quinta-feira, 6 de maio de 2010

Monografia: CONTRIBUIÇÕES DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL AO PROCESSO DE FORTALECIMENTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PROPOSITIVAS NA AMBIÊNCIA EDUCATIVA Porto

1
FACULDADES INTEGRADAS PORTAL/ASSERS
ANDRÉIA CÁSSIA DA SILVA SKIERESZ
CONTRIBUIÇÕES DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL AO PROCESSO DE
FORTALECIMENTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PROPOSITIVAS NA
AMBIÊNCIA EDUCATIVA
Porto Alegre
2009
2
ANDRÉIA CÁSSIA DA SILVA SKIERESZ
CONTRIBUIÇÕES DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL AO PROCESSO DE
FORTALECIMENTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PROPOSITIVAS NA
AMBIÊNCIA EDUCATIVA
Monografia apresentada como requisito final
para obtenção de grau de Especialista, pelo curso
de Pós-Graduação Especialização Lato Sensu em
Supervisão Educacional pelas Faculdades Portal –
Porto Alegre.
Orientadora: MSc. Rosane Oliveira Duarte Zimmer
Porto Alegre
2009
3
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária responsável: Denise Mari de Andrade Souza CRB 10/960
S628c Skieresz, Andréia Cássia da Silva
Contribuições da Supervisão Educacional ao processo de
fortalecimento das relações interpessoais propositivas na ambiência
educativa / Andréia Cássia da Silva Skieresz. -- Porto Alegre:
Faculdades Integradas Portal/ASSERS, 2009.
51 p.
Orientadora: Rosane Oliveira Duarte Zimmer
Monografia (Especialização) - Faculdades Portal/ASSERS,
Pós-Graduação: Supervisão Educacional
1. Supervisão Educacional. 2. Relações Interpessoais. 3. Pedagogia.
I. Zimmer, Rosane Oliveira Duarte. II. Faculdades Portal/ASSERS.
III. Título.
CDU:37.01
37.014.66
371.214
4
TERMO DE APROVAÇÃO
Na qualidade de Professora Msc ROSANE OLIVEIRA DUARTE ZIMMER
Orientadora da Monografia de Pós-graduação, da aluna Andréia Cássia da Silva
Skieresz tendo por considerar que foi desenvolvida nas Faculdades Integradas da
Rede de Ensino PORTAL, Pró–Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão,
no Curso: Pós-Graduação “Lato Sensu” Especialização Supervisão Educacional, em
Porto Alegre e reúne as condições necessárias para ser lograda a aprovação.
......................................................................................................................
MSc.ROSANE OLIVEIRA DUARTE ZIMMER
PROFª ORIENTADORA
5
DEDICATÓRIA
Dedico ao esforço atribuído para
a realização de mais uma
conquista pessoal.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus que está sempre ao meu lado.
Ao meu amigo e companheiro João Batista Skieresz.
A uma pessoa que me fez acordar e a observar melhor as
pessoas, o professor João Batista Ramos.
E sem deixar de manifestar minha profunda admiração e
respeito a minha orientadora Rosane Zimmer, a qual
considero única e especial.
7
“Nada se colhe por acaso. Plante, mesmo na
época de colheita generosa”.
SIMÃO DE MIRANDA
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RESUMO
O presente trabalho invade o ser humano em sua totalidade, a fim de
conhecê-lo, desvendá-lo e por fim, respeitá-lo. Pressupõe, que para decifrar o outro
eu preciso primeiro me conhecer e, só assim perceber que as relações acontecem
num ato de dar e receber. Destaca o ambiente como fator preponderante no
comportamento das pessoas e, por conseqüência, este influencia nas relações
interpessoais e, supostamente nos resultados das aprendizagens em todos os
sentidos. E por fim, destaca a ação da Supervisão Educacional como determinante
na construção de vínculos nas ambiências escolares beneficiando sobremaneira o
equilíbrio desses relacionamentos.
Palavras-chave: Ser Humano. Relações Interpessoais. Supervisão Educacional.

INTRODUÇÃO
Vocação, opção ou destino são palavras que fazem parte da minha escolha
profissional. Desde menina manifesto o desejo em ser educadora, o que foi com o
tempo, aguçando-se cada vez mais.
A adolescência aflorou e os sentimentos acabaram misturando-se com a
“rebeldia” da idade e a vontade de exercer a profissão acabava se perdendo. Porém,
a escolha não era só minha e a decisão maior foi a dos meus pais.
Formação iniciada com o magistério, aos poucos meu destino estava sendo
traçado. Confesso que comecei a torcer por ele, apenas quando percebi que estava
trilhando os caminhos certos, pois aí se iniciava uma paixão pela educação.
Interessei-me tanto que durante o período do estágio, fui convidada a lecionar
na mesma instituição que me acolheu. Este foi o meu primeiro emprego em uma
instituição privada, como professora de educação infantil nível B.
Era muito querida por todos da escola e pelos responsáveis dos alunos.
Ouvia sempre dizer que estava no caminho certo, ou seja, estava no meu “sangue”,
essa realmente era a minha vocação. Recordo aqui, quando Rubem Alves (apud
BRANDÃO) assinalava que “educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E
toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança” (1982, p. 16).
Aos poucos, a cada ano, estava cada vez mais apaixonada pela minha
profissão. Procurei, então, prestar vestibular e dar início ao meu desejo de continuar
estudando e melhorar minha profissionalização, logo, formação.
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Minha opção na faculdade foi a Pedagogia com habilitação na educação
infantil, o que comecei a cursar na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul1, em Porto Alegre.
Neste mesmo ano, necessitei trocar de emprego, uma instituição tradicional e
reconhecida com excelência dentro desta cidade. Porém, foi através da mesma, que
o meu desejo e a minha vocação estavam se perdendo, pois para esta escola o que
realmente importava eram as quantidades de conteúdos que estavam sendo
ensinados para os educandos, ao contrário da filosofia que eu acreditava. Contudo,
precisava do emprego para continuar estudando, mesmo sem sentir o prazer inicial
ao exercer a profissão docente. Neste sentido Freire analisa esta questão, expondo
que pensar certo – e saber que ensinar não é transmitir conhecimento é
fundamentalmente pensar certo – e uma postura exigente, difícil, às vezes penosa,
que temos de assumir diante dos outros e com os outros, em face do mundo e dos
fatos, ante nós mesmos. É difícil, não porque pensar certo seja forma própria de
pensar santos e de anjos e a que nós, arrogantemente aspirássemos. E difícil, entre
outras coisas, pela vigilância constante que temos de exercer sobre nós próprios
para evitar os simplismos, as facilidades, as incoerências grosseiras (2004, p.49).
Diante deste desafio bem como outros enfrentados no plano pessoal, decidi
parar de estudar, ao mesmo tempo parar de trabalhar. Entretanto, logo iniciei em
uma creche sendo recreacionista da educação infantil. Foi lá que meu desejo
começou a aparecer novamente. Passados alguns meses, estava administrando e
gerenciando a mesma.
Voltei a estudar e retomei os estudos na Universidade Luterana do Brasil2, no
mesmo curso Pedagogia e com a mesma habilitação Educação Infantil. Durante o
dia trabalhava na creche, porém, era professora e ao mesmo tempo uma das
proprietárias da mesma. A rotina era cansativa e como prestadora de serviços devia
estar sempre acompanhando e inovando a qualidade do meu estabelecimento.
Foi a partir deste momento, que resolvi mudar a habilitação do curso e optar
por supervisão educacional3. Fiz mais escolhas e comecei a fazer cursos que
trouxessem mais conhecimentos para esta decisão.
1 PUC/RS – Pontifícia Universidade Católica localizada na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
2 ULBRA/RS – Universidade Luterana do Brasil, localizada na cidade de Canoas, Rio Grande do Sul.
3 Supervisão Educacional- Curso oferecido pela Universidade Luterana do Brasil, ULBRA/RS.
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Anos mais tarde, vendi minha parte na creche e comecei a lecionar em uma
escola. Esta, também, uma instituição privada. Fui professora nas séries iniciais do
ensino fundamental 1ª e 4ª séries, e por estar muito envolvida com minha formação
acadêmica fui convidada a ser supervisora escolar das séries iniciais. Experiência
que trouxe grandes aprendizados e frustrações, pois para a instituição a supervisora
era uma fiscalizadora das ações dos professores. No início vesti a fantasia e a
máscara e tornei-me bruxa daquela história.
Comecei a perceber que estava fazendo tudo errado e as disciplinas
específicas da minha habilitação começaram a ter sentido para a minha prática.
Senti que ainda precisava de muito aprendizado e que aquela não era a hora certa
para estar exercendo a minha escolha, esse não era ainda o meu destino.
Mais uma vez arrisquei, deixei de lecionar e supervisionar nesta instituição e
procurei qualificar meus estudos na área da alfabetização. Novamente, me envolvi e
senti que estava voltando a percorrer os caminhos certos. A universidade e alguns
profissionais da mesma ajudaram-me a pensar e refletir sobre minhas ações práticas
e pedagógicas. Nesta época, estava trabalhando em uma escola luterana como
alfabetizadora. Fui convidada pela instituição para fazer meu estágio curricular, pois
a escola estava passando por mudanças e o grupo (funcionários, professores e
setor administrativo) estava desarticulado. Senti-me mais uma vez desafiada e
procurei um tema que trouxesse uma mudança significativa nas relações daquelas
pessoas. A vontade de fazer a diferença foi tanta que construí um projeto com o
qual ajudou a promover o processo educativo da escola. Porém tanto desempenho e
uma profunda entrega trouxeram frutos negativos. Isso se deu por que de um lado,
foi possível conquistar professores e funcionários, de outro recebi contestação por
parte da supervisora, que achava que todo aquele trabalho não estava ajudando
ninguém, mas a sustentação pedagógica do mesmo não deixava que ele fosse
terminado. Concluído o estágio e a graduação, comecei a perceber que minha atual
qualificação ainda incomodava muito essa profissional e aos poucos, fui observando
que aquele ambiente profissional não estava me trazendo nenhum aprendizado,
apenas um enorme grau de insatisfação. Logo, veio o meu desligamento e com ele
novos sofrimentos e mais aprendizagens. Sofrimento por achar que eu havia errado
e aprendizado a qual me fez ver que eu precisava de novos desafios. Foi neste
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momento que decidi buscar a minha formação e comecei a participar da ASSERS4.
