O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Baracho e seus Cirandeiros - Ciranda no Pátio de São Pedro (20/09/2011)

A Ciranda é uma dança de roda muito conhecida como brincadeira infantil. Mas, em Pernambuco, a ciranda é de todos, praticada por adultos, jovens, crianças, velhos, homens e mulheres. Na ciranda, costuma haver um mestre, um contra-mestre e os músicos, que ficam no centro da roda (normalmente tocam zabumba, caixa e ganzá, mas outros instrumentos podem aparecer). Os participantes são os cirandeiros e cirandeiras. A roda começa, em sentido anti-horário, normalmente pequena, e vai aumentando com a chegada de mais cirandeiros. Cabe ao mestre a responsabilidade de iniciar e comandar a animação, de tirar os cantos e de tocar o ganzá. É o integrante mais importante, e, muitas vezes, seu nome identifica a ciranda, como a Ciranda de Lia, a Ciranda de Dona Duda, a Ciranda de Baracho. O Mestre Baracho da Ciranda, cujo nome era Antônio Baracho da Silva, nasceu em Nazaré da Mata, em Pernambuco. Ainda muito pequeno, mudou-se para Abreu e Lima, onde passou a maior parte da vida. Foi um grande compositor de cirandas, e foi também Mestre de Maracatu. Como nunca se preocupou com os registros legais da autoria, várias de suas composições foram gravadas por outros artistas, sem menção à sua autoria. A autoria da famosa Lia de Itamaracá, cujos versos são os mais conhecidos da ciranda (Essa ciranda quem me deu foi Lia / Que mora na ilha / de Itamaracá) é objeto de pendengas e brigas entre Baracho, seus descendentes, a própria Lia de Itamaracá e Teca Calazans.  Também é atribuída a Baracho a autoria dos versos “Ó cirandeiro, cirandeiro ó, a pedra do seu anel / brilha mais do que o sol”, que foram utilizados na música “Cirandeiro”, de Edu Lobo e Capinam, sem que Baracho fosse citado como autor. Ele faleceu em 1988, aos 81 anos, de câncer na garganta, em decorrência de anos fumando. Esse é um dos poucos registros de sua ciranda. Ele tem a famosa Lia de Itamaracá, mas tem outras belas canções, como Minha Melodia. Reparem na capa, ela transmite o clima de paz e alegria que reina nas cirandas.


Lado A

        01-Lia de Itamaracá
         Morena vem ver
         Lembranças de Brasília
         Cavalo de aço
        02-Boneca cobiçada
        03-Quem ama sofre
        04-Minha melodia

 Lado B

01-Meus cabelos brancos
 Praça do Brás
 Pontas de pedras
02-Praia de Lucena
03-Copacabana
04-Despedida

2 comentários:

Flabbergast disse...

nossa, comprei esse disco apenas desse mês de um cara na Chá de Alegria... É uma reliquia no selo pequeno Cactus de Recife. Gosto muito que vc anotou que Baracho foi um cantador de maracatu de baque solto - é uma pena que nunca deixou um registro gravado.

Como vc deve saber, ele gravou dois discos pelo selo Rozenblit. Postei o primeiro no meu blog. O segundo, só ví uma vez, detonado e sem capa, e fico procurando de novo desde aquele dia..

http://flabbergasted-vibes.blogspot.com/2010/06/baracho-e-imperial-vamos-cirandar-1972.html

Flabbergast disse...

Mais uma observação -- é meio engraçado que o disco se apresenta como foi gravado ao vivo, mas foi feito num estúdio... Vou postar o disco inteiro em algumas semanas