo Jung “o inconsciente coletivo (...) como herança imemorial de possibilidades de representação, não é individual, mas comum a todos os homens (...), e constitui a verdadeira base do psiquismo individual”(Jung, 1987, p.15).

BIBLIOGRAFIA

ALVES, Rubem. Um céu numa flor silvestre. A beleza em todas as coisas. Campinas: Verus, 2005.

BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CIORNAI, Selma (org). Percursos em arteterapia – Volume 1. São Paulo: Summus, 2005

ESTES, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

GIORDANO, Alessandra. Contar histórias. Um recurso arte-terapêutico de transformação e cura. São Paulo: Artes Médicas, 2007.

JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964.

MACHADO, Regina. Acordais. Fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias. São Paulo, DCL, 2004.

NAISBITT, John. O líder do futuro. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.

VON FRANZ, Marie-Louise. A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro. Achiamé, 2007.

SUGESTÃO DE LIVROS ALÉM DA BIBLIOGRAFIA ACIMA:

ANDERSEN, Christian Hans. Os contos de Andersen. São Paulo: Paulus Editora, 2003.

BORJA, Maria Isabel (org); VASSALO, M. (org). O livro dos sentimentos. Crônicas, contos e poemas para jogar com as emoções. Rio de Janeiro: Guarda Chuva, 2006.

BONAVENTURE, Jette. O que conta um conto. São Paulo: Paulinas, 1992.

CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. 24. ed. São Paulo, Palas Athenat, 2006.

CAMPBELL, Joseph. O Herói de Mil Faces. 11. ed. São Paulo, Pensamento, 1995.

DUARTE JR., João Francisco. O sentido dos sentidos. A educação (do) sensível. 3. ed. Curitiba: Criar, 2001.

ESTES, Clarissa Pinkola. Contos do Irmãos Grimm. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

FRIEDMAN, Adriana. O universo simbólico da criança. Olhares sensíveis para a infância. Petrópolis: Vozes, 2005.

FROMM, Erich. A arte de amar. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MACHADO, Regina. Acordais. Fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias. São Paulo, DCL, 2004.

OAKLANDER, Violet. Descobrindo crianças. A abordagem gestáltica com crianças e adolescentes. 14. ed. São Paulo: Summus, 1980.

VON FRANZ, Marie-Louise. O feminino nos contos de fadas. Petrópolis. Vozes, 1995.

VON FRANZ, Marie-Louise. A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro. Achiamé, 1981.

PACHECO, José. Para Alice, com amor. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

READ, Herbert. A redenção do robô. Meu encontro com a educação através da arte. 3.ed. São Paulo: Summus, 1986.

READ, Herbert. A Educação pela arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SORSY, Inno, MATOS, Gyslaine Avelar. O ofício do contador de histórias. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2001.

KAST, Verena. A ansiedade e formas de lidar com ela nos contos de fada. São Paulo: Paulus, 2006.

O menino que carregava água na peneira - Manoel de Barros

O Menino Que Carregava Água Na Peneira


Manoel de Barros

Tenho um livro sobre águas e meninos.

Gostei mais de um menino

que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira

era o mesmo que roubar um vento e sair

correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que

catar espinhos na água

O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.

Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino

gostava mais do vazio

do que do cheio.

Falava que os vazios são maiores

e até infinitos.

Com o tempo aquele menino

que era cismado e esquisito

porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria

o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu

que era capaz de ser

noviça, monge ou mendigo

ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.

Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.

E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro

botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.

Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:

Meu filho você vai ser poeta.

Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os

vazios com as suas

peraltagens

e algumas pessoas

vão te amar por seus

despropósitos.

Alfabetização/Educação/Ler - José Pacheco

Alfabetização

O “Aurélio” diz-nos ser “acto, efeito, modo, ou processo de alfabetizar (-se)”.
No tempo da “tia tapa o pote”
Aos dois anos de idade, a Alice lançou-se na senda das descobertas do linguarejar. E eu, avô babado não me cansava de espevitar a pimpolha. Espantava-me e divertia-me com as suas generalizações. Encorajava-a, incitando-a ao diálogo, desafiava a sua criatividade com socráticas subtilezas:

- A Alice é a netinha do avô?

- É.

- Sabes quem é a netinha do avô?

- Sabo!

Talvez revendo-se num outro lado de um freudiano espelho – eu sei lá! – o certo é que a Alice me retorquia numa lógica implacável e zurzidora de ortodoxias gramaticais.

- O que é isto? – perguntava-lhe, apontando as mãozinhas do irmão Marcos.

- Ito é as mões do minino!

Reaprendi a gramática do bom senso, compassivamente anotando os absurdos que a Alice, sem o saber, denunciava, os mesmos absurdos que os adultos de então não conseguiam identificar. Reaprendi com os sábios arabescos linguísticos da minha neta muito daquilo que eu tive de desaprender quando, um dia, quis ser professor. E vieram à memória episódios que ouvi contar, quando ainda exercia essa maravilhosa profissão.

Parece que foi ontem, e já lá vão tantos anos! Era no tempo do hegemónico método analítico-sintético por alguns chamado fónico, Um tempo distante, em que o “p” e o “t” eram aprendidos através da repetição soletrada de frases de alto gabarito intelectual do género: “a tia tapa o pote”, “a tia é tua”, “é a tua pua”.

