segunda-feira, 2 de junho de 2008

Tripé Manfrotto 055 XProB e cabeça Manfrotto 808RC4


Sendo que o meu velhinho mas muito bom Velbon DGB3, com a sua cabeça de esfera Groschupp , está já com cerca de 30 anos de serviço duro em cima e com o desgaste normal que tinha de ter, tive de pensar na sua substituição, pois que em certas ocasiões uma das pernas do mesmo já não bloqueava devidamente - só por vezes, tinha mania - e tinha de ser eu a segurar no desgraçado para não ter surpresas na imagem final. Obviamente que a primeira marca que escolhi para ver foi a própria Velbon, que tem modelos em fibra de carbono de boa nota mas como não me preocupo muito com o peso, prefiro ainda os bons tripés com pernas de aluminio, bastante mais em conta e tão resistentes quanto os de carbono, apesar de mais pesados.

Existem a meu ver - e que eu conheça bem - 6 boas marcas de tripés para fotografia: os conhecidos Gitzo (franceses), Manfrotto (italianos), Velbon e Slik (japoneses), os menos conhecidos e menos divulgados Giottos (chineses) e os Feisol ( japonese ). Mais haverá mas só "apalpei" tripés destas 5 marcas. E falo nestas cinco, pois os tripés de topo da tabela de cada uma das marcas, são tripés que só pelo seu aspecto e construção, inspiram confiança. E nao falo nas marcas que fazem somente tripés para video, como a Vinten ( ingleses ), Libec ou Sachtler (alemães ) entroutras ou a própria Manfrotto. Aliás, a primeira vez que um Manfrotto se atravessou à minha frente, foi por intermédio do meu filho mais velho, que trouxe para casa um Manfrotto emprestado pela faculdade, um tripé de video - monstruoso - e fiquei impressionadíssimo com a qualidade do animal.

Como só compro coisas que veja ao vivo e porque me foi impossivel "apalpar" os Velbon, para além de ter visto os Gitzo - demasiadamente caros - optei pela Manfrotto. Assim decidi procurar no catálogo da marca, o tripé adequado para o meu material e acabei neste X55ProB, um dos tripés mais antigos da marca - mas sempre actualizado - e dos mais bem conceituados. O modelo 190XProB é em tudo identico, mas mais leve - e por isso não aceita as cargas do 055.

O tripé - de coluna rápida, isto é, sobe e desce directamente sem qualquer tipo de mecanismo - aceita cargas até 7 quilos - a minha D200 na sua configuração mais pesada, vai aos 3 quilos - e portanto sobram-me 4 quilitos para o que der e vier. Primeira constatação: a qualidade aparente do tripé é muito boa. As pernas são seccionadas em 3 lanços - o diametro das mesmas é de respectivamente 29,5 - 25 - e 20 mm - e a altura do tripé com as mesmas devidamente posicionadas , mas com a coluna central em baixo vai aos 142 cms e com a mesma toda subida vai aos 178 cms. As pernas apoiam no chão com pés de borracha muito grossa que adivinho resistam bem aos elementos e uso, apesar de eu preferir pés com espigões de aço / borracha ajustáveis. O topo do tripé tem um nivel de bolha. O tripé todo fechado fica nos 65,5 centímetros e pesa 2,4 quilogramas. Sendo que as pernas têm quatro angulos distintos de abertura, - 23°,45°,65°,88° - quando totalmente abertas permitem uma altura miníma de 10 centímetros ao solo. Muito baixinho mesmo e excelente para fotografia rasteira e macro. Duas das pernas são forradas a espuma de borracha /neoprene na sua parte superior, para os dias frios em que o toque com o aluminio é desagradável. Até estas protecções são de boa qualidade. Assim, a qualidade dos materiais é muito boa em todos os pormenores, sendo somente a parte exterior do manipulo que bloqueia a coluna central, forrada a plástico, se bem que de boa qualidade também, que a meu ver sai do "tom". As pernas são muito sólidas, de secção redonda, com fechos rápidos de carga ajustável pelo utilizador - prefiro no entanto os fechos de atarrachar, menos práticos é certo mas quiçá mais fiáveis, mas o tempo o dirá ( foi por causa de fechos como estes que a perninha do meu Velbon, passados 30 anos começou a ter" manias ", mas 30 anos são 30 anos ) e uma coluna central de secção triangular mas seccionada nas suas arestas, muito robusta também.

Ora e é nesta coluna central que a Manfrotto faz a diferença para quase todos os outros fabricantes, pois que a mesma pode-se colocar na horizontal, sem ter de a retirar do lugar. E digo quase pois a Giottos tem modelos que fazem o mesmo, mas de outra forma. Basta para tal subi-la toda, carregar numa patilha e "voilá": a nossa imaginação faz o resto. Os angulos possiveis são quase infinitos e no uso seguido, é que nos vamos habituando à mais valia que é ter uma coluna deste género e deixamos de a ver como um "gadget" pouco útil. Antes pelo contrário. Nesta posição horizontal e com a máquina colocada, dependendo da posição relativamente às pernas, é possivel colocar um contrapeso, num pequeno gancho colocado num dos laterais das estrutura superior do tripé. Também útil para zonas muito ventosas. Existe também um olhal para colocarmos uma alça para transportar o animal às costas.

