Imprimir mais dinheiro resolveria os problemas?

Parece uma solução fácil demais para a falta de recursos que aflige nosso país - e, de fato, é. Não funciona. Mas em 1955, o então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, achou também uma boa idéia: emitiu mais papel-moeda para ajudar a financiar seu projeto de fazer o Brasil avançar 50 anos em cinco. Construiu Brasília e deixou uma bela inflação para seu sucessor, Janio Quadros, lembra o professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Flávio Fligenspan.

"Muita gente tem essa dúvida, simplesmente fazer mais dinheiro parece uma solução mágica, mas não é", alerta. Não dá certo, explica, porque precisa haver um "casamento" entre os dois lados da economia: o monetário e o real. Ou seja, tem de haver uma quantidade de dinheiro equivalente à quantidade de bens, serviços, empregos, as coisas tangíveis da economia.

"Vamos dizer que você emita muito dinheiro", propõe Fligenspan. "Ele vai para a sociedade e encontra os produtos do mundo real. Quando há muita moeda, isso gera um desequilíbrio: não há produtos suficientes para aquele monte de dinheiro. O único jeito de resolver esse desequilíbrio é aumentar o preço das coisas - ou seja, criar inflação".

É bom esclarecer: não é que haja um governante maquiavélico ordenando a criação da inflação. Simplesmente, se há muito mais dinheiro circulando para comprar o mesmo número de produtos, quem vende percebe que pode pedir mais pelo mesmo. Segundo o professor da Ufrgs, isso vale para qualquer governo no mundo: não adianta inundar o país de dinheiro para construir grandes projetos, pois logo ele valerá bem menos.