domingo, 12 de outubro de 2008

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PONTO DE EQUILÍBRIO COMO FERRAMENTA GERENCIAL

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PONTO DE EQUILÍBRIO COMO
FERRAMENTA GERENCIAL
Edmar José Zorzal

Resumo
A Contabilidade, por meio de uma metodologia específica e respeitando
determinados princípios, tem por finalidade apresentar os dados patrimoniais e
operacionais de uma organização, se constituindo como fonte de informações
gerenciais. Com o acirramento da concorrência e a ampliação do campo de atuação dos
administradores, percebe-se que a contabilidade não deve ficar restrita apenas aos fatos nela registrados e apresentados na forma de Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício. Ela pode e deve gerar informações que propiciem análises e estudos que subsidiem as tomadas de decisões de curto e longo prazo, Surge aí a
Contabilidade Gerencial como ferramenta indispensável no processo de geração de
informação para auxiliar na gestão empresarial. Uma das informações contempladas
pela Contabilidade Gerencial é o ponto de equilíbrio, sendo este o objetivo deste artigo, através da abordagem de seus conceitos, tipos vantagens e limitações. Mesmo
apresentando algumas limitações o ponto de equilíbrio pode ser considerado como uma
excelente ferramenta de gestão dada a possibilidade de proporcionar simulações
variadas na busca de informações que suportem decisões.
A Contabilidade Gerencial deve fornecer informações, no sentido de que
proporcionem ações na tomada de decisões como, por exemplo: estabelecimento de
padrões, comparação dos valores previstos com os realizados, bem como eliminação de
custos desnecessários.
Introdução
Os tempos atuais, marcados pela competição, avanço vertiginoso da tecnologia e
uma gestão participativa, demandam grandes mudanças no modo como as organizações
gerenciam seus recursos e medem seus resultados.
A busca constante pela excelência empresarial desencadeia a necessidade de
melhores informações gerenciais, extrapolando a visão de indicadores econômicos e
financeiros apresentados pelo Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do
Exercício, para uma análise sistêmica das estratégias da organização, alinhadas aos
indicadores de performance financeiros e não financeiros.
Os controles internos exercidos pelas empresas, quando bem organizados
servem de excelentes fontes de informações para o gestor, possibilitando dessa forma
projetar cenários e encontrar alternativas que resultem em tomadas de decisões precisas e seguras para a organização.
Possuir um sistema de custo bem definido é uma outra fonte de informação, que
quando bem utilizado propicia a tomada de decisões capazes de garantir o atingimento
dos objetivos da entidade.
A grande vantagem do uso dos conceitos da Contabilidade Gerencial é em
função da simplicidade, facilidade e agilidade que se tem na manipulação dos dados
financeiros e não financeiros, tornando possível a sua aplicação em vários segmentos da organização na busca de informações para auxiliar a sua gestão. Uma das informações contempladas pela Contabilidade Gerencial é o ponto de equilíbrio, sendo este o objetivo deste artigo, através da abordagem de seus conceitos, tipos, vantagens e limitações.

