segunda-feira, novembro 30, 2009

Sitios bons para se estar


Mandasse eu alguma coisa nas encruzilhadas da vida e estaria ai. O calendario marcaria julho de 2010 e o Diogo correria à minha frente em direcÇao à agua. Mas como nao mando, respiro com os baloes da imaginaÇao. E ja nao é nada mau...

domingo, novembro 29, 2009

No dia em que o Di Maria meteu férias

Derby ranhoso qb.
Mal jogado e com paragens de 30 em 30 segundos.
O zbordem jogou tudo o que sabia, mais não era exigido.
O Et Plurubus Unum falhou passes, oportunidades de golo e saídas para o ataque. Exigia-se mais a uma equipa que vale 27 vezes (pelos menos) mais do que a do Spórt.
Comecámos a jogar com 10 embora o Peixoto lá estivesse. Aos 40 minutos Carvalhal equilibrou e meteu Pedro silva. Nos segundos 45 já deu para jogar 10 contra 10.
Proenca fez o que se esperava e cortou quando devia cortar, fechou os olhos quando devia chegar. A mão do Polga na área foi certamente mais difícil de ver do que o penalty fantasma do Lisandro. É uma questão de tonalidade.
Mas não foi por Proenca que o Benfica perdeu 2 pontos. Foi por culpa própria. Pelas minhas contas tivémos 4 ou 5 boas oportunidades de marcar. A do Ramires na segunda parte ia dado enfarte.
Enfim...a lagartada fica contente por não perder mesmo tendo dito adeus ao título.
O caminho segue entre o Glorioso, o Braga e o FúCuPorto.
O campeonato comeca agora.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Tenho que mandar afinar a memória


Não sei o porquê mas ando numa onda revivalista. Hoje, no autocarro para o trabalho, com tanta coisa boa e interessante para pensar, lembrei-me da minha primeira semana de trabalho e do meu primeiro chefe.
O cenário era a Autoeuropa, meu único empregador em Portugal, e o departamento o de engenharia do produto.
Estava fresquinho, acabadinho de chegar, com aquele típico sangue na guelra de quem quer mudar o mundo e contribuir para a paz no planeta. Enfim…nada disso aconteceu, como é óbvio.
Os primeiros dias foram uma autêntica desilusão. Sem tarefas ou responsabilidade, limitava-me a seguir este e aquele, para "ver como faziam". O resto do tempo passava-o a olhar para um computador vazio. Uma falta de respeito total por um novo colaborador. No fim do dia, saía sempre da AE com uma enorme sensacão de frustracão.
Entretanto, com o passar dos dias, fui percebendo a forma de actuar do meu chefe. É muito simples de resumir: gritos e murros na mesa. Era assim que ele apelava à razão.
Tudo bem. Fiquei com má impressão do personagem mas como não tinha nada para fazer, os gritos nunca eram dirigidos para mim.
Certo dia, já não sei a que propósito, foi necessário fazer um circuito eléctrico muito básico com uma resistência de 1 KOhm. O chefe-que-nunca-ria disse-me que o fizesse e deu-me uma resistência de 100k e outra de 10k.
Fiquei um pouco atrapalhado. Qualquer aprendiz de electricista sabe que isso é impossível. O paralelo de duas resistências tende sempre para o valor da menor, neste caso 10. Nem que me transformasse em electrão conseguia que aquilo desse 1. Tentei explicar com calma e devagar ao chefe que aquilo era uma impossibilidade matemática. Como era hábito, comecou aos gritos usando a sua frase preferida "é preciso um mestrado para fazer esta merda???" , saltando de imediato para o circuito. Tentou ligar resistências, enquanto largava umas postas, mas aquilo nunca mais batia certo. Discretamente escrevi a fórmula num papel e voltei a insistir na matemática. Tentei explicar com calma uma vez que ele, apesar de liderar uma equipa eléctrica, era mecânico de formacão. Estava nos primeiros dias e aquela situacão, com grunhidos pelo meio, era bastante incómoda.
Ao fim de algum tempo desistiu e disse: "vá, resolve tu essa merda!!"
Se a minha impressão era má, ficou pior.
O tempo passou e eu continuava a um canto a ver o dia passar.
Passado algum tempo chegou um novo chefe ao departamento. Um alemão, como é moda na casa. Comecou a fazer a rodinha pelas equipas para conhecer toda a gente, até que chegou a vez da equipa eléctrica.
Estávamos todos numa sala e, um a um, os meus colegas apresentaram-se dizendo o que faziam e que responsabilidades tinham. Eu fiz o mesmo. Quando chegou a minha vez, disse o meu nome e o que fazia. Se bem me lembro a traducão fiel do inglês foi: "Não tenho nada de especial para fazer aqui".
O meu chefe engasgou-se e bastante encavacado lá disse ao alemão "ele é um caso especial, eu explico-lhe depois".
O meus colegas esbocaram um sorriso e eu desmanchei-me por dentro. Adorei ver aquela cara de "sentei-me num garfo".
Escusado será dizer que pouco tempo depois estava noutro departamento. O que foi uma pequena dádiva.
Fiquei 4 anos nesse departamento. Excelente ambiente de trabalho, boa gente e óptimos colegas.
Esse chefinho, visto a esta distância, o pior que alguma vez tive, é hoje um dos manda-chuva na AE. Seguiu aquilo a que internamente se chamava "o cursinho da Lufthansa" (que consiste em ir 3 anos para Wolfsburg servir cafés aos alemães e voltar para a AE como chefe de qualquer coisa) e hoje grita com muito mais gente.
Comparando com a forma como os chefes tratam os colaboradores neste lado do mundo, até sinto uma certa vergonha. Enfim…boa sorte para quem o ouve. Até há quem goste, daquilo que me lembro.
Para mim, foi como jogar ao monopoly e receber o cartão "você está livre da prisão".
Deus te pague.

quinta-feira, novembro 26, 2009

E o menino? Já o inscreveu na JCP camarada?








Estava eu entretido a ver o Diogo em 78 quando dei com esta pequena preciosidade (última fotografia).
Atentai na pose.
Olhar no horizonte, braco no ar, cravo entre os dedos. O cravo meu amigos.
Aqui há uns dias trocava uns argumentos sobre a obra do Moita Flores. Tem sido, indiscutivelmente, um excelente presidente em Santarém. A vitória nas últimas eleicões era mais do que esperada, mesmo por aqueles números já a cair para a tareia. Perguntaram-me: "Se vivesses em Santarém votarias no Moita Flores?".
A resposta é não. Mesmo reconhecendo que ele era o melhor candidato não seria capaz de votar no PSD (mesmo que o candidato seja independente ).
Não consigo. É quase um preconceito. Não faz sentido, reconheco. Nem sequer é racional. Concordo.
Mas é assim.
Quando vi esta fotografia pensei logo que me serviria como o argumento que nunca encontrei para justificar o meu, como lhe chamarei, não me lembro de nada melhor...epá...asco, aos partidos de direita.
Foi-me incutido o espírito numa altura em que eu não percebia. E ficou. É isso. Agora é só repetir 10 vezes e até acredito.
Mais uma peca do puzzle que se encaixa. Estou em brasa nesta história do "descubra-se a si mesmo".
Agora, o que me apetecia mesmo era perguntar aos meus pais porque razão me levavam para comícios do PCP? A feira popular estava fechada?

Neóns: todas as cores, feitios e tamanhos. Orcamentos grátis. Vou ao domicílio.