Grande aprendizado e rumo ao caminho certo, pois foi nesta empresa que percebi
que eu poderia continuar sendo um diferencial e ainda, trabalhar na área que eu
sempre acreditei.
Ditado sábio “nada acontece por acaso”, foi assim que se deu a necessidade
da continuidade à formação permanente e a Pós-graduação em Supervisão
Educacional ajudou muito na busca incessante de mudanças.
Parece que tudo isso que aconteceu em minha busca profissional era algo
que o destino havia reservado para mim. Acreditava que educar ia além da
transmissão e reprodução de saberes, estava interligada com a troca de esses
saberes que professores e alunos estabelecem em um ambiente educativo.
Não foi só a minha concepção de educar que se transformou, pois hoje vejo a
supervisão associada com todos esses fatores, sendo um trabalho coletivo que
acontece horizontalmente, pois lida com pessoas dotadas de sentimentos, idéias e
concepções. Alarcão (apud RANGEL) destaca a supervisão pedagógica dirigi-se ao
ensino e à aprendizagem. O seu objeto é a qualidade do ensino, porém os critérios e
a apreciação da qualidade não são impostos de cima para baixo numa perspectiva
de receituário acriticamente aceito pelos professores, mas na interação entre o
supervisor e os professores (2001, p.12).
Em virtude de tudo isto, comecei a participar como supervisora na formação
continuada de professores envolvendo a temática das Relações Interpessoais a fim
de mostrar que para transformar precisamos acreditar na mudança. Hoje estou
realizando um grande desejo e tenho muito a aprender e dividir com os profissionais
envolvidos nesta nova perspectiva de educação.
4 ASSERS- Associação dos Supervisores de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, instituição
com 36 anos de história na busca pela regulamentação da profissão e reconhecimento destes
profissionais.
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1 HISTÓRICO DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL
Busco contextualizar o histórico a Supervisão Educacional até a atualidade,
percebendo que a função supervisora era a “ação de velar por alguma coisa ou
alguém, a fim de assegurar a regularidade de seu funcionamento ou de seu
comportamento difuso e diferenciado nas sociedades primitivas” (SAVIANI, 2000).
Com a evolução do homem e sua história, o pedagogo na Grécia Antiga era o
escravo que tomava a criança e a conduzia até o mestre do qual recebia a lição,
depois passou a ser o próprio educador. No período feudal, onde se predominava a
economia de subsistência no campo e na agricultura, a educação ocorria no âmbito
mais fechado, pois as comunidades se estabeleciam por laços de parentesco.
Na era moderna as relações mudam substancialmente, pois é um período de
grandes transformações com o aparecimento da indústria, do código escrito e da
imprensa. Essas modificações não acontecem somente no campo social, existe um
deslocamento do eixo do processo cultural do saber espontâneo para a viabilização
de um saber metódico, sistemático, científico que começa a se institucionalizar na
escola.
No Brasil, o Radio Studiorum adotado após a morte de Nóbrega, em 1570,
previa a figura do prefeito geral dos estudos como assistente do reitor para auxiliá-lo
na boa ordenação dos estudos, a quem todos os professores deveriam obedecer.
Segundo Saviani apud Ferreira, existiam outras atribuições para os mesmos:
[...] assistir pelo menos uma vez por mês as aulas, ler os
apontamentos dos alunos e ao observar ou ouvir de outrem alguma coisa
que mereça advertência, que uma vez averiguada, chame a atenção do
professor com delicadeza e afabilidade e, se for mister, levar ao
conhecimento do reitor (2000, p. 21 ).
Em, 1854, no Império é estabelecida a função do inspetor geral, que “deveria
supervisionar, seja pessoalmente, seja por seus delegados ou pelos membros do
Conselho Diretor, todas as escolas, colégios, casas de educação, estabelecimentos
de instrução primária e secundária, públicos e particulares”.
Então na República, nasce a idéia da formação de um Sistema Nacional de
Educação e é neste contexto que a supervisão vai ganhando contornos mais nítidos.
Segundo Lima:
17
[...] a idéia de supervisão surgiu com a industrialização, tendo em
vista a melhoria quantitativa e qualitativa da produção, antes de ser
assumida pelo sistema educacional, em busca de um melhor desempenho
da escola em sua tarefa educativa (2001, p. 69).
Formam-se os grupos escolares, com classes numerosas, com um corpo de
professores amplo, emergindo assim, a necessidade da coordenação destas
atividades, ou seja, um serviço de supervisão pedagógica no âmbito das unidades
escolares.
Na década de 30, com o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, divulgado
em 1932, já se previa a necessidade do desenvolvimento tecnológico do ensino, por
meios de especialistas em educação. Em 1931, com a criação da Faculdade de
Filosofia, Ciências e em seu interior o Curso de Pedagogia com a incumbência de
formar professores das disciplinas específicas do Curso Normal, bem como os
técnicos em educação, os pedagogos generalistas, permanecendo assim até os
anos 60.
Porém, no final da década de 60 é que se estabelecer o Parecer 252/69 que
cria o Técnico em Educação com funções definidas, por meio das habilitações de
administração, inspeção, supervisão, orientação, magistério das disciplinas
profissionalizantes dos Cursos de Magistério e a habilitação planejamento
educacional passou para os Cursos de Pós - Graduação (Mestrado).
Em 1970, com a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de 1 e 2 Graus (Lei
5.692), a supervisão passa a agregar atividades de assistência técnico-pedagógica e
de inspeção administrativa, atuando em todo o sistema de ensino.
Na década de 80, a divisão de tarefas foi questionada e alguns Cursos de
Pedagogia passaram a formar professores para as séries iniciais e para a educação
infantil. Nos anos 90, sobre a Supervisão escolar, Alonso nos afirma que:
[...] a década de 90 assiste à redescoberta da supervisão,
apontada como instrumento necessário para a mudança nas escolas (...)
durante esses anos todos, procurou-se apresentar a supervisão sem o
cunho autoritário de que sempre se revestiu, acrescentando-lhe outras
dimensões que a tornariam mais consoante com o trabalho pedagógico
(2000, p. 168-169).
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A trajetória da supervisão educacional está vinculada à figura de quem
mantém o controle do sistema educativo (poder das relações). Uma distinção clara
entre os sujeitos pensantes e seus executores. Segundo Nérici é possível apontar as
fases históricas repassadas pela Supervisão Educacional:
[...] fase fiscalizadora, supervisão como sinônimo de inspeção,
segue padrões rígidos e inflexíveis, seu papel era fazer cumprir as leis de
ensino, cuidar da condição estrutural dos prédios, controlar a situação legal
dos professores, cumprir datas e prazos escolares, fase construtiva, a
supervisão vista como orientação, reconhece a necessidade de melhorar a
atuação do professor, favorece a promoção de cursos de aproveitamento e
atualização do professor, com os mesmos, são analisadas as falhas do
professor visando à remoção das mesmas e a fase criativa, supervisão
encarada sob o enfoque de aperfeiçoamento, trabalho criativo e
democrático (1986, p. 10 ).5
Acredito que estamos vivenciando esta terceira fase, a criativa, pois
percebemos o supervisor voltado para um melhor desenvolvimento do currículo da
escola, da pesquisa constante, promovedor da interdisciplinariedade e da
multidimensionalidade, preocupado com a formação de um professor reflexivo e
crítico e de uma escola multiculturalista, com a superação dos preconceitos étnicos,
culturais, sexuais criados pela nossa sociedade.
1.1 A Supervisão Escolar na Perspectiva de Construção de uma Educação
Reflexiva e Emancipatória através da mudança da qualidade das relações
interpessoais
Construir uma escola organizada, adequada e que venha ao encontro das
expectativas de todos os envolvidos neste processo, não é tarefa fácil, pois a
educação moderna está em plena transformação.
O papel das escolas vem passando por ressignificações, deixando de
transmitir apenas conhecimentos, formar sujeitos reprodutores e indivíduos sem
opiniões próprias. Com as mudanças ocorridas, a visão de educação passa a ter
outro significado, mudando a proposta pedagógica tradicional para emancipatória,
um processo que desafia o homem a construir uma outra sociedade.
5 Grifos do autor Nérici.
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Vive-se outros momentos, nossa sociedade está preocupada com o
desenvolvimento tecnológico ocorrido nas áreas de informática e comunicação
gerando dessa forma, a uma “nova sociedade do conhecimento” 6.
As constantes modificações trouxeram uma grande preocupação, se fez
necessário que os órgãos competentes e as instituições repensassem suas práticas,
vendo a necessidade de reformulações na educação.
Com a reformulação na L.D.B. E.N7, 9.394/96, as escolas modificaram suas
propostas pedagógicas, pois obtiveram liberdade e responsabilidade de organizar
suas ações. Conforme em seu artigo 12 aponta que, os estabelecimentos de ensino
possuem a incumbência de:
[...] I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II- administrar
seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III- assegurar o
cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV -velar pelo
cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V- prover meios para a
recuperação dos alunos de menor rendimento; VI- articular-se com as
famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade
com a escola; VII- informar aos pais e responsáveis sobre a freqüência e o
rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta
pedagógica (1996,s/n.).
