10 fevereiro, 2009

A catequese na Missão da Igreja




Tomar consciência do interesse e do lugar que ocupa a Catequese na vida da Igreja é muito importante. Pois, por um lado, facilita o diálogo entre os vários agentes. Não aconteça que perspectivas diferentes levem a que, com as mesmas palavras, entendamos realidades diversas. Isso seria factor de confusão e não nos permitiria avançar na reflexão e no trabalho em equipa. Por outro lado, só uma clarificação de conceitos permite que caminhemos na direcção certa ou nos aproximemos dessa mesma direcção.
Assim, a grande questão que hoje se nos coloca é: Qual o lugar da Catequese, como a actividade pastoral que envolve mais gente, na vida da Igreja?
Para lá chegarmos, comecemos pela realidade.

1.Qual o nosso conceito de catequese? (Trabalho de grupos ou “chuva de ideias”)
- O que pensam as pessoas, em geral, acerca da catequese?
- O que pensamos nós catequistas sobre a nossa actividade?

(No caso de trabalho de grupos, dar tempo para o plenário)

2. A catequese de Jesus:

Jesus é o grande catequista do Pai. É Ele que nos descobre esse “vulcão” de amor que é o coração de Deus por cada um de nós. Em sentido geral, Jesus é o maior e o único catequista.
Mas terá Jesus feito catequese, parecida com os nossos encontros de Catequese? Ou mais correctamente, a nossa catequese inspira-se no estilo de encontros de Jesus?
Consideremos algumas passagens:

- Zaqueu: Lc 19, 1-10;
- Samaritana: Jo 4, 1-42;
- Discípulos de Emaús: Lc 24, 13-35.

O que verificamos de comum nestes textos?

- Temos sempre uma situação de diálogo iniciado por Jesus;
- Jesus entra na realidade que cada um está a viver: a curiosidade de Zaqueu, a sede da samaritana ou o desânimo de Cléofas e do companheiro;
- Jesus anuncia uma mensagem que supera as expectativas dos seus interlocutores (salvação, água viva, esperança);
- Jesus verifica se a mensagem chega ao coração, se há um sim... transformando um desconhecido em discípulo;
- Essa mensagem provoca atitudes de conversão e compromisso;
- Esse compromisso leva o discípulo a ser testemunha (a ser um discípulo completo).
Temos ou não verdadeiras catequeses, autênticos encontros em que se inspira a nossa catequese?

3.O que pensa a Igreja acerca da Catequese?

E a Igreja que pensa oficialmente acerca da Catequese? Se dizemos que esta actividade faz parte da missão da Igreja, se nós, como catequistas, não estamos por nossa conta, mas em nome da comunidade, importa saber o que nos diz a Igreja hoje acerca da catequese.

- Documentos de referência obrigatória para a Catequese:

- Catechesi Tradendae, de João Paulo II, 1979

Trata-se de um documento assinado pelo Papa João Paulo II, mas que estava já a ser preparado (Documento de três Papas). Surge na sequência do Sino do dos Bispos sobre a Catequese. É o documento inspirador da reflexão sobre a Catequese nos finais do século XX e da renovação a que assistimos em Portugal nas últimas décadas.
Este documento, na sequência do Concílio Vaticano II, situa a catequese no âmbito da evangelização da Igreja e não como actividade separada.

- Catecismo da Igreja Católica, 1992

O CIC é um texto oficial do Magistério da Igreja. Reúne, de forma resumida e organizada, os acontecimentos e as verdades fundamentais da salvação que exprimem a fé comum do Povo de Deus. É a referência básica e indispensável para a catequese, nomeadamente no que se refere à mensagem, isto é, aos conteúdos. Por isso, evita as interpretações particulares, as hipóteses pessoais ou opiniões de alguma escola teológica (cf DGC 124). Dá-nos a fé comum do Povo de Deus com a interpretação autorizada do Magistério da Igreja (actuado por Papa e Bispos a ele unidos).
Os nosso Bispos consideram o Catecismo da Igreja Católica "como texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica e , de modo particular, para a elaboração dos catecismos locais" (FD 4; cf ATV 1). É por isso normal a ligação dos nossos catecismos ao Catecismo da Igreja Católica.

- Directório Geral da Catequese, 1997

O Directório Geral de Catequese (DGC) é "um subsídio oficial da Santa Sé para a transmissão da mensagem evangélica e para o conjunto do acto catequético" (DGC 120).
É neste momento o documento que mais clarifica o lugar da catequese na missão da Igreja. Podemos dizer que complementa o Catecismo (CIC), dando noções precisas sobre catequética e pedagogia, estabelece o enquadramento da catequese e procura responder às questões mais importantes que se colocam à actividade catequética de hoje.

- Para que acreditem e tenham vida – Orientações para a Catequese Actual, da Conferência Episcopal Portuguesa, 2005

Não sendo propriamente um Directório Nacional (que poderia existir), é o que mais se lhe assemelha. Confronta os princípios gerais da Catequese com a nossa realidade e a nossa experiência em Portugal.
Trata-se de um documento muito conseguido dos nossos bispos, em que a precisão dos conceitos convive com as preocupações pastorais. Sem resolver todos os problemas, estabelece parâmetros, define orientações. É uma injecção de esperança e de clareza sobre a nossa Catequese.
Este documento ainda não foi totalmente descoberto na sua profundidade e beleza. Bem podemos chamar-lhe o “livro de bolso” do Catequista.

4. O que devemos pensar acerca da Catequese? (A Continuar)

- A catequese na missão evangelizadora da igreja
- A catequese é elemento da iniciação cristã
- A catequese faz-nos construtores de uma comunidade missionária

(Esta é apenas a primeira parte do tema, pois falta uma espécie de definição do que é a Catequese, isto é, falta dizer o que a Igreja pensa de facto e o que devemos pensar nós a partir desse fio principal do pensamento da Igreja).

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