segunda-feira, 9 de maio de 2011

ALIMENTOS ALERGÊNICOS E ROTULAGEM




Por Daiane Cazumbá

Os alérgenos alimentares são, na sua maioria, proteínas ou glicoproteínas capazes de provocar reações alérgicas decorrentes da ingestão, inalação ou contato com determinado alimento. Estas reações são desencadeadas logo após a ingestão do alimento, envolvendo o sistema imunológico e provocando uma série de sintomas como coceira pelo corpo, olhos inchados, coriza, vermelhidão da pele, dores crônicas de ouvido, rinite alérgica, espirros, tosse, náuseas, cólicas, inchaço, vômitos, diarréia e em casos mais graves pode ser fatal.

Os alérgenos mais conhecidos são as proteínas do leite de vaca, ovo, amendoim, trigo, soja, peixe, frutos do mar e nozes. Após a identificação dos alérgenos agressores, os alimentos que os possuem devem ser eliminados da dieta para evitar as reações alérgicas. Porém isso não é tarefa fácil, pois esses alimentos podem ser ingredientes em diversos produtos industrializados com rotulagem inadequada.

As letras minúsculas da lista de ingredientes tornam-se um desafio para as pessoas com problemas de visão e idosos, sendo difícil enxergar o que está presente no produto. Além disso, a linguagem técnica utilizada e falta de informação sobre a composição dificultam o entendimento dos consumidores em relação ao que está escrito nas embalagens e colocam em risco a saúde dos pacientes alérgicos. Por exemplo, ao aparecer na lista de ingredientes os nomes específicos das substâncias como albumina e caseína, as pessoas podem ficar confusas e não saberem que esses nomes se referem à presença de ovo e leite respectivamente.

É preciso muito cuidado com as expressões “contém traço” e “pode conter traço” pois uma quantidade mínima do alimento alergênico pode desencadear uma reação alérgica. Os traços de alérgenos são, na maioria das vezes, uma conseqüência da “contaminação” do produto que passou por uma máquina onde foram fabricados produtos com o alérgeno. Assim, eles acabam adquirindo quantidades mínimas desses ingredientes provenientes de outros alimentos, durante a fabricação. O problema é que essas expressões não são rotuladas pela maioria das empresas. Por isso é muito importante que as pessoas liguem para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) para buscar informações sobre a presença de traços do alérgeno.

A utilização da expressão “pode conter” merece ser rotulada com bastante atenção pelas indústrias pois pode prejudicar e confundir o consumidor, que acaba tornando sua dieta ainda mais restritiva. O ideal é que as empresas fabriquem mais alimentos sem alérgenos.

Para a maior segurança de pacientes alérgicos é fundamental a adequação da rotulagem de todos os alimentos, com destaque para a presença de substâncias alergênicas e de quaisquer ingredientes feitos a partir delas, independente da quantidade utilizada. As letras devem ser maiores e a linguagem compreensível. Para facilitar o entendimento dos analfabetos e dos deficientes visuais, torna-se necessário a utilização de desenhos e/ou da linguagem em braile nas embalagens. Vale ressaltar que a adequação da rotulagem deve incluir comésticos e medicamentos quanto a presença de proteínas alergênicas. Assim, os rótulos cumpririam sua função de informar ao consumidor o tipo de produto que ele está adquirindo.

A seguir estão descritas as principais proteínas dos alimentos mais comumente responsabilizados pela alergia alimentar:

• Leite de vaca: caseína, beta-lactoglobulina albumina sérica bovina, gamaglobulina bovina, proteases e peptonas
• Peixe: parvalbuminas (alérgeno M)
• Soja: globulinas, β-conglicina, β-amilase, lecitina, glicinina, hemaglutinina
• Ovo: albumina, ovalbumina, ovomucóide, ovotransferrina, ovomucina, lisozima.
• Trigo: prolaminas, gliadinas, glutelinas, gluteninas
• Amendoim: aglutininas, g lobulinas, araquina, conaraquina

Dicas:

 Verificar cuidadosamente todos os rótulos de alimentos e outros produtos industrializados, como de cosméticos e medicamentos com o objetivo de identificar nomes relacionados ao alimento alergênico;
 Evitar produtos feitos em padarias ou confeitaria, que não contenham rótulos com ingredientes;
 Ligar para o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) das empresa para investigar a presença de alérgenos alimentares ou traços destes.
 Consultar sempre o médico e/ou nutricionista.

Referências:

BINSFELD, Bruna de Lima et al. Conhecimento da Rotulagem de Produtos Industrializados por Familiares de Pacientes com Alergia a Leite de Vaca. Rev. Paul. pediatr. [online]. 2009, vol.27, n.3, pp. 296-302. Disponível em: Acesso em maio de 2011.

Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007. Rev. bras. alerg. Imunopatol. Copyright © 2008 by ASBAI. Disponível em: .http://www.funcionali.com/php/admin/uploaddeartigos/Consenso%20Brasileiro%20sobre%20Alergia%20Alimentar.pdf . Acesso em maio de 2011.

PEREIRA, Ana Carolina da Silva; MOURA, Suelane Medeiros; CONSTANT, Patrícia Beltrão Lessa. Alergia Alimentar: Sistema Imunológico e Principais Alimentos Envolvidos.Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 29, n. 2, p. 189-200, jul./dez. 2008.Disponível em:

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