É importante destacar que educar não é tarefa fácil neste mundo de intensas
mudanças. Tudo é novo e ao mesmo tempo velho, pois fatos e fenômenos mudam
de significados rapidamente, exigindo assim que nós educadores devemos estar
sempre comprometidos tecnicamente, politicamente e humanamente em nossas
práticas educativas.
Somos agentes na formação de cidadãos críticos e responsáveis e, em
função disto, devemos estar constantemente nos aprimorando na busca de novos
conhecimentos.
6 O termo sociedade do conhecimento é utilizado com freqüência em textos que se voltam para o
exame e análise das mudanças que têm se verificado no campo do trabalho, em particular aquele
ligado ao setor industrial, em função da adoção de novas tecnologias de base física e organizacional,
com especial atenção para as primeiras. É comum encontrá-lo também em textos oriundos da área
educacional, tendo em vista o argumento de que, sendo as sociedades atuais do conhecimento, cabe
à educação, de forma geral, e à escolar, de forma particular, atentar para essa característica,
adequando-se às demandas que, nesse sentido, lhe são feitas. Nem sempre, todavia, a expressão
sociedade do conhecimento é interpretada da mesma forma. Na verdade, dado seu caráter vago e
polissêmico, assume vários significados, conforme a conveniência dos que a utilizam (FERRETTI,
2008, p. 113).
7 L.D.B. – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
20
Participando de tantas modificações no âmbito escolar notou-se uma
preocupação maior dos educadores em relação as suas identidades profissionais.
Percebe-se um número maior de profissionais da educação buscando
aperfeiçoamento e qualificação em suas atividades, para que haja conscientização
da necessidade de novas atitudes e possibilidade de transformação de uma
realidade social e cultural.
De acordo com os fundamentos do pedagogia tradicional, professores e
supervisores eram vistos como detentores de saberes e atitudes o que os
impulsionavam a uma prática autoritária e vertical.
Com o passar do tempo e o avanço industrial, a Supervisão tomou outro
rumo, deixando de fiscalizar e controlar os indivíduos envolvidos neste processo.
Foi a partir dos anos 90, que o supervisor começou a ser redescoberto e
apontado como um profissional necessário para que haja mudanças nas escolas.
No atual contexto, supervisores e educadores exercem suas práticas
educativas interligadas, pois se preocupam com uma educação de qualidade, onde
se desenvolvam as capacidades e competências dos educandos, para que estes se
assumam como seres sociais e históricos, pensantes, críticos, criadores e por fim,
agentes de transformação de uma nova sociedade. Segundo Alarcão a supervisão
escolar deve:
[...] ser uma concepção pedagógica concebida como uma
construção, com os professores, do trabalho diário de todos na escola. O
supervisor para assim, ser a parte integrante do coletivo dos professores, e
a supervisão realiza-se em trabalho de grupo (2001, p.12).
O supervisor educacional é capaz de sonhar com nitidez a escola como ela
deve ser e compartilha com todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem
esta visão. Através de uma escuta e de um olhar diferenciado proporciona um
ambiente adequado à ação em parceria, promovendo a formação continuada,
acompanhamento sistemático e utilizando meios para as soluções das necessidades
e dificuldades apresentadas pelos educadores. Do ponto de vista de Rangel:
21
[...] confirmam-se, então, a idéia e o princípio de que o supervisor
não é um “técnico” encarregado da eficiência do trabalho e, muito menos,
um “controlador” de “produção”, sua função e seu papel assumem uma
posição social e politicamente maior, de líder, de coordenador, que estimula
o grupo à compreensão-contextualizada e crítica - de suas ações e, também
de seus direitos (1997, p. 150- 151).
A supervisão pedagógica prima à qualidade do ensino, porém os
coordenadores não devem impor verticalmente suas opiniões, mas sim desenvolver
com a equipe de professores, alternativas que possibilitem o processo ensinoaprendizagem.
Pensar em mudanças é refletir sobre as práticas pedagógicas que
acontecem no cotidiano educativo. Sendo um agente de transformação, cabe aos
supervisores provocarem esse processo. Segundo Day em comunhão com as idéias
dos autores Mac Cornick & James:
(...) a mudança eficaz depende do empenhamento genuíno dos
que a devem implementar e esse empenho só poderá ser conseguido se as
pessoas sentirem que controlam o processo. Os professores procurarão
melhorar a sua prática, se a considerarem como parte integrante da sua
responsabilidade profissional, ao mesmo tempo em que poderá resistir a
uma mudança que lhes seja imposta. (2003, p. 55).
É hora de desacomodar, pensar em reformulações pedagógicas e as
instituições necessitam estar informadas dos mecanismos que possam vir a
aparecer, pois estes facilitam a construção de um processo ensino-aprendizagem
mais adequado às necessidades dos envolvidos. Portanto, o supervisor educacional
deve estar sempre buscando com o seu grupo, momentos de discussões, dúvidas,
reflexões e promovendo estudos para que as mudanças se tornem possíveis e que
exista a qualidade no ensino.
Segundo Rangel “o supervisor, o que procura a “visão sobre”, no interesse da
função coordenadora e articuladora de ações é também quem estimula
oportunidades de discussão coletiva, crítica e contextualizada do trabalho” (1997,
p.147). Como supervisores, somos agentes e estaremos promovendo espaço de
transformações da sociedade, pois nada se realiza sozinho no processo da
educação e sim, em parceria coletiva.
Percebe-se assim, a necessidade de novas práticas pedagógicas que
proporcionem aos envolvidos melhorais em suas formações pessoais e
profissionais.
22
Com a globalização e a competitividade no mercado de trabalho temos como
supervisores a responsabilidade na formação de cidadãos críticos, conscientes,
preparados para exercerem autonomia e habilidades necessárias para se inserirem
no mercado de trabalho.
É importante lembrar que as mudanças não podem ocorrer apenas no âmbito
pedagógico, pois os personagens envolvidos neste processo são indivíduos que
possuem diferentes habilidades emocionais, sociais e cognitivas.
Historicamente percebo uma sociedade mais complexa, com pessoas se
modificando através das relações sociais e culturais. Percebe-se uma mudança de
valores nos diferentes grupos estabelecidos e uma dificuldade no relacionamento
entre as pessoas. Em função disto, se faz necessário que as instituições de ensino
repensem suas práticas pedagógicas, a fim de garantir aos educandos uma melhoria
na qualidade de suas relações. E a mudança deve iniciar-se com o Supervisor
Educacional, a fim de provocar nos seus educadores a necessidade das
transformações sociais.
Nesta nova perspectiva, não podemos deixar de citar as relações
interpessoais como uma linha de ação que visa às bases emocionais e
psicopedagógicas dos seres humanos. Segundo Celso Antunes:
[...] cada pessoa é, e sempre será, um verdadeiro universo de
individualidade; suas ações, seus motivos, seus sentimentos constituem
paradigma único. (...) esta originalidade de cada um dificulta a comunicação
interpessoal e com ela todo esquema de relações humanas que envolve o
segredo do conviver (2004, p.09-10).
O objetivo que o supervisor deve ter é mostrar aos profissionais da educação
de que as mudanças são necessárias e possíveis, se nos engajarmos nesta
proposta com coração e mentes abertas, a fim de proporcionar as salas de aulas um
espaço de crescimento integral. Freire exemplifica bem esta frase com a seguinte
citação:
[...] mudar é difícil, mas é possível, - que me empurra esperançoso
à ação, não é suficiente para a eficácia necessária a que me referi.
Movendo-me enquanto nele fundado, preciso ter e renovar saberes
específicos em cujo campo minha curiosidade se inquieta e minha prática
se embaseia (2004, p.80).
23
Todas as propostas que forem apresentadas ao educador a fim de que ele
pense, reflita e sugira possíveis mudanças em suas práticas pessoais e pedagógicas
para garantir com seus colegas e educandos laços sólidos em suas relações
humanas.
A globalização trouxe grande preocupação, pois nossos interesses estavam
relacionados com a qualificação profissional e com o mercado de trabalho. Diante de
tudo isso, começamos a deixar de lado as relações humanas e nos preocuparmos
somente com a profissionalização. Segundo o sociólogo Torres “hoje é preciso
disputar a atenção dos estudantes com a mídia, que muitas vezes veicula
informações que se chocam com o que diz a escola” (2008, p. 20). Ainda enfatiza
que “agora a escola tem de ser lugar de produção de conhecimento” (2008, p. 22).
Foi se percebendo, nas instituições, uma crise nas relações, pois os
educadores acabavam assumindo um compromisso com sua profissionalização,
envolvendo-se somente no domínio de teorias pedagógicas, acumulando saberes,
competências e habilidades para ministrar uma excelente aula.
E por fim, os educandos acabavam sofrendo tais conseqüências, pois,
recebiam de seus mestres acúmulos de saberes que os ajudariam somente na sua
vida estudantil. Foi através destes fatores, que a educação começou a perder seu
propósito.
Esta proposta busca proporcionar com os professores um resgate no ato de
educar, interligando as relações interpessoais na busca de um ambiente propício
para a qualidade educacional. Gadotti propõe que:
[...] a qualidade do relacionamento como facilitador da
aprendizagem é embasada na confiança dada, pela abertura na
comunicação, podendo a mesma trilhar dois caminhos: a do
desenvolvimento de valores e de percepções entre alunos e alunos. Uma
comunicação nesta direção tende a se desenvolver numa sala de aula
aberta, com um diálogo colaborativo, verbalizado ou não, entre os
participantes, sob a forma de idéias, entendimentos e conceitos (1994,
p.58).
É importante salientar que se o supervisor se engajar nesta proposta das
relações interpessoais terá como propósito a conscientização de que existem
diferentes estratégias pedagógicas que despertem a construção de valores e que a
integração entre professores e alunos se torna um recurso indispensável para se
atingir um elo de respeito, carinho e fraternidade.
