Grazie Flavio Galvan al testo in italiano * Remercier Susana Metello le texte français



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

L'important c'est la rose


Louis Amade

Gilbert Bécaud

*

Toi qui marches dans le vent

Seul dans la trop grande ville

Avec le cafard tranquille du passant

Toi qu’elle a laissé tomber

Pour courir vers d’autres lunes

Pour courir d’autres fortunes

L’important…

*

L’important c’est la rose l’important

C’est la rose l’important

C’est la rose crois-moi

*

Toi qui cherches quelque argent

Pour te boucler la semaine

Dans la ville tu promènes ton ballant

Cascadeur, soleil couchant

Tu passes devant les banques

Si tu n’es que saltimbanque

L’important…

*

L’important c’est la rose l’important

C’est la rose límportant

C’est la rose crois-moi

*

Toi petit que tes parents

Ont laissé seul sur la aterre

Petit oiseau sans lumière, sans printemps

Dans ta veste de drap blanc

Il fait froid comme en Bohème

T’as le Coeur comme en carême

Et pourtant…

*

L’important c’est la rose l’important

C’est la rose l’importan

C’est la rose crois moi

*

Toi pour qui, donnant-donnant

J’ai chanté ces quelques lignes

Comme pour te faire un signe en passant

Dis à ton tour maintenant

Que la vie n’a d’importance

Que par une fleur qui danse

Sur le temps…

*

L’important c’est la rose l’important

C’est la rose l’important

C’est la rose croi-moi

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Lá na minha aldeia

Alberto Janes

*

Lá na minha aldeia

Não se vira o vira

A bater o pé

Repara Maria

Que assim como eu faço

É que é

*

Se o vira passou de jeito

É porque o vira dançado

De maneira que o sujeito

Não leva o par agarrado

*

E hoje nas danças modernas

Apertados é tabela

Não se sabe se as pernas

São dele, ou são dela

*

Lá na minha aldeia

Não se dança o vira

A bater o pé

Repara Maria

Que assim como eu faço é que é

*

Nas festas da minha aldeia

Tudo vem dançar p’ra rua

Em noites de Lua cheia

Tudo vira, até a Lua

*

E nos teus olhos amor

Quando o luar os altera

Os meus se encandeiam

E eu já não sou quem era

*

Lá minha aldeia…


Lá porque tens cinco pedras

João Linhares Barbosa

*

Lá porque tens cinco pedras

Num anel de estimação

Agora falas comigo

Com cinco pedras na mão

*

Enquanto nesses brilhantes

Tens soberba e tens vaidade,

Eu tenho as pedras da rua

Para passear à vontade

*

Pobre de mim não sabia

Que o teu olhar sedutor

Não errava a pontaria

Como a pedra do pastor

*

Mas não passes sorridente

Ao lardear satisfeito,

Pois hei-de chamar-te à pedra

Pelo mal que me tens feito

*

E hás-de ficar convencido

Da afirmação consagrada:

Quem tem telhados de vidro

Não deve andar à pedrada

La salvaora

António Quintero / Rafael León

Manuel López-Quiroga

*

Qué razon ténia

La pena traidora

Que el niño sufriera

Por la salvaora

*

Diechiocho años

Tien mi criatura

Y yo no me extraño

De tanta loucura

*

Eres tan hermosa

Como el firmamento

Lástima que tengas

Malos pensamientos

*

Quién te puso salvaora

Qué poço te conocia

El que de ti se enamora

Se pierde pa’toa la vida

*

Tengo a mi niño embrujado

Por culpa de tu querer

Si yo no fora casado

Contigo me iba a perder

*

Dios mio que pena más grande

El alma me llora

A ver cuando suena la hora

Que las intenciones

Se le vuelvan buenas

Ay, ay, ay a la salvaora


Lá vai Lisboa - Grande Marcha de Lisboa – 1935

Norberto Araújo

Raul Ferrão

*

Vai de corações ao alto nasce a lua
E a Marcha segue contente
As pedrinhas de basalto cá da rua
Nem sentem passar a gente

*
Olha o Castelo velhinho que é coroa
Desta Lisboa sem par
Abram rapazes caminho
Que passa a velha Lisboa
Que vai a Alfama passar
*
Lá vai Lisboa

Com a saia cor de mar
Cada bairro é um noivo

Que com ela vai casar
Lá vai Lisboa

Com seu arquinho e balão,
Com cantiguinhas na boca

E amor no coração

*
Bairro novo, bairro velho, gente boa
Em casa não há quem fique
Vai na Marcha todo o povo de Lisboa
Da Graça a Campo de Ourique

*

Olha o Castelo velhinho, que é coroa
Desta Lisboa sem par
Abram rapazes caminho
Que passa a velha Lisboa
Que vai a Alfama passar


Lá vão as flores

Paio Gomes Charinho

(Adaptação de Natália Correia)