Nesse tempo, como na actualidade, algum pai, em seu perfeito juízo, se lembraria de repreender o filho, no momento em que este balbuciasse a primeira palavra? Estou a ver o pequeno a exclamar “papá!”, e o zeloso progenitor a corrigi-lo de imediato:

- Não se diz papá! Diz comigo: “um pê e um a… pa; mais um pê e um a… pá”. E, agora, diz tudo pegado: “papá”. Assim é que está bem!

O leitor considerará ridícula tal descrição. Tem toda a razão, mas era assim que se aprendia a ler nas escolas daquele tempo. Tudo passava pela soletração, apesar de alguns episódios terem propiciado suficientes pretextos para interpelar absurdos e efectivar uma revisão metodológica.

Recordemos o daquela professora que, pretendendo ensinar o ditongo nasal “ão” e o seu plural “ões”, exibiu uma gravura, a apontou e disse para a turma:

- Ora vamos lá! Quero toda a gente a ler esta palavrinha!

E toda a turma, num coro estridente, soletrou:

- Por…co!!!

- Não é porco. É leitão!!! – gritou a mestra.

Sem comentários, passemos a um outro episódio exemplar. Numa escolinha da Ilha da Madeira, a professora pretendia ensinar a consoante “b”. Desenhou no quadro negro um tubérculo mal amanhado a que os insulares dão o nome de “semelha”. Porém, a mestra escreveu por debaixo da tosca figura a palavra “batata”.

- Vá lá, menina! Ora lê!

A aluna fitou demoradamente o desenho. Depois, voltou o olhar para a impaciente mestra.

- Estás espera de quê? Levanta-te e lê!

A pequena levantou-se, mas deitou os olhos ao chão.

- Ó minha grandessíssima burra! Tu não sabes que estamos a dar o “b”? Vê-se logo que não estudaste a lição em casa!

A miúda tinha estudado a lição. E, por isso mesmo, hesitava. Porque a bota não dava com a perdigota, como adiante iremos ver…

- Nunca comeste disto? – insistiu a professora, apontando para aquilo que, para um adulto alfabetizado, deveria ser a representação de uma batata - Nem assim, minha burra?

Abra-se um justo parêntesis para referir que, no século passado, expressões como “ó minha burra”, “ó minha besta”, “ó meu anormal”, eram ternamente utilizados por alguns professores como recursos pedagógicos, à míngua de conhecimento de elementares conceitos como o de “reforço positivo”, que tinham ficado confinados aos testes de Psicologia da Educação parcimoniosamente copiados e esquecidos. Mas, porque provas e respectivas cábulas são coisas do passado da formação de professores, retomemos a descrição do episódio.

A concretização do plano da aula (para quem não seja desse tempo, diga-se que os “planos de aula” eram também apetrechos usados nas escolas, no século XX), estava comprometido. A professora havia destinado cinco minutos para a “motivação” e outros cinco para a “introdução do novo vocábulo”.

Só mais um parêntesis para dizer que não poderei aqui explicar o contido entre aspas, dada a inverosimilhança com que estes artefactos da proto-pedagogia se apresentam no nosso tempo. Retomemos, pois, a narrativa.

A mestra aprimorou-se na criatividade posta na invectiva:

- Ó minha parva, tu senta-te, que já me deste cabo do plano, e já nem te estou a ver bem!

A “parva” sentou-se aliviada.

- Já vi que dali não há-de sair nada. Diz lá tu, ó Toninho! O que é que está aqui escrito?

O Toninho era o “inteligente” da turma. Era um miúdo grave e delicado. O ternurento diminutivo usado pela professora ficava-lhe a matar. Também lhe assentava como uma luva o cognome de “Mete Nojo”, que o Nelo das Fajãs havia inventado e que a turma, unanimemente, adoptou.

Filho do senhor engenheiro agrónomo, seria evidente para a mestra que o Toninho reconhecesse o tubérculo e soletrasse a preceito “ba…ta…ta”.

- Diz lá, Toninho, o que aqui está escrito.

- Semelha, senhora professora. – disse o Toninho.

Foi então que a professora nada e criada no Portugal Continental se apercebeu de que, na véspera, havia almoçado semelhas com bacalhau, pensando comer batatas.


Educação

Vem do latim educare (ou será educere?...), que significa instruir, formar.

“Há gente que nasce longe de casa”

Num aeroporto afectado pela “crise”, eu deveria efectuar um voo de conexão e tentava explicar o óbvio: Minha senhora, repare que eu já tenho cartão de embarque, não preciso de vir para esta fila.

Se lhe disseram para vir para esta fila, é porque tem de vir – nesse diálogo de surdos, a funcionária voltou-me as costas, sem me dar tempo a replicar.

Meia hora decorrida e muita impaciência acumulada, cheguei ao balcão. Mostrei o cartão de embarque:

“O senhor não precisava de vir aqui para esta fila. E, agora, já fechou o chek in do seu voo – disse-me, sem me olhar. Telefonou, teclou, entregou-me um novo cartão de embarque para um voo que partiria três horas depois. Cabisbaixa, disse-me: Foi o máximo que pude fazer… Em silêncio, afastei-me.