Poucas coisas me alegram mais a parte de baixo da nuca do que uma boa previsão económica.
Embora não seja esse o meu quintal, lembro-me de ter uma cadeira de economia na universidade. Na altura fiquei com a sensacão que ser economista e merceeiro era mais ou menos a mesma coisa, sendo a única diferenca o lápis. O de merceeiro era amarelo e preto e caía que nem uma luva no abano, enquanto o economista se ficava pela lapiseira no bolso interior do casaco.
As fórmulas eram do género: PIB + L - CF = R
Sabendo somar e subtrair como na segunda classe, tudo era possível.
Quando a aula anterior era de integrais triplos eu achava isto um mimo.
Mas…estou certo que dezenas de cadeiras sobre o assunto me teriam mudado a opinião. O certo é que quando ouco um economista a falar, tirando um que me estou a lembrar assim de repente, não percebo nada depois do 'bom dia'.
Significa isto que quando alguém, um economista, faz uma previsão eu tenho esse estúpido hábito de acreditar.
Na costa oeste sueca (região onde este que tanto vos quer fixou a tenda), um pouco por toda a parte, vai-se dizendo que o pior desta crise já passou. Jornais, CEOs e malta com responsabilidade. Compreendo que parte da retoma vem com injeccões de confianca e por isso há que levantar o moral, o que dispenso são injeccões de estupidez.
Nem há um mês, o CEO da Volvo escrevia na intranet da empresa que as vendas estavam a aumentar e que a companhia gerava novamente lucro. Isto era especialmente importante porque o dono da Volvo (Ford) foi o único dos 3 grandes (GM, Chrisler e Ford) a não aceitar o empréstimo do governo de Obama.
O optimismo voltou como se compreenderá.
Soube-se entretanto que este mesmo CEO, em tempo de crise, sacou 16 milhões em prémios. Acho que tinha uma tábua partida na vedacão ou a porta da garagem para arranjar, já não me lembro, mas pronto…estava a passar dificuldades.
Entretanto, as últimas semanas trouxeram uma invasão de Chao Mins aos corredores da Volvo. Os chineses estão nas negociacões para compra da marca e deduzo que andem a inspeccionar a mercadoria.
Tudo lógico.
Ora…este rapaz, o CEO, veio ontem anunciar ao mundo que a Volvo quer meter mais 250 a andar.
Então e os lucros e a recuperacão e os 1000 que já foram, etc, etc?
Esquece isso que eu preciso que a empresa tenha liquidez para ver se acabo o campo de golfe que estou a fazer na zona sul da piscina.
Tudo bem.
E como é que vai despedir? Perguntou alto e bom som: "Há voluntários?"
Oferecem 9 meses de salário a quem quiser ir embora, se ninguém se chegar à frente…escolhe o camarada.
Ora, quando ele comecar a escolher quem são os primeiros a andar? Os consultores.
E o que é que este que tanto vos estima faz? Dá consultas.
Estou encantado.
No mesmo dia (ontem) todos os jornais anunciavam na primeira página que a Saab (provavelmente o segundo maior empregador) fechava as portas no dia 1 de Dezembro.
É o que se chama a cereja. Nunca o clássico "uma desgraca nunca vem só" veio tanto a propósito.
É mais um terramoto a juntar a tantos outros que comecaram em Dezembro de 2008.
Nunca mais acaba 2009….
Dei por mim a pensar….sempre que vou a Lisboa tento jantar com algun amigos e antigos colegas de curso. De todos ouco o mesmo: "Crise? Não, não tenho notado…lá no escritório está tudo na mesma, mesmos clientes, mesmos projectos, mesmas pessoas."
Escolhi uma boa altura para sair de Lisboa, está visto. E uma vez fora de Lisboa também acertei em cheio no destino.
Escapar ao vendaval nesta cidade é quase tão fácil como encontrar uma cidade alemã que nunca tenha sido bombardeada.
Mas porque é que não fui para o Burkina Faso instalar neóns?
Um gajo nunca acerta.
Quanto aos economistas, tentarei dedicar às suas palavras o mesmo tempo que dedico a cantar o hino do Zbórdem.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Faz aí um reset sff!!


Para quem gosta de datas e "ses" da história, o dia de hoje é de algum interesse.
Passam exactamente 34 anos sobre o 25 de Novembro de 75, dia em que se "decidiu" que tipo de "democracia" Portugal iria seguir.
Existem factos, alguns, e especulacão, muita.
Consoante a pessoa que conta a história temos moderados contra radicais, ou fascistas contra socialistas.
De um lado os partidos que hoje estão na AR, excepto o BE que nessa altura andava de G3 nas mãos e do outro lado o PCP com alguns militares mais "devotos".
A teoria diz que PS, PSD e CDS queria um "Portugal democrático e livre" e que o PCP queria criar um satélite russo à imagem de Cuba e dos restante países da Cortina de Ferro. Diz que. Esta parte é importante.
Que eu saiba nunca Cunhal o disse, mas posso estar enganado. Tito seguiu o modelo socialista e afastou-se de Estaline, criando a sua própria linha (depois de seguir a dos chineses). Olhando para as antigas repúblicas da Jugoslávia hoje, tirando a Eslovénia, não me parece que a separacão tenha favorecido muito aquele pessoal. Veja-se a Bósnia partida em 3, a guerra na década de 90, a maioria albanesa do Kosovo e por aí fora.
Ou seja, Cunhal poderia seguir a sua visão do socialismo. Claro que, se tivermos em conta que o PCP nunca condenou a Primavera de Praga, podemos aceitar que o socialismo do Cunhal era como aqueles "calquitos" (suave recordacão!) mas com o Estaline por baixo. Aceito que sim.
Parece que os russos não estavam para grandes salganhadas na Iberia e os cubanos andavam entretidos com Angola.
E assim venceu a malta que queria um Portugal livre. Óptimo. Somos livres, democratas e mais uma série de coisas giras.
Mas somos mesmo? Foi o 25 de Novembro uma grande vitória? Acredito que sim. Provavelmente o outro modelo teria sido bem pior, mas, tudo o que sei do outro são alguns "ses", umas quantas analogias e vastas especulacões.
Agora da faccão que venceu em 75 já sei tudo.
A ideia seria boa, os principios também, mas tudo o que ali se defendia, ou que eu julgo que se defendia, falhou.
Somos um povo livre? Realmente andamos por onde queremos, dizemos o que nos apetece e não temos muros em Elvas. Mas, temos a liberdade de ir onde queremos? De comer o que nos apetece? De viver onde gostaríamos?
Temos a liberdade que a nossa carteira permite num mercado aberto e concorrencial. E essa liberdade é, para ser simpático, limitada. Qual é o nosso crescimento económico? Qual é a melhoria da qualidade de vida de um português médio? Podemos hoje gozar a nossa liberdade? Só se for a crédito…
Para metade das familias portuguesas o filme do dia "acordar-fila de transito-trabalhar-fila de transito-dormir" repete-se durante uma vida. É isto que esperam que um povo livre faca? Quando o salário apenas chega para pagar contas e comer massa com salsichas? Isto para mim é uma espécie de prisão.
E democratas? Somos democratas?
Bem…decidimos tudo pelo voto, é um facto. E até podemos votar em vários partidos. Mas esse voto conta? Com uma classe política que concorre a duas eleicões ao mesmo tempo ou que abdica dos cargos para os quais são eleitos antes do primeiro dia de trabalho, podemos dizer que o voto é respeitado?
E o estado de direito? Existe? E o progresso? Chegou?
Temos um dos maiores (senão o maior) índices de corrupcão da UE. Temos instituicões, autarquias e ministérios minados de arranjos, cunhas e esquemas para sacar dinheiro dos impostos, temos pessoas que entram na política com um par de cuecas no corpo e passados 10 anos são magnatas, temos empresas privadas a pagarem luvas para conseguirem obras públicas, temos o terceiro pior nível de escolaridade da OCDE (que tem um total de 53 países se não me engano), estamos há 20 anos a receber subsídios da UE e quando já devíamos estar entre os países pagadores continuamos a estar entre os mais miseráveis, temos casos que se arrastam nos tribunais sem qualquer condenacão, somos roubados diariamente nos nossos impostos, temos as nossas cidades destruidas pelos patos-bravos do cimento…é isto um país evoluído? É isto um estado de direito?
Sinceramente não me parece.
Tenho pena de o dizer mas hoje não há nada para comemorar. Concordo que a vitória da outra faccão poderia ter criado problemas ainda maiores mas, o que eu realmente sei, é que estes 34 anos de "democracia" e "liberdade" foram um rotundo falhanco.
Poderíamos comecar de novo e não perderíamos nada. Talvez umas auto-estradas.

