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S.PIQUERI
ARARAQUARA E REGIÃO
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Redes sociais atraem criminosos da web

S. G. até hoje não entende como alguém conseguiu roubar as senhas de suas contas no Orkut e no MSN. "Minha suspeita é de que elas foram obtidas em uma lan house que eu usei, mas não sei ao certo", conta. Por 15 dias, S. teve de conviver com os riscos de ter seus dados pessoais revelados a um estranho e as complicações decorrentes de o ladrão ter assumido sua personalidade, mantendo conversas nas redes como se fosse ela. A enfermeira desconfia de que o ladrão era uma mulher, por causa do conteúdo dos recados deixados para homens desconhecidos do seu círculo de amizades.
Para recuperar a identidade virtual, S. criou contas novas nas redes sociais e começou a mandar mensagens para outras pessoas avisando do roubo. Em uma delas, disse que tinha encontrado uma forma de rastrear quem estava usando sua senha indevidamente. A estratégia deu certo. "A pessoa me mandou um recado dizendo que eu não precisava mais chorar e me passou a senha do perfil do Orkut", diz S. A conta do MSN foi perdida para sempre. "Hoje, tomo mais cuidado com as minhas informações", pondera.
Por sorte, o episódio não teve consequências mais graves. Apesar da dor de cabeça, Suelen não teve nenhum prejuízo material com o roubo. Mas as redes sociais estão se tornando ambientes cada vez mais perigosos, com a participação crescente de quadrilhas de criminosos digitais.
Relatório da companhia inglesa Sophos, especializada em segurança digital, mostra que, em 2010, de cada cinco perfis postados em redes como Facebook, Orkut e Twitter, dois receberam mensagens contaminadas capazes de ocasionar ataques ao computador. O volume foi 90% maior que o registrado em 2009. O que atrai os vândalos digitais é a popularidade das redes. Só no Facebook são quase 600 milhões de perfis.
Para José Matias, gerente de suporte técnico para a América Latina da McAfee, companhia de segurança controlada pela Intel, a chegada dos criminosos às redes sociais é um movimento semelhante ao que ocorre no mundo real. "Eles procuram sempre o local que é considerado mais fácil para cometer seus delitos", diz.
O Orkut, controlado pelo Google, é o site mais visado pelos ataques no Brasil, diz Eduardo Godinho, gerente técnico da Trend Micro, empresa de segurança digital. O Facebook vem logo atrás e pode assumir a posição neste ano. Entre as ameaças globais, o Twitter lidera, seguido pelo Facebook.
Procurado pelo Valor, o Google informou que remove os conteúdos ilegais identificados no Orkut, mas não exerce controle prévio sobre o que seus usuários publicam "nem fará o papel de polícia ou de juiz". O Facebook e o Twitter não quiseram se pronunciar.
A migração das quadrilhas para as redes de relacionamento social é explicada, em parte, pela possibilidade de fazer ataques mais difíceis de detectar, afirma Eduardo Abreu, líder de segurança da IBM. Como as redes reúnem muitas funcionalidades, o arsenal dos bandidos digitais também é maior, explica o especialista.
"A confiança que as pessoas têm em seus contatos virtuais também facilita os ataques", diz André Carraretto, gerente de engenharia de sistema da Symantec, companhia de segurança de redes.
Trata-se de um efeito psicológico. Ao se relacionar com amigos ou conhecidos, as pessoas criam uma sensação de segurança que nem sempre é real, diz Godinho, da Trend Micro. Com a guarda baixa, os internautas ficam suscetíveis a clicar nos links para vídeos, fotos e notícias incluídos nas mensagens, sem desconfiar do conteúdo.
A técnica é a mesma usada há muito tempo em e-mails e sites. O objetivo é a instalação de programas espiões que coletam dados pessoais e bancários, que são vendidos em fóruns no submundo da internet. Um número de cartão de crédito pode ser vendido por valores entre US$ 2 e US$ 700, dependendo do saldo disponível, segundo a empresa espanhola de segurança Panda.
Um novo método está se disseminando rapidamente. É o envio de enquetes falsas prometendo prêmios aos participantes. Os prêmios, claro, não existem, mas os criminosos ganham dinheiro ao gerar tráfego para um site, que pode vender cotas de publicidade mais caras com a audiência falsa. Na prática, as fraudes ocorrem nas duas pontas do esquema.