Enquanto aguardei o tardio voo, observei os passos em volta: gente cochilando, gente reclamando, gente apática, ou resignada, tal como eu… Tive tempo suficiente para meditar, “transgredindo a ordem do superficial” e concluir que, nos grandes aglomerados humanos, as pessoas se submetem a uma forçada convivência, toleram o outro sem o aceitar, suportam um “aturai-vos uns aos outros” num incómodo mal disfarçado.

La Rochelle disse que “a cidade não é a solidão porque a cidade aniquila tudo quanto povoa a solidão – a cidade é o vazio”. Isso mesmo: um vazio com raízes que eu busco esclarecer. Inevitavelmente, a minha cultura profissional isolou as raízes de uma instituição geradora de vazios: chamou a Escola à colação. As escolas onde as funcionárias do aeroporto e os seus clientes se formaram eram arquipélagos de solidões povoados por rituais vazios de significado.

Educar é assumir responsabilidade social, solidarizar-se eticamente. Somos marcados pela incompletude, geneticamente sociais e geneticamente históricos, porque, como diria Walon ou Freire, criamos vínculos. A arte de conviver (viver com) exige uma atitude de abertura, o reconhecimento do outro e o respeito pela pessoa do outro. Mas onde se poderá aprender essa arte? Na Escola? Na Família? Na televisão? Na internet?

A Educação do Homem percorre caminhos sinuosos. Antes de ser escolarizada, a criança já esteve passivamente exposta a muitos milhares de horas de televisão, sem agir criticamente sobre as mensagens, sem discernimento para se proteger de programações imbecis. Forma-se o solitário adulto espectador no vazio da indiferença: “Militares americanos bombardearam uma aldeia afegã. As bombas visavam matar talibans, mas assassinaram crianças. Para os militares o raid aéreo foi um sucesso, fundamentando: “Quem nos garante que esses meninos não viriam a ser perigosos talibans?”

O Sartre estava certo de que, se não somos responsáveis pelo que fizeram de nós, somos responsáveis por aquilo que fizermos com aquilo que fizeram de nós. E eu opto por pensar nos professores que eu conheço, que já vão trocando uma profissão solitária por uma profissão solidária. E não se trata de uma mera troca de uma consoante por outra consoante. Trata-se de uma profunda mudança cultural. O primeiro passo dessa reconversão consiste em os professores se sentarem à volta de uma mesa, ou na relva de um parque, para se transformarem numa equipe. Um projecto faz-se com pessoas, privilegiando laços afectivos. Com pessoas conciliadas consigo e com os seus pares.

Com esta reconfortante reflexão, aquieto-me. E o tempo de espera pelo voo fica mais breve, mais suportável. Embora saiba que ainda há muita gente distante de si própria! Como diria a Maria, “às vezes, há gente que nasce longe de casa...”


Ler

Não confundir com a decifração de símbolos ou o papaguear palavras!

Saber ler

Durante muitos anos, o compositor Lopes Graça foi perseguido pelos esbirros da polícia política, só por ser homem de escrever verdades. Numa das suas polémicas intervenções escritas, travou-se de razões com um tal Coelho, músico protegido pela Ditadura de Salazar. Publicou um opúsculo escrito de tal modo que chegou aos leitores sem ficar exposto aos cortes do “lápis azul”. Esse opúsculo foi um êxito editorial, até ao momento em que a polícia política invadiu as instalações da editora e apreendeu o que restava dos exemplares por vender.

Como era uso nessa época de privação das liberdades, o título da obra teria de despistar os meirinhos da censura. Na capa do livro estava escrito “A Caça aos Coelhos”. E foram milhares os caçadores que o compraram…

Em Portugal, jornais publicaram rankings de escolas, na cretina atitude de pretender comparar escolas com diferentes características, públicos diversos e situadas em regiões díspares. Publiquei um artigo, num jornal diário de grande tiragem, denunciando a farsa dos rankings. A minha intenção era a de defender a dignidade das escolas que tinham ficado situadas nos últimos lugares da lista. Quando o meu artigo foi publicado, recebi de muitos professores cartas de elogio e incentivo.

Fiz publicar o mesmo artigo no jornal da minha terra como gesto de solidariedade para com uma escola que conheço e que estava situada nos últimos lugares do ranking. Decorridos alguns dias, alguns professores dessa escola passavam por mim e nem sequer um bom-dia me davam. Estranhei. Semanas depois, compreendi o que se passava: a directora dessa escola dizia que eu tinha publicado um artigo atacando a sua escola. A senhora directora leu o que não estava escrito no artigo. E foi mais longe, movendo-me um autêntico processo de intenções.

Há professores que não lêem. Outros lêem e não entendem o que lêem. E bem pior do que não saber ler é utilizar o que não se entende como arma de arremesso, fazendo crer a outros (que não leram, ou não sabem ler) intenções que o autor não teve. Uma sociedade de “grau zero de literacia” (não é só no Brasil que o analfabetismo funcional prospera), é terreno fértil para que indivíduos sem escrúpulos se recusem a discutir a realidade, a partir de outro ponto de vista que não seja o seu.

Ler é diferente de compreender. Ler pressupõe o domínio do vocabulário utilizado, da estrutura sintáctica do material escrito, do conteúdo. A atitude do leitor e os seus preconceitos, ou seu interesse relativamente ao texto lido, influenciam a interpretação. Ser leitor pressupõe ser capaz de distinguir entre factos e opiniões, captar o significado literal, as asserções directas, as asserções paralelas, as paráfrases… O domínio da linguagem pode ser afectado pela rigidez de ideias, por carência de capacidade discriminativa. Ser letrado não significa apenas saber ler e escrever, mas ser funcionalmente letrado.

