quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Universíade: futebol feminino do Brasil é bronze; Wendy, da Kurdana/Cotia, participou da conquista


Bela e honrosa medalha para o futebol feminino! O Brasil conquistou o bronze na 26ª edição da Universíade - os jogos olímpicos para universitários. Na competição, disputada em Shenzhen (China), a Seleção contou com uma representante da Kurdana/Cotia, a volante Wendy.

A medalha foi conquistada no último domingo (21), após goleada sobre a França por 4 a 1. Além do terceiro lugar, o Brasil teve a melhor atleta da competição: a atacante Ketlen, atualmente no Vitória (PE). A cotiana Wendy entrou no segundo tempo das três partidas na Fase de Grupos, mas não foi colocada nos jogos eliminatórios. Foi a segunda medalha de bronze da volante na mais importante competição universitária do mundo. A primeira foi em Bangkok (Tailândia), 2007.


A Universíade encerrou-se na terça-feira, com uma belíssima e emocionante cerimônia no parque temático Window of the World - mais surpreendente do que a abertura. O Brasil comemorou o maior total de medalhas conquistadas em uma única edição: foram 18, superando Izmir (Turquia), 2005, quando obteve 15. Entretanto, não conquistou o maior número de ouros. Foram dois na China contra quatro na Turquia.

Os brazucas voltam também com quatro pratas e 12 bronzes. Na classificação geral, ficaram em 23º lugar na contagem dourada e 12º na soma de metais. A campeã geral foi a China, com 75 ouros e 145 medalhas, seguida da Rússia, com 42 douradas e 132 conquistas. A próxima edição da competição será em 2013, em Kazan (Rússia). O Brasil tenta sediar em 2017, na capital Brasília.

* Sufoco, prejuízo com arbitragem e glória da medalha


A Seleção feminina passou por dificuldades nos mata-matas. Após a melhor campanha da Fase de Grupos, encarou ao México nas quartas de final, no dia 17. Um inesperado empate sem gols atormentou a equipe, levando o jogo para as penalidades (prorrogação apenas na final).

Nestas, apareceu a estrela da goleira Viviane. Como diriam os argentinos, ela foi uma autêntica 'tapa penales'. Pegou duas cobranças - de Corral e Salazar - e contou com o chute para fora de Rodriguez; apenas Perez conseguiu marcar. No Brasil, Daniele teve a sua defendida, mas Thaís, Débora e Ketlen foram para as redes. Vitória por 3 a 1 e vaga na semifinal.

Wendy com a goleira Viviane
Atrás, a zagueira Zizi com a bandeira do Brasil

Wendy conta-nos que o jogo foi realmente complicado: "No primeiro tempo não jogamos bem, mas no segundo fomos melhor. Valeu a classificação". E, pela semi, a parada seria duríssima.

Pela frente, nada menos que as donas da casa, a China, no dia 19. O Estádio de Bao'an, onde o Brasil jogou todas suas partidas nos mata-matas, estava lotado, com mais de 40 mil pessoas empurrando as locais. E, para mostrar como o esporte universitário é levado a sério naquele país, o canal de esportes da CCTV (TV estatal chinesa) passou o jogo ao vivo para todo o país.

Alternando velocidade e bolas paradas, as chinesas dominaram o primeiro tempo. Aos 20 minutos, com uma ajuda da árbitra vietnamita Hoang Trang Mai, a seleção mandarim abriu o placar. Bola na área e ela marcou pênalti inexistente de Marcela. Na cobrança, a capitã Bi Yan mandou no outro canto de Viviane.

Antes do fim da primeira etapa, o Brasil passou a atacar com chutes de longe, além de jogadas aéreas procurando Daniele. No segundo tempo, a arbitragem continou a prejudicar. Enquanto que Thaís sofria falta após falta sem render amarelos para as locais, o técnico Kleiton Lima se irritou com um impedimento mal marcado - no qual o Brasil sairia no contra-ataque. Revoltado, chutou um copo na área técnica e foi expulso.