24
2 AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PERPASSANDO PELA HISTÓRIA DA
HUMANIDADE
Para mapear como as relações interpessoais se estabeleceram ao longo dos
tempos foi importante um resgate na história da humanidade, através das pesquisas
realizadas por historiadores (MORAES, 1998), a fim de compreender melhor como
as transformações ocorreram entre homem e sociedade.
Para Moraes (1998), o período da Pré-história está situado entre o surgimento
dos primeiros hominídeos, entre 3 milhões e 2,5 milhões de anos atrás. Conforme os
estudos realizados neste período, as transformações ocorreram lentamente. As
mudanças maiores são de ordem física e biológica do homem (dos primeiros
hominídeos ao homo sapiens-sapiens) e, também, das grandes conquistas culturais
e sociais desde o surgimento do fogo, da metalurgia, da cerâmica e da agricultura.
Percebe-se nos registros da história, que o homem tornou-se capaz de
entender e ter controle sobre a natureza e, por meio de seu trabalho, soube resgatar
da mesma, os subsídios para a sua sobrevivência.
Nesta época o homem caçava e pescava animais, coletava frutas, vegetais e
raízes, o que o caracterizava como nômade, uma vez que, precisava percorrer
longas distâncias em busca de sua alimentação.
O surgimento de algumas ferramentas se deu em função da sua necessidade,
mas eram extremamente rudimentares, pois eram utilizadas lascas de pedras e
pedaços de madeiras pontiagudas para a construção das mesmas.
Pode-se ainda, observar uma divisão no trabalho entre homens e mulheres,
pois os homens caçavam e as mulheres faziam a coleta de alimentos e cuidavam do
bando, segundo o Período Paleolítico, assim, denominado pela divisão da Préhistória.
Já, no Período Paleolítico Médio, que teve seu início, há aproximadamente
100 mil anos, os homens viviam em cavernas e continuavam a garantir sua
sobrevivência através da caça e da pesca. Devido à evolução cronológica, seus
instrumentos (ferramentas) eram construídos com mais superioridade, ou seja,
surgiam o arco, a flecha, os anzóis e as pontas de lanças com mais requintes e, foi
neste período que passou a ter domínio do fogo.
25
Mais mudanças acabavam surgindo e um progresso cultural mostrava-se se
aprimorando, o que caracterizou o Período Paleolítico Superior, entre 40 mil e 18 mil
anos atrás.
Nesta época, começam a surgir as primeiras construções de suas moradias, a
substituição do arco e da flecha por arpões e lâminas de sílex (pedra mais dura),
agulhas de ossos e outros objetos. Fala-se que neste momento histórico, ocorreram
manifestações da religiosidade e, também, a arte rupestre (as pinturas realizadas
nas pedras) e por fim, algumas alterações climáticas com a fauna e a flora terrestre.
A nomenclatura utilizada para definir a Pré-história foi o Período Neolítico, que
se situava há mais ou menos, 12 mil anos, após o fim da era glacial. Nesse período,
a Terra começa a sofrer alterações e assumir características que são atuais, como o
surgimento de rios, desertos, as florestas e o desaparecimento dos animais de
grande porte, como os mamutes e outros grandes felinos.
Supõe-se que houve um controle gradativo da natureza, começando a se
libertar da caça e da pesca. Aprende a produzir sua alimentação extraindo dos
animais a carne, o leite, o couro e outros, começam a produzir e reproduzir plantas e
a sentir necessidade de pastagens para a sua produção.
Nesta releitura histórica, as transformações das relações humanas começam
a aparecer com mais clareza, pois a agricultura e a domesticação de animais
permitiram ao homem à sedentarização e um aumento na população. Começam a
viver em comunidades cooperativas, baseada na coletividade dos meios de
produção. As atividades produtivas baseavam-se na divisão do trabalho sexual, ou
seja, as mulheres se ocupavam de atividades domésticas, teciam e cuidavam da
agricultura. Enquanto, os homens dedicavam-se à caça, a construção de casas e ao
pastoreio.
À época do rebanho, sucede ao regime dos clãs. Fala-se em um regime
matriarcado, pela existência da igualdade entre homens e mulheres.
No final deste período, o homem começa a desenvolver a metalurgia (Idade
dos Metais) e a produção da cerâmica, marcada pela confecção de panelas, potes e
moradias feitos de barros. A escrita, a roda e o calendário, também, são
provenientes do Período Neolítico. Segundo Morgan:
26
[...] existe duas épocas da história primitiva: a selvajaria e a
barbárie. A primeira termina com a invenção do arco e da flecha; a segunda
começa com a invenção da cerâmica e compreende o nascimento e o
desenvolvimento da agricultura e da pastorícia (1880, p. 25).
A comunicação maior entre estes povos dá-se através das pinturas rupestres,
realizadas nas pedras, com sinais que representassem o que queriam dizer ao outro
e a fim de ajudá-los entre si nas caçadas. Nesta fase percebe-se uma preocupação
com o outro e com as relações de grupo, devido a existência de alguns povos
primitivos.
Segundo Moraes (1998), o que se costuma denominar a Idade Antiga
abrange um longo processo de formação, no Ocidente, de sociedades mais
complexas do que aqueles que existiram na Pré-história. Foi constatado que
populações de algumas regiões já se encontravam organizadas em centros urbanos
e houve uma ampliação das relações sociais, saindo do tribalismo e do parentesco.
Neste período o poder do Estado estabeleceu-se como um dos
organizadores das sociedades, criando-se os exércitos, as leis e as normas;
começou a existir uma desigualdade na divisão do trabalho e da sociedade e o
avanço técnico foi extraordinário com a invenção da escrita.
Na Mesopotâmia surgiram alguns povos. A organização destas sociedades
dava-se a partir de uma divisão básica entre os chefes religiosos e sacerdotes no
comando, os ricos comerciantes e proprietários, os homens livres sem posses e os
escravos.
As atividades administrativas das cidades como a arrecadação de impostos
e obras públicas, o trabalho coletivo (organizado e unificado) e o comércio foram
importantes para o gradativo desenvolvimento da escrita, da matemática, do
calendário, das leis, dos padrões monetários, de peso e de medidas. Essas normas
eram registradas por meio da escrita cuneiforme, ou seja, os símbolos eram
gravados em pedaços de barros úmidos e mole, que depois secavam e endureciam
ao sol.
No Egito, as populações que deram origem instalaram-se mais ou menos em
10000 a.C. Esta civilização nasceu às margens do rio Nilo, que atravessava boa
parte da África, de sul a norte. Devido à abundância de água e com suas cheias, as
terras às suas margens eram férteis e boas para as atividades agrícolas. A principal
atividade econômica era a agricultura. As terras eram divididas e doadas pelo Faraó
27
aos templos, sacerdotes, escribas e chefes militares, formando uma pequena elite
proprietária. O Estado egípcio controlava o comércio, recolhia impostos e taxas,
organizava as obras públicas e o trabalho coletivo.
Os camponeses trabalhavam com o plantio e também eram obrigados a
prestar serviços nas obras públicas (canais, templos, pirâmides e outros) a fim de
pagarem seus impostos. Os escravos também, trabalhavam nas obras públicas e
existiam duas formas de escravidão: por conquistas, ou seja, os povos derrotados
na guerra e, por dívidas àqueles que não tinham condições de pagar seus impostos
e compromissos.
A sociedade construída pelo povo hebreu não foi tão grandiosa quanto a dos
egípcios e mesopotâmicos e ergueu-se num momento posterior. Teve grandes
influências e uma evolução política, onde se vigoravam cidades independentes e
autônomas.
Ainda segundo o autor, é preciso ressaltar que tal processo, denominado
genericamente civilizatório, não segue uma linearidade rigorosa e modelar, isto é,
não ocorreu ao mesmo tempo e da mesma maneira nos três continentes: na Europa,
a instituição das sociedades mais complexas aconteceu em um momento anterior,
em relação à América, e posterior, em relação ao Ocidente. Essa situação histórica
não se concretizou por todo o continente europeu, esteve restrita às duas
penínsulas, a Grécia e a Roma. O modo de vida do restante da Europa permaneceu
próximo ao período Neolítico.
O sistema escravista se desenvolveu, amadureceu e entrou em crise nas
duas regiões. As contribuições influenciaram muito o homem ocidental em sua forma
de pensar o conhecimento, nas instituições políticas, nas leis e nas normas civis que
organizam essas sociedades.
A sociedade medieval situa-se entre os séculos V e XV. Esse período
histórico teria sido então um “intervalo” no qual os homens viveram submersos na
ruína, na decadência e ignorância, ou seja, na “Idade das Trevas”. Foi uma época de
ignorância supersticiosa e letargia geral, animada por instantes de violência e
crueldades bárbaras. A Igreja Católica exerceu um papel preponderante nas
sociedades.
Segundo os estudos realizados neste período histórico percebe-se que as
relações interpessoais sofreram alterações, pois não havia mais uma preocupação
com a coletividade. Com o surgimento da escrita e o aparecimento de sociedades
28
maiores se deu a necessidade da criação das leis para reger as relações entre as
pessoas. A divisão das classes sociais nas diversas regiões com a predominância
de um “líder” (reis, faraós, nobres, juízes e religiosos,...) retrata uma relação de
poder entre os povos. Percebe-se assim, a desvalorização da atividade de grupo, da
igualdade entre homens e mulheres e certo desequilíbrio no relacionamento entre as
pessoas.
Por fim, a Idade Moderna se compreende no longo período de transição em
direção ao capitalismo. Segundo, algumas correntes historiográficas existem uma
dificuldade de delimitação cronológica deste período, pois uma divergência de
interpretação quanto à origem e evolução do sistema capitalista. Contudo, o período
histórico que vai do século XV ao XVIII é, genericamente percebido com um "período
de transição".
Sua compreensão para o termo Idade Moderna corresponde a uma evolução
do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista. O comércio
ganha força através do aumento populacional, do crescimento das cidades e o
desenvolvimento das manufaturas. Todo este avanço provoca também, o
surgimento de guerras, fomes e pestes.