As nossas escolas dispõem de excelentes profissionais, mas albergam, também, docentes cuja iliteracia nos deve inquietar. Enquanto professor de universidade, eu tive a ingrata surpresa de verificar que muitos alunos, que pretendiam ser professores (e que, hoje, o são!) eram incapazes de alinhavar uma ideia, de redigir um parágrafo sem erros ortográficos, de interpretar um texto de complexidade maior.

De que serve ocultar a realidade? Ter um canudo não faz de um licenciado uma pessoa culta. É preciso admitir uma dolorosa realidade: num país de “doutores”, nem só entre o povo simples a ignorância prospera – também há professores ignorantes.

Material da Oficina de Brinquedos e Jogos com sucata!!!!

Algo sobre a construção de jogos com sucata...


“O brinquedo construído pode vir a ser parte fundamental no contexto da brincadeira infantil. Acreditamos que, através da interferência da criança na transformação dos objetos para a construção de seu próprio brinquedo, ela realizará um trabalho criativo, resultando em um brinquedo produzido por ela mesma e ganhando, por esse motivo, um valor afetivo diferenciado. A criança brincará com “outros olhos” com aquilo que ela puder construir.”

REVISTA AVILA LÁ (ADRIANA KLISYS E RENATA CAIUBY)



Algumas propostas:

GEOPLANO

Com o geoplano é possível criar desenhos com diversas formas. Também auxilia no processo de ensino-aprendizagem de Geometria e Matemática.

Materiais:

• Uma tábua quadrada (de madeira ou aglomerado) com 18 x 18 cm de lado e uma espessura de mais de 1,5 cm e menos de 3 cm.
• Uma régua
• Um lápis
• Uma borracha
• 25 pregos finos (de 2,5 ou 3 cm)
• Um prego maior
• Martelo
• Elásticos de vários tamanhos e cores

Modo de fazer:

1. Marque a lápis, levemente, na tábua, linhas paralelas de 3 em 3 cm, na vertical e na horizontal. Assim, obterá uma grelha.
2. Na intersecção das linhas (onde elas se cruzam), marque os 25 pontos obtidos, fazendo um furinho com o prego maior, retirando-o posteriormente.
Com a borracha, apague as linhas que traçadas.
3. Pregue, cuidadosamente, os 25 pregos nos furos marcados, deixando cerca de 1 cm do prego, para fora.
4. Agora, use os elásticos para criar formas e desenhos. Com elásticos de várias cores fica muito bonito.

FUTEBOL DE PREGUINHOS

Materiais:

• Madeira retangular com 50X30 cm
• Duas ripas de madeira com 2 cm de largura e 50 cm de -comprimento para as laterais.
• Quatro ripas de madeira com 2 cm de largura e 13 cm de comprimento
• Vinte e dois pregos de cabeça redonda
• Uma bolinha de gude ou moeda
• Tinta verde e branca
• Pincel
• Lixa de papel

Modo de fazer:

1. Antes de começar a montagem do campo, lixe todas as peças com uma lixa de papel para evitar que alguma farpa espete seu dedo, enquanto estiver montando.
2. Pinte a madeira de verde e desenhe e campo conforme a figura:
3. Os pregos (jogadores) devem ser distribuídos conforme indicado na foto, ficando 11 de cada lado.
4. Pregue as ripas nas laterais do campo. Bata os pregos com cuidado e verifique se a ponta não saiu do lado oposto.
5. Se quiser, você pode pintar os pregos com duas cores para diferenciar os times.

CAMINHONETE COM CAIXA DE FÓSFORO

MATERIAIS:

• Três caixas de fósforos vaziasTinta guache
• Quatro botões
• Cola
• Caneta
• Tesoura
• Pincel

MODO DE FAZER

Cole uma caixa de fósforos fechada na outra sem a tampa. Assim você cola a caçamba na cabina da caminhonete.
Desenhe a tampa da terceira caixa de fósforos a parte de cima da cabina. Isso vai ser o teto da caminhonete.
Recorte e cole em cima da caixa com tampa.
Pinte a carroceria da caminhonete com a tinta guache.
Cole os botões com um pingo de cola para fazer as rodas.

PARA FAZER UM DADO

Materiais:

• Lápis
 • Régua
• Cartolina
• Tesoura
• Cola

Modo de fazer:

1. Primeiro, é preciso decidir quantos centímetros de lado vai ter o cubo.
2. A seguir, sabendo qual é a medida de lado, copie o modelo a seguir.
3. Recorte onde indicado (_ _ _ _ _) e dobre (________) ligeiramente as partes de todo o cubo, sem o colar ainda, só para facilitar essa tarefa. A régua pode auxiliar esta tarefa.
4. Cole os diversos lados com o cuidado e deixar secar bem, antes de colar a parte seguinte.