O Brasil estava melhor e perdeu uma chance de ouro. Thaís fez bela jogada pelo meio e encontrou Daniele pela direita; a goleira Wang Fei saiu mal e a brazuca cruzou rasteiro; Débora, vinda de trás, mandou para fora sem goleira. A camisa 10 tentou se redimir, chutando chance por cima, dentro da área.

A China contra-atacava, mas tinha na 'cera' da goleira Wang Fei sua principal arma. Em cada lance de bola aérea, ela caía no chão e pedia atendimento médico. Foram cinco momentos desses, ao menos.

O castigo veio nos acréscimos. A árbitra vietnamita deu cinco minutos de descontos e esperou a conclusão de uma jogada de ataque brasileira. Já eram 50 minutos, mas a China tinha feito a sua terceira substituição e Wang Fei fizera nova 'cera'. Bola lançada na esquerda. Daniele tentou o chute. A zaga cortou. A bola voltou para a mesma Daniele, que mandou uma bomba. A pelota bateu na trave esquerda da goleira chinesa antes de estufar as redes. 1 a 1! E, assim que saiu o gol, o jogo foi encerrado. Uma emoção que a televisão brasileira, sem dúvida, perdeu de transmitir.

Wendy ao lado de Thaís,
uma das principais personagens do Brasil na competição

Vamos para os pênaltis. De novo. A disputa começou igual. Viviane pegou a cobrança de Bi Yan e Wang Fei defendeu a de Thaís. Nas seguintes, gols dos dois lados: Débora, Daniele e Ketlen, para o Brasil, e Fan, Qu e Li, para a China. Na última do lado verde-amarelo, Giovanna teve seu chute defendido. Pang converteu, marcando 4 a 3 e levando o Estádio à loucura.

Wendy mostrou indignação. "Merecíamos melhor resultado. Jogar contra o time da casa, a torcida e a arbitragem é muito complicado. Foi absurdo o que aconteceu. Mas agora é lutar pelo bronze, que é muito importante", comentou.

No domingo, nossas meninas voltaram para Bao'an, enfrentando a França. As europeias haviam sido eliminadas pelo Japão, por 3 a 2. Curioso notar que, das quatro semifinalistas, três estavam no mesmo grupo do Brasil.

E o jogo bronzeado foi tranquilo. Um Brasil envolvente, dominando do começo ao fim. No banco, ficou o auxiliar técnico Maurício Salgado, o Bari, já que Kleiton fora expulso injustamente na semifinal. Débora abriu o placar de cabeça, aos 23 minutos.

No segundo tempo, Ketlen aproveitou-se de sua velocidade e de suas excelentes finalizações para fazer três gols - ou um hat trick. Aos 20, recebeu passe de Daniele e bateu firme. Com 38, apareceu no centro da área para marcar. E, no minuto final, pegou bola atravessada por Débora e concluiu na saída de Gerrard. Ainda que Tenret marcara logo após o segundo gol brasileiro, nada impediu o triunfo por 4 a 1. Medalha no peito!

Wendy com Ketlen, a melhor da Universíade

E Wendy, feliz, comemorou a conquista: "Entrei nos três primeiros jogos e foi graticante. Estar aqui, fazer parte disso tudo, conhecer essa maravilhosa estrutura, defender o meu país e ainda sair com uma medalha linda me deixou muito satisfeita. Claro que eu queria entrar nos jogos decisivos, mas nem tenho direito de ficar triste por não jogar. Fiz parte de algo maior e volto com minha segunda medalha de Universíade na carreira".

O ouro do futebol ficou com a China. Na final, venceu ao arquirrival Japão por 2 a 1 na prorrogação. Sendo assim, as mandarins se juntam à Coreia do Norte e Brasil com dois títulos de Universíade. A Coreia do Sul tem um. E continua a maldição das campeãs mundiais ou olímpicas: Estados Unidos, Alemanha, Noruega e o próprio Japão nunca conseguiram a dourada universitária.

