quinta-feira, 10 de julho de 2008

Os Camarões na água doce

Os Camarões nos aquários de água doce
Convidados especiais da América do Sul e da Ásia


Texto de: Hans Gonella
Tradução e adaptação: Mário d’Araújo



Apesar de podermos manter certos camarões de água doce em convivência directa com algumas espécies de peixes, vale a pena instalar um aquário específico para estes crustáceos. Só assim se poderá observar o seu interessante comportamento sem que se sintam perturbados.

Poucos aquariófilos resistem à tentação de manter camarões com os peixes dos seus aquários. Há décadas que isto acontece e para além disso, se respeitadas as condições necessárias, estes crustáceos acabam por se tornar hóspedes agradecidos e ao mesmo tempo gratificantes. Em particular o Atya moluccensis. Para além dos desejados camarões de água doce, enumeraremos também algumas espécies que passam o estádio juvenil em água salgada, subindo depois pelos rios de água doce para se reproduzirem.












Na foto à esquerda
o Caridina japonica





A manutenção de camarões japoneses Yamatonuma (Caridina japonica) em aquários com plantas demonstrou-se muito interessante, considerando que estes crustáceos colaboravam de forma eficaz no combate às algas. Mais recentemente já foram descritas reproduções bem sucedidas em aquário.

O equipamento necessário para um aquário específico

Para melhor observarmos os camarões é preferível instalar um aquário só para eles. Algumas espécies reproduzir-se-ão sem problemas e não se esperará muito para passar de poucos exemplares para uma população numerosa.
Ùltimamente os aquariófilos têm mostrado um interesse crescente pelas espécies do género Neocaridina e Caridina. Ganharam, com toda a razão, a fama de eliminarem as algas das plantas e das decorações. Desde que foi detectada esta predilecção por algumas algas, tornou-se espectacular a popularidade dos camarões, em particular das espécies mais pequenas, nos nossos aquários.
A maioria das espécies importadas são de pequenas dimensões, apenas alguns centímetros, aparecem por vezes alguns gigantes, com 15cm ou mais. As mais pequenas podem ser mantidas e reproduzidas em aquários de apenas 20 litros, mas os seus parentes mais crescidos precisam de pelo menos 100 litros de água. E mais uma vez se torna válida a regra “quanto maior (o aquário) melhor”. De facto o volume afecta directamente a qualidade e a estabilidade da água. acima de um volume de 100 litros, a qualidade da água está sujeita a oscilações menos bruscas do que num aquário pequeno. Com mudanças regulares, de duas em duas semanas, de parte da água e alimentação moderada, ficam quase que excluídas as hipóteses de poluição preocupante. Isto melhora a qualidade de vida dos camarões que ficam mais estimulados para a reprodução.
Para a criação dos camarões de água doce, o aquário pode ser montado como normalmente para os peixes, mas com um filtro relativamente potente. O Atya moluccensis necessita de fortes correntes de água. Ficam parados contra a corrente de água que transporta partículas de alimento que levam logo para a boca.
Outras espécies mais pequenas precisam apenas de filtros mais simples, ligados a bombas de ar, evitando assim que os recém-nascidos sejam aspirados pelos mesmos.

Por outro lado os camarões encontram um vasto leque de substâncias nutritivas nas matérias filtrantes a longo prazo.
Um factor importante é a limpeza da água e uma boa oxigenação. Mesmo com espécies fáceis, que teòricamente se conseguem manter sem grandes despesas, não se deve prescindir de um sistema de filtragem. Sem filtros implica uma maior perda de tempo com manutenção, por ex: mudanças de água muito mais frequentes.
Como a maioria dos camarões é originária de zonas quentes, a água deverá ser mantida entre os 22ºC e os 26ºC. Mas o camarão japonês Caridina japonica suporta a falta de aquecimento.