FANTOCHES COM MEIAS

Materiais:

• Meias velhas
• Cartolinas de cores variadas (pedaços)
• Lãs de cores variadas
• Tesoura
• Cola forte

Modo de fazer: (MENINA)

1. Escolha a meia de sua preferência, pode ser estampada, ou ter uma só cor
2. Recorte, em cartolina:

- duas meias-luas encarnadas para a boca;

- uma meia-lua para a língua;

- uma bolinha ou um triângulo para o nariz;

- duas bolinhas para os olhos;

- duas meias-luas para as orelhas;

boca olhos nariz orelhas língua

3. Enfie a mão na meia e experimenta-a, para ter uma ideia das medidas daquilo que vai colar.

4. Cole todos estes elementos nos locais certos com muito cuidado, para a cola não passar (e colar o que não deve).

5. Para fazer os cabelos da menina, cole os fios de lã de baixo para cima, isto é, comece a colar primeiro os fios de perto da “nuca”, para depois ir colando os que vão acima, até cegar naqueles que ficam no topo da cabeça. Se quiser, pode apará-los com a tesoura, colocar um laço, fazer franja ou tranças.

*Outras ideias:

Para incrementar esse fantoche da menina:

• Faça dentes: cole na boca dois quadradinhos de cartolina branca;

• Faça um laço no pescoço: pode-se usar fitas, lãs, ou fazer em cartolina com dois triângulos pequenos;

• Coloque óculos: pode-se recortar em cartolina, ou moldá-los em arame.

FANTOCHE DE GATO

O procedimento parecido com o do fantoche da menina.

Segue, abaixo, a lista para o focinho. Recorta, em cartolina:

- duas meias-luas encarnadas para a boca;

- uma meia-lua pequena para a língua;

- um triângulo pequeno para o focinho

- duas bolinhas os olhos;

- oito tiras fininhas para os bigodes

- dois triângulos para as orelhas

BASTONETES COLORIDOS

Materiais:

• Duas garrafas PET

• Pedaços de papéis coloridos (pode ser revista também)

• Fita adesiva

Modo de fazer:

Corte o fundo das garrafas e coloque os pedaços de papéis coloridos. Uma os fundos das garrafas, um ao outro com a fita adesiva.

As crianças poderão explorá-los livremente: arrastá-lo, classificá-los por cor, pode-se até armar circuitos e pedir para que elas passem por estes utilizando diversas formas de locomoção (caminhando, saltando, engatinhando, etc).

CAIXA PEDAGÓGICA

Materiais:

• Uma caixa de papelão

• Papéis coloridos

• Caixinhas de vários tamanhos, forradas (pode ser de fósforo, remédio, sabonete, etc)

• Potinhos iogurte, papelão do rolo de papel higiênico

• Jornal

• Fita adesiva

• Estilete

• Tesoura

• Lápis

• Cola branca

• Régua

Modo de fazer:

Forre a caixa com os papéis coloridos. Espere a cola secar. Utilize os potinhos e as caixinhas que você tiver como modelo para riscar, na lateral da caixa de papelão. Com uma régua, meça 0,5 centímetro a mais do modelo que você já riscou. Recorte essas formas inicialmente com um estilete, depois com uma tesoura, assim ficará mais fácil. Passe fita adesiva ao longo do corte, a fim de dar um acabamento.

As crianças poderão encaixar os diferentes objetos em seus respectivos buracos, explorando assim, diversas formas, cores e tamanhos.

* Outra idéia: Amasse folhas de jornal e passe fita adesiva em volta. Assim você pode obter diversos tamanhos de bolas a serem encaixadas na caixa.

BONECA DE CAIXA DE FÓSFORO

Materiais:

• Uma caixa de fósforos

• Papelão (pode ser uma caixa)

• Uma moeda

• Lãs coloridas

• Agulha para lã

• Um prego

• Um martelo

• Fita adesiva

• Canetinha hidrocor

• Estilete

• Papel colorido ou revista

Modo de fazer:

Faça um círculo no papelão, utilizando a moeda como modelo. Em seguida, desenhe um retângulo bem abaixo do círculo, como indica a figura:

Recorte esta figura como um todo. No círculo, no topo oposto ao retângulo, faça um furinho, com o prego. É aí, que você vai amarrar os cabelos de lã, da boneca. Desenhe seu rostinho.

Na parte de dentro da caixinha, onde originalmente ficam os palitos de fósforo, faça, de um lado, um corte com o estilete para encaixar o retângulo que segura a cabeça; do outro lado, faça dois furinhos paralelos – É aí que as pernas vão encaixar.

Na parte de fora da caixinha, nas duas laterais onde a gente risca o palito, faça dois furinhos – um em cada lateral. E atenção, é preciso bater o prego levemente, para não quebrar a caixinha. Faça os dois furinhos na mesma altura – é aí que os braços vão encaixar.

1. Fazendo a cabeça: Desenho o rosto. Com a agulha, enfie, no furo já aberto, um pedaço de lã que servirá para amarrar o cabelo. Você pode fazer tranças ou deixar o cabelo solto.

2. Colocando a cabeça: Insira a parte do retângulo no recorte feito na parte de dentro da caixinha. Fixe com fita adesiva.

3. Fazendo os braços e pernas: Faça quatro tranças, quanto mais compridas, mais divertida ficará a boneca. Amarre as pontas com lã ou fita adesiva.