Fazer a distinção entre mensagens legítimas e contaminadas tem se ficado mais difícil devido ao uso dos chamados encurtadores de links. Essas ferramentas, que reduzem o número de caracteres de um endereço eletrônico, surgiram na esteira do Twitter. Com elas, é quase impossível saber o verdadeiro destino de um link - em vez do conteúdo desejado, o usuário pode ser levado a um vírus ou outro tipo de fraude.
Matias, da McAfee, diz que as empresas não podem ser responsabilizadas pelos problemas. "Elas estão fazendo o trabalho delas, de oferecer meios de comunicação para as pessoas", diz. Os internautas, afirma, também precisam se preocupar com o assunto.
As ameaças não pairam apenas sobre o internauta padrão. Mesmo celebridades já passaram por situações delicadas. Há duas semanas, uma falha no sistema do Facebook permitiu que mensagens de terceiros fossem publicadas nas páginas do fundador do site, Mark Zuckerberg, e do presidente da França, Nicolas Sarkozy. As brincadeiras foram inofensivas, mas dá para imaginar o que se pode fazer em nome de personalidades influentes e chefes de Estado.
Crime mais comum no país é denegrir imagem
No Brasil, denegrir a imagem de uma pessoa ou empresa é o caso mais comum envolvendo as redes sociais na Justiça, diz o especialista em direito digital e sócio da PPP Advogados, Rogério Lemos. "É mais fácil fazer o enquadramento legal nesses casos, porque são considerados crimes contra a honra, pelo Código Penal", diz.
Um dos casos emblemáticos é o do piloto Rubens Barrichello. Em 2009, a 15ª Vara Cível de São Paulo condenou o Google, detentor do Orkut, a pagar indenização por danos morais ao piloto no valor de R$ 850 mil, mais multa diária de R$ 1 mil para cada página indicada pelo piloto que fosse mantida no ar.
Barrichello acusa a empresa de manter perfis falsos e comunidades difamatórias, mesmo após solicitar a remoção das páginas. Após recorrer e perder em segunda instância, em outubro do ano passado, o Google aguarda a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em última instância.
"Os sites não fazem o controle do conteúdo publicado, mas, a partir da notificação, eles são responsabilizados se não tirarem esse conteúdo do ar", afirma Lemos.
Em janeiro, o STJ definiu, em outro processo, que o Google não pode ser responsabilizado por todo conteúdo publicado no Orkut, confirmando decisão de primeira instância do Tribunal de Justiça de São Paulo. Uma usuária exigiu indenização pela postagem de informações ofensivas sobre ela na rede social.
Os casos de roubo de dados e criação de perfis falsos são mais difíceis de ser solucionados juridicamente, diz Lemos. "A captação de dados em si não é um crime e a comprovação de que a rede social é a origem do crime é mais difícil."
A mesma dificuldade ocorre em relação à invasão de perfis. "Cada usuário é responsável pela guarda da sua senha. A rede social não pode ser responsabilizada", diz o advogado. Entretanto, em muitos casos as senhas são roubadas por hackers.
Lemos diz que, pelo fato de ter milhões de usuários, as redes não têm controle total de quem acessa cada perfil - o que pode ser observado pelo endereço IP (protocolo de internet), um número de identificação que permite localizar um equipamento em uma rede privada ou pública. "No Brasil, não existe legislação que obrigue o site a guardar o IP de cada usuário no momento do seu cadastro", afirma o advogado.
A exclusão de conteúdo pela via legal pode demorar até seis meses, afirma José Mariano de Araújo Filho, delegado-supervisor da unidade de inteligência do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Das três redes sociais mais populares no Brasil, apenas o Orkut tem representação no país. "No caso do Facebook e do Twitter, temos que interagir com a matriz, o que se torna muito burocrático."
Mariano acrescenta que um dos grandes problemas das redes sociais é a presença de menores de idade. Os sites proíbem a criação de perfis por esse público, mas na prática ninguém segue essa política, afirma o delegado.
Por meio de sua assessoria, o Google informou que "não comenta casos específicos", e que "a empresa não é responsável pelo conteúdo publicado pelos internautas". O Facebook e o Twitter não quiseram comentar o assunto.
(Valor Econômico - Empresas - por Gustavo Brigatto, Moacir Drska e Talita Moreira - De São Paulo
Cibelle Bouças e Moacir Drska - De São Paulo - 07/02/2011)

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