Ponto de Equilíbrio – Seus conceitos

Segundo Santos (2000, p.166) a análise do equilíbrio entre receitas de vendas e
custos, torna-se indispensável como instrumento no processo de decisão gerencial. Um
dos fatores para o sucesso financeiro de uma empresa está diretamente condicionado à
existência da melhor informação gerencial. Para o autor, “o ponto de equilíbrio será
obtido quando o total dos ganhos marginais, que é a somatória de todos os produtos
comercializados, equivalerem ao custo estrutural fixo do mesmo período de tempo
objeto de análise”.
Perez Jr. (1999, p.191) comenta que a expressão ponto de equilíbrio, tradução do
termo em inglês, break-even-point, refere-se ao nível de vendas em que não há lucro
nem prejuízo, isto é, no qual os gastos totais (custos totais + despesas totais) são iguais às receitas totais.
De acordo com Wernk (2001, p.49) o ponto de equilíbrio representa o nível de
vendas em que a empresa opera sem lucro ou prejuízo. Ou seja, o número de unidades
vendidas no ponto de equilíbrio é o suficiente para a empresa pagar seus custos fixos e variáveis sem gerar lucro.
Atkinson et al. (2000, p.192) menciona que o ponto de equilíbrio representa o
nível de produção no qual os custos dos recursos comprometidos é coberto pelos lucros
ganhos da produção e vendas de bens e serviços. O autor comenta ainda em outras
palavras que Ponto de equilíbrio é o nível em que o volume de vendas cobre os custos
fixos comprometidos.
Horngren et al. (2004, p.41) define o ponto de equilíbrio como sendo o nível de
vendas no qual a receita se iguala às despesas e o lucro é igual a zero.
Para Leone (2000, p.424) e Martins (2000, p.273) o ponto de equilíbrio é o nível
de produção onde os custos se igualam às receitas, ou ainda, nasce da conjugação dos
custos totais com as receitas totais.
O ponto de equilíbrio, segundo Vanderbeck (2003, p.415) pode ser definido
como o ponto no qual a receita de vendas é adequada para cobrir todos os custos de
manufatura e vender o produto, mas sem obter lucro. Para o autor a equação pode ser
colocada da seguinte maneira:
Padoveze (1994, p.281) relata em sua obra que o Ponto de Equilíbrio é o
momento em que o total da margem de contribuição da quantidade vendida/produzida
Receita de vendas (no ponto de equilíbrio) = Custo para fabricar + Custo para vender
se iguala aos custos e despesas fixas. Dessa forma, o ponto de equilíbrio demonstra a capacidade mínima em que a empresa deve operar para não ter prejuízo.
Segundo Dutra ( 1995, p.170), no ponto de equilíbrio, a empresa está produzindo
o suficiente para gerar receita que se iguala ao custo, ou seja, a empresa não está tendo nem lucro nem prejuízo quando está operando em um nível de produção igual ao seu ponto de equilíbrio, porque ela está gerando recursos suficientes para remunerar os seus fatores de produção. Este ponto indica o mínimo de receita gerada pela produção para que a empresa não sofra prejuízo que também é chamado de ponto de ruptura, ponto de nivelamento, ponto crítico ou ponto de quebra.
De acordo com Warren et al. (2003, p.98) ponto de equilíbrio é o nível de
operações no qual as receitas e os custos de uma empresa são exatamente iguais. Em
equilíbrio, uma empresa não tem nem lucro nem prejuízo operacional.
Percebe-se que após conhecer as definições dos autores citados sobre a
conceituação do ponto de equilíbrio, poucas diferenças foram observadas, e um dos
aspectos apresentados por todos é com relação à igualdade que deve existir entre as
receitas e custos/despesas.
Para uma melhor compreensão dos conceitos apresentados é ilustrado abaixo,
através da figura 01 a representação gráfica do ponto de equilíbrio.
(...)

Tipos de ponto de equilíbrio

Segundo Wernke (2001, p.50) dependendo da necessidade da empresa ou do
gestor, o ponto de equilíbrio possibilita adaptações que suprem as informações
gerenciais não possuídas. Essas adaptações originam tipos de ponto de equilíbrio
distintos que se ajustam às diversas situações de planejamento das atividades da
empresa, como por exemplo: em algumas situações é necessário fazer o estudo do ponto
de equilíbrio em valor e em outras situações é recomendável a determinação do ponto
de equilíbrio em unidades.
Do ponto de vista gerencial a análise do ponto de equilíbrio, seja ela em termos
monetários ou em termos de unidade, é um instrumento precioso para a gerência
visualizar a situação econômica global das operações e tirar proveito das relações entre as variáveis custo-volume-lucro.
Wernke (2001, p.50) menciona que dependendo da necessidade da informação e
da fórmula como é calculado, o ponto de equilíbrio recebe denominações diferentes.

1 Ponto de equilíbrio contábil (em unidades)

Perez Jr et al. (1999, p.192) descreve que o ponto de equilíbrio contábil em
unidades define a quantidade de unidades que se deve produzir e vender. Para definir
essa quantidade divide-se o gasto fixo total(custo fixo) pela margem de contribuição
unitária (diferença entre o preço de venda e o gasto variável). A divisão do custo fixo
pela margem de contribuição unitária demonstra a quantidade de produtos que devem
ser fabricados e vendidos para cobrir os custos fixos.
Ponto de equilíbrio econômico
Ponto de equilíbrio financeiro
Ponto de equilíbrio contábil
Wernke (2001, p.50) define o ponto de equilíbrio em unidades como sendo: o
número de produtos(peças metros, quilos) que deve ser fabricado e vendido para que o
resultado seja zero. Para determinar tal quantidade, divide-se o valor total dos custos fixos ($) pelo valor da margem de contribuição unitária ($). Assim, cada produto vendido irá cobrir, com sua margem de contribuição unitária, uma parte dos custos fixos da empresa.