O meu filho


Apetece-me falar do Diogo.
Aliás…o que me apetecia mesmo era falar com o Diogo. Mas por enquanto isso não é possivel. Não é que ele não esteja a dominar a língua de Camões, nada disso. Já diz o clássico ma-ma como quem enche uma fralda. Primeiríssima sílaba. O já mais rebuscado pa-pa só saiu uma vez ainda e por sorte, estava lá e ouvi. Foi há poucos dias.
E porque é que me apetece falar do Diogo? Porque de alguma forma ele mudou a minha vida. O mundo não parou porque nasceu um bébé, mas a minha vida, a minha existência, ganhou outro calor, uma nova alma e outros olhos para o dia-a-dia. Há mais uma peca do puzzle que se encaixa.
O tempo passa a correr. Depressa demais. Ainda ontem o estava a agarrar na maternidade e 8 meses passaram desde então. Sem tempo para olhar para trás.
Todos os dias aprendo algo. Todos os dias aquele miúdo tem algo para me ensinar. A comecar por uma nova forma de sentir, uma nova forma de amar.
Há realmente um sentimento único que nasce no momento em que nasce um filho. Não o consigo descrever. É um calor que nos percorre cada veia e traz conforto, bem-estar, alegria e uma nova lista de prioridades. Lembro-me de ouvir a minha mãe dizer, quando eu a censurava por ser muito protectora do meu irmão, que "quando tiveres um teu, logo falamos".
Bom…não é preciso. Está falado. Está compreendido.
O Diogo é, sem qualquer espécie de dúvida, aquela luz que brilha nos meus olhos, aquele sorriso que segue a cada sorriso dele. E são muitos. Como ri aquele miudo.
Em menos de uma semana passou de deitado a rebolar para deitado a arrastar-se. Assim tipo rambo por baixo do arame farpado. Alguns dias depois comecou a gatinhar. Meio trambolho, mas a chegar a todo o lado. Fios, tomadas e por aí fora.
Não há brinquedo mais interessante que um bom fio eléctrico. E eu ali. Sentado. A ver tudo a acontecer com o coracão cheio e os olhos brilhantes. Aperto-o. Aperto-o muito. Encho aquelas bochechas de beijos até ele fazer cara má por causa da barba.
E o pensamento? É constante. Outras coisas aparecem…detalhes de trabalho, conversas de amigos, problemas do quotidiano…mas o Diogo está sempre presente, normalmente sob a forma do último sorriso que a minha memória guardou.
Dentro de 1,5 meses comeco a licenca de paternidade. Há 6 meses que conto os dias. Está quase. Sinto orgulho. Um orgulho enorme. Não sou o gajo mais jeitoso do mundo e normalmente as minhas obras saiem assim para o torto…é um facto, mas, se algures nas linhas da vida fiz algo bem feito, tenho para mim que foram aqueles 69cm de gente.
Recentemente descobri uns álbuns de fotografias da guerra de 14, feitos pelo meu pai numa altura em que não havia fotografia digital. Está lá tudo, do primeiro mês até à semana passada. Mais coisa menos coisa.
Foi uma descoberta interessante por duas razões, primeiro fiquei a saber o balofo que era em miudo, o que é sempre um mimo, depois porque com auxílio dessas fotografias vou vendo o crescimento do Diogo em avanco. Até eu fico impressionado.
Há fotos a preto e branco que poderiam perfeitamente ser do Diogo em 79…cara chapada. Verdade, dá-me um certo gozo ver que o meu filho é igual a mim. Não o nego. É humano.
Por outro lado sei exactamente como é que ele vai ser daqui a 10 anos.
Bem vistas as coisas, estou a viver o argumento daquele filme do M.J.Fox e do gajo despenteado na máquina do tempo.
E por mim tudo bem.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Talvez seja a segunda-feira ou a taca...pode ser isso sim.

Li um texto aqui há atrasado (expressão permitida apenas a moradores a norte do Mondego) que me fez pensar.
Falava da justica portuguesa. Ou da falta dela.
Recordava vários casos e, analisando a coisa, nota-se um denominador comum: a inexistência de decisão.
Olhando para o caso do momento, a "face oculta", verifica-se o mesmo argumento, o mesmo filme tantas vezes repetido.
No início são as primeiras páginas, aberturas de telejornais e "repórteres em directo do local".
O país acorda, respira, vive e adormece com o caso.
O tempo passa e o processo vai-se enrolando. Complicacões daqui, escutas não válidas dali, um arquivamento a pedido e sempre, mas sempre, com pessoas com peso e responsabilidade na Justica a debitarem asneiras que deviam estar no segredo dos deuses.
Seguimos tudo online...a versão moderna do Roque Santeiro (lá está, há revivalismo no ar) sem Sinhôzinho Malta.
Esta sequência de acontecimentos foi o padrão para o caso da Casa Pia, submarinos, padre Frederico, Felgueiras live at Copacabana, moderna, independente, Maddie, BPN, BPP, Vale e Azevedo no bairro do Abramovich sem pagar renda e a fugir à polícia e agora "Face Oculta".
Alguém sabe há quanto tempo comecou o julgamento da Casa Pia?
Alguém conhece um condenado, uma decisão um encerramento diferente de "processo arquivado"?
Há impunidade em Portugal para políticos e figuras públicas? Funciona a justica por cunhas? Não são os tribunais independentes? Como pode o estado de direito funcionar quando a aplicacão de justica é inexistente? Seremos assim, enquanto país, tão atrasados e corruptos que não conseguimos que o pilar da democracia funcione? Seremos nós, enquanto povo, tão desinteressados do nosso país que nos permitimos ver, ler e ouvir a corrupcão em cada esquina sem fazer ou exigir nada?
Será possível ver toda a europa comunitária a crescer, a evoluir e a avancar sem ter um pingo de vergonha?
Há dias em que sinto orgulho em ser Português. Felizmente muitos.
Mas sinceramente há outros, como o de hoje por exemplo, em que me sinto revoltado com o nosso crónico atraso. Sinto vergonha por ter nascido num país onde a corrupcão e a xico-espertice ditam regras (D. Ana, também não te custava nada ter andado mais uns kms para comprar caramelos e como quem não quer a coisa fazias o "agoraaa...forcaaaaa..." em Badajoz).
É assim tão dificil encontrar gente honesta para meter à frente das autarquias, ministérios, sindicatos, associacões, institutos, tribunais e clubes desportivos? Deve ser. Certamente que é.

domingo, novembro 22, 2009

O Sr 15 milhões

O Benfica perdeu por culpa própria.
O Guimarães jogou bem, não trouxe o autocarro mas esteve longe de ser a melhor equipa em campo.
Muitas jogadas de ataque criadas e falta de jeito na hora de atirar a contar.
Apostar no Keirrison (ou continuar a apostar...) de cada vez que o Cardozo não está disponível roca a burrice. É dar um central extra ao adversário.
Weldon em 5 minutos fez mais que essa nódoa em 75.
Demorar 25 minutos a ver que Ramires do lado esquerdo não contava, também não caíu bem para quem é "o rei da táctica".
Tenho pena porque gostava de ver esta equipa no Jamor. Paciência. Para o ano há mais.
Menos do que 3 aos lagartos é derrota.
Por outro lado...duas derrotas seguidas deixarão Jesus com o fantasma do Natal em cima.

