terça-feira, 11 de novembro de 2008

Gestão e ação gerencial nas organizações contemporâneas: para além do “folclore” e o “fato”

Resumo incompleto: apenas a parte da Ana Cristina e da Camila

Introdução

No início dos anos 70, Henry Mintzberg mostrou como a gestão e a conseqüente ação cotidiana dos gerentes era caracterizada de forma bem distinta, do que pregava Fayol no início do séc. XX, por meio e suas funções administrativas: planejar, comandar, controlar, avaliar e organizar. Henry afirma que aquelas funções na verdade devem ser caracterizadas como “ folclore” da gestão, pois de fato os gerentes não só tem dificuldades para o exercício de atividades sistematizadas por intermédio do planejamento, bem como tomam decisões nem sempre baseadas em sistemas formalizados de informações, estando em ambientes dinâmicos em que são imperiosos os contatos informais.
Já o “fato” ele descreve como o vínculo do dia-a-dia gerencial a aspectos históricos – social de uma dada realidade.
O objetivo desse artigo é apresentar e problematizar as abordagens sobre gestão e ação gerencial, enfocando –se suas limitações ao abranger contextos macrossocias e suas articulações como os cenários microssocias das organizações.

Gestão, Ação Gerencial e suas Abordagens: a Alternativa da “Prática Social”


No entender de REED (1984/85/89) três perspectivas de análise podem ser identificadas quanto aos estudos sociológicos sobre gestão nas últimas décadas:

1)A Técnica - a gestão é vista como instrumento tecnológico neutro e racional que objetiva o alcance de resultados coletivos, preestabelecidos e não atingíveis em sua aplicação, capazes de garantir eficiência sobre a coordenação das ações humanas. As estruturas organizacionais são concebidas como organizações formais, tomadas essas determinantes de comportamento dos atores organizacionais.

2)A Política - ao contrário da perspectiva técnica, a política concebe a gestão como processo social. Daí, a ênfase na questão do conflito de interesse entre grupos nas organizações , caracterizando-se o ambiente como de grandes incertezas na qual os resultados organizacionais são buscados. A organização é tomada como uma “arena” de disputas de grupos dotados de interesses divergentes em busca do controle de decisões.

A contribuição dessa perspectiva é que ela rejeita a concepção mecanicista e determinista da gestão em troca de uma visão resultante de uma dinâmica advinda da ação humana , a medida que considera os indivíduos em partículas os gerentes, como dotados de cognoscitividade suficiente para influenciar meios e resultados organizacionais.Percebe-se aqui a ênfase na ação do ator organizacional.

Esse tipo de gestão constitui-se como sistemas político em que imperam transações negociadas, quem representam diferentes interesses do conjunto dos membros de uma dada organização. Por meio de processos de negociação entre interesses políticos divergentes, as estruturas organizacionais são moduladas e até mesmos transformas.

3)A Crítica – é vista como mecanismo de controle social , atrelada a imperativos de ordem econômica, impostos por uma ordem capitalista de produção. Os estudos , sob essa perspectiva, enfatizam as contradições da gestão organizacional, ressaltando-se , entre elas, a questão da necessidade do exercício do controle e cooperação no trabalho; papel da gestão na regulação de conflitos entre capital e trabalho; bem como os conflitos de papel dos gerentes , enquanto responsáveis pela manutenção da ordem capitalista, mas também subordinados a ela. A perspectiva crítica também permite o estudo de questões inerentes às resistências dos trabalhadores aos processos de controle capitalista , a partir da percepção de que a determinação das estruturas econômicas pode ser tomada de formas variadas e complexas nas organizações.

2- Gestão, Ação Gerencial e suas Abordagens: a Alternativa da “Prática Social”.

REED diz que esses processos têm de ser entendidos vinculados a uma estrutura capitalista de produção, onde os gestores são vistos como representantes da ordem capitalista por meio das estruturas organizacionais.

Os estudos dessas perspectivas demonstram contradições da gestão organizacional como:
• A questão da necessidade do exercício do controle e cooperação no trabalho.
• Conflitos do papel do gerente enquanto responsável pela manutenção da ordem capilista, mas também subordinados a ela.

Essas três abordagens para REED configuram problemas que não se encontram resolvidos.
• A falta de uma perspectiva que integre as idéias de contexto institucional, estrutura organizacional e comportamento gerencial.
• A ênfase ora no determinismo das estruturas, ora na ação humana estratégica, ambas posições mutuamente excludentes.

Ele então propõe vincular ação e a estrutura, o que vem a ser gestão como prática social capaz de integrar questões pertencentes aos dilemas éticos e políticos que a organização e seus gestores são submetidos em seu dia-dia.
Assim os gestores passam a ser visto não só como agentes responsáveis pelo exercício da disciplina e dos interesses da organização, mas também como vivenciadores dos conflitos e contradições pertencentes ao atingimento de objetivos.

O conceito de prática social para REED:

"Conjunto de ações inteligíveis através de conceitos que as informam, as quais devem ser entendidas como dirigidas a fins específicos compartilhados por todos os membros de uma comunidade, conjunto de ações este que é definido através dos meios adotados para o alcance daqueles fins, entendidos este como determinados pelas condições sob as quais a prática é empreendida."


Para Giddens a Prática Social ocorre a partir dos agentes humanos, para ele tem a ver com procedimentos, métodos e técnicas feitos de forma apropriada por esses agentes sociais, através do conhecimento mútuo, ou seja, um conhecimento compartilhado por pessoas que sabem como se comportar ou prosseguir em determinadas situações cotidianas.

Para Alvesson e Willmott a Gestão como Prática Social também se classifica como Pratica Social no sentido de que pertence a relações histórico-cultural de poder. Eles acreditam que não se deve usar a Gestão como instrumento de busca comum e alcance da produtividade, ou seja, a gestão como técnica, pois assim omite as relações sociais a partir das quais ela emerge e depende.

A gestão como prática social pode ser identificada a partir de cinco fatores distintos, porém inter-relacionados (REED).

1. a classe de ações nas quais os praticantes estão engajados como membros de uma comunidade ou prática;
2. os conceitos através dos quais certos objetivos ou problemas compartilhados são identificados de um modo significativo pelos praticantes como base para o engajamento em interações recíprocas.
3. os objetivos ou problemas através dos quais a prática é tomada e como é comunicada através do vocabulário conceitual dos seus praticantes;
4. os meios ou recursos (material ou simbólicos) através dos quais o alcance de projetos importantes é buscado;
5. as condições situacionais ou limitadoras sob as quais atividades recíprocas, os recursos que elas requerem e as relações que elas engendram entre os seus praticantes são configurados e conduzidos.

Da noção de prática social REED define o conceito de gestão como uma configuração frouxamente integrada de práticas sociais dirigidas á junção de controle sobre diversos recursos e atividades requeridos à produção. E as organizações são pensadas como conjuntos de práticas nas quais os indivíduos estão envolvidos.

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