4. Colocando as pernas: Passe, com a agulha, um pedaço grande lã nos buracos destinados às pernas – na parte interna da caixinha – seguindo esta rota: de fora do 1º furo passa-se para dentro da caixa, passe para o 2º furo, saindo da caixa. Agora, as duas pontas da lã ficaram para fora da caixa. Amarre as pernas dando um nó bem forte. Se preferir, pode colocar também, fita adesiva.

5. Colocando os braços: Passe, com a agulha, um pedaço grande lã nos buracos destinados aos braços – na parte externa da caixinha – seguindo esta rota: de fora do 1º furo passa-se para dentro da caixa, passe para o 2º furo, saindo da caixa. Agora, as duas pontas da lã ficaram para fora da caixa. . Amarre os braços dando um nó bem forte. Se preferir, pode colocar também, fita adesiva.

Outras ideias: Você pode usar papel colorido para criar a roupinha da boneca, fazer laços de fita para enfeitar seu cabelo, etc.

QUADRO DE ISOPOR

MATERIAIS:

• Uma bandeja de isopor

• Canetinhas coloridas

• Um palito com ponta (Pode ser de palito de churrasco ou palito de dente)

• Lã, linha, ou um pedaço de elástico

• Cola colorida

MODO DE FAZER:

Faça um desenho, furando a bandeja com o palito.

Pinte os furos do desenho com canetinha colorida.

Faça dois furos na parte superior da bandeja, um de cada lado da bandeja para passar a linha, ou lã ou elástico. Passe uma ponta da linha em cada furo, dando um nó para não sair.

Agora é só pendurar o quadro pelo elástico.

BILBOQUÊ

Modo de fazer:

Pegue o gargalo da garrafa e faça um furo com perfurador ou estilete. Amasse a folha de jornal até formar uma bola. Em seguida, corte 1m e 30cm de barbante, dê quatro nós cruzados na bolinha de jornal e prenda no gargalo de garrafa, com dois nós.

Como brincar:

Com apenas uma mão, lançar a bolinha de jornal para encaixá-la dentro do gargalo da garrafa.

OBS: Este brinquedo trabalha a mão, o antebraço, o braço e o ombro. Sendo muito bom para a coordenação motora.

VAI-VEM

Materiais:

• Duas garrafas pet

• Dois rolos de papelão de papel higiênico

• Dois barbantes de varal de 3 metros de comprimento cada um

• Quatro pedaços de madeira com 22 centímetros de comprimento cada um

• Papel colorido

• Cola branca e colorida

• Tesoura

Modo de fazer:

1. Corte ao meio as duas garrafas de refrigerante e encaixe uma na outra

2. Recorte faixas e estrelas de papel colorido e cole-as no corpo do brinquedo para decorá-lo

3. Passe os cordões de náilon pelo corpo do vai-vem, como indica a foto. Não deixe que se cruzem

4. Encape as madeirinhas com papel colorido

5. Corte os rolos de papelão ao meio. Eles impedem que o vai-vem bata na sua mão.

6. Encape e decore os rolos com papel colorido

7. Passe fio pelos rolinhos e amarre cada uma das pontas numa madeirinha. Está pronto o brinquedo!

PORTA-TRECOS

Modo de fazer:

Depois de lavada e secada, corte a garrafa ao meio. Cole pedaços de papel de presente ou papel contato em formato de flores, formas geométricas ou outros objetos de seu gosto no porta-treco para decorar.

OBS: Ao fazer o vai-vem (brinquedo) você pode aproveitar as partes inferiores das duas garrafas e fazer dois porta-trecos.

MARACÁ

Modo de fazer:

Retirar o rótulo da garrafa, lavar por dentro e por fora, após secar, colocar sementes de arroz ou feijão ou outras. Se você tiver um cabo de vassoura, corte um pequeno pedaço (20cm) e encaixe na garrafinha. Se preferir, pegue uma folha de jornal, dobre e passe a fita adesiva, formando o cabo para acoplar na garrafa. A pintura é opcional.

CHOCALHO

Materiais:

• Uma lata de alumínio

• Sementes, grãos ou pedrinhas

• Fita adesiva

Modo de fazer:

Você pode enfeitar seu chocalho com figuras que você desenha ou recorta de revista ou jornal e cola. Ou pode pintar sua lata com tinta plástica.

Encha sua lata com a semente que você tiver ou pedrinhas.

Cada semente fará um barulho diferente e você pode fazer vários chocalhos e conseguir diversos sons.

Vede o buraco da latinha com fita adesiva e cole uma figura por cima para dar um acabamento legal.

*Outras ideias: Também é possível fazer o chocalho com potinhos de iogurte, enchendo-os também com sementes ou pedrinhas e colando as bordas com fita adesiva. Assim, você conseguirá ainda mais variações de sons. Você também pode enfeitar os chocalhos da mesma maneira que o maracá.

DISCO VOADOR

Materiais:

• Um pedaço de papelão

• Restos de papéis coloridos

• Tesoura

• Caneta

• Cola branca

Modo de fazer:

Pegar um prato como fôrma, marcar no papelão com a caneta e recortar.

Este servirá de molde para que os demais discos sejam feitos. Depois pintar ou colar restos de papel colorido para decorar.

Após secar, é só formar duplas e brincar. Um joga e o outro pega e vive-versa.

