quinta-feira, 16 de junho de 2011

A DEMOCRACIA NAS ESCOLAS

O maior entrave para o aperfeiçoamento da jovem democracia brasileira é a formação cultural e escolar do nosso povo. É verdade que a estrutura de administração do estado brasileiro ainda é muito verticalizada, autoritária e personalista. Mas tudo isso seria minimizado se a sociedade civil posse mais politizada e participativa. Entenda-se aqui, como sociedade civil, não aquelas entidades representativas de classe, de gênero, de raça, etc., mas o cidadão comum que muitas vezes nem é representado por essas organizações.
Se povo não é mais politizado e consciente, é porque a escola pública do jeito que está, é uma produtora institucional de “analfabetos funcionais” que não percebem a importância da informação e do aprendizado da informação no mundo moderno. Têm dificuldades extremas de interpretar um texto, ignoram seus direitos civis e estão envoltos num hedonismo irresponsável onde a sexualidade precoce, músicas que depreciam gêneros e o consumo alienado de mídias digitais é a tônica.
Não interessa a elite governamental a educação pública de qualidade. Os pais dos atuais alunos já são resultados dessa escola. A escola pública pós-redemocratização do país continua sendo uma estrutura criada para formar o exército da mão-de-obra subalterna de ajudantes, pedreiros, motoristas, babás, donas de casa e empregadas domésticas no país afora. Para essa elite, essa mão de obra basta saber ler e escrever. Interpretar jamais!


Um dos caminhos para minimizar esse processo seria a gestão democrática das escolas já prevista na Constituição de 1988 e corroborada pela lei 9394/96, e mais recentemente a Lei 1321/98, chamada de Lei da Gestão Democrática das Escolas.
Em nosso município uma novela se arrasta, ou chamaria de chantagem? Porque só isso pode explicar a promessa e o adiantamento da implantação das eleições diretas para diretores de escola.
Diretoria de Colégio deveria ser cargo de confiança da educação e não cargo de confiança do prefeito. Um caminho que iria contribuir para isso seria a eleição de Diretores pela comunidade escolar: pais, funcionários e alunos. Do jeito que está o Diretor tem preocupação maior em agradar a si mesmo e principalmente a quem lhe deu o cargo, no caso, o prefeito.


Desde o começo da sua administração o Sr. Diolando tem anunciado a implantação das eleições para diretores de colégios. Não o faz por qual razão? O prefeito acena de forma chantagiosa com a eleição para diretoria dos colégios municipais, talvez para que os atuais detentores dos cargos se “comportem” e fiquem mais submissos, ou talvez até para que eles contenham um possível ímpeto de pedir mais privilégios do que o próprio cargo já dá.
Pode-se facilmente deduzir que o prefeito não tem o menor interesse de implantar a eleição direta para diretor de colégio. Cargo de confiança é ferramenta de controle ideológico e de aliciamento de votos da classe média de qualquer cidade nesse país. Não foi à toa a oneração da folha em cerca de 500 mil reais em cargos de confiança e cargos comissionados pela atual gestão do município.
A eleição direta para Diretoria estimularia a participação dos alunos, pais, funcionários e professores na administração do colégio. Essa autonomia do Diretor em relação ao prefeito e, ao mesmo tempo, a necessidade de dar satisfações à comunidade que o elegeu, tornaria o diretor mais empenhado numa gestão escolar realmente mais eficiente e democrática.


Incidentes como o do ex-diretor Anselmo Machado não se repetiriam. Salvo engano, único diretor do atual governo que estimulou e implantou um grêmio estudantil num colégio. Uma gestão democrática que se estendia até para aprendizado da cidadania pelos alunos. O resultado é que foi onerado. Com a eleição direta pelo corpo docente e discente isso não aconteceria.

Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 11 de junho de 2011 às 12h51min.

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