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Elias do piano na mídia:

Nestes tempos em que os instrumentos eletrônicos dominam a cena musical, está cada vez mais difícil encontrar um bom afinador de pianos. Assista a reportagem completa do programa metrópolis da TV Cultura...(assista ao vídeo).

Clientes e Parceiros

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Afinação profissional de pianos

Madri o início de tudo

A história de Elias do piano não começa na Barra Funda, e, sim, do outro lado do Atlântico. Ela tem início na Espanha, na capital Madri, quando o bisavô de Elias, o espanhol Manoel Vicente Rodrigues, decidiu mudar-se para a Alemanha. Aos 20 anos, pouco tempo após o término da Segunda Guerra, Manoel partiu em busca de trabalho em uma pequena fábrica de pianos, dos famosos Klavieren Rönisch. Em terras alemãs, o jovem afinador espanhol conheceu um colega de trabalho, de mesma origem, que o convidou a imigrar para o Brasil. Eles viriam para trabalhar em outra fábrica: a brasileira e já extinta Essenfelder. “Isso lá pelos anos de 1920 a 1925”, lembra Elias.

Próxima parada Curitiba

Chegando a Curitiba, Manoel iniciou o trabalho como afinador de pianos na fábrica que o atraiu ao país tropical. Mas em pouco tempo ele conquistou sua clientela própria – o bem mais precioso dessa profissão – além de dinheiro suficiente para sair do emprego e montar sua oficina na capital paranaense. A partir daí, o legado da afinação teve início na família Rodrigues.

O primogênito do espanhol, Manoel Rodrigues Filho, também afinador de pianos, nasceu dentro de uma oficina. Não poderia ser diferente. “O afinador de pianos precisa desenvolver o dom para a música, ele não nasce sabendo esse tipo de trabalho. Tem de conviver, desenvolver, aprender”, defende Elias.

Uma família dedicada a música

Com todos os herdeiros nascidos dentro da pequena oficina, a família Rodrigues começou a crescer. Além do irmão mais velho, também afinador, que herdou a oficina do pai em Curitiba, Elias tem mais dois, que são maestros e arranjadores musicais. “Eu era o principal ajudante do meu pai.”

E assim como o filho mais velho os netos do velho Manoel Rodrigues também cresceram entre cordas, caixas desmontadas e peças de conserto. Um deles, Elias, cresceu e começou a sentir o seu chamado íntimo. Era hora de conquistar seu próprio espaço.

Chegada a São Paulo

Os clientes de Curitiba e do interior do Paraná já não eram suficientes para os irmãos, pai, tios e conhecidos dos Rodrigues atenderem. Era preciso mudar. “Aproveitei que estava recém-casado – na década de 1980 –, com todo aquele pique de novidades para me mudar com minha mulher para São Paulo”, diz Elias. A primeira mulher de Elias, aliás, era funcionária de uma loja de equipamentos musicais na cidade de Marília, no interior de São Paulo, quando os dois se conheceram. A música, enfim, foi fundamental desde sempre também na vida sentimental do afinador.

Primeiros clientes

Assim que chegou à capital paulista, conseguiu seus primeiros clientes em uma pequena escola de música e, assim, iniciou sua carteira de clientes de toda a grande São Paulo e interior do estado, que, atualmente, segundo suas contas, são mais de mil pessoas. Quando mudou de cidade, Elias queria um lugar fixo para morar com a possibilidade de expandir seus serviços. E conseguiu.

Hoje, atende escolas de música de toda a cidade, aluga pianos para eventos, compra e vende instrumentos usados, faz consertos, reparações, restaurações e, claro, afina. Para ele, uma das condições básicas para ser afinador é ter “ouvido musical”. Isso porque, nesta profissão, é preciso definir as notas com precisão, a partir do que se ouve. Copiar o som exatamente como ele é produzido. E nada disso é óbvio ou simples. “Temos sorte de ter nascido com esse dom na família”, reconhece.

Da Essenfelder a Fritz Dobbert

Antes de abrir o próprio negócio, assim como seu avô, Elias trabalhou em várias fábricas de piano, desde a paranaense Essenfelder, fechada há 12 anos, até a paulista Fritz Dobbert, única fábrica nacional do instrumento em funcionamento, que, hoje, para não fechar, produz uma linha paralela de móveis finos para utilizar a mão-de-obra altamente qualificada de artesãos empregados há décadas. “Se comparar o que um afinador ganha dentro da fábrica com o que ganha fora dela, o salário do primeiro é simbólico”, compara Elias.

