quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

"Amor de Perdição", de Manuel de Oliveira 1978

Excerto do filme, de Manuel de Oliveira, realizado em 1978, baseado no livro de Camilo Castelo Branco com o mesmo nome.

Crítica a "Amor de Perdição"

Amor de Perdição é uma obra escrita por Camilo Castelo Branco, um romance cheio de conflitos e grandes tensões.
Uma história centrada no verdadeiro amor entre Simão e Teresa.
É uma grande obra, com muitas emoções fortes onde as personagens principais estão cheias de belos e nobres sentimentos.
É uma história que cativa muito o leitor, primeiramente porque o amor deles é tão belo, tão forte e verdadeiro,depois porque a sua paixão era proibida e eles jamais podiam ser vistos juntos. Passavam muito tempo sem se ver e parecia que o amor deles cada vez era mais forte.

É de salientar que o desfecho é único.
Acho que o autor usou linguagem simples, bem adaptada aos diferentes personagens notando-se as suas origens. Também é de ter em conta que foi escrita há muito tempo atrás. A obra tem uma carga descritiva necessária e característica do autor que a escreve.
Aconselho a leitura deste livro aos jovens, é uma leitura acessível, um livro que cativa pela forma como o autor expõe as vivências dos personagens principais. Principalmente para quem aprecia romances portugueses é um bom clássico do nosso país
.

" Amor de Perdição" de Camilo Castelo Branco - resumo


Simão Botelho era filho do corregedor Domingos Botelho, tinha um irmão mais velho, Manuel, com quem tivera algumas desavenças, e irmãs mais novas. Sua mãe chamava-se Rita e por vezes tinha uma atitude de soberba. Simão era um jovem que envergonhava a família. Suas amizades eram apenas com aqueles que pertenciam às classes mais pobres.E por tais atitudes desgostava muito a seus pais, eles na verdade nem sentiam amor pelo filho. Porém, passado um tempo Simão mudou totalmente. Não saía mais de casa, suas más amizades findaram, suas desordens também e passava seus dias em casa junto com Rita, sua irmã. A mudança no comportamento dele devia-se á sua paixão por Teresa Albuquerque, filha de Tadeu Albuquerque, haviam-se apaixonado, Simão e Teresa eram membros de famílias rivais. Moradores de casas vizinhas, em Viseu.Os jovens apaixonados, logo perceberam a impossibilidade da realização desse amor por meio do casamento, pois suas famílias eram inimigas. Pouco tempo depois começam sentir ódio por seus pais. Todavia mantêm um namoro silencioso através das janelas próximas. Ambas as famílias, desconfiadas, fazem tudo para combater a união amorosa.Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, ao descobrir o romance, trata de prometer a mão de sua filha a seu sobrinho Baltasar Coutinho. No entanto, a menina o negou até pelo facto de o seu primo a irrita muito e foi então que começaram as ameaças a Teresa, casava-se ou não seria mais considerada filha, seria mandada para um convento. Na casa de Simão, o pai, muito irritado com aquela paixão resolve pôr fim ao romance entre seu filho e Teresa, enviando o jovem Simão a Coimbra para concluir seus estudos, pretendia com isso sufocar o amor dos jovens pela distância.Simão, enlouquecido pela saudade de sua amada, decide ir a Viseu encontrar-se com Teresa. É hospedado pelo ferreiro João da Cruz, homem destemido, forte e fiel que devia favores a seu pai. Após uma tentativa falhada de se encontrar com Teresa Simão sai ferido. O rapaz busca refúgio na casa de João da Cruz para recuperar, dos ferimentos.Os amantes ainda mantinham comunicação por meio de uma velha mendiga que passava com frequência sob a janela do quarto de Teresa. Para castigar a filha, Tadeu de Albuquerque decide mandá-la para um convento do Porto. Antes, porém, a jovem é recolhida num convento na própria cidade de Viseu, enquanto Tadeu aguardava a resposta do Porto.Em Viseu, na casa do ferreiro, Mariana, filha do ferreiro acaba por se apaixonar por Simão, amor esse não revelado pela moça.Simão ao tomar conhecimento dos factos, fica furioso e, num acesso incontido de raiva, decide tentar raptar Teresa.O jovem defronta-se com Baltasar, na tentativa de resgatar Teresa. Mesmo diante de várias testemunhas o jovem Simão atinge Baltasar com um tiro mortal.Simão é preso e condenado à morte. Porém, devido à interferência do corregedor Domingos Botelho, pai de Simão, a pena é convertida ao degredo nas Índias.A sentença do desterro sai, Simão é condenado a ficar dez anos na Índia.Teresa começa a ter sua saúde abalada, cada vez mais triste e muito magoada, parece ter perdido a vontade de viver.Ao embarcar rumo à Índia, Simão vê, pela última vez no mirante do convento Teresa.Também Teresa contempla o navio que levava seu amado. Logo após, Teresa morre. Simão, antes de seguir seu destino, toma conhecimento da morte de Teresa e segue rumo ao degredo.Relê cartas de Teresa, seu corpo vai sendo consumido pela morte.Alguns dias após o início da viagem, Simão adoeceu, tinha febres e delírios, Simão morre. Mariana, não resistindo à perda de Simão, no momento em que vão lançar o corpo ao mar, lança-se ao mar também.