2 Ponto de equilíbrio contábil (em valor)

O PROVAR (2000, p.169) menciona em sua obra que em determinados casos
em que empresas vendem uma variedade grande de produtos passa-se a considerar o
ponto de equilíbrio em termos de empresa ou negócio como o montante de vendas, isto
é, o valor das vendas de todos os produtos.
Padoveze (1995, p.257) alega que em determinadas situações, como por
exemplo, quando a empresa trabalha com uma gama muito grande de produtos, ou
quando percebe-se dificuldades na identificação dos custos e despesas fixos para cada
produto, torna-se preferível buscar informações de forma global do ponto de equilíbrio em termos de valor. Dessa forma, o ponto de equilíbrio em valor pode ser definido pelo valor mínimo que deve ser vendido para que a empresa não tenha nem lucro nem prejuízo.
Hansen et al. (2003, p.596) relata que em alguns casos os gestores podem
preferir usar a receita de vendas como medida da atividade de vendas, em vez de
unidades vendidas. Uma medida de unidades vendidas pode ser convertida para uma
medida de receita de vendas simplesmente multiplicando o preço de venda unitário pela
unidades vendidas.
Após as abordagens feitas sobre o ponto de equilíbrio contábil, é importante
destacar as considerações feitas por Wernke (2001, p.51) em que o mesmo enfatiza que
o ponto de equilíbrio contábil em unidades pode ser considerado o mais utilizado pelos analistas de custos, tendo em vista a sua facilidade de entendimento e obtenção,enquanto que o ponto de equilíbrio em valor tem maior utilidade àqueles executivos que preferem tomar decisões com base nas informações em moeda corrente, mas que a utilização de ambos tem o mesmo significado quando da tomada de decisão.

3 Ponto de equilíbrio financeiro

Outro tipo de ponto de equilíbrio que pode proporcionar aos gestores
informações para auxiliar em suas decisões é o ponto de equilíbrio financeiro. Leone
(2000, p.441) afirma que muitas vezes, para avaliação de desempenho, para certas
decisões de investimentos, para planejamento e outras decisões de curto prazo, o gestordeve preparar a análise do ponto de equilíbrio , levando em consideração apenas os aspectos financeiros.
Martins (2000, p.278) descreve que dentro dos custos e despesas fixos
registrados no período podem também estar incluídos custos e despesas que não
representam saída de caixa, como é o caso da depreciação. Neste caso, os custos e
despesas identificados como não desembolsáveis, isto é, que não representam saída de
caixa devem ser excluídos para se determinar o ponto de equilíbrio financeiro.
Sob a ótica de Wernke (2001, p.52), no ponto de equilíbrio financeiro (PE fin.),
calcula-se o nível de atividades (quer em unidades, quer em valor monetário) suficiente para pagar os custos e despesas variáveis, os custos fixos (exceto depreciação) e outras dívidas que a empresa tenha que saldar no período como empréstimo e financiamentos bancários.
Perez Jr. et al. (1999, p.204) demonstram em sua obra o cálculo do ponto de
equilíbrio abordando dois enfoques: o ponto de equilíbrio financeiro parcial (PEFP) e o ponto de equilíbrio financeiro total (PEFT).
O PEFP é definido como o nível de atividades em que o saldo de caixa é igual a
zero. Representa a quantidade de vendas necessárias para cobrir os gastos
desembolsáveis, tanto operacionais como não operacionais. Neste ponto, a empresa
apresenta prejuízo contábil, mas não estará recuperando o investimento feito no
imobilizado. Enquanto que o PEFT determina o nível de produção e vendas em que o
saldo de caixa é predeterminado. Representa a quantidade de vendas necessária para
cobrir os gastos desembolsáveis, tanto operacionais como não operacionais, e gerar um
saldo de caixa determinado para desembolso futuros com reposição de imobilizado,
novos investimentos, pagamentos de dividendos ou outras obrigações que não transitam
pelo resultado, como por exemplo, empréstimos contraídos em períodos anteriores.
Wernke (2001, p.53) menciona em sua obra que a utilização do ponto de
equilíbrio financeiro é mais adequada ao gerente financeiro em face das características do cálculo, que considera somente os movimentos de caixa do período.
No entanto sua utilização é de grande valia mesmo para outras áreas, principalmente quanto a tomada de decisões relativas a investimento de capital.