O Capitalismo foi o sistema econômico, político e social que predominou
durante todo o período da Idade Moderna, substituindo o predomínio do uso da terra
para o comércio. O surgimento da pólvora, da imprensa e a multiplicação dos livros
aconteceram neste período. Surge à burguesia, uma nova classe social, formada
pelos banqueiros, artesãos, camponeses e mercadores. O dinheiro adquiriu valor.
O capitalismo foi subdividido em fases: pré-capitalismo (relações de
produção ainda não eram totalmente assalariadas), capitalismo comercial (existência
da relação de trabalho e produção assalariada), capitalismo industrial (o capital
passa a dominar o processo de distribuição e consumo de mercadorias), capitalismo
financeiro (surgimento dos bancos e da concentração financeira) e por último, a
globalização (integração econômica, social, cultural e política).
A globalização concentra-se na fase atual da nossa sociedade, atual século
XXI. Com toda esta evolução social começa a surgir um enfraquecimento das
relações interpessoais. À medida que o mundo foi se alargando, com as Grandes
Navegações, a distância física entre as pessoas de uma mesma comunidade
começa a existir. As formas de comunicação começaram a mudar, surgindo o
29
aparecimento das tecnologias de comunicação, desde o telégrafo, telefone e por fim,
a internet.
Todo este retrocesso à história da humanidade marca um momento de
repensarmos as relações interpessoais, pois vivenciamos um momento de
decadência social, onde prevalecem às relações de poder e uma forte tendência do
isolamento entre as pessoas. Ao mesmo tempo, que as inovações facilitam a vida do
homem, as mesmas vêm prejudicando as pessoas que não sabem usufruir destas
tecnologias. Por este motivo, se faz necessário conscientizar as pessoas sobre as
questões de valores referentes à amizade, respeito, amor, igualdade, a fim de não
assistirmos a um fim trágico das relações através do individualismo e da violência.
2.1 Relacionar-se: Aprendizado diário para a continuidade da existência da
espécie humana
Quem somos, onde estamos, de onde viemos, para onde vamos? Perguntas
como estas, que fazem parte do nosso cotidiano, ajudam a situarmo-nos enquanto
sujeitos humanos. Segundo Rousseau apud Morin “conhecer o humano não é
separá-lo do Universo, mas situá-lo nele” (2000, p. 37).
Estudos inerentes ao desenvolvimento da espécie humana nos revelam que
somos seres complexos, totalmente biológicos e ao mesmo tempo culturais. O que
acaba nos diferindo de outros seres vivos, pois evoluímos através de um cérebro
que nos faz pensar, falar, comer, andar e logo existir. Cérebro este que apenas nos
oferece os meios, porém nossas ações estão interligadas ao movimento cultural que
estamos vivenciando neste complexo mundo.
Somos seres culturais porque obedecemos a regras, valores, símbolos e, ao
mesmo tempo, precisamos de outras espécies para garantir a nossa sobrevivência.
Sobrevivência esta que está interligada com uma diversidade de culturas, originando
assim, uma sociedade multirracial. É nesta complexidade que nos tornamos
diferentes uns dos outros, seres únicos, rodeados de individualidades e
particularidades.
Como viver, conviver e sobreviver diante de tanta complexidade?
Aprendizagem diária, única e que se renova a cada vez que nos relacionamos com
as pessoas. Pessoas desconhecidas, munidas de ideais, sonhos, vontades e
desejos que muitas vezes são impossíveis de serem imaginados. Pessoas
30
agregadas a diferentes valores, crenças, opiniões, que se escondem através de
máscaras diferentes para cada ato, ação ou emoção. Segundo Mosquera e Stobäus:
[...] nos acostumamos a viver com máscaras que colocamos em
nós mesmos e nas outras pessoas. Pois, desejamos ou não, cada um de
nós coloca uma máscara para se desempenhar na vida social. Às vezes
esta mácara é tão imponente que passamos a senti-la tão grudada à nossa
pele que parece que temos outra pele (2001, p. 97).
Mas, como viver, mas como se socializar, mas como aprender? Respostas
difíceis de serem dadas, mas que ao mesmo tempo são desvendadas a cada dia, a
cada novo relacionamento e a cada momento.
Procurar compreender o outro é na verdade respeitá-lo dentro de uma
perspectiva mais humanista, valorizando o ser humano como um todo, dotado de
sentimentos e ações, buscando em suas relações a integração para que se
proporcionem aos envolvidos momentos de colaboração, de confiança e melhorias
nas relações entre as pessoas.
Busco mais conhecimento para este assunto quando retrato os autores Grün
e Robben (2007) que através de acompanhamentos, observações e estudos que
realizaram com sacerdotes, pessoas pertencentes à determinada ordem na casa de
recolhimento e ainda, hóspedes isolados na abadia de Múnsterschwarzsach, na
Alemanha mostraram que o mundo atual sofre de uma falta total de limite e de
medida, o que se revela não apenas na vida pessoal, mas também cada vez mais
no contexto profissional, no contexto das relações. Segundo os autores, sem a
capacidade de delimitar o próprio espaço, se torna difícil que o ser humano percebase
enquanto pessoa e nem se desenvolva nesse sentido.
Capra no livro Ponto de Mutação (2001) descreve três personagens o político,
poeta e outro que busca o caminho de transformação no isolamento, o perdão pelos
seus resultados e suas criações. Os personagens se vêem em um dilema, cada qual
preso em seu mundo, procurando nele o sucesso sua direção, tal qual uma solitária
ilha. Ao se prenderem ao seu mundo próximo e com limites claros e estruturados,
dentro das muralhas do conhecido, eles tendem a aplicar de certa maneira o cinismo
que apregoam como básico: a convivência com pessoas menos inteligentes ou que
podem ser conduzidas, seja na política, na ciência ou na vida, como turistas sem
conhecimento ao encontrarem o novo.
31
A necessidade de satisfazer nossos desejos está sob influência das
constantes modificações que acontecem em uma época de crescente aceleração e
exigência de desenvolvimento, aspectos estes que às vezes dão mais significados a
nossa vida. A procura incessante pela felicidade ou por aquilo que julgamos
felicidade (bens materiais, poder, status co) demonstra que a era em que vivemos
sofre de uma total falta de medida e de limite que se revela na nossa vida pessoal,
mas cada vez mais no contexto profissional e social.
Internalizando todo o conhecimento adquirido nos estudos realizados por
estes autores posso defender que nós seres humanos precisamos conhecer o outro
e respeitar os limites do mesmo e não se esquecer de estabelecer os nossos
próprios limites, garantindo uma relação equilibrada independente do contexto
familiar, particular e ou profissional.
O cotidiano social e do trabalho nos revela cada vez mais personalidades
diferenciadas e com necessidades diferentes que precisam conviver para assim
garantirem a continuidade da nossa espécie humana. Em nossas relações
interpessoais observamos que muitas vezes sentimos o quanto é difícil delimitar
nosso espaço de modo adequado, sem nos tornarmos pessoas rudes ou frias com
as outras pessoas.
Volto a salientar que as boas relações acontecem quando respeitamos o
outro e temos clareza dos limites que nos fazem nos movimentar e que nos movem
em relação ao outro.
Estabelecer limites não significa tornar-se insensível em relação ao sofrimento
do mundo. Significa determinar o que eu quero e o que eu posso, a fim de se manter
uma relação saudável com as outras pessoas.
Para finalizar precisamos das relações interpessoais como um suporte
saudável para a busca da harmonia e do equilíbrio, pois só assim, se dará a
continuidade da nossa espécie humana.
32
3 PESQUISA DE CAMPO E ANÁLISE TEXTUAL DISCURSIVA: INSTRUMENTOS
UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS
Percebendo a necessidade do reconhecimento das ações da supervisão
educacional que potencializam as relações interpessoais, sob a perspectiva
propositiva no ambiente educativo, se fez procedente, a escolha do método estudo
de caso, a fim de averiguar se o trabalho realizado por estes profissionais tem
proporcionado aos professores uma convivência mais harmoniosa, de respeito
mútuo, com qualidade nas relações e na formação de um grupo. Segundo Gil:
[...] esse método é indicado para estudos em que se trabalha com
um caso específico que se considera típico ou ideal para explicar uma certa
situação, permite tratar um problema com maior profundidade e possibilita
maior integração de dados, é útil em fase inicial de investigação, buscando
ampliar o conhecimento a respeito de um certo tema. O estudo de caso se
fundamenta na idéia de que a análise de uma unidade de determinado
universo possibilita a compreensão da generalidade do mesmo ou, pelo
menos, o estabelecimento de bases para uma investigação posterior, mais
sistemática e precisa (1994, p. 79).
A escolha deste método visa uma maior proximidade entre o pesquisador e os
dados coletados e uma investigação do tema dentro do seu contexto real. Para
desenvolver este estudo de caso foi utilizada uma pesquisa informal, a fim de
averiguar com os sujeitos o que ele conhece e desconhece sobre o tema dentro da
sua ambiência educativa. Para Lüdke:
[...] a análise documental pode se constituir numa técnica valiosa
de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações
obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou
problema (1986, p.38).
Ainda, o autor (1986) esclarece que este tipo de pesquisa pode ser
desenvolvido na área da educação onde se envolvem professores, diretores,
orientadores, alunos e pais, por serem entrevistas mais livres e menos estruturadas.
33
O estudo foi baseado em entrevistas com supervisores e educadores de
diferentes redes de ensino: estaduais, municipais e privadas. Segundo a
entrevistadora se fez necessário essa abordagem para conhecer os reais resultados,
pois estas são pessoas pertencentes à arena tópica do estudo, em concordância
com os estudos de Rudin e Rudin (apud PASTRO, 1998), que é formado por
aqueles afetados por um problema ou por quem interage intensamente em um
assunto restrito.
