quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A Dinâmica do Movimento - S.Piret e M.M.Béziers

Às vezes olhamos para as pessoas andando, se movendo, e não conseguimos reconhecer a unidade no todo. Parece-nos apenas que esticam e dobram seus corpos, talvez num mesmo ângulo como se fossem puras dobradiças, e que podem se mover lateralmente.
Entretanto essa idéia do todo registrada através da visão nada mais é do que a reunião de inúmeros aspectos confundidos entre si.
Um desses aspectos é a orientação do movimento. Ela se dá para dentro, o corpo se enrola constantemente. Se enrola levando a cabeça em direção da pelve ou dos pés e vice e versa. Se enrola também levando a mão à cabeça ou no sentido contrário. Sempre nos movimentamos em torno do eixo. E esse movimento essencialmente de flexão tem sua contrapartida no movimento de retorno do eixo, a extensão. Para pormenorizar ainda mais, é preciso reconhecer que o corpo é formado por elementos esfericos, ósseos, que articulam-se entre si e que fazem parte, cada um deles, de unidades de coordenação independentes.
A partir do encaixe de elementos esfericos entre si, cada unidade de coordenação se relaciona com a outra e transmite um movimento.
As unidades de coordenação esféricas são compostas cada qual por dois elementos ósseos que giram em rotação oposta e em torno de um eixo medio que tensiona os musculos condutores do movimento. Ou seja, quando trago a mão à boca, giro a cabeça do umero em rotação interna, e o biceps, devido a sua inserção, abduz e leva para frente o braço, na outra extremidade a mão roda externamente, com o aumento da tensão, o movimento de flexão aparece no eixo médio que é o cotovelo, e completa a ação.
Uma unidade de coordenação não se dissocia da outra e expressa corporalmente um desejo.


Nossos corpos contém dobradiças que se articulam no tempo e no espaço, em direções diversas, permitindo que o movimento se dê nas três dimensões.
Se queremos olhar para o movimento e entendê-lo precisamos conhecer anatomia e fisiologia inseridas no movimento, e é a coordenação motora a síntese disso tudo.

A coordenação se dá por musculos que começam uma ação e que são conhecidos como pluriarticulares, uma vez que a ação para ocorrer transmite força de uma extremidade a outra entre elementos ósseos esfericos, que rodam, fletem e abduzem ao mesmo tempo.
Estes por sua vez ativam musculos antagonistas entre si, em pares, conhecidos como monoarticulares. Tres pares desses musculos se orientam em tres direções do espaço, e participam da fração do movimento que lhes é própria. Por sua vez o movimento decorrente da reciprocidade entre musculos pluriarticulares e monoarticulares continua no segmento seguinte.
As autoras afirmam que o equilíbrio de um estado de tensão coordenado dá uma sensação de bem estar. O estado de tensão, a organização das percepções proprioceptivas, a sensação da pele como recipiente, permitem perceber o próprio corpo como um todo organizado, autônomo, interiorizado.


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