Crítica a " Queda de um Anjo"

A Queda de um Anjo é uma obra da autoria do escritor português Camilo Castelo Branco. Nesta obra o autor lança um olhar crítico à sociedade portuguesa do século XIX.O protagonista desta história Calisto Elói, representa o honrado e rude homem da província, que vive longe da capital mas que é culto. É muito “engraçado” observar como Calisto, o Anjo que se desloca da Província para viver e trabalhar para Lisboa, é gradualmente “corrompido” pela vida da cidade. A sua transformação vai reflectir-se em vários aspectos, no seu vestuário, na sua linguagem, na sua forma de pensar e agir, etc.,ou seja, a sua ética e moral foi alterada pelos costumes da cidade(Lisboa).Acho que a linguagem é muito acessível e simples e o discurso é um traço marcante na história.Aconselho a leitura deste livro que é muito interessante, principalmente porque notei que a sua linguagem é cómica e gostei da situação que o autor cria ao longo da obra.

" A Queda de um Anjo" de Camilo Castelo Branco - resumo


Calisto Elói, era morgado de Agra de Freimas, vivia em Caçarelhos em perfeita harmonia com a sua esposa, D. Teodora de Figueiroa. O seu conhecimento dos clássicos, aos quais dedicou toda a vida, enche-o de uma sabedoria moralista e conservadora que o faz ser eleito deputado pelo círculo de Miranda. Entretanto muda-se para Lisboa. O idiolecto florido do deputado Libório Meireles, cujas tendências plagiárias Calisto não tarda a denunciar. O seu estatuto incorrupto e contudo anacrónico é simbolizado pelo traje, cujo feitio copiara daquelas do seu casamento, molde imutável de todo o seu vestuário desde então. Mas a experiência da sociedade lisboeta, cheia de mulheres atraentes, que lêem Balzac, não deixa o herói imune. A contaminação da personagem e os indícios da queda expressam-se exteriormente através da primeira visita a um alfaiate lisboeta, impulsionada pela intenção de impressionar uma jovem menina casadoira cuja irmã, ele mesmo acabara de resgatar de uma ligação adúltera. Esse é o primeiro passo na transfiguração de anjo em «esbelta figura de homem». A sua própria mulher não o reconhecerá. Esta transfiguração exterior traduz a sua moral, consumada na defesa de princípios liberais em discursos tão ocos como aqueles que no início condenara e na ligação adúltera que mantém com uma viúva brasileira, D. Efigénia Ponce de Leão, de quem terá dois filhos. Por sua vez, D. Teodora, último reduto aparente do Portugal antigo, deliciosamente expresso nas suas cartas ao marido não correspondidas, acaba por relacionar-se com seu primo, adoptando também ela as novas modas com que contactara numa viagem iniciática a Lisboa, que foi a última tentativa falhada de reaver o marido.