Não prescindimos das plantas

Seria de facto um pecado renunciar a uma densa vegetação num aquário para camarões. Em particular as espécies asiáticas mais pequenas, passam a maior parte do tempo a limpar as folhas das plantas. Mesmo a fina folhagem do musgo de Java é limpa de forma incansável. É sobre as plantas que encontram o mais variado material comestível, como algas e microorganismos, com que gostam de se empanturrar.
Para conseguir um bom crescimento das plantas é necessária uma boa iluminação no aquário. Podemos optar por tubos fluorescentes, combinando por exemplo as lâmpadas sera Tropic Sun, sera Plant e sera Daylight. Geralmente os aquários já trazem iluminação incorporada a qual muitas das vezes é de qualidade duvidosa. Alertamos para que, nestes casos, verifique se as lâmpadas instaladas são indicadas para aquário, de modo a possa obter bons resultados com as plantas e daí as melhores vantagens para os camarões.

Os filamentos em constante agitação na água para captura de plâncton de imediato transportado para a boca. Para se saciar o Atya moluccensis tem que trabalhar muito.

A decoração

Para um aquário de camarões de água doce utilizaremos areia de granulometria média, que não liberte muito cálcio, no fundo. Junto com algumas rochas decorativas, um elemento imprescindível são as raízes de madeira. Muitas espécies vivem sobre elas “polindo-as” com todo o cuidado. Uma vantagem para o aquariófilo que pode pôr raízes não polidas no aquário que ràpidamente serão limpas pelos camarões.
No que diz respeito às plantas pode escolher pràticamente todas as que estejam disponíveis no mercado da especialidade. E pequenos grupos de plantas de folhas finas, oferecem enormes quantidades de microorganismos que os camarões consomem àvidamente. Por outro lado as plantas possibilitam refúgios espectaculares aos nossos camarões. Uma boa vegetação dá mais possibilidades de sobrevivência aos recém-nascidos, que encontrarão sempre alguma coisa para comer pois que as folhas das plantas permitem a sobrevivência dos mais variados organismos nutritivos.

Aconselhamos não só o musgo de Java (Vesicularia dubyana) mas também Echinodorus, Vallisneria, Cryptocoryne, Ceratophyllum, Elodea e muitas outras.

Espécies e variedades

Dos camarões de água doce conhece-se um enorme número de espécies e variedades. Muitas originárias da América do Sul mas em muito maior número da Ásia. A diversidade de formas e sobretudo das cores, atrai aquariófilos de todo o mundo. Como por exemplo os pequenos Neocaridina que podem, sem exagero, graças às suas cores magníficas, comparar-se a algumas espécies de água salgada. Ou então todas as variedades dos camarões zebra (camarões abelha) ou dos camarões tigrados.
Os camarões são comercializados com nomes fantasiosos que por vezes dificultam a identificação da espécie a que pertencem. Por outro lado a variação de cores ou de aspecto dentro da mesma espécie não facilita mesmo nada a classificação destes crustáceos. Com efeito algumas populações ou criações apresentam características tão diferentes que levam o observador a duvidar se se trata efectivamente da espécie referenciada. Variam as cores e os desenhos dentro de uma mesma espécie, em particular as listas e os pontos, que podem ser mais ou menos pronunciados ou mesmo imperceptíveis. Estas diferenças podem estar ligadas à necessidade que os camarões têm de se mimetizar. Em particular os mais pequenos que na natureza quando não se podem esconder recorrem a este estratagema.
Como certeza sabemos que os aquariófilos “descobriram” uma pequena parcela das numerosíssimas espécies de camarões de água doce. O futuro reserva-nos muitas surpresas em relação a espécies a descobrir. Principalmente nos aquários japoneses têm sido descritos camarões espectaculares oriundos da Ásia, que ràpidamente chegarão aos apaixonados da Europa.


Atya moluccensis importado da Ásia em várias mutações cromáticas. Para lá das variações de cor, do bege ao castanho escuro, podemos encontrar várias intensidades de cor na faixa dorsal.
Também dos Caridina japonica se conhecem várias mutações cromáticas

Alguns exemplares para vocês conhecerem:

















2 comentários:

Luís disse...

Foi esclarecedor.Obrigado.
Luís Morna

zévalle disse...

Haverá algum catalogo de Camarões?
O ideal seria nome comum e cientifico, foto a cores, tamanho, temperatura da água e tipo, alimentação, reprodução, compatibilidade com outros e peixes, longevidade. Se não em português nas línguas acessíveis: inglês, francês, espanhol.
Se não conhecerem catálogos, livros sobre o assunto.
José Valle
jose.valle@sapo.pt