Fontes Rocha

*

As flores do meu amigo

Briosas vão no navio

Lá vão as flores

E com elas os meus amores

Foram-se as flores

E com elas os meus amores

*

As flores do meu amado

Briosas leva-as o vento

Lá vão as flores

E com elas os meus amores

Foram-se as flores

E com elas os meus amores

*

Briosas vão no navio

Na armada irão seguindo

Lá vão as flores

E com elas os meus amores

Foram-se as flores

E com elas os meus amores

*

Briosas leva-as o barco

Para lutar no fossado

Lá vão as flores

E com elas os meus amores

Foram-se as flores

E com elas os meus amores

*

Na armada irão seguindo

Servir meu corpo garrido

Lá vão as flores

E com elas os meus amores

Foram-se as flores

E com elas os meus amores

*

Para lutar no fossado

Servir meu corpo louvado

Lá vão as flores

E com elas os meus amores

Foram-se as flores

E com elas os meus amores

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

La zarzamora

António Quintero / Rafael León

Manuel López-Quiroga

*

En en café de Levante

entre palmas y alegrías
Cantaba la zarzamora
Se lo pusieron de mote

porque dicen que tenia
los ojos como la mora

*
Le hablo primero a un tratante y olé
Y luego fue de un Marqués
Que la lleno de brillantes y olé
De la cabeza a los pies

*

Decía la gente que si era de hielo
Que si de los hombres se estaba burlando
Hasta que una noche con rabia de celos
A la zarzamora pillaron llorando
*
¿Que tiene la zarzamora
Que a todas horas
Llora que llora por los rincones
Ella que siempre reía
Y presumía de que partía

los corazones?

*

Lleva anillo de casado,
Me vinieron a decir,
Pero ya lo había besado
Y era tarde para mi
Que publiquen mi pecado
Y el pesar que me devora
Y que todos me den de lado
Al saber del querer desgraciado
Que embrujo a la zarzamora

Lágrima


Amália Rodrigues

Carlos Gonçalves

*

Cheia de penas

Cheia de penas me deito

E com mais penas

Com mais penas me levanto

No meu peito

Já me ficou no meu peito

Esse jeito

O jeito de te querer tanto

*

Desespero

Tenho por meu desespero

Dentro de mim

Dentro de mim um castigo

Não te quero

Eu digo que não te quero

E de noite

De noite sonho contigo

*

Se considero

Que um dia hei-de morrer

No desespero

Que tenho de te não ver

Estendo o meu xaile

Estendo o meu chaile no chão

Estendo o meu xaile

E deixo-me adormecer

*

Se eu soubesse

Se eu soubesse que morrendo

Tu me havias

Tu me havias de chorar

Uma lágrima

Por uma lágrima tua

Que alegria

Me deixaria matar

Lar português

Maria Laura Xavier de Paiva

Jaime Santos

*

A casinha de nós dois é pequenina

Mesmo em frente da capela

A dois passos uma fonte cristalina

Linda moldura singela

*

É humilde a nossa casa, mas é nossa

Deu-nos Deus esta riqueza

Um burrinho e uma carroça

Uma hortinha viçosa

E a lareira sempre acesa

*

Uma candeia no topo

A ceia feita com mato

Bebemos do mesmo copo

Comemos do mesmo prato

Curiosa a Lua Cheia

À janela vem espreitar

E vê à luz da candeia

Eu e ele a namorar

A nossa casa é um ninho

Pobrezinho, onde há carinho

Alegria pão e vinho

*

Entra o Sol e o luar pelo telhado

Cada um com sua chama

P’ra beijarem o Senhor crucificado

Que está sobre a nossa cama

*

Os pardais em corridinhas pelo chão

Gostam da nossa pobreza

E comem com presunção

As migalhinhas de pão

Que caem da nossa mesa

*

Uma candeia no topo…


Lavava no rio lavava

Amália Rodrigues

Fontes Rocha

*

Lavava no rio, lavava
Gelava-me o frio, gelava
Quando ia ao rio lavar
Passava fome, passava
Chorava também, chorava
Ao ver minha mãe chorar

*

Cantava também, cantava
Sonhava também, sonhava
E na minha fantasia
Tais coisas fantasiava
Que esquecia que chorava
Que esquecia que sofria

*
Já não vou ao rio lavar
Mas continuo a chorar
Já não sonho o que sonhava
Se já não lavo no rio
Por que me gela este frio
Mais do que então gelava
*

Ai minha mãe, minha mãe
Que saudades desse bem,
Do mal que então conhecia
Dessa fome que eu passava
Do frio que nos gelava
E da minha fantasia
*

Já não temos fome mãe
Mas já não temos também
O desejo de a não ter
Já não sabemos sonhar
Já andamos a enganar
O desejo de morrer