TIRO ÀS ARGOLAS

De 2 a 6 jogadores

Materiais:

• Jornal

• Fita adesiva

• Cabide

• Papel colorido (três cores diferentes)

• Barbante

Modo de fazer:

Faça três rolinhos com o jornal colando as extremidades, formando argolas. Passe cada papel colorido em volta de cada argola e forre-as com fita adesiva. Assim, você terá argolas de cores diferentes e cada uma terá uma pontuação. Faça 12 bolinhas de jornal, passando fita adesiva em volta. Prenda as argolas com barbante no cabide e pendure-o em algum lugar que tenha uma altura adequada à altura das crianças.

Fica a critério do professor qual a pontuação correspondente à cada cor. Pode ser por unidades, dezenas, ou relativo à alguma tabuada que estejam trabalhando. Fica também por conta do professor, quantas rodadas serão feitas para que termine o jogo.

Ganha quem fizer mais pontos.

PEGA BOLINHAS

De 2 a 4 jogadores

Materiais:

• Papelão

• Palitos de churrasco ou de pipa

• Uma moeda

• Canetas hidrocor

Modo de fazer:

Use a moeda para desenhar 40 círculos no papelão. Recorte e pinte, de um lado, os círculos de cores diferentes:

• Cinco pretos – vale 50 pontos

• Quinze vermelhos – vale 5 pontos

• Dez azuis – vale 10 pontos

• Dez verdes – vale 15 pontos

• Do outro lado do círculo, escreva o valor correspondente.

Como jogar:

Jogue, desordenadamente, as rodelas na mesa ou no chão. Cada participante, na sua vez, tenta remover as rodelas com o palito, sem mover as demais. Ganha quem fizer mais pontos.


O JOGO DOS CORPOS

De 2 a 6 jogadores

Materiais:

• Cartolina de quatro cores diferentes

• Canetas hidrocor

• Tesoura

Modo de fazer:

Preparar 60 cartões de cartolina divididos em quatro séries iguais, ou seja 15 cartões de cada cor.

Para cada cor de cartão desenhe: cabeça, pescoço, tronco, 2 braços, 2 mãos, 2 coxas, 2 joelhos, 2 panturrilhas e 2 pés.

Como jogar:

Distribua seis cartões para cada participante. Com o restante faz-se um monte. O primeiro coloca o cartão que quiser sobre a mesa.

O segundo deverá colocar um cartão que complete o primeiro (uma mão na extremidade do braço).

Os cartões devem ser da mesma cor, ou seja, as partes pertencem ao mesmo corpo.

Se um jogador não tiver o cartão adequado poderá começar outro corpo.

Quando os quatro corpos tiverem sido começados, o jogador que não tiver o cartão adequado poderá compra um cartão, se ainda não conseguir o cartão adequado, perde a vez.

Cada cartão colocado vale um ponto, exceto o que terminar a formação de um corpo que valerá 15.

Terminados os quatro corpos, ganha quem tiver mais pontos.

PASSA BOLA

Materiais:

• Garrafas pet

• Jornal

• Fita adesiva

• Tesoura

Modo de fazer:

Recorte as garrafas pet e fique apenas com a parte superior da garrafa. Passe a fita adesiva na borda recortada, a fim de dar acabamento. Enrole folhas de jornal até fazer uma bola e passe fita adesiva em volta.

Como jogar:

As crianças devem estar dispostas em círculo. Cada uma terá um cone de pet. O jogo consiste em passar a bola uns para os outros, por meio dos cones. Enquanto elas passam, podem cantar uma música, recitar um poema, ou fazer contas de cabeça.

*Outras ideias: Pode-se fazer as bolinhas com meias velhas também.

BOLICHE

Material:

• 10 garrafas pet

• Jornal

• Fita adesiva

• Cartolina

• Canetas hidrocor

Modo de fazer:

Corte pequenos pedaços de cartolina e numero-os de 1 a 10. Com a fita crepe, fixe cada número em uma garrafa. Amasse algumas folhas de jornal até formar uma bola e passe bastante fita crepe envolvendo-a, para deixá-la firme e pesada.

Disponha as garrafas como pinos de boliche (uma fileira com quatro bolas, uma com três bolas, uma com duas bolas e a última com uma bola só, bem na frente). A uma distância de pelo menos cinco metros, a criança rola a bola no chão, em direção às garrafas, para tentar derrubá-las.

A pontuação é calculada de acordo com os números correspondentes às garrafas que forem derrubadas. Quem somar mais pontos em cinco rodas vence. A cada rodada, as garrafas devem ser recolocadas no lugar, mas em posições diferentes e sem que a criança possa visualizar os números.

QUEBRA-CABEÇA

Materiais:

• Papel cartão

• Lápis

• Tesoura

• Cola

• Revista

Modo de fazer:
Recorte uma imagem da revista, cole na folha de papel cartão. Na parte de trás faça traços como se fossem peças de quebra cabeça. Recorte e depois monte!

JOGO DOS 10

Materiais:

• Duas garrafas pet

• Dez bolinhas de gude (que caibam no gargalo da garrafa), ou sementes grandes ou miçangas grandes

• Fita adesiva larga

• Papel e lápis para registro dos pontos

Modo de fazer:

Recorte uma das garrafas (nº1) perto da base, esta será a garrafa de fora, que você vê na imagem. Recorte a segunda garrafa (nº2) perto do topo, deixando-a em forma de cone.

