domingo, 3 de abril de 2011

9ºANO - ANGLO RESENDE - Atividade de Geografia - África

 Atividade de Geografia 
Data de entrega: 11 de abril 2011

1 - LEIA O TEXTO E RESPONDA AS QUESTÕES


Guerras tribais ou conflitos étnicos?
O continente africano padece das conseqüências de um longo e interminável processo de exploração que espoliou a maior parte de suas nações, determinando, na maioria das vezes, uma situação de miséria quase que absoluta. Para entendermos melhor essa situação, basta observarmos o recente relatório de desenvolvimento humano (RDH-2005), divulgado pelo PNUD no mês de setembro, que apresenta dados estarrecedores, confirmando aquilo que já se verificava em relatórios anteriores. Dos trinta e um países com índice de desenvolvimento humano baixo, isto é, inferior a 0,499, de uma escala que varia de 1 a 0, vinte e nove são países africanos. Na maioria das vezes, resultado dos atuais conflitos que avassalam o continente.


As fronteiras do continente africano, herdadas pelos europeus, desrespeitaram os limites naturais e humanos, criando graves problemas nos dias atuais.

A idéia que temos dos conflitos na África é aquela reproduzida pela mídia, de que esses conflitos são gerados por guerras civis entre tribos, isto é, entre povos não civilizados que vivem como verdadeiros animais. Nem sempre é analisado o contexto que determinou todo esse processo sangrento que caracteriza a África como um continente em chamas. O fato, isto é, o conflito entre povos distintos, é apresentado como iniciado e terminado em si mesmo. Assim, verificamos os problemas de uma forma simplificada, uma tribo enfrentando outra por razões pífias, principalmente para quem não vive esse cotidiano. Mas antes de qualquer coisa, precisamos refletir sobre as palavras, é correto se falar em “tribo”? O que significa isso? Ou seriam culturas... porque “tribo” tem uma conotação muito pejorativa, acentuando-se assim a
miséria que caracteriza a maioria dos países desse continente.
No momento em que se descontextualiza o problema, não se consegue entender as causas e
muito menos prever as conseqüências e possíveis saídas para esses conflitos. Assim, é comum
pensar que são culturas sem valores, primitivas, que a única coisa que sabem fazer é ficar em
guerra uma com a outra, sem saber nem bem o porquê dessa rivalidade. Há vários problemas
sérios na África, entretanto a análise do processo histórico é fundamental para a real compreensão dos acontecimentos atuais.
No período do capitalismo comercial, compreendido como colonialismo, ocorrido entre os séculos XVI e XVIII, a África foi saqueada naquilo que existe de mais importante no espaço geográfico, o seu povo. Visando atender à demanda de mão-de-obra nas novas áreas coloniais, os europeus desrespeitaram o africano enquanto ser humano e acentuaram as diferenças étnicas cooptando alguns grupos étnicos para facilitar a escravização de outros.
Posteriormente, já na fase do capitalismo industrial, a partir do século XIX, o imperialismo europeu visualiza o continente com outros olhos, é o período do neocolonialismo. No Congresso de Berlim (1884-1885) a África é partilhada ent re as grandes potências européias,
sem o mínimo interesse na avaliação do espaço natural e humano dessa região. Os Estados que atualmente existem na África tiveram suas fronteiras definidas por esse colonialismo europeu. Assim, foram criações que desrespeitaram na sua origem os aspectos naturais, as verdadeiras culturas e as limitações que historicamente existiam na África. Os colonizadores europeus ignoraram todo o passado desse continente, imaginaram eles que era uma terra de ninguém, criaram uma superposição com uma cultura trazida de fora, muitas vezes imposta. E disso saiu uma aberração, como não poderia deixar de ser, como é a maior parte dos países africanos hoje. Não têm unidade lingüística, não têm unidade cultural, não têm unidade religiosa e não têm o sentimento de pertencer a uma nação.
Somados a isso, por ser um “continente rico”, existem grandes interesses internacionais que
estão interferindo diretamente na problemática local, com aquele velho ditado de: “divide e
vencerás, divide e reinarás”. Então, muitos dos conflitos que acreditamos ter raízes internas,
na verdade, não as têm. É fruto da cobiça internacional. É mais fácil explorar o petróleo, o
diamante, o urânio, ou o que seja dentro de um contexto de luta. Com esses ingredientes, e
mais a herança colonialista do subdesenvolvimento, é possível entender grande parte dos
conflitos que estão acontecendo na África.
Os conflitos atuais da África são motivados pela combinação de causas variadas, embora predomine, neste ou naquele caso, um determinado componente étnico, e não tribal, como é o caso de Ruanda, Mali, Somália e Senegal, religioso na Argélia, Nigéria e Sudão, ou político em Angola, Libéria, Uganda e República Democrática do Congo. Isso sem contar os litígios
territoriais, muito freqüentes na África ocidental. No meio desses conflitos que atormentam a África atualmente, estão vários povos e nações que buscam sua autonomia e sua autodeterminação diante de poderes centrais autoritários, exercidos muitas vezes por uma etnia majoritária.
Algumas dessas guerras tem ultrapassado todos os limites de crueldade, como a que se verifica em Ruanda e Burundi, opondo as etnias tutsi e hutu. Os hutus são maioria na população, mas são os tutsis que dominam a vida política e econômica desses países desde que os antigos colonialistas belgas promoveram representantes desta etnia a postos de mando administrativo. Na Somália, oito clãs disputam o poder numa guerra civil que dilacerou completamente o
país. Na Libéria, a guerra interna matou mais de 150 mil pessoas e produziu cerca de 700 mil refugiados. Cifra semelhante pode ser verificada na vizinha Serra Leoa. A situação não é muito diferente em países como o Chade ou Sudão; neste último o governo islâmico tem dizimado a população que não aderiu a esse princ ípio religioso, concentrado na região de
Darfur, situada na porção oeste do país.
Enfim, são vários e vários conflitos sem perspectivas imediatas de pacificação. Acordos e negociações têm sido tentados, mas sem muito sucesso. À exceção da saliência das questões étnicas, grande parte dos problemas que afetam a África são também comuns à maioria dos países do chamado “sul pobre”. São problemas com raízes estruturais que só serão resolvidos no marco de uma nova ordem internacional capaz de eliminar as contradições entre o mundo econômico e tecnologicamente desenvolvido e o mundo subdesenvolvido e marginalizado, condenado a esta situação pelo próprio processo histórico de dominação política e pilhagem econômica do primeiro.
Ademir Aquino
Professor de geografia e história no ensino médio e pré-vestibular



