terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um Perfil do Comércio Exterior Brasileiro: 2000-2010

Entre 2000 e 2010, as exportações brasileiras passaram de US$ 55,1 bilhões para US$ 201,9 bilhões (+ 266%) e as importações, de US$ 55,9 bilhões para US$ 181,6 bilhões (+ 225%).

Quais foram as mudanças mais visíveis no comércio exterior brasileiro nesse período? Os próximos dois itens traz algumas informações sobre a evolução da pauta do comércio exterior brasileiro por região e por produto, tendo por referência os anos de 2000, 2005 e 2010. As informações foram obtidas do Sistema Alice, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Comércio Exterior por Origem e Destino

A evolução do comércio exterior brasileiro no período foi marcada pelo crescimento da importância da Ásia e, em particular, da China.

Em 2000, as exportações para a Ásia (inclusive China e exclusive Oriente Médio) somaram 11,5% das exportações totais. Em 2010 esse percentual alcançou 27,9%. Considerando apenas a China, de 2,0% para 15,2%.

As vendas para este país, que em 2010 alcançaram 30,8 bilhões, foram maiores do que as exportações para os Estados Unidos (US$ 19,3 bilhões), para o Mercosul (US$ 22,6 bilhões), para os demais países da Aladi (US$ 18,6 bilhões) e menores apenas do que as exportações para a União Europeia como um todo (US$ 43,1 bilhões).

O gráfico a seguir permite visualizar o crescimento das exportações para a China. Tendo o ano de 2000 como base igual a 100, o crescimento das exportações totais em 2010 (linha vermelha tracejada) foi superado pela China, outros países asiáticos (exclusive oriente médio) e “outros”.

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As compras da Ásia e, em particular, da China também orientaram o crescimento das importações totais.

Em 2000, as importações para a Ásia (inclusive China e exclusive Oriente Médio) somaram 15,4% das importações totais. Em 2010 esse percentual alcançou 30,9%. Considerando apenas a China, de 2,2% para 14,1%.

Foram US$ 25,6 bilhões importados da China em 2010, montante, por exemplo, inferior às importações da União Europeia (US$ 39,1 bilhões), equivalente às dos Estados Unidos (US$ 27,0 bilhões) e superior às do Mercosul (US$ 16,6 bilhões).

O gráfico abaixo mostra que o crescimento das compras da China entre 2000 e 2010 não teve comparação com nenhum outro bloco econômico ou país.

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Comércio Exterior por Produto

Foram selecionados os dez “produtos” (capítulos da NCM) de maior valor nas exportações e nas importações de 2010, cujas participações nos respectivos totais encontram-se nas tabelas abaixo.

Em linhas gerais, a pauta de exportação teve mudanças muito mais significativas do que a de importação, pois, por exemplo, a participação dos dez principais produtos de exportação passou de 47% para 64% entre 2000 e 2010, enquanto que no caso das importações esses percentuais mantiveram estáveis, com os dez principais produtos de importação respondendo por cerca de três quartos do total.

No caso das exportações, ganharam importância relativa, principalmente, minérios, combustíveis, açúcares, carnes e sementes e frutos oleaginosos (soja) e perderam, máquinas e equipamentos mecânicos e elétricos, veículos e produtos siderúrgicos.

Exportações Brasileiras: Principais Capítulos da NCM (Participação no Total)
Capítulo NCM
2000
2005
2010
26 - Minérios
5,9%
6,8%
15,3%
27 - Combustíveis
1,6%
6,0%
9,8%
17 - Açúcares
2,3%
3,5%
6,4%
87 - Veículos terrestres, partes e acessórios
8,1%
9,7%
6,0%
02 - Carnes
2,9%
6,0%
5,9%
12 - Sementes e frutos oleaginosos
4,0%
4,6%
5,5%
84 - Máquinas e equip. mecânicos
7,8%
8,2%
5,5%
72 - Produtos siderúrgicos
6,2%
7,2%
4,2%
09 - Café
3,1%
2,3%
2,7%
85 - Máquinas e equip. elétricos
5,4%
4,6%
2,5%
Outros
52,7%
41,1%
36,2%
Total
100,0%
100,0%
100,0%

No caso das importações, a estabilidade relativa da pauta torna menos evidente essa evolução. Ainda assim, vale destacar a perda de participação das máquinas e equipamentos mecânicos e, principalmente, elétricos e o aumento da participação dos veículos nas importações totais.

Importações Brasileiras: Principais Capítulos da NCM(Participação no Total)
Capítulo NCM
2000
2005
2010
27 - Combustíveis
14,8%
18,3%
16,5%
84 - Máquinas e equip. mecânicos
16,2%
15,8%
15,7%
85 - Máquinas e equip. elétricos
16,3%
14,2%
12,2%
87 - Veículos terrestres, partes e acessórios
6,7%
5,8%
9,5%
29 - Produtos químicos orgânicos
5,9%
5,9%
4,6%
39 - Plásticos e suas obras
3,5%
3,9%
3,6%
30 - Produtos farmacêuticos
2,5%
2,8%
3,4%
90 - Inst./aparelhos de ótica/fotografia etc.
3,3%
3,9%
3,4%
31 - Adubos e Fertilizantes
2,3%
3,1%
2,7%
72 - Produtos siderúrgicos
0,8%
1,2%
2,6%
Outros
27,6%
25,2%
25,8%
Total
100,0%
100,0%
100,0%

Em síntese, as duas tendências mais visíveis do comércio exterior brasileiro no período foram a guinada rumo à maior importância relativa da Ásia e da China, em particular, e dos produtos primários na pauta de exportação.

Com relação ao último ponto, um pouco de cautela não faz mal. Participação elevada ou crescente de produtos primários nas exportações totais diz muito pouco. Não diz nada, por exemplo, sobre a importância das exportações de manufaturados, se são significativas seja em relação à produção industrial ou em relação ao comércio internacional. Não dá para afirmar que houve uma deterioração da pauta de exportação simplesmente identificando sua concentração em torno de produtos primários (mas isso fica para outra ocasião...).

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