Vontade de fazer nada ao mesmo tempo em que quero fazer tudo

Detesto quando isso acontece. Parece que vou entrar em combustão, uma excitação que vai do umbigo para minha cabeça e explode a cada idéia descartada. Ler um livro – não; a nova Rolling Stones – também não; ver novela – blergh (se bem que a televisão está ligada nela); escrever – talvez, depende do que.

É isso, vontade de não sei o que. No momento estou tendo uma das crises quero sair daqui e morar em Paris. Não sei por que essa cidade é tão querida pra mim, talvez sejam as ruas, a elegâncias das pessoas, ou aquela torre bem no meio, acima de tudo. É incrível o poder daquilo, você pode avistá-la de qualquer lado da cidade e a noite ele explode em brilhos. A luz também pode ser um fator. Aquilo brilha a noite, de dia também, mas a noite brilha muito mais, chega a ser ofuscante de tão belo. Que saudades. Da comida, do cheiro, dos lugares. Paris nunca é demais. Você anda e anda e anda e tem sempre um lugar novo pra descobrir, uma coisa importante pra ver e uma história interessante pra escutar.

Mas, por enquanto, viver lá não passa de um sonho. Assim como tantos outros que eu tenho.

Voltando a vontade de não sei o que, pensei em escrever uma história, reencontrar a vida de Justine, que eu abandonei impiedosamente há uns dois anos atrás, ou acabar de vez com a vida de Eleanor Rigby e Anita Baker, elas estão suspensas há tanto tempo que chega a dar dó. Ou quem sabe, começar algo novo, dar um novo ar à minha depressão de contos tristes, talvez partir para o medo, não sei. Queria ser uma grande escritora de contas de terror, acho demais.

É por essas situações que eu queria tanto saber tocar um instrumento, guitarra ou piano, tanto faz, algo para cobrir as lacunas de tempo que vão sobrando ao longo do dia, não sei se meu irmão adoraria o barulho, mas pouco me importa. Queria realmente algo para cobrir o tempo mesmo.

Preciso guardar as compras do mercado, mas a preguiça é tanta. Esse é o problema quando você quer muito fazer alguma coisa, mas a única coisa que realmente precisa ser feita é muito chata. Provavelmente eu vou deixar as compras em cima da mesa até a última hora, quando o trabalho vai estar acumulado e minha mãe vai entrar marchando em casa, indo direto pra cozinha como ela costuma fazer e ver o trabalho não feito lá. Em seguida, vai começar uma discussão em que eu não faço absolutamente nada para a manutenção da casa e que vai terminar com eu me trancando no quarto até as onze da noite, quando termino o trabalho e desço para jantar.

Enfim, preciso, desesperadamente, de coisas interessantes para fazer!

Gabriela Paulin

4 Respostas to “Vontade de fazer nada ao mesmo tempo em que quero fazer tudo”

  1. Gabi…

    Vá morar em Paris e lá faça aulas de violão.

    Seus problemas e receios estarão resolvidos.rs

  2. Gorette Says:

    O dilema entre fazer o que é necessário em detrimento de fazer o que se gostaria é caracterísico das mentes pensantes. E essa inquietação e inconformismo é o combustível da criação.
    É por isso mentes operantes tendem a ser felizes!
    Sugiro que, enquanto não se devide, continue escrevendo sobre os contos sobre Justine, Eleanor Rigby e Anita Baker..

  3. Natalia Says:

    Nossa, de verdade. Naõ te conheco, nunca tinha visto esse blog, e estava pelo google à procura de um texto que li há um tempo atrás sobre exatamente essa sua sensação que é oq esta acontecendo igual comigo. Parece que vc tirou palavras da minha boca, mas eu so faria uma mudança no seu texto: trocaria Paris por Nova York. Hahaha.. gostos são gostos.
    Nem sei se vc ainda vai ver esse comentario, mas acredite que existe mais gente com esse desespero igual a você..
    Boa sorte com seus sonhos e com Paris.. =P

  4. julia Says:

    o que preocupa nisso tudo é saber que não é o lugar onde estamos, mas sim o que nos tornarmos, tambem estou com este vazio,….estas sensações…….o que fazer? Chegamos onde queremos e o vazio volta a nos assombrar!

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