No masculino, o Brasil também ficou com o bronze. Nas quartas, venceu a Itália por 1 a 0, com gol de falta no finalzinho. Na semi, caiu nos pênaltis para a Grã-Bretanha, por 4 a 3, após empate sem gols. E, no jogo de bronze, venceu a Rússia por 2 a 0. O ouro e (pasmem!) pentacampeonato ficou para o Japão: 2 a 0 sobre os britânicos na final. A Seleção canarinha teve como base o Sub 20 do Náutico (PE).

* Hora de dar tchau - e de se emocionar


Um dos lemas da Universíade de Shenzhen é "Começa Aqui. Faça a Diferença!" Pois os chineses gostam de cumprir a palavra. Até a cerimônia de encerramento fez a diferença na história da competição.

O evento aconteceu no parque temático Window of the World. Um local onde os principais pontos turísticos do mundo são representados: Torre Eiffel, Torre de Pisa, Arco de Constantino (Roma) entre outros em réplicas grandes. Antes de chegar à cerimônia, os participantes passavam por todos esses pontos.

Parecia que os organizadores queriam presentar aos atletas e técnicos. Não é para menos, pois Shenzhen, que fica no sul da China, perto de Hong Kong, recebeu a maior edição da história da Universíade: 10 mil pessoas estiveram na cidade que "abraçou" o mundo.


E, no evento propriamente dito, assim como na abertura, muitas cores, sincronia e ritmo nas coreografias. Só que, segundo a nossa Wendy, com mais emoção: "Foi lindo! Fugiu totalmente aos padrões de encerramento. Foi uma cerimônia alegre. Os chineses são fantásticos e imprevisíveis: quando vc espera algo simples mas bonito, eles vem com algo impossível de se pensar e apaixonante. Até chorei no final, de tão belo e encantador que foi".

É, parece que a China está bem avançada mesmo. Difícil para nós, aqui no Brasil, pensar em algo neste porte para uma competição universitária. Não é à toa que eles têm essa "Janela do Mundo". Parecem ver o planeta esperando a hora certa para ser a maior potência. Claro que o futebol feminino teve aquele dissabor contra as donas da casa, mas não podemos ignorar que temos muito a aprender com os chineses.

Wendy volta com a delegação brasileira nesta quinta-feira, chegando na sexta (25) às 16:30 no Aeroporto de Cumbica (Guarulhos). Na mala, o bronze e muitas histórias. Mas, após o merecido descanso, já virá a luta. A volante deixa a chuteira para calçar o tênis na semifinal do Estadual Paulista Principal. A Kurdana/Cotia enfrentará o Grêmio Osasco em dois difíceis duelos na próxima semana.

* Compilação de vídeos do Brasil feminino no futebol da Universíade


Brasil 2-0 França - Fase de Grupos

Brasil 0(3)-(1) México - quartas

Brasil 1(3)-(4) China - semi (começa em 1min20)

Brasil 4-1 França - decisão do bronze (começa em 29min25)

* Tabela do Brasil feminino no futebol da Universíade

Fase de Grupos
11/08 - 08:30 (19:30 local) - Brasil 2-0 França - Estádio de Bao'an
13/08 - 05:30 (16:30 local) - Brasil 3-1 Japão - Estádio de Bao'an
15/08 - 08:30 (19:30 local) - Brasil 5-1 Estônia - Centro Esportivo Xixiang

Quartas de final
17/08 - 08:30 (19:30 local) - Brasil 0(3)-(1) México - Estádio de Bao'an

Semifinal
19/08 - 08:30 (19:30 local) - Brasil 1(3)-(4) China - Estádio de Bao'an

Decisão do bronze
21/08 - 06:00 (17:00 local) - Brasil 4-1 França - Estádio de Bao'an

(Afinal, Wendy, você foi para a China ou para a França? kkkk)

Um comentário:

  1. kkkkk, pois é Ricardo, o parque era tão real que parecia estar na França mesmo..rs..Só os chineses para nos proporcionar isso!!

    ResponderExcluir