Um piano é afinado oito vezes consecutivas na fábrica, antes de ir para a loja ou para a casa do cliente. Ao trocar apenas uma das cordas, o afinador precisa repetir o mesmo movimento para tensioná-la até seis vezes, porque a corda possui uma elasticidade que vai cedendo aos poucos até atingir a maturação de tração. Já o piano de uso pessoal precisa, em média, de uma afinação a cada ano. “Mas não é por causa do uso”, explica Elias. “Geralmente, o piano perde afinação por conta das mudanças climáticas de temperatura e umidade que acabam ocorrendo ao longo do tempo.”

Lista extensa de clientes

A lista de clientes e, acima de tudo, admiradores do trabalho do afinador é extensa. Proprietária de uma pequena escola de música na zona sul de São Paulo, a pianista Maria da Glória Montone Castagnini coloca os dois pianos que usa na escola com os alunos, além do seu particular, nas mãos de Elias há mais de cinco anos. A indicação foi feita por um conhecido, que trabalhava também com a compra e venda de instrumentos. “Antes dele, eu havia tido somente um afinador, o seu Floriano, que cuidou de todos os pianos que tive desde a meninice”, lembra.

Glória, como é conhecida, diz ter adotado Elias como sucessor de um afinador que esteve em sua casa durante tantos anos por ele entender muito do assunto, sendo um profissional extremamente competente. “Mesmo existindo um mercado razoavelmente grande de afinadores em São Paulo, o número de profissionais confiáveis é muito reduzido”, afirma. A dificuldade é grande pela ausência de comprovações práticas do profissionalismo de um afinador. No dia-a-dia, qualquer pessoa pode bater à porta apresentando-se como tal.

A preferência por um mesmo afinador pelo máximo tempo possível parece ser uma regra no mundo dos pianistas e iniciantes no instrumento. A relação que o dono mantém com o seu instrumento musical – e é provável que isto ocorra com todos os tipos, não só com o piano – é de extremo zelo, podendo chegar ao excesso. Entregar o piano nas mãos de alguém que irá literalmente abri-lo e torcê-lo de várias formas demanda uma alta dose de confiança. De ambas as partes.

A pianista, produtora musical e coordenadora do Centro Livre de Aprendizado Musical (Clam), Daniela Godoy, já era cliente de Elias mesmo antes de nascer. Seu pai, o pianista Amilton Godoy, é dono da escola de música há 35 anos. E neste mesmo período de tempo, Elias é o único afinador dos 23 pianos que a escola, com seus 300 alunos, possui.

Daniela demonstra o carinho e a confiança que toda a família e a escola construíram em relação ao Elias. Ali a palavra dele vale muito mais do que qualquer dinheiro ou penhora. A confiança dos clientes é o maior reconhecimento que ele pode querer. “O afinador não é um produto que pode ser feito por máquinas; é preciso um ser humano com grande treinamento para que o trabalho seja bem feito”, diz Daniela.

A preferência pelo trabalho de Elias pode ser explicada também pelo bom humor com que o afinador sempre está ao visitar seus clientes. “Com ele não tem tempo ruim”, é a frase que mais se ouve falar.

No entanto, a perfeição é a qualidade que pode definir a escolha de um cliente pelo trabalho de um ou outro afinador. É o que explica a pianista, que, acostumada com os acordes e melodias saídos dos mais diversos instrumentos, percebe cada nota bem afinada. E Daniela sentencia: “Com ele, tenho sempre a certeza de que o trabalho sairá perfeito. A qualidade da mão-de-obra é incontestável; o ouvido dele é infalível”.

Assim Elias garante o sucesso com a clientela e expande seus negócios. No ramo da afinação, cliente satisfeito é garantia de mais trabalho. “Qualquer pessoa que venha pedir para mim uma indicação de afinador, digo sem pestanejar que pode procurar o Elias. Seja aluno, amigo ou conhecido”, diz Daniela.

