quinta-feira, agosto 28, 2008

O dom da vida

Celebrar a vida é celebrar a graça de Deus. Isso porque é Ele quem no-la concede. A nossa vida brota da fonte eterna e inesgotável de vida – Deus – à “cuja imagem e semelhança fomos criados” (Gn 1,26-27).

Se fomos criados à sua imagem e semelhança, devemos, portanto, ser espelhos onde se refletem a Sua glória e beleza; daí a tendência natural de sempre buscar o que há de bom, de belo e verdadeiro, por inspiração divina.

A presença neste mundo nos compromete com o projeto de salvação. Somos responsáveis por nós e por aqueles que conosco convivem. Somos cooperadores no plano de construção de um mundo mais fraterno, vislumbrando a plenitude da vida, a partir do momento em que desejamos ardentemente nada mais, senão buscar fazer a vontade do Pai. Desta forma, experimentamos o anelo que Santo Agostinho expressou nesta oração: “Fizestes-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto até que não descanse em Vós”.

E quando nos reunimos com pessoas queridas para celebrarmos a vida, outro cântico não nos inspira, somente o de louvor a Deus pela graça da existência.

Mais inspiração temos, ainda, ao contemplarmos o Mistério de Amor, em que um Deus se fez homem, morreu por nós e permanece conosco até o fim dos tempos, na Sagrada Eucaristia.

É o amor... É a entrega... É a partilha...

Celebrar a vida, portanto, é celebrar a graça de também podermos amar a Deus e ao próximo, à semelhança daquEle que nos criou. É nos entregarmos à missão de evangelizadores, anunciando a misericórdia de Deus. É partilharmos nossa vivência de fé e de amor, na família e na comunidade, sendo “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13).

“Eu sou a vida” (Jo 14,6), disse Jesus a São Tomé. Esta afirmação ecoa até nossos dias, para não titubearmos ao querer buscá-lo sempre. “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em plenitude” (Jo 10,10), também nos diz o Divino Amigo, assegurando-nos de que nenhum amor procede dEle, daí desejarmos amar nEle e por Ele. “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25), ainda é o Cristo amado entregando-se como remédio e salvação; em Sua graça renascemos, somos revestidos pelo homem novo “criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4,24).

No Santo Tabernáculo está Jesus, nosso Mestre, a fonte onde devemos haurir a confiança, a determinação e a disposição para continuar a caminhada. Que nossa existência seja um constante hino de ação de graças ao Criador pelo dom da vida.