E voces, conseguem encher um balao?



quarta-feira, novembro 18, 2009

Os suspeitos do costume

A FIFA mudou as regras a meio da qualificacão e arranjou esta novidade dos cabecas de série para o playoff. Deu jeito a Portugal mas quem a FIFA queria levar a todo o custo ao mundial era a Franca. O país de Platini não podia ficar a chuchar no dedo...deve ser a seleccão mais ajudada do planeta. Pelo menos, sempre que joga com Portugal lá sai o penalty da ordem.
Hoje, a forma como garantiu a qualificacão roca o escândalo. O Henry agarrou a bola como se fosse um jogador de andebol. E passou, claro que passou.
Os irlandeses devem estar em brasa e a beber guiness como se não existisse amanhã.
Não posso com os croissants!

O milagre

Num relvado que parecia um batatal a nossa seleccão mostrou classe.
Não percebo como é que a FIFA permite a utilizacão de um campo destes, mas enfim. Imagino que a estratégia da Bósnia fosse meter artistas a jogar na areia de chuto para a frente.
Correu mal.
Portugal calcou as galochas e mostrou que quem sabe, joga até de pantufas.
A Bósnia não jogou nada e não confirmou a amostra deixada no Estádio da Luz.
Os jogadores mostraram que queriam estar no mundial.
Felizmente, tiveram a atitude e coragem que Queiroz nunca mostrou.
O Meireles devia passar os próximos 6 meses a treinar remates à baliza. Três oportunidades a 3 metros do GR pá!! Vá lá que entrou uma...
A qualificacão deve-se aos jogadores, ou pelo menos a alguns deles. Ponto final.
Não facam agora do Queiroz um herói porque ele ainda não sabe como é que se safou.
O verão será mais quente.

Vê lá se o papão não está debaixo da cama?


Tenho, para o jogo desta noite, a confianca de uma galinha que se prepara para atravessar o Sudão.
Não pelo adversário mas pela falta de confianca que transparece de cada vez que o Queiroz abre a boca.
Oxalá os jogadores não o oucam...
A nossa seleccão é um molho de bróculos transformada em equipa. Erros em cima de erros que com uma sorte enorme no jogo Dinamarca - Suécia e com a bencão dos postes do Estádio da Luz, nos permitem ainda sonhar.
Sofro com a seleccão. E a valer.
Ver o Queiroz, o maior perdedor que alguma vez comandou a equipa das quinas (94 com aquela equipa de luxo prova-o), sentado no banco causa-me arrepios na espinha.
Como se não bastasse a falta de jeito para o lugar ainda temos que levar com mais um fantoche do Pintinho.
Quim, o titular da equipa que melhor joga em Portugal nem aquece o banco enquanto o suplente do Porto, que praticamente não joga no seu clube é presenca assídua.
Nas laterais, Duda não acerta um passe há 4 jogos. Tem sido penoso vê-lo. Nada. O Miguel Veloso em boa forma e careca de fazer o lugar. Nada.
Do lado direito qualquer Ruben Amorim desenrasca a coisa mas não…P. Ferreira que em Londres tira só os cafés é que vai para lá. Miguel que é titular no Valência fica sentadinho.
Meireles, que ensaia 75 remates por jogo e acerta 2 na baliza, é presenca assídua nem que ande de muletas.
Enfim…estão todos a olhar para a Bósnia com um medo incrível.
É o campo que tem buracos, os adeptos que gritam muito, os bósnios que se vão atirar "que nem lobos esfomeados" and so on…
Vamos a ter calma. A Bósnia até pode ir ao mundial - a nossa equipa é hoje em dia um caco daquela que esteve no euro 2004 ou no mundial 2006 - mas não passa de uma equipa banal com dois avancados que jogam em clubes de segunda linha na alemanha (sim, o Wolfsbourg mesmo campeão é uma equipa de segunda linha) e que quando rematam acertam naquele espaco de 9 metros. É só isto.
A Bósnia é a equipa mais fácil do play-off. A nossa sorte (que fizémos por merecer apenas nos jogos contra a Dinamarca) comecou no golo que derrotou a Suécia e ainda não parou. Até o sorteio nos ajudou.
Portanto…deixem de se portar como marias-amélias e facam a vossa obrigacão.
Quanto a ti Queiroz, está sossegado e deixa o Simão fazer a equipa. Ou até o roupeiro. Qualquer um menos tu.
Não tenham medo de ganhar!

O George sem W



Acho uma certa piada à gripe A.
Aliás…acho uma certa piada a todas as doencas que, de tempos a tempos, vão varrer a espécie humana.
Foram as vacas loucas, as aves e mais não sei quantas que eu não tenho jeito para doencas.
Agora a gripe A.
De todas as vezes lá aparece aquele desgracado do SNS (F. George) nos telejornais com um caderno cheio de estatísticas.
Pelas minhas contas, desde as aves até hoje, já 97% da populacão portuguesa devia ter desaparecido do mapa. Ou seja, por esta altura do campeonato devia andar por cá eu, que sou imune a qualquer doenca, o Pinto da Costa e o Alberto João que não morrem nem à lei da bala e o Manuel Oliveira com 150 anos para filmar o fim do mundo. Mais meia-dúzia para pagar impostos e era isto.
Mas parece que não.
Estamos cá todos e morrem muitos mais anualmente com a gripe do costume do que com a gripe A. Mas, ao contrário das doencas anteriores, a gripe A vem com uma excelente novidade: a vacina.
Particularmente não me agrada. Retira um pouco aquele clima de catástrofe.
Mas, lembro-me antes do verão de ouvir falar em 3 milhões de vacinas encomendadas, listas de prioritários para receber a pica e por aí fora.
Na altura pensei que mal a vacina passasse Badajoz seria uma corrida feroz a fazer lembrar a entrada de um camião de arroz no Haiti.
Mas também não.
Comeco a acertar tanto nas previsões como o Marcelo. Quem sabe um dia não terei 5 minutos também com a M. Flor Pedroso.
O pessoal da linha de saúde não está para aí virado e todos os dias aparecem médicos a dizer que "Vacina? Passo, obrigado." Hoje são os de Braga.
Bem vistas as coisas, sobrou o disponível George para apanhar a pica em directo na TV. Nunca mais ninguém o viu depois disso mas parece que está em casa a descansar com um fato-de-treino igual ao do Fidel.
Em que ficamos?
A vacina serve para alguma coisa ou os laboratórios misturaram CK One com sumo de laranja e estão a vender como remédio?
Ainda não vi o debate nacional sobre o assunto (que é como quem diz o Prós e Contras) mas confesso que prefiro deixar a batalha para os meus anti-corpos, que como é sabido, descendem dos Espartanos.
Se os médicos desconfiam, quem sou eu para me armar em esperto?
Para isso está cá o George.