3.1 Coração, corpo e mente: buscando novos significados para decifrar os
segredos da espécie humana
Antes de rascunhar milhares de pensamentos, indagações e teorias faço um
convite para um mergulho num universo rico de diversidades, de limitações, de
interatividade, de dúvidas, de sentimentos, de preconceitos e de mistérios, que faz
desta uma espécie rara entre outros seres vivos, uma espécie em constante
transformação: o ser humano.
Quem sou, quem está ao meu lado, qual a melhor maneira de conhecer os
outros, como interajo com o mundo, com a vida e com as pessoas?
Para as diferentes respostas dadas às perguntas uma única certeza: a
necessidade de nos conhecermos como seres humanos introduzidos numa
sociedade influenciada por uma ideologia capitalista, que desenvolve uma cultura
voltada para o acúmulo de posses, dinheiro, o egocentrismo e o egoísmo. Aos
poucos somos sugados pela carência de sentimentos, a falta de zelo com o próximo,
O respeito, o afeto, que muitas vezes nos fazem pensar como o único habitante
deste imenso lugar.
Diante de tanta complexidade conseguimos perceber no cotidiano que temos
necessidade do próximo, a fim de darmos continuidade a nossa evolução. Mas, para
essa vivência ser harmoniosa precisamos revelar o tesouro escondido em cada um
de nós para enfim, descobrirmos e entendermos o outro.
Foi a partir destas curiosidades e no entrelaçar da vida profissional que
procurei dar significado a tudo o que eu mais acredito; a essência do ser humano. A
opção pela Análise Textual Discursiva permitiu qualificar melhor este trabalho,
conforme os estudos de Moraes (2002), levando-me a categorização depois da
desmontagem das entrevistas.
34
Para entender e compreender estes pensamentos reorganizei as respostas
dadas para as questões das entrevistas em quatro diferentes categorias:
3.1.1 Arte humana de humanização;
3.1.2 Significado de relações interpessoais;
3.1.3 A importância do ambiente a fim de proporcionar o relacionamento
interpessoal;
3.1.4 O Supervisor Educacional – uma provoc-ação do processo em relação
propositiva na ambiência educativa.
Os sujeitos desta entrevista serão denominados como agentes: A1, A2, A3 e
A4.
3.1.1 Arte humana de humanização
Segundo o dicionário Luft (2000), humanizar significa tornar-se humano,
benigno, afável, compassivo; reduzir-se ao estado e condição de humano; avaliar-se
e humanar-se.
Sendo assim é preciso relacionar-se para então se tornar humano. Segundo o
A1 para decifrar o outro, preciso primeiro me conhecer. Primeiramente amando-se e
valorizando-se a si mesmo, se aceitando como é, tendo uma visão saudável se si,
de suas melhores atitudes, piores defeitos e possíveis mudanças.
Em contrapartida o A2 associa que exista uma nova relação humana que
deva buscar a comunicação entre as pessoas, buscar a verdade e a legitimidade em
conjunto e que esteja baseada em critérios de verdade na argumentação e na
discussão.
Essa relação se estabelece quando as pessoas convivem e trabalham com
outras pessoas e portam-se como pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com
as quais entram em contato: comunicam-se, simpatizam e sentem atrações,
antipatizam e sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito,
competem, colaboram, desenvolvem afeto. Essas interferências, voluntárias e
involuntárias, intencionais ou inintencionais, constituem o processo de interação
humana, em que cada pessoa na presença da outra pessoa não fica indiferente a
essa situação de presença estimuladora.
35
E para que esta relação tenha significado o A3 indaga sobre a arte do diálogo
que é primordial para que se estabeleça uma comunicação propícia na busca de
motivação e da harmonia do grupo. Através do diálogo podemos construir relações
de empatia que favoreçam o desenvolvimento da auto-estima, essencial para o
sucesso das relações interpessoais. Segundo Freire:
[...] viver a abertura respeitosa aos outros e, de quando em vez, de
acordo com o momento, tomar a própria prática de abertura ao outro como
objeto da reflexão crítica deveria fazer parte da aventura docente. A razão
ética da abertura, seu fundamento político, sua referência pedagógica; a
boniteza que há nela como viabilidade do diálogo. A experiência da abertura
como experiência fundante do ser inacabado. Seria impossível saber-se
inacabado que terminou por se saber inacabado. Seria impossível saber-se
inacabado e não se abrir ao mundo e aos outros à procura de explicação,
de respostas a múltiplas perguntas (1996, p. 136).
Dialogar nada mais é que ouvir, respeitar. Para o A3 estes contatos é que nos
evoluem como sujeitos, que evoluem as circunstâncias e a cultura e, que possibilita
a construção de vínculos favoráveis ou desfavoráveis entre as pessoas.
Em consonância com esta idéia o A1 registra que toda discussão deva estar a
serviço da consciência moral, que não deve ser usada para enganar ou derrubar
pessoas, ou seja, o mesmo acredita na capacidade humana de auto-reflexão e auto
questionamento e, em conseqüência, no aprimoramento individual e na evolução
social.
Para assim desenvolvermos estas capacidades devemos estar sempre
dispostos a nos conhecer dia a dia, através de nossos erros, gestos e atitudes, como
seres dotados de qualidades e defeitos.
Para finalizar o A1 redige que tudo é aprendizado em se tratando de
relacionamentos, o melhor mesmo é fazer uma ponte, logo, conforme o A2 é
compreender o que é dito.
3.1.2 Significado de relações interpessoais
Segundo o A4 relações interpessoais são todos os contatos entre as pessoas,
em que muitos podem ser as variáveis: sujeitos, circunstâncias locais, cultura,
educação e época.
É o processo de como dar significado e entendimento aos fatores que
interferem no processo de interação humana. Segundo Moscovici:
36
[...] para quem o processo de interação humana é complexo e
ocorre, permanentemente, entre pessoas, sob a forma de comportamentos
manifestos e não-manifestos, verbais e não-verbais, pensamentos,
sentimentos, reações mentais e / ou físico-corporais. Assim, diz ela, “um
olhar, um sorriso, um gesto, uma postura corporal, um deslocamento físico,
de aproximação ou afastamento, constituem formas não-verbais de
interação entre pessoas” E mesmo quando alguém vira as costas e fica em
silêncio, isto, também, é interação – e tem um significado, pois comunica
algo aos outros. O fato de sentir a presença do outro já é interação (1998, p.
33).
Para o A3 relações interpessoais são todos os contatos entre as pessoas, em
todos os meios, seja familiar, educacional, social e profissional. Segundo Mosquera
e Stobäus (2001) a relação interpessoal depende essencialmente destas vivências e
convivências sociais.
Para completar esta afirmação o A1 afirma que as relações interpessoais
estão presentes sempre que houver minha interação em qualquer ambiente, onde
participo de alguma atividade com pessoas. Relacionar-se é dar e receber ao
mesmo tempo. Nesta interação com o outro é importante que haja muita
sensibilidade de reconhecer aquilo que quero dar e aquilo que quero receber,
estabelecendo limites, para não apenas satisfazer os desejos alheios e esquecendo
daquilo que realmente desejo. Segundo os autores Grün e Robben “muitos sofrem
com o fato de simplesmente não saberem impor limites” (2007, p. 07).
Para contemplar essa compreensão o A3 escreve que se deva possibilitar a
construção de vínculos favoráveis onde a aceitação do outro transpareça no modo
de falar, olhar, na postura e forma de agir adequadamente,
Por outro lado, o processo de interação humana tem origem no que
chamamos de “primeira impressão”, considerada como o impacto que cada um
causa no outro pelo simples fato de estarem em presença mútua. No entanto, essa
primeira impressão sofre condicionamentos, em sua formação, razão pela qual se
torna importante a compreensão de sua dinâmica. Segundo Bock:
[...] a percepção social é o ponto de partida para as relações
interpessoais – percebemo-nos um ao outro e percebemos não só a
presença do outro, mas o conjunto de características que apresenta, o que
nos possibilita ter uma impressão dele (1995 p. 135).
37
O A4 acredita também que atualmente a construção destas relações vem se
complicando em função da turbulência em que estamos inseridos. Mosquera e
Stobäus afirmam:
[...] que se deve aprender a entender um mundo em constante
mutação. Ver que mudança e o desequilíbrio são os que mais nos rodeiam.
Necessitamos entender a arte da tolerância e aprender que é nas
diferenças que se encontram as afetividades (2001, p. 102).
Para finalizar o A1, registra, redescobrindo que muitas vezes se deva reciclar
seus valores pessoais para que eu possa me relacionar melhor com os meus
colegas. Porém isto não é fácil, pois geralmente o ambiente não é propício para as
relações interpessoais.
3.1.3 A importância do ambiente a fim de proporcionar o relacionamento
interpessoal
Valorizar cada um em particular através de reconhecimento, comemoração de
seu aniversário, consolo nos momentos difíceis, como perda de parente e amigo
para o A1 é um meio indispensável para o estabelecimento de um ambiente que
valorize as relações interpessoais.
Quando estamos inseridos em um ambiente seja ele familiar, profissional e
social conseguimos estabelecer relações com o mesmo, ou seja, se ele desfrutar de
pessoas equilibradas emocionalmente proporcionará aconchego, calor humano,
transmitindo assim, tranqüilidade e serenidade.
Um ambiente propício para o desenvolvimento interpessoal, conforme relata
o A2 é o ambiente com profissionais competentes enriquecem estas relações,
contribuindo de forma significativa para o crescimento emocional do grupo e dos
indivíduos.
Em consonância com estas idéias o A1, crê que cada vez mais, sentimos o
quanto é importante favorecer um ambiente propício para as relações interpessoais
frutificarem saudavelmente em nossas escolas.
O A3 reforça este pensamento ao acreditar que o ambiente influencia no
comportamento das pessoas e, por conseqüência influencia nas relações
interpessoais e supostamente nos resultados das aprendizagens em todos os
sentidos.