Daniela garante que, ao longo das mais de três décadas em que Elias vem prestando seus serviços à escola, ele nunca trocou uma peça sequer que não fosse necessária. “Ele nunca nos ‘sacaneou’, o que é de um valor inestimável para nós.” A honestidade do afinador é crucial por um motivo simples: assim como um mecânico pode enrolar um motorista menos entendido de assuntos sobre quatro rodas, um afinador pode ludibriar um pianista iniciante cobrando serviços desnecessários ou mesmo que nem tenham sido feitos. “Já conheci muita gente que finge afinar, mas que, na verdade, não faz nada”, diz.

Competição

Depois de mais de quatro décadas no ramo, Elias aponta uma divisão mesmo entre os afinadores. “Há níveis de profissionais.” Segundo o afinador, existem aqueles que trabalham somente com pianistas iniciantes, pois o nível técnico da afinação é insuficiente para atender aos clientes profissionais – e, conseqüentemente, mais atentos quanto à afinação. Ele se orgulha e faz questão de dizer que atende a todos os níveis de exigência. “Posso dizer que 60% da minha clientela são de profissionais.”

E o nível de dedicação ao trabalho é o mesmo, não importa para quem seja o serviço. Em um dia de agenda cheia, com clientes localizados próximos, Elias consegue afinar até quatro pianos. Se forem todos em um mesmo local, o número sobe para oito. “Levo geralmente duas horas para atender um cliente, entre deslocamento e serviço.”

Numa semana de trabalho exclusivo, Elias vai afinar cerca de 20 pianos para uma escola de música em Moema, cidade na região metropolitana. Só hoje, foram seis. “Mas quando eu trabalhava na fábrica, fazia até 12 num só dia”, lembra. Os instrumentos de trabalho são poucos: a chave de afinação – a que ele usa é de estimação, importada da Alemanha, que custou US$ 350 – e o diapasão. “Este último é até dispensável, só carrego ele por desencargo de consciência. Costumo brincar que minha caixa craniana já está no tom certo, é só bater nela que ela já dá a nota”, diz, rindo.

Outros serviços que ele presta, no entanto, são mais demorados. A restauração, trabalho meticuloso e delicado, leva de 15 a 90 dias para ser feita. Depende do estado do instrumento, das condições de conservação ou, em alguns casos, de deterioração. “Todo caso tem jeito”, afirma categoricamente. Ele lembra de algumas ocasiões em que o cliente gastou muito mais dinheiro na restauração da peça do que ela valeria no mercado. Alguns desses pianos são do século XVIII e XIX, e estão em uma mesma família até os dias de hoje. Valem todo o esforço. “Há casos em que as pessoas gastam R$ 5 mil em pianos que valem R$ 500.”

Para restaurar um piano, a primeira coisa que Elias procura saber é a data em que o instrumento foi fabricado. Segundo ele, desde 1890 a estrutura básica de todos é a mesma. Antes dessa data, foram feitas outras duas versões. A primeira, com a estrutura toda de madeira, que é mais suscetível a problemas de afinação, não permitia um grau muito elevado de sofisticação musical. A segunda versão, com a estrutura de cordeamento metade de madeira e metade de ferro, já permitia uma segurança maior para a estrutura musical do instrumento. A terceira e última versão, usada até hoje, possui uma chapa de ferro fundida, que sustenta as cordas e é fixa. Com ela, não há perigo de, por exemplo, o piano desafinar caso seja transferido de um local para outro. Por este motivo, um dos mitos mais recorrentes entre os que conhecem um pouco da área, o de que não se pode mover um pouquinho que seja o piano de lugar que ele fatalmente irá desafinar, é tecnicamente rebatido.

Aos 51 anos, Elias já passou por muitas situações no mínimo inusitadas durante o trabalho. Na cidade de Terra Rica, interior do Paraná, vendeu o primeiro piano da cidade, que teve direito a desfile pela avenida principal em cima de um caminhão, com ele ao lado do instrumento e do prefeito da cidade. Mais recentemente, ao atender a um pedido de afinação de um cliente antigo, foi parar no meio de um velório, tendo de afinar o instrumento ao lado do caixão – com o falecido ao lado.


No bairro Casa Verde, também na cidade de São Paulo, o afinador mantém um galpão para guardar os cerca de dez pianos que possui, além de ser o local onde uma pequena equipe trabalha na restauração dos instrumentos junto a Elias. Fazem parte dela um lustrador, um marceneiro e um ajudante técnico.

