segunda-feira, 18 de julho de 2011

MÁRIO CLÁUDIO - TIAGO VEIGA

Mário Cláudio acaba de publicar «Tiago Veiga - Uma Biografia», aparentemente na linha de anteriores biografias romanceadas: «Amadeo» (Amadeo de Souza-Cardoso), «Guilhermina» (Guilhermina ) e «Rosa» (Rosa Ramalho).
Tiago Veiga (1900-1988) é um poeta modernista, bisneto de Camilo Castelo Branco, nascido no Brasil, casado com uma francesa e, depois, com uma irlandesa, e falecido (por suicídio) no Alto Minho, onde se refugiou no fim da vida.
Foi um cosmopolita e um viajante compulsivo.
Viveu em Itália, Paris, Londres, Galiza, Porto, Lisboa, Marrocos, Guiné-Bissau, Nova Iorque.
O poeta optou pelo anonimato em vida, não publicou nenhuma obra, mas relacionou-se com grandes nomes da política e das literaturas portuguesa e europeia, incluindo com Mário Cláudio, o qual admite ter sido por ele influenciado em termos literários.
A primeira pessoa que falou de Tiago Veiga a Mário Cláudio foi Mário Sottomayor Cardia, quando eram ambos estudantes de Direito em Lisboa.
Conheceu-o pouco tempo depois, mas as relações só se intensificaram muitos anos mais tarde, quando Tiago Veiga o começou a ver como seu futuro biógrafo.
Foi Tiago Veiga quem, segundo Mário Cláudio, lhe impôs a escrita da sua biografia.
Nesta constam fotografias de alguns ascendentes de Tiago Veiga, da «Casa dos Anjos», do poeta em várias fases da vida, das esposas francesa e irlandesa, da filha e do filho, de Tiago com Mário Cláudio em 1984, bem como de pinturas do poeta.
A capa do livro de Mário Cláudio é composta a partir do quadro «Os Cavalos de Danaan», da mulher irlandesa de Tiago Veiga, Ellen Rassmunsen.
O biografado deixou também uma «arca», tendo Mário Cláudio procedido já à publicação póstuma de três das suas obras: «Os Sonetos Italianos de Tiago Veiga» (2003), «Gondelim» (2008) e «Do Espelho de Vénus» (2010).
De resto, no próprio «Tiago Veiga - Uma Biografia» são divulgados muitos inéditos do escritor.
O poeta, embora nunca tenha publicado, criou um pseudónimo: Rodrigo de Matos.
Porém, se exceptuarmos as referências e a actuação de Mário Cláudio, ninguém conhece Tiago Veiga.
Os críticos literários consideram tratar-se de um «heterónimo» não assumido de (e por) Mário Cláudio ou de uma «nova teoria da heteronímia» (Miguel Real).
A primeira referência pública a Tiago Veiga foi em 1988, num artigo de Mário Cláudio, no ex-semanário «Tempo», em que era anunciada a sua morte.
A literatura é («nem só mas também») um jogo. Não é, Augusto?

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