38
Segundo Mosquera e Stobäus “grande parte dos problemas que um docente
enfrenta podem ser provenientes de um ambiente hostil, podendo este se tornar
ainda mais hostil quando se trabalha com pessoas diversas” (2001, p. 93).
As relações se estabelecem junto ao ambiente que estamos inseridos e para
desfrutarmos de um ambiente saudável temos que desenvolver a capacidade de
aceitar o outro como ele é, escutando-o e colocando-se no lugar dele conforme o
pensamento do A1.
3.1.4 Supervisão Educacional: uma provoc-ação do processo de interelação
propositiva na ambiência educativa
Quem são os supervisores educacionais? Quais os papéis que eles
desempenham nos ambientes educativos? Um ambiente educativo é propício a
aprendizagem quando reconhecemos na ação pedagógica do Supervisor
Educacional um parceiro de trabalho?
Trata-se de Super herói? Super Visão? Super Ação? Ou Super Humano?
Um ser humano em constante transformação que acerta, erra, que tenta
compreender a si e aos outros.
Segundo o A1 a supervisão tem um papel preponderante na construção de
um coletivo com objetivos e trabalhos comuns, bem como olhares voltados ao fazer
pedagógico e para o A3 é necessário acreditar na ação da supervisão educacional
como determinante na construção de vínculos nas ambiências escolares,
beneficiando sobremaneira o equilíbrio destes relacionamentos. Para Mosquera e
Stobäus:
[...] nossa pessoa, independente de sua idade, está sempre sendo
colocada à prova, passando por crises, transformações, modificações que
envolvem muitos aspectos que, às vezes, não nos damos conta e que têm
uma relevância fundamental. São justamente as mudanças de papel, já que
na vida adulta desempenhamos vários papéis e exigimos, para fazê-lo,
grande nível de maturidade e consciência (2001, p. 94-95).
Cada vez mais acredito na ação supervisora que valoriza os seus
colaboradores, que desempenha os diferentes papéis de ouvinte, falante, de
39
compreensivo, prestativo e por fim, de saber conviver com respeito e sensibilidade
com seu grupo de trabalho. Para Roza o Supervisor Educacional precisa:
[...] saber conviver: apresenta-se como um dos desafios
fundamentais para a educação desse milênio, conforme afirma Delors
(1999). Esse pilar pode expressar-se no ambiente educativo de várias
maneiras, como por exemplo a busca de comprometimento e engajamento
da equipe de trabalho em torno de um projeto comum, a construção de
parcerias em trabalhos interdisciplinares, a sistemática de reuniões e
encontros de formação continuada, em que é possível o estudo de temas de
interesse comum. Sem esquecer dos sentimentos que se manifestam no
convívio diário entre as pessoas que, sem dúvida, corroboram na
construção de um espaço educativo de crescimento e de fortalecimento da
equipe de trabalho (2004, p. 243).
Tudo isso se fortifica quando o A2 enfatiza que a supervisão educacional
deva proporcionar ao corpo docente momentos que possibilitem a esta nova relação
humana a busca de comunicação entre os professores, proporcionando ainda,
momentos de auto-reflexão e auto questionamento, estes momentos importantes
para o corpo docente.
Entendo que um supervisor é sem dúvida um parceiro que se preocupa com a
qualidade do processo ensino-aprendizagem, que possui diferentes papéis, o de
orientar, supervisionar e agregar todos os envolvidos. Segundo Barbosa:
[...] a sua função e o seu papel não são, como vimos, o de
controlar, espionar, entregar: como membro de comunidade educativa, o
supervisor não está acima nem abaixo de ninguém. Está ao lado, olhando
as pessoas no mesmo nível, sem autoritarismo, sem prepotência (2004, p.
217-218).
Ao concluirmos este pequeno ensaio o A1 reforça que a ação supervisora
deva ser sempre refletida, num ato de me colocar-me no lugar do outro, antes de
julgá-lo.
A partir do exposto acima, nos é possível perceber proposições efetivas do
estabelecimento de relações interpessoais originárias de uma ação supervisora
enquanto objeto de humanização do processo educativo. Logo, elencamos algumas
sugestões originárias dos pesquisados:
Reuniões pedagógicas temáticas, por exemplo, “Auto - estima do
Professor”, sendo um voltar-se para a problemática atual e resgatar o que de melhor
os professores têm e valorizá-los por isso.
Encontros eventuais para resolver algum conflito interno;
40
Momentos de reflexão em grupos e em individual com material propício e
atividades partilhadas;
Confraternizações em datas expressivas (dia das mães, dos pais, do
professor, do aniversário da escola, etc);
Resolução de conflitos através do diálogo e até de perdão;
Mediar às relações mais difíceis, dialogando, conhecendo melhor os
colegas, ouvindo muito e acompanhando o trabalho do grupo;
Reuniões com professores de classes populares, com professores da
mesma disciplina;
Dinâmicas de Grupo;
Momentos de integração entre todas as disciplinas, com troca de
experiências e materiais, bem como a participação dos educadores em eventos fora
da escola, para que possam se instrumentalizar mais e enriquecer o grupo;
Construção de momentos especiais para conversas informais, discussões
em torno de interesses gerais, permitirem que o professor fale de si mesmo;
Seminários, feiras, cursos e congressos.
Para concluir o A4 enfatiza que a supervisão educacional poderá contribuir
para a melhoria das relações interpessoais no ambiente educativo com ações
propositivas que favoreçam a harmonia do convívio social.
41
4 ATRIBUINDO UM REAL SIGNIFICADO A PRÁXIS PEDAGÓGICA DA
SUPERVISÃO EDUCACIONAL
Pensar em uma educação de qualidade é qualificar o processo ensinoaprendizagem
a fim de favorecer a todos os envolvidos momentos de harmonia,
tranqüilidade, respeito e conhecimento necessários para a continuidade do seu
processo de evolução enquanto sujeitos humanos.
Todos os indivíduos já passaram por momentos difíceis tanto no cotidiano
familiar, profissional e social. Foi através de experiências positivas e negativas que
percebi que era hora de desacomodar, de refletir e de fazer mudanças.
Era hora de colocar em ação um pouco da bagagem que vinha adquirindo no
meu processo de formação enquanto pessoa humana e profissional da educação.
Minha grande paixão em conhecer o outro, respeitá-lo e amá-lo foi a via
impulsionadora deste Projeto, que pretende ajudar as pessoas a se descobrirem, a
alçar vôos possíveis e acima de tudo perceber que precisamos uns dos outros para
evoluir.
Paixão mobilizadora, ofício ou vocação, respostas ainda em construções, mas
conforme Freire acredito que “ensinar exige querer bem aos educandos” (1996,
p.141). E ainda se apropriando de seus belos conhecimentos afirmo que:
[...] e o que dizer, mas sobretudo que esperar de mim, se, como
professor, não me acho tomado por este outro saber, o de que preciso estar
aberto ao gosto de querer bem, à coragem de querer bem aos educadores
e à própria prática educativa de que participo. Esta abertura ao querer bem
não significa, na verdade, que porque professor, me obrigo a querer bem a
maneira que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os
educandos, numa prática específica do ser humano (1996, p.141).
Foi essa capacidade de amar que me fez buscar objetivos e metas, que me
fez rir e chorar e que me proporcionou imensos momentos de prazer social e
cognitivo.
42
4.1 Conhecendo o Projeto
4.2 Titulo do Projeto
Educar numa perspectiva humanista: relações interpessoais.
4.3 Objetivo Geral
Conscientizar os envolvidos no processo ensino-aprendizagem da importância
das relações interpessoais, enfatizando a integração como um caminho a ser
seguido, a fim de se proporcionar um clima favorável à empresa-escola, por meio de
colaboração confiante e pertinente.
4.3.1 Objetivos Específicos
Verificar como se configuram os relacionamentos entre professores, alunos e
setores que convivem no espaço escolar, bem como o clima desse ambiente.
Conhecer os grupos, suas ansiedades e interesses no trabalho pedagógico.
Conscientizar da necessidade da coletividade para modificação de atitudes e
práticas pedagógicas.
Melhorar a qualidade da comunicação e das linguagens existentes no grupo.
Respeitar os posicionamentos, os valores, as crenças e individualidades dos
envolvidos no processo escolar.
Debater estratégias com o grupo docente de possíveis ações que contribuam na
relação interpessoal entre professores e alunos.
Proporcionar momentos de relatos e reflexões sobre a importância da disciplina
pedagógica de filosofia na construção das relações interpessoais.
4.4 Justificativa
Ao falar em Educação não podemos esquecer de que os atores envolvidos
neste processo são humanos, que possuem sentimentos, crenças e
individualidades.
Este aspecto nos faz lembrar que a educação não está meramente interligada
às práticas pedagógicas. Existem muitas formas de transmissão de conhecimento,
mas o ato de educar só ocorre quando existe afeto e se completa com muito amor.
43
Em função disto, a equipe diretiva do Colégio Luterano da Paz, sugeriu como
tema as relações interpessoais, para ser desenvolvido com os profissionais da
educação desta Instituição.
Como pedagoga, em constante aperfeiçoamento elaborei este projeto,
trazendo a educação numa perspectiva mais humanista, valorizando o ser humano
como um todo, dotado de sentimentos e ações, buscando em suas relações a
integração para que se proporcione aos professores e alunos um excelente clima de
colaboração confiante e pertinente, a fim de atingir os objetivos primordiais da
educação: a formação do ser humano.
4.5 Fundamentação Teórica
Ciente de tantas modificações ocorridas na sociedade e na educação se faz
necessário pensar em mudanças que possibilitem a qualidade do processo ensinoaprendizagem.
Percebe-se a necessidade de novas práticas pedagógicas que proporcionem
aos envolvidos melhorais em suas formações pessoais e profissionais.