Coloque as bolinhas (ou sementes, ou miçangas), dentro da parte de cima da garrafa nº1, tampada. Depois disso, encaixe a garrafa nº2 com o gargalo apontado para o gargalo da garrafa nº1. A seguir, encaixe a base no topo, montando assim, da garrafa nº1. Agora, passe fita adesiva para fixar as partes.

Como brincar: O "jogo dos 10" é uma espécie de bilboquê, no qual as crianças devem colocar as bolinhas de gude dentro do funil (garrafa nº2). Ganha o jogo quem colocar mais bolinhas dentro do funil, em determinado tempo, ou número de tentativas.

PÉ DE LATA

Materiais:

• Duas latas grandes (pode ser de nescau)

• Barbantes

• Prego

• Martelo

Modo de fazer:

Fazer dois furos com o prego na parte de baixo de cada lata, deixando espaço para a criança colocar os pés. Após colocar o barbante nos furinhos e amarrar as pontas na parte de dentro da lata.

Para brincar, basta subir com um pé em cada lata, segurando o barbante movendo as pernas e andar.

OBS: O barbante varia de tamanho de acordo com o tamanho da criança, mas deve ficar na altura das mãos.

Objetivos: Desenvolver a coordenação motora, e o equilíbrio.

DOMINÓ

Material:

• Revistas e jornais

• Papelão

• Canetas

• Tesoura

• Cola

Como fazer:

Recorte vinte e oito figuras pequenas de revistas ou jornais. Recorte o papelão em 28 retângulos de 5 centímetros x 10 centímetros. Faça um risco dividindo cada retângulo em duas metades. Em uma das metades, será colada uma figura, na outra, será escrito o nome de uma outra figura. Faça isso em todas as peças, certificando-se de escrever o nome de todas as figuras.

Coloque uma peça na mesa e distribua as demais entre os participantes. Um de cada vez, os jogadores devem encaixar o nome à imagem correspondente, ou vice-versa, até que não sobre mais nenhuma peça na mão.

FLOR E VASO

Materiais:

• Uma garrafa pet

• Tesoura

• Cola

• Fita adesiva

• Tinta

• Pincel

• Um palito de churrasco ou uma vareta de pipa

Modo de fazer:

1. Pegue uma garrafa PET com a tampinha, retire o rótulo e lave bem . Corte as laterais da garrafa, conforme a figura.

2. Com o gargalho, você vai fazer o suporte, uma espécie de vasinho, e com a base, a flor. A parte do meio serve para fazer as folhas. Pegue o bocal cortado e faça um furinho no meio da tampa da garrafa. Aí você vai fixar o palito com a flor.

3. Na parte de baixo da garrafa, desenhe o contorno de uma flor, aproveitando o formato da base que já lembra isso.

4.  A parte de baixo da garrafa, desenhe o contorno de uma flor, aproveitando o formato da base que já lembra isso. Recorte , conforme a figura.

5. Aproveite a parte do meio da garrafa para fazer duas folhinhas. Se a garrafa já for verde, você nem precisa pintar; caso contrário, pinte-a.

6. Pinte o palito e cole-o na flor, deixando-a em pé.

PALHAÇO CONE DE LÃ

Materiais:

• Um cone vazio de linha ou lã (pode ser de papelão ou plástico)

• Uma vareta de pipa ou palito de churrasco

• Uma bola de isopor grande (para a cabeça)

• Lã

• Papel colorido

• Retalhos de tecido

• Canetinha

• Tesoura

• Cola branca e de isopor

Modo de fazer:

Pegue o cone vazio (já vem com furo no meio) e encape-o com papel colorido.

Desenhe o rostinho do palhaço ou, se preferir, desenhe, recorte e cole os olhos, nariz e boca.

Faça os cabelos com fios de lã, colando-os no alto da cabeça. Se preferir, pode prendê-los com alfinete.

Com a cabeça pronta, espete-a no palito ou vareta. Se desejar, faça um chapéu para o palhaço.

Corte um quadrado de tecido de cerca de 30x30 cm e transpasse-o pelo palito para que se transforme em corpo do palhaço. Amarre um laço no pescoço do boneco para dar acabamento.

Vire o cone de cabeça para baixo e coloque o palhaço dentro dele. Cole as bordas do tecido na extremidade mais fina da parte de dentro do cone.

Pronto! Agora seu palhaço pode entrar e sair do cone!

  • Coletânea de atividades catalogadas por Carol Schiesari

SITES DE REFERÊNCIA:

http://ludicidadealvorada.blogspot.com/

http://rosanacaohan2.blogspot.com/

http://www.clicfilhos.com.br/site/display_materia.jsp?titulo=Lixo+que+vira+brinquedo

http://mundinhodacrianca.blogspot.com/

http://educacaoparaavida.pbworks.com/Brinquedos-de-Sucata

http://www.junior.te.pt/

http://ecoamigos.wordpress.com/2007/11/02/sucata-que-vira-brinquedo-recicloteca-e-outras-ideias-legais/

http://cantinholudicodagre.blogspot.com/2008/01/brinquedos-pedaggicos-de-sucatas.html

http://educaresonhar.blogspot.com/2008/03/meninas.html

http://carrosseldaaprendizagem.blogspot.com/2009/03/arte-em-sucata.html

http://brinquedoscomsucata.blogspot.com/