sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Evolução dos Efeitos

(postado por Paccelli)

O autor deste texto é um grande amigo e irmão, exímio guitarrista e uma pessoa de rara sensibilidade artistica. Na verdade o texto era um mail. Instado por mim se podia publicar seu mail pela riqueza de informação ele respondeu que sim desde que não publicasse seu nome. Vou atender seu pedido "Homem Voador". Fica aqui minha gratidão.
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Existe muita confusão sobre pedaleiras, pedais, amps, guitarras, etc. O problema é que como o assunto é enrolado (pois envolve inclusive conhecimentos de acústica e psico-acústica) não existe uma fonte única e didática que esclareça o que é bom ou ruim em termos de aparelhagem. O guitarrista iniciante tende, certamente, a ficar perdido entre tantas opiniões diversas e muitas vezes conflitantes. Essa confusão de informações gera inclusive certos "mitos" que são muitas vezes adotados erroneamente até por guitarristas mais experientes. Já vi muitos guitarristas, técnicos e luthiers famosos dizerem muitas "inverdades" sobre vários assuntos sobre aparelhagem. Percebo que a situação está piorando. Se antigamente não existia Internet e havia uma escassez de informação nesse campo, hoje o problema é o inverso, existe uma facilidade de comunicação jamais vista pela humanidade, mas o conteúdo é bastante superficial. É como se estivéssemos vivendo em uma era com "poluição de informação". Voltando ao assunto de aparelhagem de guitarras, é fácil perceber que as revistas nacionais do gênero não levam ninguém a lugar nenhum. Entendo que sejam simplesmente um palco para autopromoção de quem escreve os artigos, pago pelos anunciantes. E isso aconteceu com as revistas importadas também. O conceito que a Guitar Player ou a Guitar World nos anos 80 e meados dos anos 90 não são os mesmos, caíram de nível (uma honrosa exceção são os poucos websites de conteúdo, tais como o Guitar X)

Por outro lado, percebo que passei, juntamente com vários colegas, grande parte da minha vida buscando conhecer mais sobre timbre e aparelhagem. Só que agora tenho mais de 35 anos e quando vou a uma loja de instrumentos musicais aqui ou nos EUA fico impressionado com a falta de conhecimento dos vendedores. Aqui em São Paulo e no Rio (onde vivi muitos anos) são exemplos do que estou dizendo. Com a liberação das importações pelo governo Collor, a repercussão disso nas lojas na Teodoro Sampaio teve seu ápice nessa época, bem como outras nos demais cantos do Brasil. Os preços eram altos, mas de certo modo, os produtos eram "compráveis". Havia uma enxurrada de guitarras top de linha, amplificadores, etc. Quem não se lembra da Music Mall na Barra da Tijuca? A loja era repleta de excelentes instrumentos, dava gosto de ir até lá nem que fosse só pra ver. Um amigo meu comprou a JEM 10 dele lá. Ele estava em dúvida entre uma Brian Moore, uma PRS, ou uma Gibson Custom. Haviam muitos racks Lexicon e amplificadores Mesa Boogie e Soldano. Marshalls JCM 800 qualquer loja tinha.
Hoje você vai numa loja dessas e encontra 100% dos vendedores totalmente despreparados. Não entendem nada e o pior: afirmam inverdades. Recentemente fui numa loja em Vitória e fiquei muito desapontado. Só tinha instrumentos de terceira linha e os caras da loja achavam o máximo. Tinha uma OLP MM1 lá. Fui testar, me deram um amp ruim e a guitarra estava horripilantemente mal regulada. Não achei grandes coisas e o vendedor venerando a guitarra... O coitado era um cara novo. Ele nunca teve a oportunidade de ver instrumentos bons de verdade. Aí percebi que todo mundo que conhece pelo menos alguma coisa de aparelhagem já tem 30 anos ou mais... ou esses caras estão fora do mercado musical (como eu) ou inacessíveis ao público em geral, enfiados em estúdios profissionais.
Bom. Com isso tomei a liberdade de colocar umas opiniões minhas aqui e algumas informações, com o intuito de situar no tempo o pessoal mais jovem. Quero informar para evitar que esses sejam ludibriados por pessoas pouco preparadas quando o assunto for aparelhagem de guitarras.
Ouve-se muito sobre "pedaleiras", mas se seguirmos a ordem cronológica da evolução dos equipamentos, poderemos entender o porquê das "pedaleiras" terem seu mercado desenvolvido hoje, suas vantagens e desvantagens, vamos lá:
O começo de tudo
Tudo começou por acaso. Quando inventaram a guitarra elétrica, o intuito fora simplesmente trazer o som do violão mais à frente para a banda - na época eram orquestras. Imaginem um violão tentando competir com um trompete. A microfonagem de instrumentos acústicos era um problema sério (microfonia). Foi criada a "guitarra elétrica", uma semi-acústica com um captador de bobina simples que ligado a um amplificador disponível na época tinha seu som amplificado. Para surpresa e decepção dos músicos, o timbre não era igual ao de um violão, era diferente. Isso, se não me engano, foi em torno dos anos 30, nos EUA. Não existiam transistores. Eles foram inventados bem mais tarde. Os amplificadores que existiam eram baseados em circuitos analógicos valvulados. Era o que se tinha na época. Assim como os televisores e rádios disponíveis. Aceitou-se então esse novo instrumento, tudo com som "limpo" (não haviam "distorções"). Os problemas de microfonia perduraram. Foi criado no final dos anos 40 a primeira guitarra de corpo sólido, a Fender Broadcaster e também o primeiro amplificador valvulado com impedâncias e características próprias pra guitarra. O inventor: Leo Fender.
O intuito de Leo Fender era de fabricar instrumentos baratos, que pudessem ser popularizados. Com isso, ele modificou o projeto dos instrumentos de corda até então e criou o conceito de corpo sólido (não mais semi-acústico) e braço em maple (madeira barata e disponível na época) e construção "bolt on" (braço parafusado no corpo). Assim ele teve um instrumento de sonoridade diferente, que foi logo aceito pelos músicos da região da Califórnia. E a "boa nova" repercutiu ao restante dos EUA. Era uma época de recessão e a Gibson estava financeiramente mal. Com o aumento das vendas da Fender Broadcaster, a Gibson respondeu com uma jogada de marketing: era a Les Paul, a primeira guitarra da Gibson de corpo sólido, em resposta à concorrência. As Rádios BroadCaster americanas entraram com um processo contra Leo Fender pelo uso indevido do nome "BroadCaster". Leo Fender foi forçado a mudar o nome do instrumento para Fender TeleCaster e anos após criou um modelo novo chamado StratoCaster. As TeleCasters foram difundidas no cenário country, daí sua associação com o estilo musical. Vejam que o timbre das guitarras de Leo Fender estava associado também aos amplificadores que ele vendia. Enquanto isso, a Gibson pagava para o guitarrista mais famoso da época usar seu novo produto, Sr. Lester Polka ou Les Paul (essa história é tão interessante que merece ser contada à parte).


Nisso, um empreendedor inglês oportunista de plantão, chamado Jim Marshall, comprou um amplificador Fender da época e COPIOU tudo. Trocou somente os modelos das válvulas do estágio de potência de 6L6 para EL-34 e colocou no mercado britânico e logo em seguida no

mercado americano. Vendo os esforços que a Gibson fazia para vender suas guitarras e sua jogada de marketing com o Les Paul, Jim Marshall copiou a idéia da Gibson de patrocinar músicos famosos ou emergentes da época. Havia um rapaz novo que queria mostrar ao mundo sua música. Ele lançou mão do que havia de mais moderno em termos de aparelhagem. Jim Marshall apostou nesse rapaz, seu nome era Jimi Hendrix. Tenham certeza de que se Jim Marshall fabricasse guitarras, Hendrix às teria usado e a Fender Stratocaster não seria o que hoje é. E Jim Marshall não mudou a estratégia de marketing. Por motivos de marketing e não por fatos de qualidade intrínseca do produto, "Marshall" é sinônimo de amplificador de guitarra no mundo e de modo semelhante a Gibson se fez nas guitarras.
Quando o experimentalismo de Hendrix saturou as válvulas de seu amp e utilizou o que era considerado sendo "ruído" como novo timbre, o mundo mudou, a adoção de ondas "quadradas" (saturação por picos, distorção) foi o novo cenário pelo qual passou a guitarra elétrica. Na época de Hendrix, Jim Dunlop desenvolveu pedais que mudavam o sinal da guitarra e que se caíssem no gosto de Hendrix, era sucesso de vendas garantido. Assim foram os pedais de "Fuzz", "Wah", e alguns outros. Não havia Reverb, Delay, Chorus e Flanger ou qualquer efeito de modulação do sinal. Eles foram sendo desenvolvidos com o tempo por pequenos fabricantes americanos e copiados mais tarde pelos japoneses em uma empresa chamada Boss. Esses fabricantes americanos eram Jim Dunlop e a empresa MXR, por exemplo (vejam que avancei uns 10 ou 15 anos no tempo). O final dos 60 e anos 70 foram palco de início de grandes transformações no que diz respeito à utilização da guitarra elétrica. Com aparecimento do Led Zeppelin em 1969, surgimento do movimento Heavy Metal com o Black Sabbath nos anos 70, e outros, a guitarra distorcida passou a ser considerada "Heavy Metal". É o estereotipo que o instrumento carrega até hoje (pelo menos entre os leigos). Nos anos 70 foi a vez dos efeitos de modulação. Criação de pedais de chorus, flanger, phaser, octaver, e pedais de tempo que imitavam os sons dos reverbs de mola dos amplificadores, além do pedal de eco, delay (atraso). O auge do popular disso tudo, me corrijam se eu estiver enganado, foi o Peter Frampton (mais uma vez avançando no tempo), com seus efeitos de modulação e Talk Box (que voltou a ser redescoberto pelo Richie Sambora). Esse foi um rápido resumo do cenário dos anos 70...mas vamos ao que deu início a todas as nossas confusões sobre aparelhagem...anos 80 !!

Anos 80 - A Era dos Racks

Anos 80, era em que o mundo deu lugar aos guitarristas virtuoses e onde começou a corrida de equipamentos, bem caracterizada pela difundida frase "My stack is bigger than your stack", que comenta com bastante propósito e satiriza essa corrida desenfreada por gadgets. Assim como existem maníacos por tudo, existem maníacos por equipamentos, dentre esses maníacos, vou citar alguns que me passam agora pela mente, Eddie Van Halen, David Gilmour, Steve Lukather, Bob Bradshaw, SRV,etc.
Além de serem fanáticos por equipamentos, eram também excelentes guitarristas que o mundo tinha como referência. Isso deu margem à corrida milionária e desenfreada (e muitas vezes sem propósito) por RACKS !!!!!!
Tentando colocar um pouco de datas aqui, foi entre 1984 a 1993 essa explosão dos Racks. Quem não desejou um sistema Bradshaw que atire a primeira pedra, hehehe.
Houve um impasse aí, uma lacuna. Nessa época todos os guitarristas abandonaram os pedaizinhos, ninguém queria saber de pedais da Boss, todo mundo queria um Rack !! Quem dispunha de condição financeira na época conseguia comprar um "Freezer" de equipamentos. Eram racks PCM 70 e PCM 80 da Lexicon, Mesa Boogie Quad-PreAmp, Carvin Quad-X-amp, Noise Gate Rocktron, Harmonizer Eventide e uma lista imensa de equipamentos. Muitas vezes esses guitarristas tinham 2 equipamentos de cada (um pra cada canal). O preço médio de cada um desses racks, pra serem montados os freezers, eram de 2000 dólares aqui no Brasil. Com exceção do Eventide que saía por uns 5000 dólares (absuros na época). Esses eram os racks do Steve Lukather, do EVH, do Steve Vai e de alguns outros felizardos. Para controlar isso tudo era necessário um ligação perfeita e desenvolvimento de canais que eram bem complicados. Era tudo controlado pelo foot que o Bob Bradshaw fabricava pra esses caras. Quanto ao som, eram excelentes. Mas tinham a obrigação de ser pois eram fortunas em equipamentos.
O que veio a acontecer no Brasil é que alguns guitarristas que tinham condição e adquiriram esses equipamentos, não sabiam usá-los. Aí ficou patente que era necessário ter um curso só pra operar essa tralha. A dificuldade de montagem e operação desses equipamentos (de às vezes 50 mil dólares) era tanta que houve um ponto de saturação. Imaginem um iniciante naquela época tentando montar, sem dinheiro, um sistema que tivesse o timbre dos grandes guitarristas... A distância era infinita ... eu passei por isso.
Os fabricantes de equipamentos começaram a produzir racks mais baratos, cada um com sua função. Ainda assim tinham uma excelente qualidade e transparência. Exemplo: os SPX-90 da Yamaha e alguns mais baratos da Rocktron e Roland. Daí os racks passavam a acumular algumas funções e efeitos e o preço ainda mais reduzido. Mesmo assim não eram baratos. Eram os Alesis Quadraverb e Quadraverb GT, Rocktron Intellifex, etc, ou seja, os guitarristas montavam seus sistemas com 3 ou 4 racks desses mais baratos (que ainda eram caros!) tipo o Marshall JMP-1 e mais um Alesis Quadraverb e mais um Compressor da Rocktron, por exemplo, ou um ART.
Enquanto o objetivo de todo mundo era ter racks, o preço dos pedais Boss caíam cada vez mais. Nessa mesma época é que houve a confusão sobre distorção: "tinha" de vir de um Rack e depois foi-se definindo um padrão de comportamento sobre isso. Tinha de ter pelo menos uma válvula de pré num desses racks. Quem mais resistiu ao tempo foi o Marshall JMP-1 mas quando a MesaBoogie lançou o Triaxis foi um estouro.
Praticamente acabou com o JMP-1, mas nem tanto devido ao preço. Os guitarristas mais famosos não abandonaram o sistema Bob Bradshaw, pois não havia motivo...Já os guitarristas intermediários foram para sistemas desses racks mais simples, usando somente uns 4 ou 5 racks. Mesmo assim, esse número de racks era ainda inacessível à maioria dos guitarristas do mundo e com isso, vieram os precursores das atuais pedaleiras. Eram os "racks DSP", esses racks prometiam ter tudo numa unidade só. Eram os Roland GP-8, Peavey PRO FEX, Rocktron Piranha, e depois vinham com seus próprios Foot Controlers. O do Peavey PRO FEX era sonho de consumo. Esses racks tinham de tudo, era uma unidade rack apenas e um foot controler. Tinha distorção também. Mas aí é que não caiu tanto no gosto popular, a distorção de muitos era digital e por isso os racks de pre-amp ficaram bastante tempo no mercado (nossa, tinham tantos equipamentos que eu estou esquecendo um monte agora). Ou seja, o grande boom dos racks que faziam tudo numa unidade só vieram e ficaram por alguns anos.
Nessa época, uma empresinha do japão, com uns caras muitos bons, lançaram um produto revolucionário, a empresa era a Zoom, e seu único produto: 9002. Parecia um walkman e tinha uns efeitos bacanas, uma distorção decente (para a maioria na época) e um preço convidativo. Muitos estúdios no Rio usavam o 9002 pra gravação profissional de guitarras nos anos 90. A ZOOM depois de ter lançado o 9002, entrou para a concorrência dos racks maiores tais como o 8080. Nisso, de modo a conseguir mercado, os fabricantes incluíram nos novos racks uma válvula 12AX7 e através dela um pré-amp, com características de pre-amp valvulado, era o máximo, mas os efeitos internos não eram tão poderosos em termos de transparência e esses racks davam chiado,. O resultado final não era o mesmo de um sistema mais caro, bem acertado. O Peavey Pro Fex, por exemplo, tinha tudo quanto é pedal e você podia modificar a ordem e disposição de todos eles, universo sem fim. O exemplo mais popular desses Racks foi o GP-16 da Roland e o Digitech GSP-21. O da Roland era melhor, mas a distorção não prestava. O GSP-21 era mais versátil, tinha mais coisas, mas tinha chiado e a distorção também não era tãaooo boa. Mas foi o sonho de consumo de todo mundo na época, todos achavam que era só plugar a guitarra neles e pronto, todo mundo controlava e programava na unidade rack e acessava pelo foot (que era parte integrante do produto). Nesse ponto, foi criado o que chamamos hoje de "pedaleiras". Foi a Digitech GSP-21 onde a unidade de rack foi para o foot controler, o preço caiu, a qualidade também. Eles mascaravam a falta de qualidade com inúmeros efeitos. Daí seguiram todas as marcas e modelos. Vale uma menção honrosa a Roland que trouxe algo surpreendentemente, revolucionário e ...caríssimo. Era equivalente a uns 15 mil reais hoje. Falamos da Roland VG-8. Foi a primeira pedaleira onde eu vi um som de guitarra muito perto de ser o som de grandes guitarristas nos Cds. Ela fazia horrores, mudava até a afinação do instrumento e não parecia ser artificial. A distorção era imbatível e a "desgraçada" não tinha válvula nenhuma... Como podia? Pensavam eu e todos. A VG-8 foi o primeiro produto onde foi lançada a idéia de Clonagem de amps valvulados. E a tecnologia saiu com um nome fantasia chamado COSM, onde o M é de Modeling, mas não foi pra frente por ser muito cara.

Pedaleiras

Veio então, a "era das pedaleiras" e começaram as mentiras dos fabricantes, aproveitando a desinformação da nova geração de guitarristas, onde eles promoviam em jogadas de marketing, vários guitarristas famosos (ou emergentes) "usando" esses equipamentos.
O preços dessas pedaleiras eram razoáveis, a qualidade nem tanto, não dava pra comparar a qualidade do reverb e do delay de uma unidade Lexicon com os de uma Digitech dessa época dos anos 90. A Boss, como já não vendia mais pedais, passou a produzir pedaleiras também. A ME-8, por exemplo....mas foi com a GT-5 que ela lançou um outro marco importante das pedaleiras. Era um VG-8 para "pobres", mas mesmo assim MUITO caro. Quase ninguém comprou pelo alto custo. Anos mais tarde veio uma com preço razoável, a GT-3. A qualidade era discutível. Enquanto isso a Digitech lança uma versão da GSP-21 com presets assinados por guitarristas famosos. Vendeu bastante mas nem de perto eram os sons dos caras. Me lembro de como eram artificiais mesmo tendo uma válvula interna. Nesses equipamentos, ter uma válvula dentro da pedaleira era uma jogada de marketing. Podia não ter um som bom, que o cara mesmo assim acreditava que tinha. A Marshall entrou nessa onda com os amps híbridos. Jogou o preço lá em baixo e mesmo assim dizia que tinha o som dos Marshalls todo valvulados. Não é verdade e nessa época muita gente não tinha a noção das diferenças entre timbre do estágio de pré e de potência. A grande maioria achava que o timbre estava todo nas válvulas de pré. E foi com essa informação propagandeada pela mídia que isso se sustenta até hoje. Temos uma nova geração de garotos se iniciando nas guitarras e os fabricantes os querem.

Modelamentos

No final dos anos 90, a tecnologia de modelamento de amps já não era assunto exclusivo da Roland. A Roland barateou o COSM nas suas GT-5 e GT-3 mas houve perda de qualidade sonora. A dinâmica não era bem modelada. A Digitech lançou então uma pedaleira muito baratinha, parecia um brinquedo, a RP-100 que foi um sucesso de vendas, pois o preço era barato e o modelamento de amps deles era melhor que os da Boss. A Zoom entrou nesse mercado com seu modelamento próprio nas suas pedaleiras série 500, mas para atingir o preço alvo, nenhum desses equipamentos tinham a qualidade dos Racks do passado. Faltava ainda resolução e transparência. Esse é o motivo pelos quais não se consegue um som profissional usando-se esses equipamentos e se você liga um bom equipamento no circuito com eles, o resultado final não é bom, pois o equipamento barato muitas vezes mata o sinal do equipamento bom. Isso se chama falta de transparência. Por isso, para manter a transparência e ter resolução adequada, realmente o melhor som, para o guitarrista com o ouvido já desenvolvido é o de se economizar na quantidade desses efeitos. É melhor não tê-los. Resolver seu problema de timbre com um bom amp e poucos efeitos de qualidade, e aceitar em não ter zilhões de efeitos inúteis (auto wah, leslie, rotary-sei lá o que) é a melhor opção. Você tem o mínimo de possibilidades, mas tem o máximo em timbre.
Uma pequena empresa formada por engenheiros eletrônicos que deixaram a Alesis, fundou uma empresa onde o foco principal seria de fazer equipamentos de modelamento de amps com qualidade profissional. Surgiu a LINE 6. Seus primeiros produtos eram bons, mas seu sucesso de vendas veio logo após, com o aparecimento do POD e depois do POD 2.0 e seus amps Flextone. Muita gente falava bem desses produtos. Eles prometiam o mesmo que o Sansamp prometia nos anos 90, fui testar completamente descrente, achando que iria encontrar mais uma pedaleira inútil. Enorme foi minha surpresa pois pela primeira vez eu vi um equipamento totalmente digital fornecendo um timbre e resposta dinâmica idênticos a amplificadores valvulados. Para quem passou por toda essa corrida de equipamentos como eu, ver aquele POD funcionando era algo fantástico, inacreditável. Era melhor que a VG-8 da Roland, muito mais. A Yamaha e a Fender entraram também nessa onda de modelamentos, mas pra ser sincero, não conheço as simulações deles (bem que eu gostaria de testar um DG-Stomp ou Cyber-Twin). O que tem além esses equipamentos da LINE6 é uma simulação de "ambiência". É o AIR, que simula a resposta das ondas sonoras sendo refletidas nas paredes simulando um estúdio com as caixas sendo microfonadas. Ou seja, esses LINE6 redefiniram um novo patamar, um novo padrão, onde com relativamente pouco dinheiro, você consegue os sons dos melhores racks antigos !! Mas sempre existem coisas para serem melhoradas. Agora, eles lançaram o POD XT LIVE, pra quem não pode gastar uma boa grana com o foot deles, eles fizeram o que a Digitech fez com a GSP-21, levaram a cpu para a pedaleira, eu ainda não testei, mas deve ser bom pelo que vi, eu prefiro o POD XT com o Foot, pela robustez do Foot (só que é mais $$)
Falta ainda nos LINE6 um effects loop, modelamento de alguns pedais de distorção (tipo o MXR dist + e o Metal Zone) e um harmonizer com qualidade Eventide, acho que um dia eles vão concluir o trabalho... Enquanto isso só nos resta sonhar.

Abraços






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