Le premier jour du monde

Datin / Vidalin

*

Le monde a commencé dans une fleu Orange

Personne en ce temps là pour le voir

Personne pour comprendre, personne pour savoir

Qu’après cet incendie, quelques grains de poussière

Flotteraient dans le bleu du ciel indifférent

Et que certains peut-être, ils resteraient longtemps

C’était le premier jour du monde

Le premier jour du monde

*

Dans le creux d’un rocher une mousse légére

Devient un arbe vert sous la première pluie

La terre était la terre, il y poussait des fruits

Et quand il a fait nuit dans ce silence énorme

Personne pour compter les étoiles d’argent

Personne qui s’endort sous le ciel du Printemps

C’est le premier jour du monde

Le premier jour du monde

*

Et puis qui sait pourquoi ? Quelque Chose qui vibre

Quelque chose d’étrange presque comme nous

Et comme il fallait vivre cela s’est mis debout

Depuis ce premier jour nous marchons l’un vers l’autre

A travers les saisons, par d’étranges chemins

C’est toi et pas un autre, c’est toi ou ce n’est rien

Et seuls au premier jour du monde

Le premier jour du monde


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Lerele



Francisco Muñoz Acosta

Genaro Monreal Lacosta

*

Vengo del templo de Salomón

Traigo las leys del faraón

Me manda Undivé

Com palabras que conservo en la memoria

Sobre la historia de la raza calé

No me dejes gitanito canastero

Porque te quiero como a nadie querré

Lo mismo que el sol

Lo mismo que el sol

*

Y un lerelereleré

Y un lerele

Y un lerelereleré

Y un lerele

Y un lerelereleré

Y un leré

*

Nunca te caiga la maldición

Porque a los tuyos traigas traición

Que arriba Undivé

Está siempre vigilando los quereres

De tos los pobres de la raza calé

Lo mismito que se funden los metales

En mi sentido se há fundido un querer

Lo mismo que el sol

Lo mismo que el sol

*

Y un lerelereleré …


Lianor

Luiz de Camões / Alain Oulman
*
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura
Vai fermosa e não segura
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura
Vai fermosa e não segura
*
Leva na cabeça o pote
O testo nas mãos de prata
Cinta de fina escarlata
Sainho de chamalote
Traz a vasquinha de cote
Mais branca que a neve pura
Vai fermosa e não segura
*
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura
Vai fermosa e não segura
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura
Vai descalça e não segura
*
Descobre a toca a garganta
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado
Tão linda que o mundo espanta
Chove nela graça tanta
Que dá graça à fermosura
Vai fermosa e não segura
*
Descalça vai para a fonte

Lírio Roxo



Ao nascer da bela aurora

Sai o pastor da cabana

Meu lírio roxo

Sai o pastor da cabana

Cantando em altas vozes

Muito padece quem ama

Meu lírio roxo

Muito padece quem ama


Lisboa à noite

Carlos Dias

Fernando dos Santos

*

Lisboa

Andou de lado em lado
Foi ver uma toirada,

Depois bailou, bebeu
Lisboa

Ouviu cantar o fado
Rompia a madrugada

Quando ela adormeceu
*
Lisboa não parou a noite inteira
Boémia, estouvanada,

Mas bairrista
Foi à sardinha assada

Lá na feira
E à segunda sessão

De uma revista
*
Dali p’ró Bairro Alto enfim galgou
No céu a lua cheia refulgia
Ouviu cantar o fado

E então sonhou
Que era saudade

Aquela voz que ouvia


Lisboa antiga

Augusto dos Santos

José Galhardo

Raul Portela

*

Lisboa velha cidade

Cheia de encanto e beleza

Sempre a sorrir tão formosa

E no vestir, sempre airosa

O branco véu da saudade

Cobre o teu rosto linda princesa

*

Olhai senhores,

Esta Lisboa d'outras eras

Dos cinco réis

Das esperas

E das toiradas reais

Das festas

Das seculares procissões

Dos populares pregões matinais

Que já não voltam mais

Lisboa bonita (Grande Marcha de Lisboa 1964)

Hermenegildo de Figueiredo

Jenny Telles

*

Lisboa minha cidade

Tão airosa e tão bonita

Outra igual eu nunca vi

Sinto a tua mocidade

Cada vez és mais catita

E mais eu gosto de ti

*

Apesar de tão velhinha

És cada dia mais nova

Tens mais cor nos teus recantos

Lisboa cidade minha

Aqui tens mais uma trova

A cantar os teus encantos

*

Lisboa, Lisboa

Vamos lá cantar

Esta Marcha ecoa

Na rua ao passar

Mouraria passa

Bica e Madragoa

Alfama e a Graça

Por toda a Lisboa

*

Tens um Castelo altaneiro

Que é a tua sentinela

Desde o Rei conquistador

Tens a Sé, tens o Mosteiro

Tens a graça da viela

Sempre à espera de um pintor

*

S. Vicente te abençoa

Santo António te acarinha

E roga a Deus que te ajude

Vela por ti ó Lisboa

Lá na sua capelinha

A Senhora da Saúde

*

Lisboa, Lisboa

Vamos lá cantar…