Bibliografia de Camilo Castelo Branco

Bibliografia:Os Pundonores Desagravados (Poesia) - 1845
Juízo Final e O Sonho do Inferno (Poesia) - 1845
Agostinho de Ceuta (Teatro) - 1847
Delitos da Mocidade (Diversos) - 1847
Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe! (Ficção) - 1848
A Murraça (Poesia) - 1848
OCaleche (Poesia) - 1849
OMarquês de Torres Vedras (Teatro) - 1849
O Último Ano de Um Valido (Diversos) - 1849
O Clero e o Sr. Alexandre Herculano (Polémica) - 1850
Improviso (Poesia) - 1850
Inspirações (Poesia) - 1851
Anátema (Ficção) - 1851
Salve, Rei! (Poesia) - 1852
Revelações (Polémica) - 1852
Hosana (Poesia) - 1852
Um Livro (Diversos) - 1854
Duas Épocas na Vida (Poesia) - 1854
Folhas Caídas, Apanhadas na Lama (Poesia) - 1854
Mistérios de Liboa (Ficção) - 1854
A Filha do Arcediago (Ficção) - 1854
Cenas Contemporâneas (Diversos) - 1855
Livro Negro de Padre Dinis (Ficção) - 1855
A Neta do Arcediago (Ficção) - 1856
Onde Está a Felicidade? (Ficção) - 1856
Um Homem de Brios (Ficção) - 1856
Justiça (Teatro) - 1856
Duas Horas de Leitura (Ficção) - 1857
Lágrimas Abençoadas (Ficção) - 1857
Espinhos e Flores (Ficção) - 1857
Purgatório e Paraíso (Teatro)Solemnia Verba/ Cenas da Foz (Ficção) 1857
Carlota Ângela (Ficção) - 1858
Vingança (Ficção) - 1858
Que Fazem Mulheres (Ficção) - 1858
A Beneficência (Poesia) - 1859
Abençoadas Lágrimas! (Teatro) - 1861
O Morgado de Fafe em Lisboa (Teatro) - 1861
Doze Casamentos Felizes (Ficção) - 1861
O Romance Dum Homem Rico (Ficção) - 1861
Revista do Porto (Diversos) - 1861
Cenas da Foz (Ficção) - 1861
Duas Horas de Leitura (Diversos) - 1861
Poesia ou Dinheiro? (Teatro) - 1862
As Três Irmãs (Ficção) - 1862
O Último Acto (Teatro) - 1862
Amor de Perdição (Ficção) - 1862
Memórias do Cárcere (2 vols.) (Narrativa) - 1862
Coisas Espantosas (Ficção) - 1862
Coração, Cabeça e Estômago (Ficção) - 1862
Estrelas Funestas (Ficção) - 1862
Anos de Prosa (Ficção) - 1863
Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (Ficção) - 1863
OBem e o Mal (Ficção) - 1863
Estrelas Propícias (Ficção) - 1863
Memórias de Guilherme do Amaral (Ficção) Noites de Lamego (Diversos) - 1863
Cenas Inocentes da Comédia Humana (Ficção) - 1863
Agulha em Palheiro (Ficção) - 1863
Amor de Salvação (Ficção) - 1864
A Filha do Doutor Negro (Ficção) - 1864
No Bom Jesus do Monte (Diversos) - 1864
Vinte Horas de Liteira (Ficção) - 1864
Divindade de Jesus e Tradição Apostólica (Diversos) - 1865
Esboços de Apreciações Literárias (Crítica) - 1865
OEsqueleto (Ficção) - 1865
Horas de Paz (Diversos) - 1865
Luta de Gigantes (Diversos) - 1865
O Morgado de Fafe Amoroso (Teatro) - 1865
A Sereia (Ficção) - 1865
A Enjeitada (Ficção) - 1866
O Judeu (em 2 vols.) (Ficção) - 1866
O Olho de Vidro (Ficção) - 1866
O Santo da Montanha (Ficção) - 1866
Vaidades Irritadas e Irritantes (Polémica) - 1866
A Queda dum Anjo (Ficção) - 1866
A Bruxa de Monte Córdova (Ficção) - 1867
A Doida do Candal (Ficção) - 1867
Cavar em Ruínas (Diversos) - 1867
Cousas Leves e Pesadas (Diversos) - 1867
O Senhor do Paço de Ninães (Ficção) - 1867
Mosaico e Silva de Curiosidades (Diversos) - 1868
Mistérios de Fafe (Ficção) - 1868
O Retrato de Ricardina (Ficção) - 1868
O Sangue (Ficção) - 1868
As Virtudes Antigas ou a Freira Que Fazia Chagas e o Frade Que Fazia Reis (Diversos) - 1868
Os Brilhantes do Brasileiro (Ficção) - 1869
D.António Alves Martins Bispo de Viseu (Biografia) - 1870
O Condenado (Teatro) - 1870
A Mulher Fatal (Ficção) - 1870
A Morgadinha de Val-d'Amores e Entre a Flauta e a Viola (Teatro) - 1871
Voltareis, ó Cristo? (Diversos) - 1871
Carrasco de Victor Hugo José Alves (Ficção) - 1872
Livro de Consolação (Ficção) - 1872
Quatro Horas Inocentes (Diversos) - 1872
A Espada de Alexandre (Diversos) - 1872
O Visconde de Ouguela (Biografia) - 1873
O Demónio do Ouro, em 2 vols. (Ficção) - 1873-74
Ao Anoitecer da Vida (Poesia) - 1874
Correspondência Epistolar entre J.C.Vieira de Castro e C.C.B., em 2 vols. - 1874
Noites de Insónia (Diversos) - 1874
O Regicida (Ficção) - 1874
A Vida de José do Telhado (Diversos) - 1874
A Filha do Regicida (Ficção) - 1875
A Caveira da Mártir, em 3 vols. (Ficção) - 1875-76
Novelas do Minho (Ficção) - 1875-77
Curso de Literatura Portuguesa (Crítica) - 1876
Cancioneiro Alegre (Antologia) - 1879
Os Críticos do «Cancioneiro Alegre» (Polémica) - 1879
Eusébio Macário (Ficção) - 1879
Suicida (Diversos) - 1880
Luís de Camões (Biografia) - 1880
A Corja (Ficção) - 1880
Ecos Humorísticos do Minho (Diversos) - 1880
A Senhora Rattazzi (Polémica) - 1880
Perfil do Marquês de Pombal (História) - 1882
Narcóticos, em 2 vols (Diversos) - 1882
A Brasileira de Prazins (Ficção) - 1882
D. Luís de Portugal (História) - 1883
A Questão da Sebenta (Polémica) - 1883
O General Carlos Ribeiro (Biografia) - 1884
O Vinho do Porto (Diversos) - 1884
Maria da Fonte (História) - 1885/86
Serões de S.Miguel de Ceide, (Diversos) - 1885/86
A Lira Meridional (Crítica) - 1886
Boémia do Espírito (Diversos) - 1886
A Difamação dos Livreiros Sucessores de Ernesto Chardron (Polémica) - 1886
Esboço de Crítifca/Otelo/O Mouro de Veneza (Crítica) - 1886
Vulcões de Lama (Ficção) - 1886
Nostalgias (Poesia) - 1888
Delitos da Mocidade (Diversos) - 1889
Nas Trevas (Poesia) - 1890


fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Camilo_Castelo_Branco

Vida de Camilo Castelo Branco



Vida: Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa, a 16 de Março de 1825, na Rua da Rosa, filho ilegítimo de Manuel Joaquim Botelho e de Jacinta Rosa do Espírito Santo, uma sua criada. Antes dele, tinha já nascido uma outra filha do casal, Carolina. No ano seguinte, a família mudou-se para a Rua da Oliveira.A mãe morreu em 1827 e o pai perfilha Camilo e a irmã dois anos depois, em 1829. Camilo iniciou os estudos primários em Lisboa (1830), na escola de mestre Inácio Minas, situada na Rua dos Calafates, e depois na escola de Satírio Salazar, na Calçada do Duque.No ano seguinte (1830) a família desloca-se para Vila Real, onde Manuel Joaquim tinha sido colocado como responsável pelos correios. Acusado de fraude, o pai é demitido em 1831 e regressa a Lisboa, onde acaba por falecer em 1835.Os parentes decidem confiar a educação dos dois órfãos a uma tia paterna, Rita Emília — uma das personagens de Amor de Perdição —, e os dois regressam, por isso, a Vila Real (1836). Quando a irmã se casa (1839), instala-se com o marido em casa de um cunhado, o P. António de Azevedo, em Vilarinho de Samardã, nas proximidades de Vila Real. Camilo acompanha-a e recebe do P. António uma educação literária e religiosa tendente ao estado clerical; terá então sido iniciado nos clássicos portugueses e adquiriu os conhecimentos básicos de latim e francês. Simultaneamente contactou de perto com a vida rural, que depois iria descrever em algumas das suas novelas.



