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DORMENTES DE PLÁSTICO COMEÇAM A GANHAR ESPAÇO NOS TRILHOS DO PAÍS

22.10.2010

 

Claudio Belli/Valor
Conforme o empresário Rogério Igel, presidente da Wisewood, a empresa está em busca de novos investidores e já conversa com fundos para promover a expansão da companhia no Brasil
A Wisewood, empresa de madeira plástica, com sede em Itatiba (SP), está em busca de investidores para promover sua expansão no país. Primeira fabricante de dormentes de plásticos a partir de lixos residuais em escala industrial, a companhia tem contrato fechado com a concessionária de ferrovias MRS Logística e seus produtos já estão sendo testados pela Vale.

 

Controlada pelo empresário Rogério Igel, um dos acionistas controladores do grupo Ultra, a empresa está em conversações com alguns fundos de investimentos, entre eles, o Stratus. Esse fundo já é sócio de outra empresa de Igel, a Ecosorb, especializada em gerenciamento ambiental.

Criada em 2007 e com primeiro contrato fechado no início deste ano com a MRS, a Wisewood aposta agora no segmento de pisos industriais, utilizados em larga escala pela construção civil e também na fabricação de "decks" (revestimentos para áreas externas).

A Wisewood é especializada em dormentes para reposição. Igel explica que a malha ferroviária é de cerca de 29 mil quilômetros no país, dos quais entre 1,5 milhão e 2 milhões de peças são repostas por ano. "Os dormentes de madeira que ficam em regiões que alagam, como a de Santos (SP), por exemplo, precisam de reposição a cada dois anos porque apodrecem."

Em sua ampla fábrica instalada em Itatiba, interior de São Paulo, a companhia recebe o lixo residual, entre os quais rebarbas de fraldas descartáveis, recipientes de óleo combustíveis e de detergentes, bombonas e sacos de embalagens para transformá-los em dormentes. "Lixo vale dinheiro", diz. Todo esse material é coletado de cooperativas, sucateiros e das próprias indústrias. A produção das peças de plástico ainda é marginal, mas já tem atraído interesse de grandes companhias.

Com 95% de participação na empresa, Igel quer obter os 5% restantes, que ainda estão nas mãos dos antigos controladores da companhia - episódio que o empresário faz questão de esquecer. "Não pretendo ficar com 100% do controle, por isso, negocio a entrada de novos investidores." Procurada, a Stratus, uma das possíveis candidatas, não comenta o assunto.

Com faturamento projetado em R$ 6 milhões para este ano, a expectativa é atingir R$ 20 milhões em 2011 e alcançar R$ 50 milhões no ano seguinte. Para buscar essa meta, além dos novos investidores e diversificação dos negócios, Igel aposta em novos contratos. "Conversamos com diversas ferrovias e estamos dispostos a efetuar todos os testes necessários para colocarmos nossos produtos no mercado."

Antes de instalar os dormentes de plástico nos trilhos, os produtos foram testados pelo IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica), PUC-Rio e Unicamp. A expectativa é de que a receita com a venda dos dormentes da Wisewood ceda espaço nos próximos anos para os pisos industriais, que já estão em fase de testes.

Aos 63 anos, Igel não nega o espírito empreendedor de sua família, controladora do grupo Ultra. O empresário trabalhou no grupo até os anos 90, depois decidiu pela "carreira solo". Em 1997, fundou a Ecosorb, especializada em socorro ambiental, no qual tem uma participação de 40%, outros 40% estão nas mãos do fundo Stratus, cujo perfil são investimentos em projetos com apelo ambiental, e o restante está nas mãos dos executivos da companhia. "Também quero reestruturar o modelo de negócio da Ecosorb", diz, aproveitando para dar recado ao mercado.

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