Experimentei a estabilidade do tripé com os 3 quilos de D200 em cima, somente com dois lanços de pernas abertos e a coluna central na posição vertical e quase toda em cima e fiquei impressionado: nada mexe. Depois experimentei com a coluna na horizontal e se bem que a solidez do conjunto seja de confiança, não tem obviamente a mesma rigidez global se compararmos com a posição vertical. No fundo é como termos um peso de 3 kgs na ponta de um tubo de aluminio e se pensarmos desta forma, então a segurança e firmeza, é notavel. Os fechos rápidos das pernas "bloqueiam mesmo" as ditas e todo o conjunto inspira muita confiança, dando-nos a impressão que só um terramoto pode deitar tudo aquilo ao chão. A base superior da coluna onde se atarracha a cabeça é em aluminio maquinado de alta qualidade,com 3 parafusos em aço inox para "prender sem hesitações" a cabeça que escolhermos. Sendo que os italianos são mestres no aluminio e formas de o trabalhar, está quase tudo dito. Todo o tripé pode ser desmontado peça a peça, o que facilita a manutenção e substituição de peças, caso seja necessário. Traz uma chave própria para se ajustar as tensões de carga dos fechos rápidos, chave esta presa a uma das pernas mas com a qual devemos ter cuidado para a nao perdermos.

A cabeça escolhida foi a 808RC4, uma cabeça " pan & tilt ". Sempre fui adepto das cabeças de esfera, pois que são mais intuitivas e rápidas a trabalhar, sendo que no entanto o seu micro ajuste se pode tornar delicado, se não forem hidroestáticas ou se nao tiverem alguma regulação da sua fricção. Assim e no local onde comprei, não só experimentei as cabeças de esfera da marca, - muito boas mesmo mas as hidroestáticas muito caras - como uma cabeça inovadora, também da Manfrotto - 322RC2 - que no fundo é uma esfera, ligada a uma manete tipo de bicicleta, a qual vamos ajustando e ao largarmos, fica bloqueada na posição em que parámos a mão. No entanto não me dei bem no teste e ao experimentar a 808RC4 - confesso que não estava muito convencido antes de a experimentar , pois imaginava uma certa "prisão" de movimentos mas enganei-me redondamente - a decisão foi quase instantanea. E como o uso que faço do tripé é para fotografias estáticas de arquitectura ou de pouca luz, o interesse numa cabeça mais "rápida" ser relativo. Não não é uma cabeça para "acção". É uma cabeça para imagens calmas ou até para, e depois de se enquadrar as variantes, fazer uns bons "pannings" em corridas de automóveis.

Esta cabeça tem na sua base uma escala de 360º - para fotografia panorãmica - tem 4 niveis de bolha e 3 punhos extremamente ergonómicos e muito bem colocados - um para travar o "panning" ,outro para movimentos verticais e outro para horizontais. Tem também mais duas escalas em cada um dos seus eixos para que possamos fixar os valores da posição. É uma cabeça alta - alta demais, tem 15,6 centimetros - e pesa 1,4 kilos. Mas...toda ela "respira qualidade". Aceita cargas até aos 8 quilos e tem duas molas compensadoras nos seus eixos vertical e horizontal, que compensam o peso do material. Bem pensado. Estas molas podem ser desactivadas. A escala de movimentos laterais e horizontais vai desde os -30º aos +90º, que e em conjunto com a versatilidade da coluna do tripé, nos permite angulos quase infinitos de se fazer a captura. Todos os movimentos são extremamente suaves, macios e quando se bloqueiam os punhos, a máquina fica mesmo "congelada" no seu sitio. Não tenham dúvidas. A cabeça além de ficar atarrachada à coluna do tripé, tem também mais 3 parafusos de segurança vindos da cabeça do tripé, que a bloqueiam completamente à sua base, "por via das dúvidas". A sapata de encaixe/desencaixe rápido é uma sapata larga e grande, - portanto com um bom suporte - em aluminio, com parafusos e furos de diversos diametros para aceitar o mais diversificado material. Depois de colocada na base da máquina, - coloquei-a e vai "morrer lá" - o seu encaixe na cabeça é extremamente fácil, rápido, preciso e seguro e o seu desencaixe só acontece depois de accionarmos um duplo dispositivo de segurança na sua alavanca principal, que sendo rápido depois de nos habituarmos, é mesmo seguro, pois que nunca o poderemos accionar acidentalmente e vermos o material a estatelar-se no chão.

Concluindo: se procuram um tripé de muita qualidade, fiável e robusto, com uma cabeça a condizer, - se for o tipo de cabeça adequado ao vosso trabalho - esta dupla é uma dupla muito bem sucedida e competente. Um óptimo companheiro para o meu mini-tripé da Slik, que agora herdou a cabeça de esfera Groschupp que estava no velhinho Velbon, o qual agora descansa depois de bons serviços - e maus tratos - ao longo de 30 anos.

2 comentários:

Eliel Galeazzi disse...

Nogueira, eu estava tendendo a comprar este tripé, mas agora vendo tudo o que tu escreveste sobre ele tive a certeza que esse é o tripé que eu procuro!!!
Valeu!!!

Maycon Abreu disse...

Oi, esse review foi muito util na escolha do meu tripé e cabeça hahahaha, desculpa minha gracinha.

Muito obrigado