Com apenas dezasseis anos (1841), Camilo casa com Joaquina Pereira de França e instala-se em Friúme (Ribeira de Pena). O casamento precoce parece ter sido resultado de uma mera paixão juvenil, não tendo resistido muito tempo. No ano seguinte prepara-se para ingressar na Universidade, indo estudar com o Padre Manuel da Lixa, em Granja Velha.Em 1843 nasce a sua filha Rosa e decide inscrever-se na Escola Médica do Porto. Nos anos seguintes frequenta irregularmente as aulas e chega mesmo a perder o ano por faltas, em 1845. Pensou ainda em matricular-se no curso de Direito, em Coimbra, mas o projecto não teve continuidade. Nesse mesmo ano faz a sua estreia literária com o poema herói-cómico Pundonores DesagravadosEm 1846 encontra em Vila Real a jovem Patrícia Emília de Barros — sua prima — e foge com ela para o Porto, sendo perseguido pela justiça, em resultado da queixa dos parentes da moça. Passa a colaborar nos jornais O Nacional e o Periódico dos Pobres. Escreve a peça Agostinho de Ceuta, que é representada pela primeira vez num teatro de Vila Real.Depois da morte da esposa (1847), Joaquina Pereira, muda-se para o Porto e entrega-se a uma vida de boémia, entremeada com escândalos de carácter amoroso, ao mesmo tempo que se dedica mais profissionalmente à actividade jornalística, prestando colaboração ao Jornal do Povo. Rosa, a sua filha legítima, morre e nasce uma outra filha, Bernardina Amélia, fruto da relação com Patrícia Emília.Em 1850 instala-se durante algum tempo em Lisboa e passa a viver exclusivamente da sua actividade literária. É por esta altura que conhece Ana Plácida, noiva de Manuel Pinheiro Alves, o que não o impede de se envolver amorosamente com uma freira do Porto, Isabel Cândida Vaz Mourão. Decide então inscrever-se no seminário do Porto, decisão a que não será estranho o casamento de Ana Plácido, mas rapidamente abandona o curso de Teologia. Nos anos seguintes funda dois jornais de carácter religioso, O Cristianismo (1852) e A Cruz (1853) e continua a colaborar com vários outros, em ocasiões distintas.Em 1857, transfere-se para Viana do Castelo, como redactor do jornal A Aurora do Lima. Ana Plácido vai também para lá, a pretexto de apoiar uma irmã doente, e a ligação entre os dois torna-se pública. O escândalo cria-lhe dificuldades com vários jornais em que colaborava. Talvez por isso decide publicar o jornal O Mundo Elegante, em 1858. Ainda nesse ano, sob proposta de Alexandre Herculano, é eleito sócio da Academia Real das Ciências. Por essa altura, Camilo e Ana Plácido passam a viver juntos e deslocam-se de terra em terra para fugir à justiça. Em 1859 nasce o filho Manuel Plácido.Após queixa de Manuel Pinheiro Alves contra a mulher e o amante, Ana Plácida é presa em Junho de 1860 e Camilo foge à justiça durante algum tempo, mas acaba por entregar-se em Outubro, ficando detido na cadeia da Relação do Porto, onde é visitado pelo próprio rei D. Pedro V. Finalmente, em Outubro de 1861 os dois são absolvidos pelo juiz, curiosamente, pai de outra grande figura das letras, Eça de Queirós.Em 1863, nasce em Lisboa o segundo filho do casal, Jorge, que viria a criar-lhe sérios problemas, com o seu alcoolismo crónico. Com a morte de Manuel Pinheiro Alves, o marido de Ana Plácido, Manuel Plácido, legalmente seu filho, herda a casa de São Miguel de Ceide, em Famalicão. No ano seguinte, já instalados em São Miguel de Ceide, nasce o terceiro filho, Nuno, que viria, também ele, a manifestar comportamentos desregrados durante a juventude. Ao longo destes anos, Camilo desenvolve uma intensa actividade literária, ganhando notoriedade pública como escritor.Em 1868 volta ao Porto para dirigir a Gazeta Literária. No ano seguinte passa longas temporadas em Lisboa, embora o domicílio familiar permaneça em São Miguel de Ceide. Anos depois, em 1875, pensando na educação dos filhos, transfere a residência para Coimbra. Dois anos depois, o filho mais velho, Manuel Plácido, morre. Por esta altura Camilo tem já alguns problemas de visão, que se irão agravar com a idade.Mais tarde, em 1881, participa activamente no rapto de uma jovem para a casar com o filho Nuno. As relações com o filho degradam-se e Camilo acaba por o expulsar de casa em 1882. Em 1883, atormentado por dificuldades financeiras, leiloa a sua biblioteca. Em 1885 é-lhe finalmente concedido o título que ele solicitara em vão, quinze anos antes — visconde. Em 1888 casa com
Ana Plácido. Definitivamente cego, suicidou-se na
sua casa em S. Miguel de Ceide, em
1 de Junho de1890.