4 Ponto de equilíbrio econômico

Segundo Martins (2000, p.277) o ponto de equilíbrio de uma empresa será
obtido quando a soma das margens de contribuição totalizar o montante suficiente para cobrir todos os custos e despesas fixos; este é o ponto em que contabilmente não haveria nem lucro nem prejuízo (supondo produção igual à venda). Logo este é o ponto de equilíbrio contábil. Mas um resultado contábil nulo significa que, economicamente, a empresa está perdendo (pelo menos juros sobre capital próprio). Voltando, assim, ao conceito de custo de oportunidade. Portanto, o ponto de equilíbrio econômico será atingido quando a remuneração do capital aplicado atingir a rentabilidade desejada.
Acrescenta ainda o autor que o verdadeiro lucro da atividade será obtido quando
contabilmente o resultado for superior ao retorno esperado.
Warren et al. (2003, p.102) afirma que no ponto de equilíbrio as receitas
igualam-se aos custos. Entretanto, o ponto de equilíbrio não é meta da maioria das
empresas. Em vez disso, os gerentes procuram maximizar o lucro. Santos (2000, p.176)
descreve que o ponto de equilíbrio econômico (PEE) é aquele em que as receitas totais
são iguais aos custos totais acrescidos de um lucro mínimo de retorno do capital
investido.
Segundo Wernke (2001, p.53) o ponto de equilíbrio econômico distingui-se das
demais fórmulas de ponto de equilíbrio por incluir a variável “Lucro Desejado”.
Constata-se que a utilização do ponto de equilíbrio econômico tem como
objetivo principal gerar informações aos investidores sobre o retorno do capital
investido, ou seja, quanto deveria a empresa vender para recuperar o investimento,
conforme rentabilidade desejada. O ponto de equilíbrio econômico possibilita também
conhecer o lucro que a empresa procura almejar.

5 Ponto de equilíbrio Mix

Os conceitos de ponto de equilíbrio são de fácil aplicação e entendimento
quando se trabalha com situações de apenas um único produto. Com isso, fica bastante
simplificado o problema, o que não acontece quando a empresa trabalha com diversos
produtos.
Wernke 2001, p.53) diz que as fórmulas apresentadas de ponto de equilíbrio em
unidades são aplicáveis a apenas um produto. Como a maioria das empresas
comercializa diversos produtos, a aplicabilidade de tais fórmulas é restrita a poucas
situações. Para essas empresas, a principal dificuldade encontrada no cálculo do ponto de equilíbrio é a diversidade de produtos que compõem o mix ofertado e as
consequentes distintas margens de contribuição de cada mercadoria.
Sob a ótica de Santos (2000, p.180) o princípio básico para se chegar ao “ponto
de equilíbrio” de produtos com margens de contribuições diferentes não difere muito
das fórmulas tradicionais, o que talvez pode gerar um pouco mais de trabalho, por
casusa das ponderações que deverão ser feitas entre os vários produtos com volume e
margens de contribuição diferentes.
Segundo Santos (2000, p.181) a fórmula para calcularmos o ponto de equilíbrio
“mix” em unidades, ou o volume mínimo de vendas que uma empresa precisa realizar
para não incorrer em prejuízo nem realizar lucro é a seguinte:
Onde:
Σ = somatório
MCUi = margem de contribuição unitária
Xi = volume previsto de vendas por produto
O mesmo autor apresenta também a fórmula para se obter o ponto de equilíbrio
em valor (mix) que é a seguinte:
Onde:
Pi = preço de venda unitário por produto
Qi = volume previsto por produto
PMCi = proporção da margem de contribuição por produto
Σ = Somatório
Para um melhor entendimento do cálculo do ponto de equilíbrio (mix), Wernke
(2001, p.54) descreve em sua obra que é necessário o cumprimento de duas etapas. A
primeira consiste em determinar o ponto de equilíbrio total, isto é, do mix de produtos.
Custos Fixos
PE unidades (mix) =
( Σ MCUi x Xi )
( Σ Xi )
Custos Fixos
PE valor (mix) =
Σ PMCUi x pi x Qi
Σ pi x Qi )

Após encontrar o número total de unidades, calcula-se quanto desse total refere-se aos produtos individualmente, considerando os percentuais do volume previsto de venda por produto. E para cálculo do ponto de equilíbrio (mix) em valor ($), basta multiplicar o
ponto de equilíbrio “mix” em unidades de cada produto pelo respectivo preço de venda.