A farsa dos pinguins



Percebo muito pouco de economia.
Estarei talvez ao nível de um Guterres mas com a tabuada na ponta da língua.
Sim, porque eu ainda sou do tempo em que se cantava a tabuada na sala de aula e falhar siginificava reguada com uma molin de 50cm. Grossinha, grossinha.
Agora apetecia-me divagar e perguntar porque razão os putos vão hoje em dia para a escola com uma máquina de calcular? A geracão de hoje puxa do telemóvel para fazer 24 + 76.
Estamos a criar um conjunto de monos que sem um teclado não consegue dar um passo, mas adiante. Estou a ficar velho.
Economia…
Comeco a ver à minha volta alguma euforia com a entrada de capitais chineses na Volvo.
Passo a citar:" É bom para a Volvo, para Gotemburgo e para a Suécia".
Discordo.
A única coisa que podia ser boa em simultâneo para estas 3 entidades era mais do que 7 dias por ano com calor. E aqui calor significa que o mercúrio passa dos 25...
Para mim, a lógica da coisa está no custo.
Os chineses fazem carros com a qualidade de um tupperware (é sempre um ponto alto de qualquer post quando se escreve 'tupperware'). Mas fazem-nos aos pontapés e com baixo custo.
O dinheiro, segundo me explicou um amigo economista, é finito e é a sua circulacão que define o ritmo da economia. Ou seja, se existe uma quantidade X de dinheiro e se neste momento há pouco aqui terá obrigatoriamente de haver mais algures. Se percebi a explicacão é mais ou menos isto. Ora, o algures neste momento fica na Índia e na China.
O facto de o governo do Zimbabwe imprimir notas por dá cá aquela palha (outra expressão que aprecio) não encaixa nesta definicão do dinheiro finito. Mas como disse ali na primeira linha, pouco percebo da poda.
Voltando aos chineses….
Na minha opinião eles vão seguir o modelo do costume. Injectam dinheiro e comecam a dar ordens. Enchem os corredores de Liu Pengs que aprenderão com os engenheiros suecos. Com o conhecimento técnico adquirido passarão então a producão para a China, construindo assim (em teoria) Volvos com a mesma qualidade mas com um custo muito mais baixo.
As empresas europeias estão a mudar as suas producões para a China. A Airbus por exemplo já faz aviões em terras de Mao (a ver se descubro qual é o modelo para não entrar nele). Há N exemplos de empresas que vão atrás do lucro através dos baixos salários dos empregados e, por alguma razão que me escapa, alguns dos meus colegas parecem acreditar que os chineses comprarão a Volvo para manter tudo aqui e ter um custo por cabeca 100 vezes maior em cada carro.
Ora…vocês que percebem de macro e micro dir-me-ão que isto não faz sentido. Eu também acho que não.
É certo que este modelo tem mais 2 ou 3 décadas e depois fica esgotado. Mas também é certo que essas 3 décadas são as que me restam de trabalho portanto, há que ir a jogo.
China e Índia são os low cost do momento. Quando o crescimento trouxer melhores salários passam tudo para África e quando já nem África der lucro pelos baixos salários, criam um novo continente, bem miserável de preferência ou passam tudo para a Antártida e ensinam os pinguins a apertar parafusos.
Eu apostava nos pinguins. Meio-quilo de chicharro e não chateiam.

terça-feira, novembro 17, 2009

Ai se o Visconde vos vê....

É nestas alturas que eu percebo porque razão os sócio do Zbordem (sim, todos os 37) o intitulam de "clube diferente".

Diferente aqui é um elogio.

via Tertulia

segunda-feira, novembro 16, 2009

Aposto que nunca viram uma fotografia de Mogadouro


Confesso que tenho uma péssima impressão de Armando Vara. Acho que ele também não me tem em muito boa conta. Mas isso é porque não me conhece.
Ele nasceu nas bercas e eu em Lisboa. Ele comecou a carreira a descontar cheques e eu nunca tive um cheque com o meu nome impresso. As nossas universidades distavam 500m mas a minha ainda existe e não tem aulas ao domingo.
Os nossos percursos não se cruzaram. O que foi uma pena porque eu gostava de lhe perguntar como é que se enriquece sem trabalhar.
Parece que estou a ver. Jantar no Vírgula, ali perto do Cais do Sodré, malta de fato espalhada pelas mesas e eu, de ténis e calcas de ganga, bebericando um bom tinto de Estremoz com um guardanapo de pano em cima da perna direita.
"Diz-me cá Armando. Como é que se chega a vice de um banco privado sem distinguir o PIB do NIB ?"
Estou certo que seria uma conversa cheia de bons ensinamentos. Para mim claro. O Vara já leu o livro todo.
Se o caso Face Oculta vai resultar em algo? Claro que não.
Mas já nem é isso que me preocupa o que também revela a confianca que tenho na justica. Roubam, recebem luvas, metem ao bolso…nada acontece. E uma pessoa diz "é normal". Batemos no fundo.
Mas, dizia eu, o que me preocupa é o conteúdo das conversas com Joselito.
Até aqui sempre considerei que Sócrates foi mais vítima do que agressor. Sempre o achei alvo de todo o tipo de ataques como a nossa democracia ainda não tinha visto. Desta vez não estou tão certo. Se se confirmarem conteúdos que já circulam na net terei que reconhecer que Sócrates é uma desilusão e "mais um" do grupo que usa o Estado para proveito próprio.
A ver o que aí virá.
Seja qual for o conteúdo das escutas, a bem da tão fragilizada justica, espero que o processo seja rápido e eficar.
Ahh…e ao contrário do que também já li por aí, espero que não se repita a história do Pinto da Costa, onde as escutas provaram que existia corrupcão (aliás, nunca foram negadas pelo próprio) e toda a investigacão se centrou no facto de as escutas serem ou não válidas em tribunal.
Outra pergunta de La Palice é, se as escutas não servem de prova em tribunal, porque é que as fazem?
Pelo menos poupem o erário público em chamadas telefónicas...

domingo, novembro 15, 2009

Welcome to the jungle

Não vi o jogo da seleccão mas já percebi, pelos resumos disponíveis, que poupei um enfarte.
Uma equipa com jogadores de topo mundial andou com o credo na boca nos últimos minutos frente a uma Bósnia com dois gajos que sabem rematar.
Aquela jogada das duas bolas no ferro ficará para a história no capítulo do incrível.
Interessante também foi ver onde estava P. Ferreira nessa jogada. Sabemos que não estava a cobrir ninguém porque o Bósnio cabeceou sozinho...mas escusava de estar plantado ao lado do poste do lado de fora do campo!
Também deu para perceber que as laterais serviram de passadores...Duda e P. Ferreira contaram como +2 para a Bósnia.
Só vejo uma forma de passarmos estes camaradas...é meter o Quim na baliza da Bósnia. Talvez assim Etíope acerte...
Ou muito me engano ou a viagem a Sarajevo vai ser um deus nos acuda.
Por outro lado...e vendo a fotografia toda, o que fará no mundial uma seleccão que não consegue vencer Dinamarca, Suécia e que treme como varas verdes frente à Bósnia, a seleccão mais fácil do play-off??
Boa coisa não será.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Chega para lá


Esta malta não pára de me surpreender.
E o que eu gosto de surpresas…
Reunião extra e magna, tipo RGAs com a malta toda aos gritos mas calados, para ouvir Big K, o CEO da companhia.
Comeco por dizer que Big K era piloto de carros na sua juventude. Imagino que o papá lhe tenha dado uns popós para brincar no alcatrão. Tudo bem por mim.
Preferia não ter o meu emprego dependente do Pedro Lamy cá do sítio, mas marcha.
Dois ou três slides a mostrar as perdas dos vários departamentos e em seguida comeca a discutir o acordo salarial para este ano.
Esta estratégia deve estar na página 2 (a primeira tem o nome da editora) do manual "Como ser CEO em 10 licões". Primeiro "ah e tal estamos tão mal e coiso" e a seguir "…por isso, após dificieis negociacões com o sindicato chegámos ao valor 0 para o aumento".
"Então e tu Big K? Vais passar a andar de eléctrico ou segues com aquele carro de luxo pago por nós??", era a pergunta que se impunha.
A sala estava cheia. Ainda sobram umas centenas de cabecas, por enquanto.
Salta para o palanque o gajo do sindicato, o "nosso" representante nas negociacões. Eu, apesar de não ser filiado, levo por tabela com o que se decide.
E não sou filiado porquê? Até venho de uma família com tradicão na área….
Porque o sindicato dos engenheiros aqui é tão eficiente a defender a classe (pelo menos na minha empresa) como um catavento debaixo de água.
Até aqui a accão dos camaradas foi:
Empresa: "olha, tenho aqui uma lista de 300 para meter a andar, algum nome que não gostes?"
Sindicato: "Tudo bem. Olha…até te digo que devias acrescentar este, aquele e o outro"
Empresa: "E quanto ao salário?"
Sindicato: "Temos deflacão, os precos reduziram…está o aumento salarial feito!"
Gostei desta. Como os precos reduziram devido a um fenómeno económico, mesmo sem aumento, na prática conseguimos comprar mais e assim, sem gastar um tusto, parece que a companhia nos aumentou.
Há por aqueles lados mentes fantásticas. Metade do pessoal ficou à nora e por isso a coisa passou sem grande alarido. Aliás, comeco a perceber que esta gente só se manifesta contra qualquer coisa quando bem regados de sumo de cevada. A seco parecem o coro Sto. Amaro de Oeiras.
Adiante.
Chega então a parte que realmente me encheu as medidas.
Anunciaram que o acordo salarial, anteriormente feito para todos os funcionários, seria desta vez dividido em vários acordos por área de funcionamento.
A razão é simples. Não se pode dar o mesmo aumento a uma área que esteja com lucro (ex: energia) e a uma que esteja com prejuízo (Ex. Automóvel).
Ora…isto é fantástico por várias razões. Primeiro porque sendo a indústria automóvel a levar com o grosso da crise, é óbvio que esse departamento seria o mais afectado. Segundo porque desde que a crise comecou que vozes no departamento se levantaram para que deixássemos de ter área automóvel e reciclássemos engenheiros para áreas com volume de negócio: energias, ambiente, eléctrica, etc. Nenhum funcionário quer estar no departamento automóvel mas a companhia não consegue novos projectos noutras áreas. Nenhum dos monos que chefia a área conseguiu ver o inevitável mesmo que cá de baixo se grite há pelo menos 12 meses. Por fim, a última razão é que o departamento entalado é aquele onde eu trabalho.
Big K…tu és uma cabeca. Uma mente brilhante cuja visão estratégica mas faz lembrar os generais russos na IIGG…em frente e sem medo contra as balas alemãs, se voltarem para trás somos nós que disparamos. Devias estar em formol para mais tarde recordar.
1152 horas. Com os fins-de-semana nem chega a 1000. 1000 horitas e tou fora. Com o Diogo. Por 8 longos meses!
O ensaio é já hoje.
Na pequena ilha de Gullholmen onde os gordos não passam entre as paredes.
Bom fim-de-semana .

Ps - O facto de o Ronaldo não jogar significa que vamos passar com a Bósnia. O Queiróz tem mais sorte do que juízo.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Mais 0 menos 0


Há quem diga que tenho uma enorme capacidade para me distrair.
Não aquele distrair de mojito na mão e raios U-V nas Baleares. O outro. Aquele do comecamos a falar do Sócrates PM e sem saber como já estamos no metro da cidade universitária só porque o filósofo escreveu umas patacoadas na parede.
Ontem, enquanto olhava para o meu cenário diário (em cima) comecei a divagar como normalmente faco sempre que, e isto acontece muito, tenho que me concentrar na mesma coisa por mais do que 10 minutos.
Os risquinhos aí do quadro são perguntas e respostas, feitas em formato digital, por um radar de um carro com ligacão ao sistema de travões. Muito interessante. Quase tanto como a desova do esturjão.
Mas, perdendo-me naqueles 0s e 1s, comecei a filosofar. O meu trabalho diário resume-se a números. Números que devo programar, números que devo interpretar e números que devo testar. Até eu sou um número numa gigantesca organizacão.
Com tantos números que existem por aí, alguns até de elevado calibre, toca-me trabalhar só com dois: o 0 e o 1. É azar. Ainda por cima dão muito mais trabalho a ler. Ora reparem: 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000010 significa '2'. Não era mais simples escreverem logo 2 e pouparem os meus olhos? Eu acho que sim. Mas ninguém me ouve.
Adiante.
Comecei a pensar: "E se eu falho? O que é que acontece?"
No pior dos casos o sistema de travagem falha nas mãos do cliente final. Ele vai contra um poste e eu percebo que falhei algures num zero. Pode acontecer.
Mas imagino que seja assim em todo o lado. As outras marcas não devem ter robots na minha posicão…de qualquer forma, se resolverem comprar um Focus ou Mondeo para o ano que vem, liguem primeiro.
Daqui saltei para a influência que o nosso trabalho tem nos outros. Não me consegui lembrar de nenhuma funcão que não tenha, de alguma forma, interferência na vida de alguém.
Pensei no pasteleiro. Se ele não usa boné podemos ter mais do que um brinde no bolo-rei. O fotógrafo…se não acerta no momento ficamos para a posteridade com cara de troll. O funcionário das financas se não tomar mais do que 5 cafés podemos sair de lá em apenas 6 horas. Se o trolha não se enganar a chapar massa ou a meter brita, podemos percorrer uma ponte sem meter os pés no rio. Se o gajo que testa o trem de aterragem do airbus não se enganar em nenhum 0 podemos aterrar suavemente sem fazer faísca. Se um professor se enganar numa avaliacão poderemos ter alguém que seria um brilhante pediatra e castrar gatos.
Enfim…todos, de alguma forma, metemos o bedelho no dia-a-dia alheio.
De alguma forma fiquei preso naquela do pasteleiro.
Huummm…uma bola de berlim que caísse aqui na minha mesa neste momento não durava 7 segundos. Se viesse acompanhada de uma galão então…
Ups…já está…bola de baba no teclado. Acontece aos melhores.
Olha, olha…onze da manhã. Como o tempo passa quando se divaga.
Os 0s e 1s ficam um bocadinho em lume brando que eu já venho.
Já estou atrasado para o salmão.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Um autocarro ao fundo


Com mais de 70% de posse de bola (o que é quase o mesmo que dizer que o adversário só tocou na xixa nos pontapés de baliza), foi preciso esperar até aos 89 minutos para respirar.
Contra equipas que não atacam as dificuldades aparecem. O Cardozo faz mais falta que azeite no bacalhau. O Keirrison por seu lado está a dois jogos de ser um flop. Parabéns para o brasileiro do Leblon que o conseguiu impingir ao Barcelona.
Tremi quando vi o Luis Filipe a aquecer.
Os jogadores correram e nunca desisitiram. Numa palavra: atitude. Fizeram pela vida e por isso nada há a dizer. Mereceram.
Jesus, na flash interview, referiu o respeito com que as equipas se deslocam hoje em dia à Luz, ao contrário do que acontecia no passado recente. Não sei se fica bem dizê-lo, mas lá que é verdade, ninguém o nega.
A frase da noite ficou a cargo do jornalista da RR, quando se referiu a um passe torto que invalidou um contra-ataque da Naval.
"Este central tem uns pézinhos que parecem um ferro de engomar!"
Está tudo dito.
Por pouco que o autocarro nos entalava.