Com a globalização e a competitividade no mercado de trabalho temos como
educadores a responsabilidade na formação de cidadãos críticos, conscientes,
preparados para exercerem autonomia e habilidades necessárias para se inserirem
no mercado de trabalho.
É importante lembrar que as mudanças não podem ocorrer apenas no âmbito
pedagógico, pois os personagens envolvidos neste processo são indivíduos que
possuem deferentes habilidades emocionais, sociais e cognitivas.
Historicamente os papéis de educadores e educandos vêem passando por
ressignificações, deixando de serem detentores e reprodutores de saberes, porém,
nos dias de hoje, educadores e alunos ressurgem na cumplicidade entre querer
ensinar e se permitir aprender.
Nesta nova perspectiva não podemos deixar de citar as relações
interpessoais como uma linha de ação que visa às bases emocionais e
psicopedagógicas dos seres humanos. Segundo Celso Antunes:
[...] cada pessoa é, e sempre será, um verdadeiro universo de
individualidade; suas ações, seus motivos, seus sentimentos constituem
paradigma único. (...) esta originalidade de cada um dificulta a comunicação
interpessoal e com ela todo esquema de relações humanas que envolve o
segredo do conviver (2003, p.09-10).
44
O objetivo deste Projeto é atingir os profissionais da educação de que as
mudanças são necessárias e possíveis, se nos engajarmos nesta proposta com
coração e mentes abertas, a fim de proporcionar as salas de aulas um espaço de
crescimento integral. Freire exemplifica bem esta frase com a seguinte citação:
[...] mudar é difícil, mas é possível, - que me empurra esperançoso
à ação, não é suficiente para a eficácia necessária a que me referi.
Movendo-me enquanto nele fundado, preciso ter e renovar saberes
específicos em cujo campo minha curiosidade se inquieta e minha prática
se embaseia (2004, p.80).
Todas as propostas a serem apresentadas no Projeto permitem que o
educador pense, reflita e sugira possíveis mudanças em suas práticas pessoais e
pedagógicas, a fim de garantir com seus colegas e educandos laços sólidos em
suas relações humanas.
A globalização trouxe grande preocupação, pois nossos interesses estavam
relacionados com a qualificação profissional e com o mercado de trabalho. Diante de
tudo isso, começamos a deixar de lado as relações humanas e nos preocuparmos
somente com a profissionalização.
Foi se percebendo nas instituições uma crise nas relações, pois os
educadores acabavam assumindo um compromisso com sua profissionalização,
envolvendo-se somente no domínio de teorias pedagógicas, acumulando saberes,
competências e habilidades para ministrar uma excelente aula.
E por fim, os educandos acabavam sofrendo tais conseqüências, pois,
recebiam de seus mestres acúmulos de saberes que os ajudariam somente na sua
vida estudantil. Foi através destes fatores, que a educação começou a perder seu
propósito.
Esta proposta busca proporcionar com os educadores um resgate no ato de
educar, interligando as relações interpessoais na busca de um ambiente propício
para a qualidade educacional. Gadotti propõe que:
45
[...] a qualidade do relacionamento como facilitador da
aprendizagem é embasada na confiança dada, pela abertura na
comunicação, podendo a mesma trilhar dois caminhos: a do
desenvolvimento de valores e de percepções entre alunos e alunos. Uma
comunicação nesta direção tende a se desenvolver numa sala de aula
aberta, com um diálogo colaborativo, verbalizado ou não, entre os
participantes, sob a forma de idéias, entendimentos e conceitos (1994,
p.58).
É importante salientar que esse Projeto percorreu o propósito de conscientizar
de que existem diferentes estratégias pedagógicas que despertem a construção de
valores e que a integração entre professores e alunos se torna um recurso
indispensável para se atingir esse objetivo.
4.6 Metodologia e Cronograma
O projeto tem como metodologia o trabalho no cotidiano das instituições com
a capacitação de profissionais através de palestras que proporcionem momentos de
autoconhecimento, reflexões, dinâmicas e ações que facilitem a troca de idéias e
sugestões.
Estas capacitações têm por objetivo a iniciativa de um processo de mudança,
que só acontecerá se houver a continuidade destas ações-reflexões no cotidiano
profissional. A semente é lançada, porém necessita da dedicação em sua
semeadura.
46
5 ESTÁGIO
O estágio realizado ao longo do presente curso de especialização, aqui
denominado de capacitações desenvolveu-se em diferentes instâncias curriculares:
escolas particulares, estaduais e municipais através do trabalho em parceria com a
Associação dos Supervisores de Educação do Estado do Rio Grande do Sul –
ASSERS, com o objetivo de qualificar o grupo pedagógico das instituições.
Durante todo o ano de 2008, este trabalho foi ocorrendo à medida que ele
vinha sendo descoberto e reconhecido pelos profissionais que participaram desta
formação. O crescimento ocorreu gradativamente e foi sobrevoando áreas fora do
município de Porto Alegre, pousando na cidade de Camaquã.
O propósito inicial era despertar em cada profissional da instituição que
estava sendo desenvolvido o desejo de mudanças e o de não acostumar com as
situações por eles vivenciadas nestes contextos.
Flores? Nem tudo foram flores. Pedras? Muitas pedras! Que não me fizeram
perder o rumo, mas que provocaram mais força, mais garra, mais vontade de ver
que mudanças pudessem acontecer. Acreditar nestes aspectos foram mais uma
certeza, a de acreditar na potencialidade de cada ser humano!
Cada instituição possui características diferentes, o que reflete a colheita
deste trabalho.
Em muitas escolas, me deparei com o negativismo, com a falta de paixão e
desejo que nos mobiliza a mudar e a evoluir. E que algumas vezes te adoece, te
“resfria” e te incomoda. Porém, os objetivos eram claros e a continuidade de semear
iria gerar frutos e flores.
Em outras instituições se percebia um grupo adormecido, num sono tranqüilo,
fácil de ser mobilizado, pronto para ser sonhado em coletividade. Momentos de
energização e de se reabastecer com o calor humano que era resgatado aos poucos
e que nos faz sentir vivos e amados. Segundo Mosquera e Stobäus:
[...] o termo amar tem sido muito desgastado e mal usado e a
concepção que temos de amor é falsamente romântica ou muito ao gosto
do mundo individual burguês, no qual amar é amar os meus e não os
outros, é ter um uso exclusivo, evitando conhecer o ser humano como ser.
Aqui passamos pela primeira idéia de Freud, se amar pressupõe laços ou
pontes, é evidente que amar é uma forma de comunicação (2001, p. 97 –
98).
47
Assumir tal perspectiva é acreditar no ser humano, é desvendá-lo, é descobrilo
e acima de tudo é revelar o que existe de melhor em todos nós, momentos
gratificantes e proporcionados durante este ano de estágio.
48
CONCLUSÃO
Chegar a um veredicto final seria impossível, pois todas as palavras
alinhavadas nesta monografia descrevem o ser humano como um universo
particular.
Assunto inacabado, em constante transformação, que será redescoberto em
cada cotidiano, num simples ato desempenhado, nas ações e nos movimentos deste
mundo complexo.
Algumas perguntas ainda sem respostas, pois viver e ser um ser humano são
um desafio a todo instante. As respostas, respondidas com rigorosidade,
entretanto tenho a compreensão de que desvendar os seres humanos é
assemelha-se a tentar descobrir mistérios nunca revelados, é viajar sem
previsão de chegada e acima de tudo, é viver a vida sem compreensão do que
pode estar por vir8.
Diante das respostas que estão em construção referentes ao tema “Relações
Interpessoais”, tive a oportunidade de perceber que as pessoas cada vez mais
procuram mecanismos para se reconhecerem como pessoas e, assim tentando
entender o outro.
Mesmo com as dificuldades de convívio social que todos enfrentamos,
percebo que queremos mudanças e que elas só são possíveis quando existe o
equilíbrio nas relações interpessoais.
Precisamos ter controle de nossas ações, como um antigo provérbio “falar
pouco, ouvir mais”. Devemos ser amados e amar cada vez mais. Precisamos
respeitar e, em conseqüência sermos respeitados. Devemos valorizar e após,
seremos valorizados.
8 Grifos da autora.
49
Enfim... precisamos nos aceitar e nos conhecer, e só assim conheceremos os
outros, seus sentimentos e suas máscaras.
Relacionar-se é importante em qualquer contexto social, pois equilibra as
relações interpessoais nos levando ao equilíbrio e a harmonia, pois só assim, se
daremos a continuidade da nossa espécie humana.
Essa apreciação teve por finalidade reconhecer na Supervisão Educacional
as ações que potencializam as relações interpessoais sob a perspectiva propositiva
no ambiente educativo.
E foi além! E se pudesse não se concluiria com essas argumentações, pois o
resultado de um relacionamento interpessoal ultrapassa qualquer ordem cronológica
de fatos, pois somos seres em constantes transformações. Talvez seja por isso que
o término desta monografia tenha se prolongado, pois este assunto nunca será
inacabado.
50
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In: Revista Nova Escola. O Brasil da pré-história. Ano XXVIII. N.212. mai. São
Paulo: Abril, 2008.
52
ANEXO
53
ASSOCIAÇÃO DOS SUPERVISORES DE EDUCAÇÃO
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Decreto de Utilidade Pública Estadual N.° 6726
CNPJ N.° 88.939.020/0001-73
AV. Borges de Medeiros, 308 - Sala 106 –
Porto Alegre /RS -CEP: 90.020-020
Telefones: (51)32283498 (51) 32867634
Atestamos, para os devidos fins, que a aluna Andréia Cássia da Silva Skieresz realizou
estágio nesta Instituição, para a conclusão do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Supervisão
Educacional, parceria da Faculdades Portal e ASSERS- , totalizando 45 horas.
Porto Alegre 18 de dezembro de 2008.
ATESTADO

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