Benefícios do ponto de equilíbrio

A utilização do ponto de equilíbrio e a consequente análise entre receitas de
vendas e custos, torna-se indispensável como instrumento de apoio gerencial, podendo
fornecer informações variadas, que serão na sequência descritas.
Leone (2000, p.427) diz que a utilização e a análise dos conceitos de ponto de
equilíbrio, tem como objetivo auxiliar as funções de planejamento e a de tomada de
decisões gerenciais de curto prazo da empresa.
De acordo com Atkinson (2000, p.224) através da análise do ponto de equilíbrio
os gerentes podem desenvolver modelos de planejamento para avaliar as alternativas da
empresa e as mudanças na lucratividade com as mudanças nos níveis das atividades de
produção e vendas.
Wernke (2001, p. 55) também enfatiza a questão de que o uso do ponto de
equilíbrio deve auxiliar as questões de curto prazo da empresa. Para o autor, a
informação do ponto de equilíbrio da companhia, tanto do total global como por produto individual, é importante porque identifica o nível mínimo de atividade que a entidade ou cada divisão deve operar.
Santos (2000, p. 170) argumenta que através da obtenção do ganho marginal
pelo método de custeamento marginal, poderá ser calculado o ponto de equilíbrio da
empresa, a fim de se averiguar o nível mínimo de vendas que deve ser praticado para se obter determinado montante de lucro.
Para Wernke (2001, p.55) a determinação do ponto de equilíbrio subsidia as
decisões empresariais relacionadas com:
a) Alteração do mix de vendas, tendo em vista o comportamento do mercado;
b) Alteração de políticas de vendas com relação a lançamentos de novos produtos;
c) Definição do mix de produtos, do nível de produção e preço do produto;
d) Responde a perguntas que exigem respostas rápidas, tais como:

- quantas unidades de produto devem ser vendidas para se obter determinado
montante de lucro?
- qual a influência de um desconto promocional nos preços de vendas?
- que acontecerá com o lucro se o preço de venda aumentar ou diminuir?
- que acontecerá com o ponto de equilíbrio se determinada matéria-prima
aumentar 20% e não tiver condições de ser repassada aos preços dos produtos?
- um aumento nos custos fixos (por exemplo: salários) terá qual influência no
resultado da empresa?

e) Útil ao planejamento e controle de vendas e de resultados etc.

Através das vantagens apresentadas, observa-se que a aplicação do ponto de
equilíbrio nas decisões de curto prazo traz grandes benefícios para a organização. Com base nas informações disponibilizadas por essa ferramenta, a empresa passa a ter
condições de tomar decisões mais precisas e, portanto, com mais segurança.

Limitações do ponto de equilíbrio

Wernke (2001, p.56) afirma que os gerentes devem ficar atentos com relação às
limitações apresentadas na utilização do ponto de equilíbrio. O autor enfatiza que tal técnica só deve ser utilizada em gestão de curto prazo, e faz ainda o seguinte
comentário: “não se pode pensar num planejamento de longo prazo para empresas que
não dêem resultado positivo e não remunere os detentores de suas fontes de recursos”.
Segundo Leone (2000, p.428) a análise de ponto de equilíbrio terá maior
potencialidade se tomada a curtíssimo prazo, pois para prazo mais longos perderia
muito de sua utilidade diante do fato de que, numa economia em que o valor da moeda
sofre flutuações, os custos, as receitas e as despesas não são constantes.
Santos (2000, p.174) descreve que na análise do ponto de equilíbrio algumas
limitações devem ser consideradas como por exemplo:

Variação de um componente: considerar mudança no preço sem a influência nos
demais componentes; na realidade, quando muda um componente, pode mudar o
outro;

Custos estruturais fixos e marginais: geralmente, o comportamento do custo fixo não
é tão constante como mostra no gráfico do ponto de equilíbrio, e o custo marginal
tem certos aspectos que não variam sempre proporcionalmente ao volume;

