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sexta-feira, agosto 22, 2008

Resenha do Livro " A Alegria de Ensinar".

02/09/2006 01:21 - publicado por Adeilson
A Alegria de Ensinar
Rubem Alves. Ars Poetica Edit. Ltda.
São Paulo, 1994, 103 p.


Esse livro é uma reflexão do autor sobre aquilo que ele acredita ser o principal assunto a ser pensado e discutido em educação: a relação entre a vida, a felicidade e a própria educação considerada em sua relação professor-aluno-disciplina. Ser mestre é ter como missão ensinar a felicidade. Nesta visão, Geografia, História, Química, Física, Biologia, Matemática e as demais disciplinas são ou deveriam ser “bolinhas de gude”, brinquedos, objetos de prazer. Deste modo, a tarefa do professor é seduzir para que o aluno deseje e, assim fazendo, aprenda.

Essa perspectiva traz à tona uma necessidade: discutir a realidade que é, na verdade, o avesso do ideal exposto acima, fazendo disso uma utopia. Por esse motivo, é abordada a necessidade de desfazer o medo, a ansiedade, o sofrimento que a escola traz quando olha os alunos como inimigos a serem confundidos e torturados e, com essa finalidade, faz com que a vida seja desconectada do ensino. O que se aprende não tem utilidade para a vida, relação com ela - e não se trata de utilidade econômica, de mercado, que aliás é criticada sem, no entanto, ser descartada-. Sabedoria e conhecimento tornam-se incompatíveis por causa do adestramento que visa uma mera repetição: um eco. Tudo isso engendra o medo de pensar, coíbe a aventura, o sonho, a criatividade e mata a criança que cada um deveria ter sempre viva dentro de si. É um assassinato mediado pelos moldes, formas, coisas de fazer ficar igual, onde não cabem sentimentos, sonhos, beleza e “inutilidade”.

Mas esse quadro pode ser alterado. O que cabe pois ao professor é, pela magia da sua palavra, viabilizar metamorfoses promovendo a realização das potencialidades do aluno; metáforas: extrair vida da morte, príncipes de sapos, artistas de operários, borboletas de lagartas, observando que o contrário de cada um desses “feitiços” também é possível. Recorrendo a alguns filósofos, religiosos, pensadores e artistas o autor embasa seu ponto de vista, afirmando, ele mesmo, que “educação é o processo pelo qual a Palavra desperta os mundos adormecidos”, o mundo da psicanálise, dos sonhos (que é onde mora a criança). Metamorfose, poesia, vida e morte são temas recorrentes em toda obra que, composta em formato de livro de crônicas, medita em tom prosaico sobre o sentido do ensino, a razão de ser da tarefa de educar.

Por esse elenco de razões, é um livro interessante para setores da educação como a Didática e a Filosofia da Educação, como também para pessoas que estão às voltas com a reflexão sobre estrutura e funcionamento do ensino nos vários níveis. Mas acima de tudo, é uma obra a ser prescrita muito especificamente para todo aquele que se pensa educador ou pretende sê-lo, ainda que, sendo uma obra de fácil leitura, seja acessível a praticamente qualquer leitor.

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