“Só o transporte é terceirizado”, explica. O motivo é a precisão com que os pianos devem ser transportados, o que demanda muito tempo de preparo do funcionário e alto risco de perda dele depois do treinamento para as empresas especializadas no transporte de instrumentos musicais. De antigo fornecedor de mão-de-obra especializada, Elias passou a contratante dos serviços dessas mesmas empresas.

Clientela VIP

“O afinador vive da clientela que monta”, essa frase parece acompanhar a rotina de Elias e de seus companheiros de profissão. Quando um proprietário de piano se torna cliente de um afinador, o elo se estende por toda a vida. E é intransferível.

Cada um na sua

Aos 12 anos, Elias já arriscava algumas afinações sozinho, na oficina da família Rodrigues em Curitiba. Mesmo após todos esses anos convivendo diariamente com o piano, Elias não sabe ler uma única partitura ou tocar uma música “tecnicamente correta”. E isso é muito mais comum entre a profissão do que se imagina.

Ele diz nunca ter pensado em ser pianista. Prefere estar atrás do palco, ou em cima dele, mas antes de o show começar. Para dedilhar alguma melodia no teclado, ele tem de “parar e tirar a seqüência”. Elias não toca uma música da mesma forma que um pianista estudado o faz.

O afinador produz uma seqüência de sons e acordes que aprendeu a distinguir desde criança, mas que, até pouco tempo atrás, não tinham um significado visual para ele. Há poucos anos, aprendeu que os conjuntos de sons que ele extrai do teclado podem ser representados graficamente por acordes. Assim, foi apresentado ao Dó Maior, Mi Bemol, Lá Sustenido e por aí vai.

Mesmo sem o conhecimento técnico e declarando o contrário, ele demonstra satisfação em tocar para a singela platéia de uma pessoa num final de tarde de dia de semana. E, mais descontraído, começa a mostrar os vários trechos de música que “tirou” ao longo desses anos de trabalho.

Ao som de uma virtuosa versão de “Aquarela do Brasil”, ao mesmo tempo em que toca, Elias afirma que, para ele, não existem tipos de afinação. Somente uma. “O profissional sabe se está ou não afinado. Já o amador, acha que sabe e começa a procurar defeitos onde não há.”

Assim como Elias não pensa jamais em deixar a chave de afinação e o diapasão para simplesmente tocar o piano, a pianista Daniela também vê as duas atividades como totalmente descoladas uma da outra. “Nenhum músico pode ser afinador sem o treinamento necessário. Assim como nenhum afinador pode ser pianista sem os devidos estudos. São coisas distintas. É cada um na sua.”

Mesmo dizendo repetidas vezes que sua praia não é tocar, durante uma breve apresentação que fez das músicas que “tirou”, que não durou mais de dez minutos, surgiu na porta da oficina um carteiro uniformizado. Ele não disse nada, apenas permaneceu parado na porta. Apreciando a música. Sorriu para o pianista como se fossem velhos conhecidos, quando na verdade era a primeira vez em que se viam. Saiu da mesma forma que entrou, sem dizer uma palavra. É a linguagem não-verbal expressa em gestos e olhares, embalada pela música.

Futuro

Na família Rodrigues, ser músico ou trabalhar nessa área é destino certo. Além das gerações de afinadores, há ainda afinadores de violinos, professores de piano e maestros. Uma exceção, no entanto, é Dona Elizete, mãe de Elias. Mesmo morando e tendo sido casada com um afinador, ela não quis saber do assunto até os 70 anos, já viúva. Aos 72, com uma professora particular, ela arrisca algumas peças e partituras à frente do instrumento que acompanhou toda a sua vida.

Em casa, Elias não costuma ouvir muita música e nem cantorias – além da mulher, que quer aprender a cantar em segunda voz, e treina com o marido todos os dias, depois que ele chega do trabalho –, pois as vozes desafinadas de alguns artistas que se dizem cantores “machucam” seus ouvidos. “Prefiro os instrumentos, gosto de ouvir um jazz, blues...” Talvez o afinador não perceba, mas é exatamente nesses ritmos que a boa afinação dos instrumentos define, mais do que em qualquer outro, a qualidade musical.

 

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