Atividade 

Utilizando-se das informações do texto, do conteúdo do material didático e do assunto
trabalhado em sala de aula, responda à questão da segunda fase da Unicamp

1-(Unicamp - SP) Com base no texto a seguir, faça o que se pede:
Darfur, no oeste do Sudão, é a bola humanitária da vez. Recebeu a visita de Kofi Annan e Colin Powell, cobertura especial na BBC e CNN, e é “vendida” para o mundo como um genocídio em curso. Não há dúvidas de que se trata de uma calamidade de virar o estômago, mas há de se perguntar por que os 30 mil a 50 mil mortos de Darfur valem mais que os 2 milhões de vítimas no Congo, ou os 300 mil dizimados em Burundi, ou mesmo os 2 milhões de vítimas da guerra civil no sul do Sudão, que se estende desde 1983.
(Adaptado de Simantob.Eduardo, Sob fogo cruzado. São Paulo: Primeira Leitura Ltda.,
2004.6 p.77.)
a) Analise por que os conflitos de Darfur, no Sudão, despertam o interesse de países como os EUA e a Inglaterra.
b) O conflito do Congo é considerado o maior conflito armado do continente. Quais as principais razões desse conflito?


c) A Nigéria, o mais populoso país africano, também é palco de conflitos. Quais as suas principais causas?´