Análise estatística: as próprias dificuldades existentes na montagem dos dados para
a análise não levam em consideração todo o dinamismo das empresas e no dia-a-dia
dos negócios.
Martins (2000, p.296) diz que as aplicações dos conceitos de ponto de equilíbrio
são de grande valia e de fácil entendimento quando aplicado a um único produto. O que não acontece quando a empresa trabalha com diversos produtos. Nesse caso, o assunto se complica, já que os custos e despesas variáveis são diferenciados também para cada um, o que provoca a impossibilidade de cálculo de um ponto de equilíbrio global.
Observa-se que na aplicação dos conceitos de ponto de equilíbrio, as limitações
que o mesmo proporciona devem ser considerados. Uma das constatações que ficou
evidente é que o seu uso deve ser empregado pelos gestores apenas para decisões
gerenciais de curto prazo. Portanto, considera-se importante que ao se aplicar o ponto de equilíbrio o gestor deve analisar as situações apresentadas, e assim, avaliar, se deve ou não uilizar tal ferramenta para auxiliar as suas decisões.

Conclusão

As organizações carecem de ferramentas ágeis e eficientes de gestão, de apoio à
decisão e de suporte negocial. A resposta pode ser encontrada num enfoque ampliado de
contabilidade gerencial que transcenda, inclusive, as fronteiras dos controles e
acompanhamentos internos, atingindo visões sobre o posisionamento da empresa e de
seus produtos no mercado e sobre as tendências de cenários que possam afetar as
decisões estratégicas.
A grande vantagem do uso dos conceitos da contabilidade gerencial decorre de
fatores como simplicidade, facilidade e agilidade que se tem na manipulação dos dados
financeiros e não financeiros, tornando possível a sua aplicação em vários segmentos da organização buscando informações para auxiliar a sua gestão, como é o caso do uso do ponto de equilíbrio, quando utilizado no processo de decisões de curto prazo.
Observou-se ao longo desse trabalho que as informações de caráter decisorial
proporcionadas pela aplicação dos conceitos de ponto de equilíbrio foram inúmeras e
que podem gerar grandes benefícios às organizações que convivem atualmente em um
mercado altamente competitivo, exigente e globalizado.
Portanto, percebe-se que o ponto de equilíbrio constitui-se em uma ferramenta
de grande utilidade no processo de gestão empresarial, e que mesmo apresentando
algumas limitações quanto a sua utilização como fonte de informações para a
organização, pode ser considerada imprescindível, dada a facilidade de sua aplicação
em vários tipos de cenários que o ambiente atual proporciona.




Referências bibliográficas
ATKINSON, Anthony A, BANKER, Rajiv D., KAPLAN, Robert S., YONG, S. Mark.
Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. São Paulo:
Atlas, 1999.
DUTRA, René Gomes Dutra. Custos: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas,
1995.
FAMÁ, Rubens, HABIB, Cláudia Vasconcelos S. Implantação do Custeio ABC em
empresa prestadora de Serviços de Saúde: Vantagens e Limitações. VII
Congresso Brasileiro de Custos. Recife, 2000
HANSEN, Don R., MOWEN, Maryane M. Gestão de custos. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2003.
HORNGREN, Charles T., SUNDEN, Gary L., STRATTON, Willian O. Contabilidade
gerencial. São Paulo: Prentice, 2004.
LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de contabilidade de custos. São Paulo:
Atlas, 2000.
LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle.
São Paulo: Atlas, 2000.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2000.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de
informação contábil. São Paulo: Atlas, 2000.
PEREZ JUNIOR, José Hernandez, OLIVEIRA, Luís Martins de, COSTA, Rogério
Guedes. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Atlas, 1999.
PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO DE VAREJO. Finanças no varejo: gestão
empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.
SANTOS, Joel J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 2000.
VANDERBECK, Edward J.; NAGAY, Charles F. Contabilidade de custos. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
WARREN, Carl S., REEVE James M., FESS Philip E. Contabilidade gerencial. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
WERNKE, Rodney. Gestão de custos: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas,
2001.
________________________________________
Page 13
13
Edmar José Zorzal é formado em Ciências Contábeis pela UFES, Funcionário da
Companhia Espírito Santense de Saneamento, onde atua como Gerente de
Controladoria, professor no Curso de Administração da Faculdade Novo Milênio,
mestre em engenharia da produção pela UFSC. E-mail: ezorzal@cesan.com.br

Nenhum comentário: