quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS


COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS


Moacir da Cruz Rocha *


 



Entregar o produto no momento, no local e de forma adequada ao consumidor final, é o objetivo maior que faz com que sejam montadas complexas e gigantescas estruturas de comercialização e logística.

Na agricultura, a origem do processo se dá com a decisão do produtor do que e quanto plantar. A qualidade dessa decisão depende da profundidade do conhecimento que ele tiver sobre o ramo em que atua e da noção de gestão empresarial, para adotar as melhores estratégias na superação das dificuldades e minimização dos riscos que envolvem a atividade agrícola, especialmente na fase de comercialização.

Observar o cenário e entender como atividade pode ser afetada em determinada conjuntura, pode ser determinante na tomada de decisão do produtor agrícola. É fundamental entender que a globalização tanto apresenta desafios, como oportunidades. Fazendo com que os sistemas agroindustriais ultrapassem as fronteiras nacionais e as nações possam se posicionar, simultaneamente, como exportadoras e importadoras de bens, mão-de-obra, indústrias, tecnologias e outros.

Para que o empresário agrícola consiga obter sucesso na comercialização de seus produtos é necessário que conheça os fundamentos do mercado. Estes são, entre outros, as cadeias produtivas, suas interrelações contratuais; os determinantes da oferta e da demanda dos produtos e de seus substitutos e os demais elementos da estrutura de mercado que influenciam o comportamento dos preços. Eles são as forças que dão origem a meios diferentes de formação e transmissão de preços dos produtos agropecuários. Juntamente com o


 


 

* MSc em Economia (UNAMA), Especialista em Gestão da Informação no Agronegócio (UFJF)Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Administrador formado pela Universidade da Amazônia, , E-mail: moacir.rocha@conab.gov.br


 

acompanhamento dos preços dos mercados futuros, fornecem as ferramentas básicas para operar nos mercados agropecuários.

A comercialização de produtos agrícolas é diferente de outros mercados, como comércio e indústria. Algumas dessas diferenças podem ser percebidas a partir das características do produto e da produção.

Os produtos agrícolas não estão normalmente utilizáveis para o consumo, à saída da exploração. Nestes casos, a sua preparação pode envolver a passagem por uma ou várias agroindústrias que os transformam em outros produtos que serão disponibilizados ao consumidor. O produtor agrícola também pode, ele próprio, apostar na transformação artesanal dos seus produtos. Em qualquer dos casos, esta função é importante pois, a este nível, se pode fazer a diferenciação do produto final.
As características principais dos produtos agrícolas são:
a) produzidos na forma bruta – necessitam ser transformados antes de ser vendidos ao consumidor final;

b) são perecíveis – se não se dispõe de forma adequada de armazenagem, precisam ser comercializados rapidamente; e

c) são volumosos – encarecendo o transporte e o armazenamento.

A produção apresenta as seguintes características:

a) variabilidade da produção anual;

b) sazonalidade;

c) distribuição geográfica;

d) atomização da produção;

e) variação da qualidade do produto;

f) dificuldade de ajustamento; e

g) estruturas de mercado enfrentadas.


A comercialização de produtos agrícolas engloba todo o processo que decorre desde a saída do produto da exploração agrícola até à sua chegada às mãos do consumidor". Engloba todas as operações e agentes que as realizam, relacionadas com o movimento de alimentos produzidos pela agricultura e matérias-primas, das explorações agrícolas até os consumidores finais e os efeitos destas operações sobre os agricultores, intermediários e consumidores.
A comercialização agrícola é como uma série de funções ou atividades de transformação e adição de utilidade (proporcionar satisfação biológica ou psicológica ao ser humano, que se dispõe a pagar por sua posse), onde bens e serviços são transferidos dos produtores aos consumidores. A comercialização ocorre no mercado, que é o local onde operam as forças de oferta e demanda e ocorrem as transferências de bens e serviços em troca de dinheiro. Mercado é "(...) uma coleção de firmas, cada uma delas ofertando produtos que têm algum grau de substituição para os mesmos compradores potenciais".
Durante o processo de comercialização ocorrem alterações de posse, forma, tempo e espaço. As alterações de posse correspondem à transferência de propriedade; ocorrem entre os agentes que operam entre a produção e o consumo final. Alterações de forma ocorrem com o emprego de recursos produtivos para transformar o produto agrícola de sua forma bruta em produto processado e em condições de ser consumido e proporcionar satisfação ao consumidor. As alterações temporais acontecem principalmente porque a produção agrícola é sazonal. As transformações espaciais referem-se a produção que ocorre, normalmente, em regiões fora do local de consumo .

O preço de um produto agrícola é um dos fatores que condiciona a sua procura. Preço de mercado é o preço que se consegue por um produto ao nível do consumidor, num mercado competitivo e reflete a satisfação que este espera conseguir através do consumo do produto. Ele também significa o nível de equilíbrio onde o máximo preço que os consumidores estão dispostos a pagar coincide com o mínimo preço que os produtores concordam em receber por determinada quantidade de produto.

No trajeto produtor-consumidor, a mercadoria passa por diferentes canais de distribuição. O nível do produtor é aquele onde os produtores oferecem sua produção aos intermediários. O nível de atacado é aquele onde ocorrem transações mais volumosas e a mercadoria passa para o varejista – é integrado pelos intermediários e alguns poucos produtores. O nível de varejo constitui o último elo da ligação e é aquele que está em contato mais direto com o consumidor.

O fluxo de mercadorias em direção ao consumidor pode ser decomposto em três fases distintas, mercados do interior ( concentração), mercados centrais (equilíbrio), mercado secundários (dispersão).

Na primeira etapa da comercialização há um processo de convergência da produção para um mercado central (atacadista). Neste mercado se dá o balanceamento entre oferta e demanda, caracterizando a segunda fase, onde a produção pode ou não ser armazenada. A terceira fase envolve a dispersão da produção em lotes cada vez menores, até alcançarem os consumidores finais por meio dos varejistas.

As operações de comercialização mais importantes são as seguintes:
Transporte: a operação de transporte é cada vez mais importante dado o afastamento das áreas de produção em relação aos centros de consumo e às maiores exigências, em termos de qualidade dos produtos, dos consumidores; acrescenta unidades de espaço ao produto agrário.
Armazenagem / Conservação: enquanto que a oferta de muitos dos produtos agrícolas se concentra apenas em alguns meses do ano (sazonalidade das produções), o consumo desses mesmos produtos dá-se durante todo o ano; tal só é possível porque se armazena e conserva (ou se transforma no caso de produtos perecíveis) uma parte importante das colheitas. Por outro lado, a oferta de produtos agrícolas também varia de um ano para outro. A armazenagem permite regularizar a oferta possibilitando a disponibilização de estoques quando a produção é insuficiente e a criação de estoques quando a produção é excedentária; acrescenta unidades de tempo ao produto agrícola.
Transformação: a transformação é normalmente considerada uma atividade à parte da comercialização. No entanto, os seus aspectos econômicos e comerciais fazem parte integrante da comercialização. Ela é importante para a diferenciação de muitos produtos agrícolas e mesmo indispensável para a conservação de outros (trigo, soja, milho, etc.).
Normalização / Tipificação: a normalização tem como objetivo formar lotes homogêneos de produtos de modo a facilitar as operações de compra e venda. A normalização, associada à tipificação, deve ser realizada para todas as produções agrárias pois contribui para a sua diferenciação junto do consumidor; estas operações acrescentam unidades de forma ao produto.
Embalagem / Informação ao consumidor: a embalagem tem funções identificadas com a proteção dos produtos agrícolas, a facilidade de transporte, a informação ao consumidor, mas igualmente com a imagem do produto. Há dois níveis a considerar: a embalagem de grandes quantidades de produtos, em que as primeiras funções referidas são privilegiadas e a embalagem para venda a retalho, em que se tem que ter em conta todas as funções que a embalagem pode desempenhar; esta operação acrescenta unidades de forma ao produto.

Compra / Venda: é a operação mais importante e óbvia da comercialização. Esta consiste, em parte, num conjunto de transações entre indivíduos que aproximam os produtos agrários do consumidor.

Estas operações compreendem algumas das atividades da logística,. Contudo, o transporte, por ser atividade fundamental da comercialização e ao mesmo tempo, um dos maiores causadores de problemas, merece um maior aprofundamento que farei no próximo artigo.

Um comentário:

  1. Existe algum artigo que faz menção de um dos maiores causadores de problemas?

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