www.como-é-que-me-safo-desta.com

Aos poucos vou chegando à conclusão que por mais anos que passe com a cabeca enterrada na neve, dificilmente me habituarei a algumas particularidades, nomeadamente alguns processos de trabalho.
Estava a rever uns relatórios antigos do colega que fez a minha actual funcão até ao início do verão e encontrei algumas coisas sem sentido. Coisas que ficaram por fazer ou inacabadas e que, coincidência das coincidências, me caíram agora no colo.
Em vez de grandes testamentos por mail resolvi levantar-me e ir falar com ele. Afinal, entre as nossas mesas existe apenas 30m de chão. Achei que era uma distância razoável e que com algum jeito, uns bons 5 minutos de conversa me tirariam todas as dúvidas.
Lembro-me, durante a passagem de pasta, de ter ficado com a sensacão que ele não percebia muito da poda e que se fartava de dar voltas em torno de si próprio como os cães, mas dobrar a giga, 'tá quieto.
Mas meti as solas a caminho.
Comecei a fazer as minhas perguntas.
"Escreveste isto no relatório mas não explicaste como é que A, B e C e agora é suposto que eu responda por isto e blá,blá,blá….e disseste que precisavas do equipamento X mas nunca o foste buscar e blá,blá,blá e por aí fora..."
No fim perguntei-lhe como é que tinha feito os testes descritos, sem equipamento e sem qualquer resultado visível.
Fui extremamente simpático. Sorri e tudo. Não quis levantar muitas ondas nem espantar a caca (cedilha aqui...). Mas reparei que o rapaz ficou incomodado. Corou um pouco e comecou a falar baixinho, deduzo eu para que os novos colegas não ouvissem. Ao fim de 30 seg disse: "eu escrevo-te um mail a explicar como fiz e que equipamento usei e quais foram os resultados, etc,etc"
O meu primeiro pensamento foi: "se estás aqui à minha frente, porque é que não despachas o assunto em 5 minutos em vez de perderes mais tempo com mails e afins???"
Mas não se pode dizer uma coisa destas a um sueco. Muito menos da forma como me apetecia dizer…confesso que já estava a perder a paciência.
Assim ficou. Numa primeira análise ainda pensei que ele queria estruturar e organizar o pensamento. É típico de um nórdico. Mas não, naquele caso não. O gajo foi mesmo procurar as respostas ao Google.
Tenho cá uma sorte com os vikings que me saiem ao caminho…
A pergunta certa seria: "Se um sueco podia ser menos atado? Podia. Mas não era a mesma coisa."

20 anos depois da primeira marretada

Jovem, se em 89 eras ainda um projecto de gente e se por acaso não faltaste às aulas de inglês técnico nos últimos tempos, atenta nestes dois minutinhos.

1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30,31,32,33,34,35,36,37,38,39,40,41,42,43,44...(já tou cansado)...115,116,117,118,119,120.

Foi difícil? Nãããão.

Bonito.

Vá, vai lá contar aos amigos do Hi5!

Um saltinho a...






Fim-de-semana de aba larga com a viagem de outono da companhia.


Tallin é uma cidade bem castica (a parte velha), com gente simpática e um ambiente medieval que se recomenda. Frio que faz a Suécia parecer a Jamaica. Valeu a pena.


Mais cedo ou mais tarde aparecerá na Estacão central.


Um novidade, pelo menos para mim, há ondas no Báltico. Já saí do barco há mais 24h e só me apetece vomitar as entranhas.


Uma confirmacão: os escandinavos usam o barril como medida para beber cerveja. É gente que não se quer ter por perto de um bar...parecem bárbaros com um atraso mental. E sem olhar a idades...dos 20 aos 70, é para tombar!
Para o ano há mais (acho eu...).

quinta-feira, novembro 05, 2009

She loves you, yeah, yeah, yeah


Os nossos adversários, mesmo aqueles que nunca venceram um jogo em Inglaterra, dirão que o Everton é uma equipa fraca e que qualquer mija-na-escada lhes marca 7 golos em 2 jogos.
Pode ser que sim.
Contudo, e se me é permitido discordar, visto daqui do iglu parece apenas que quando o adversário joga com 11, outro galo canta.
Mas posso ser eu a ver mal.

Original sound track

Que a noite seja difícil também eu espero. Mas para os de azul.

A duas derrotas seguidas já nenhum benfiquista está habituado.

Another one bites the dust



Cada vez gosto mais das reuniões de departamento.
Para comecar devo confessar o meu encanto por horas e horas de serra-presunto à volta de uma mesa, onde não existe nada para falar e se tenta, de toda a forma e feitio, esticar esse nada de forma a parecer qualquer coisa.
Se a sala não tem um mapa mundo para eu me entreter a olhar para os países, meu deus, é um massacre.
Mas…vá lá, vá lá, é hábito ter um bolito, café e chá durante o certame. Nada por nada, antes ouvi-lo a engordar.
Desta vez, e sabendo que nada de novo acontecera, o chefe do departamento deu umas cambalhotas, algum jogo de cintura e tentou fabricar alguma informacão.
Mais 100 estão a caminho da rua e até ver, ainda não foram informados o que significa que todos estão de orelha em pé. Fixei particularmente a parte em que ele disse "este é último despedimento colectivo". Comecei a fazer contas (até porque a sala não tinha qualquer mapa e eu tinha que manter o cérebro ligado).
O número total de pessoas despedidas chega a 900 num universo de aproximadamente 2000 em Gotemburgo. Perto de 50% portanto.
No nosso departamento passámos de 160 para pouco mais de 40, o que ronda uma reducão de 60%. Dentro do departamento, específicamente na equipa onde trabalho, contávamos 20 e tal pessoas em Janeiro e agora somos 6. Significa isto que 70% dos meus colegas mais próximos estão a virar frangos.
Ora…no fim destas contas qual é a conclusão?
No próximo despedimento colectivo o departamento fecha. As simple as that.
Traduzindo para português corrente, significa isto que a água vai chegar aos sapatos das chefias e aí já é uma chatice.
Têm que largar o conforto do escritório, as regalias de férias, bónus e carros de servico e têm, quem sabe, que correr atrás de um emprego.
Ufff…trabalhêraaa….
O engracado disto é que não há qualquer mudanca na economia ou nos negócios da companhia. Os prejuízos continuam a ser grandes. Seguindo a mesma lógica, faz tanto sentido despedir daqui a 3 meses como fez há 4 meses atrás.
O problema é que, depois de correrem com todos os soldados rasos, já só há generais para despedir.
E aí a coisa muda um pouco de figura.
O dinheiro é o mesmo, o prejuízo é o mesmo, mas há mais paciência, mais flexibilidade, mais compreensão.
Eu sabia que a economia não era assim tão importante neste embrulho.
Por mim, tudo bem.
Já estou imune a todos os cenários.
Siga a banda nas palavras da geracão anterior. Vamos em frente.
Mas cantando e rindo.

quarta-feira, novembro 04, 2009

I remember when rock was young e eu e a Suzie nos ríamos à brava


Todos temos um talento na vida. Todos.
Há quem faca um excelente arroz de cabidela, um belíssimo tapete de Arraiolos ou o pino num só braco.
Conheco quem tenha talento para fazer caipirinhas, para meter conversa numa paragem de autocarro ou para trazer pregos do AKI nos bolsos.

Já vi talento com as mãos, com os pés (aquele velhote da Costa da Caparica que já tinha pés de pato de tantos toques dar na bola em frente ao Barbas) e com a cabeca.

Todos sabemos fazer algo melhor do que ninguém.
Todos temos um dom.
O meu é apanhar multas. Sou muito bom nisso. Se um campeonato existisse, nem com ajuda dos árbitros me derrubariam.
Tenho 19 anos de experiência e já apanhei multas em todos os veículos que conduzi com excepcão para os meus ténis.
A minha primeira vez foi, como se espera de qualquer primeira vez, inesquecível.
(olho para cima e uma nuvem de fumo aparece)
Corria o ano de mil nove e noventa e um. Rondava eu os meus treze anos e pedalava valentemente os 12Km (acho eu...) que separavam a Amora da Fonte da Telha. A estrada no meio do pinhal levava-nos a deslizar entre vivendas com bom aspecto, algumas pelo menos. A meio do caminho aparecia sempre aquele muro altíssimo que diziam tapar a vivenda do Julio Isidro. Por alguma razão que agora não me ocorre era sempre o ponto alto do caminho…passar pela vivenda do Isidro. Escusado será dizer que nunca soube se ele de facto lá morava. Alguém atirou para o ar e assim ficou. Antes do wikipedia era assim que a coisa funcionava. Alguém disparava e os outros acreditavam. Era tempos belos e não havia lugar para dúvidas. Neste balanco, numa estrada com pouco trânsito passamos por um carro da polícia estacionado junto a um café. Um dos polícias abastecia-se de tinto da casa e o outro, inspirava cá fora o ar dos pinheiros enquanto cortava as unhas.
Mandou-me parar. Investigou a minha bicicleta e decidiu passar-me uma multa. A "máquina" não tinha matrícula e eu deslocava-me numa estrada nacional.
Pois bem. Ficou o baptismo feito para os anos de glória que se seguiram.
Da bicicleta passei para a mota onde apanhei diversas multas. Falta de reflectores, sinais vermelhos, etc. O passo seguinte foi o carro. Sinto que foi nesta fase que realmente abri o livro do meu talento. Apanhei todo o tipo de multas que se pode imaginar. Emel, tracos contínuos, velocidade, sinais vermelhos, de tudo um pouco. Até numa bomba de gasolina fui abordado por um polícia no sentido de lhe dar algum para ele esquecer o sinal roxo que tinha acabado de passar (em minha defesa o sol contra que não me deixou ver!). Curiosamente, a única vez que a sorte me protegeu foi no querido Alentejo onde um polícia camarada, ao ver a minha cara de desesperado, perdoou uma multa de 100 contos. Não tinha seguro nem inspeccão mas tinha ali um amigo para a vida.
Quando cheguei à Suécia, ainda não tinha desempacotado as meias e já tinha um papel no vidro da frente. Foi da maneira que aprendi a ler os sinais mais depressa. Mas não deixei os meus créditos por mãos alheias mesmo assim. Nestes 3 anos já tive uma multa de velocidade (nuns estoneantes 90 km/h) e variadíssimas multas de estacionamento. Tenho também muita sorte nestas coisas. No meu primeiro inverno na Suécia, tal como se estivesse em Lisboa, tinha por hábito puxar o travão de mão ao estacionar. Em sítios com gelo não é uma ideia brilhante porque pode bloquear o carro. Pois…já sei que vocês todos sabiam. Eu não. Daí que bloqueei o meu próprio carro sem querer e consegui fazê-lo nas únicas 3 horas da semana em que estar ali estacionado era proibido. Escusado será dizer que quando voltei ao carro tinha um papelinho de souvenir. Também já consegui ser multado a 2 minutos de o lugar onde estava estacionado passar a grátis.
É tudo natural. Talento e karma. Já nasci assim.
Estou convencido que se algum dia pilotar um tanque de guerra no monte Sinai ou um airbus nos céus do Botswana, serei mandado parar para um chit chat seguido da respectiva coima porque levantei muita areia com as lagartas ou porque não fiz pisca no Zimbabwe.
Estava confiante que já tinha experimentado todas as variantes do "vou ter que o autuar".
Mas não. Parece que não.
Estacionar o carro, tirar o bilhete no parquímetro e ser multado durante a validade desse mesmo bilhete era uma modalidade que ainda não tinha experimentado.

Mas é bem gira diga-se. Recomendo.
O que dizer?
Tinha dois bilhetes no tablier. Um ultrapassado e outro válido. Só dois. Num tablier vazio e limpinho. O senhor da EMEL local, mesmo admitindo que não fosse um Einstein, teria todas as condicões para executar a difícil tarefa de olhar para dois bilhetinhos que distavam 10 cm entre si. A não ser que a EMEL de Gotemburgo tenha contratado cegos que andam a verificar carros com ajuda de cães, não percebo como é que consegui levar a multa. Talvez seja o cão a a ler.
Enfim…soltei uma panóplia de versos de Camões muito recitados no Cais do Sodré e liguei para o número que estava na multa. Passei por 74 máquinas com gravacões (não há servico público na Suécia que seja atendido por um ser vivo) até que cheguei a uma senhora que não tinha nada a ver com aquilo. Perguntei "como é que posso falar com a polícia de trânsito?"
"Por carta", diz ela.
"Carta?? Mas não há um telefone na Suécia para a polícia??"
"Não. A Polícia não tem servico telefónico. O único número para a polícia é o 11414 que o liga para a estacão de Kiruna", conclui ela.
Ora…Kiruna está tão perto de Gotemburgo como Roma, mas ainda assim liguei.
Do outro lado ouvi: "Primeiro paga, depois faz uma exposicão por carta e se tiver razão devolvemos o dinheiro".
Ou seja, primeiro passo para lá 50 ginginhas do Rossio e depois logo se vê...
"E se não pagar?", perguntei.
"Se não pagar vai receber mais multas e o custo vai triplicar porque a resposta da polícia pode demorar dois meses"
Mais alguns versos dos Lusíadas e desliguei o telefone.
Esta é nova. Mas gira, bem gira.
Todo contente, depois de ser gamado à luz do dia por gajos de farda, paguei a multa e fiz a exposicão por carta. Mandei a cópia do bilhete válido e a cópia da multa passada durante esse período. Tudo me parecia claro e imaculado como água benta. De tão caricata que era a situacão imaginei que a coisa andasse rápido.
E então?
Já responderam?

Não diria que sim.

E o dinheiro? Já devolveram?

Huumm...nem por isso.

Então e eu? Fico assim para o aborrecido? (há leitores menores de 18, exige-se aqui alguma contencão)

Fico assim...vááá...para o lixado. Mas é leve. Coisa leve.

Não é para quem quer meus amigos, é para quem pode.

Com três sílabas apenas se escreve a palavra "talento".

domingo, novembro 01, 2009

Jorge Sousa, o escolhido

Começo por dizer o óbvio: o Braga é uma boa equipa. Tem bons jogadores e honestamente, depois de vencer os 3 grandes tem que ser encarado como um candidato ao título. Ao ver os festejos dos jogadores do Braga é possível tirar duas conclusões: primeiro, o jogo desta noite era o jogo da época para o Braga e segundo, a quantia que o Porto oferece semanalmente aos adversários do Benfica deve ter sido reforçada ontem.
Agora o jogo.
O Braga dominou a primeira parte e o Benfica a segunda. Jorge Sousa foi, como se esperava, decisivo no resultado. Como bom sócio do FóCuPorto impediu que os seus camaradas ficassem a 5 pontos. Roubou e roubou sem vergonha.
Caso 1: na falta que dá o golo do Braga, o Alan já se estava a atirar para o chão antes do Coentrão lá chegar.
Caso 2: O Eduardo saíu para caçar borboletas (e provar porque é que é mais uma asneira do Queiróz) e o Luisão marcou um golo. Foi legal e cristalino. Pela segunda jornada consecutiva um golo legal foi anulado ao Benfica. Este é o facto. A simulação de Aimar vai ser paga com juros.
Caso 3: O Di Maria foi ceifado na área e um jogador do Braga cortou a bola com o braço. Dois penalties a que Sousa fez vista grossa.
Caso 4: Numa molhada ao intervalo que teve pelo menos 50 caras ao barulho, Jorge Sousa conseguiu ver Cardozo (talvez por ser alto). Parece que o estou a ver no meio do molho: "Ora deixa cá veeeer....quem é o gajo que costuma marcar os golos? És tu paraguaio, põe-te a mexer! E do Braga...quem é que posso mandar para a rua que não chateie o padrinho?? ". Arrumou com este jogo e provavelmente fez o favor aos Calimeros do Lumiar de não terem o Cardozo por perto a chatear.

O Benfica fez 50 e tal ataques contra metade do Braga. Para além da ajuda do árbitro o Braga ainda teve a inesperada ajuda de JJ. Desta vez, Jesus deu uma argolada das grandes (os discípulos já se vão acalmar esta semana) ao substituir Javi Garcia. Fez bem ao tirar o espanhol e meter Ramires no meio. A asneira foi meter o Keirrison. Era dos 3 avançados disponíveis o pior. O Di Maria passou a meia-hora seguinte a centrar para os defesas do Braga. O Keirrison nem uma paragem de bola conseguiu fazer. O Benfica jogou com 9 na segunda parte.
Primeira derrota e primeiro amargo de boca para uma massa associativa que estava no céu. Sinceramente não fico chocado com a derrota. Aborrece-me mesmo é ver o mono do Domingos aos saltos.
Venha o Everton.