Pois então....voltando a nossa história...eu parei quando a Dra. Nasjla nos colocou o TAMO (transplante autológo de medula óssea) como o próximo passo.
A cada passo dado, coisas novas apareciam...umas boas...outras nem tanto....Para muitos, ir para transplante pode significar, a ÚLTIMA tentativa dos protocolos (era o que eu sempre tive em mente...eu pensava que se ele fizesse transplante...ele descartaria uma chance...por isso relutava em aceitar)...mas graças a Deus, esse não era o caso do Léo...o dele era porque o tumor respondeu muito bem às quimioterapias....e o transplante (subentendia-se como um REIMPLANTE.... pq o Léo não recebeu nada de ninguém...a medula era dele mesmo...)..... consolidaria o excelente resultado do protocolo adotado pela Dr. Nasjla.
Notícia boa, né? Maaaaaas...no transplante existem RISCOS...riscos séríssimos....APAVORANTES....sem chance de reversão....
Qdo a médica nos encaminhou para a equipe do TMO (Transplante de Medula Óssea) do GRAACC, foi que soubemos das "vantagens e desvantagens" do transplante. A partir daí, começava uma nova etapa de nossas vidas....OUTRAS INCERTEZAS...outros medos...outras preocupações...outras metas para se alcançar...outras ESPERANÇAS.....
Fomos na 1ª consulta com a Drª Adriana Sebber....qdo digo "fomos" é porque FOMOS..hehehehe....Eu, Luciano e nossas 3 lindas crias....em uma salinha de 2,00x5,00 m....kkkkk....só pra dizer de passagem...quase morremos de vergonha...era muito guri pra segurar e parecia que "aquele" dia em especial, as energias deles estavam a 1000 por segundo, nem era por hora....hehehehe.....Ainda bem que a Dra. Adriana é uma ANJO...um amor....e super gentil e educada....sem contar que por muitos....considerada o "Papa" do TMO no Brasil (por considerá-la competentíssima)....assim ouvi de um médico de dentro do Hosp. Albert Einstein.
Ela nos explicou como funcionava...como seria feito...porque seria feito....quais os riscos...probabilidades de acertos...probabilidades de perdas (affff)....
Então vamos lá....
Como funciona?
Primeiro ele teve que fazer uma quimioterapia fortíssima...lembram de uma quimioterapia que o Léo fez que reuniu 4 drogas em uma semana e que de tão forte que era, a imunidade baixou tanto, que deu aquela herpes? Então...foi ali que começou o capítulo Transplante.
Depois dessa quimio o Leo teria que tomar injeções duas vezes ao dia durante 7 dias....isso mesmo...14 injeções para estimular a produção de sangue no organismo. Eram injeções sub-cutâneas de um medicamento chamado Granulokine.
Por que tanta injeções?
Para que a produção de sangue novo fosse acelerado e aumente a quantidade de cd34 (células troncos) para que possam ser coletadas por aférese. Essa aférese é feita por uma máquina que é capaz de separar do sangue coletado somente o que interessa...pode ser células tronco, pode ser só plaqueta...enfim....um catéter de duas vias foi implantado na perna do Léo e o sangue todo passava pela máquina, saindo por uma via e entrando novamente no corpo por outra via. Ow maquininha inteligente viu! Olha ela ali na foto e aquelas bolsas penduradas tão com cara de plaquetas! A Dra. Adriana não nos animou muito quanto a coleta, no sentido de se conseguir coletar tudo em uma única coleta. Devido ao fato de o Léo ter feito radioteapia recentemente (em setembro e estávamos em fevereiro), a radiação fazia com o organismo não respondesse muito bem ao estímulo das injeções. CONSEQUENTEMENTE faria uma coleta pra ver qto ele conseguiria produzir e se não desse teria que tomar mais injeções e esperar para fazer outra coleta.
Depois de coletada as CD34 (células tronco) era só internar e dar início às quimioterapias...Ele tomaria 3 dias de uma primeira quimio (etoposide), pularia 3 dias, tomaria a quimio mais forte, tb em 3 dias ...essa QT que acabaria com a celulas cancerosas e tb as saudáveis.
Depois dessa esperaria mais 1 ou 2 dias, não me lembro, pra fazer a infusão da Medula. O transplante de medula é bem diferente dos outros transplantes...não é feito em centro cirúrgico....pelo menos lá no Graacc, os transplante de medula são feitos no leito mesmo...pq a medula, nada mais é que uma bolsa com um líquido dentro...a do Léo se parecia c
om uma bolsa de sangue, só que dentro tinha as células CD34.
Quais os riscos que o Léo correria?
Todo e qualquer tratamento desta magnitude tem seus riscos...a quantidade de drogas no corpo do Léo, poderia ser ALTAMENTE perigoso...FATAL! Ele poderia falecer por alta toxicidade...seus órgãos poderiam não dar conta de tanta toxina.
O que é que 85% de chances de alguma coisa acontecer significa pra vc? Muito ou pouco? Qual pesa mais 85% ou 15% na hora de acontecer alguma coisa?
Se alguém te dissesse que vc teria 85% de aumento salarial ? Muito né?
É MUITA coisa.....Se vc desse 85% de certeza de ir a uma festa...vc praticamente se sente "dentro" da festa, não é verdade?
Agora...e se vc tivesse 85% de chance de sobreviver? É pouco...pra mim...era MUITO pouco saber que essa eram as chances do Léo...os outros 15% não eram meras complicações....era MORTE e isso fazia esses 15% serem muito maiores do que eles realmente representavam..
Nossa....muita coisa que eu tinha conseguido parar de ficar pensando...ou ficar sofrendo votaram...e com força....aquele medo de perder meu filho voltou e esses 15% assombravam minha vida.
Chorei...chorei muito...com muita força....por mais que eu me esforçasse eu não parava de pensar na matemática da coisa...nós tínhamos 50% de chance de estarmos nos 85% e 50% de chance de estarmos nos 15%...afffffff muita loucura.
Depois nos disse a respeito dos sintomas.... seriam:
NÁUSEAS,
VÔMITOS,
PERDA DE APETITE,
MUCOSITE (Inflamação da mucosa de todo o aparelho digestivo),
DIARRÉIA,
OBSTIPAÇÃO INTESTINAL (Mau funcionamento do intestino),
ALOPÉCIA (Perda dos cabelos),
FEBRE.
Ouvindo isso, parecia que seria "mole" pra nós passarmos por tudo aquilo...pq da outra vez nos falaram tudo isso e quase nada nos aconteceu....graças a Deus...mas não foi bem assim....Acho que o Leonardo não sofreu em 7 meses de quimioterapia e radioterapia o que sofrem em 10 dias no Transplante.
Mas ali naquele momento, nós tínhamos que decidir...faríamos ou não...acho que nem era o caso...eu acho que eles nem pensavam na hipótese de que nós pudéssemos nos opor. Ou era aquilo, ou.....prefiro não dizer!