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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Amamentação Exclusiva: A Única Fonte de Água de que o Bebé Precisa

Recém-nascidos saudáveis vêm ao mundo bem hidratados e assim permanecem se forem alimentados exclusivamente com leite materno, dia e noite, mesmo nos climas mais quentes e secos. Apesar disso, a prática de dar água aos bebés durante os primeiros seis meses — período recomendado para a amamentação exclusiva — ainda persiste em muitas partes do mundo, com terríveis consequências nutricionais e para a saúde. Estas Perguntas & Respostas abordam tais consequências e o papel da amamentação para a satisfação das necessidades de água do lactente.


Por que razão se recomenda a amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses?

As directrizes internacionais recomendam a amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses com fundamento em evidências científicas dos benefícios para a sobrevivência, o crescimento e o desenvolvimento infantis. O leite materno fornece toda a energia e os nutrientes de que o bebé precisa durante os primeiros seis meses. A amamentação exclusiva reduz a mortalidade infantil causada por doenças comuns na infância tais como diarreia e pneumonia, acelera a recuperação durante as doenças e favorece o espaçamento entre as gestações.


A suplementação precoce com água é uma prática comum? Se a resposta for afirmativa, por que razão?

A prática de se dar água e outros líquidos como chás, água açucarada e sumos aos bebés que mamam nos primeiros meses é muito difundida no mundo todo. Esta prática muitas vezes começa já no primeiro mês de vida. Pesquisas efectuadas nos arredores de Lima, Peru, mostraram que 83 por cento dos bebês recebiam água e chás no primeiro mês de vida. Estudos realizados em várias comunidades de Gâmbia, Filipinas, Egito e Guatemala relatam que mais de 60 por cento dos recém-nascidos eram alimentados com água açucarada e/ou chás.
As razões apresentadas para a suplementação alimentar com água variam entre as diversas culturas. Algumas das razões mais comuns são:
Crenças culturais e religiosas também influenciam a suplementação alimentar com água dos recém-nascidos.
Adágios transmitidos de geração em geração aconselham as mães a dar água aos seus bebés. A água pode ser vista como a fonte da vida — uma necessidade tanto espiritual como fisiológica. Algumas culturas consideram o acto de dar água ao recém-nascido como uma forma de acolher a criança na sua vinda ao mundo.
A orientação dos serviços de saúde também influencia a utilização de água em muitas comunidades e hospitais. Por exemplo, um estudo realizado numa cidade do Gana descobriu que 93 por cento das parteiras acreditava que se deve dar água a todos os bebés a partir do primeiro dia de vida. No Egipto, muitas enfermeiras aconselham as mães a dar água com açúcar após o parto.


Como é que os bebés amamentados obtêm água suficiente?

Dependendo da temperatura, humidade, peso e nível de actividade do bebé, a necessidade média diária de líquidos para bebés saudáveis varia entre 80 a 100 ml/kg na primeira semana de vida e 140 a 160 ml/kg entre o 3º e o 6º mês. Estas quantidades são completamente obtidas através do leite materno se a amamentação for exclusiva e não restrita (sempre que o bebé quiser, de dia e de noite) por duas razões: O leite materno é 88 por cento água. A quantidade de água do leite materno consumida pelo bebé exclusivamente amamentado satisfaz as necessidades da criança e fornece uma considerável margem de segurança. Muito embora o recém- nascido obtenha pouca água com o leite inicial espesso e amarelado (colostro), nenhuma quantidade adicional é necessária porque os bebés nascem com uma reserva extra de água. Leites com maior teor de água “aparecem” geralmente por volta do terceiro ou quarto dia. O leite materno é pobre em solutos. Uma das principais funções da água é expelir, através da urina, os solutos presentes em excesso no organismo. Substâncias dissolvidas (por exemplo, sódio, potássio, nitrogénio e cloretos) são conhecidas como solutos. Os rins — embora imaturos até a idade de aproximadamente três meses — são capazes de concentrar solutos em excesso na urina para manter uma composição química corporal saudável e equilibrada. Como o leite materno é pobre em solutos, o bebé não necessita de tanta água como uma criança mais velha ou um adulto.


E os bebés que vivem em climas quentes e secos?

A água presente no leite materno cobre as necessidades de água do bebé em condições normais e também é suficiente para os bebés que estão sendo amamentados em climas quentes e secos. Estudos indicam que os bebés saudáveis e exclusivamente amamentados nos primeiros seis meses de vida não necessitam de líquidos adicionais, mesmo naqueles países com temperaturas extremamente altas e baixa humidade. Os níveis de solutos na urina e no sangue dos bebés que foram exclusivamente amamentados em tais condições situavam-se dentro dos valores normais, indicando adequada ingestão de água.


Dar água ao bebé antes dos seis meses pode ser prejudicial?

Dar água antes da idade de seis meses pode trazer significativos riscos à saúde.Dar água nos primeiros 6 meses aumenta o risco de malnutrição. Substituir o leite materno por um líquido de pouco ou nenhum valor nutritivo pode ter um impacto negativo sobre o estado nutricional, a sobrevivência, o crescimento e o desenvolvimento do bebé. Mesmo o consumo de pequenas quantidades de água ou outros líquidos pode encher o estômago do bebé e reduzir o seu apetite pelo leite materno que é rico em nutrientes. Estudos mostram que dar água antes da idade de seis meses pode reduzir a ingestão de leite materno em até 11 por cento. Dar água glicosada na primeira semana de vida tem sido associada à maior perda de peso e internamentos hospitalares mais prolongadas.
Dar água aumenta o risco de doenças. A água e outros alimentos, quer sejam líquidos, quer sejam sólidos, são veículos de entrada de agentes patológicos. Os bebés correm o maior risco de exposição a organismos causadores de diarreia, especialmente em ambientes com condições precárias de higiene e saneamento. Nos países menos desenvolvidos, duas em cada
cinco pessoas não têm acesso a água potável de qualidade. O leite materno garante o acesso do lactente a um suprimento dequado e prontamente disponível de água limpa.
Pesquisas realizadas nas Filipinas confirmam os benefícios da amamentação exclusiva e o efeito prejudicial da suplementação precoce com líquidos não nutritivos nas doenças diarréicas. Dependendo da idade, um bebé tinha duas ou três vezes mais probabilidades de sofrer de diarreia se a água, chás e preparados de ervas lhe fossem administrados além do leite materno, do que se o bebé fosse alimentado exclusivamente com o leite da mãe.


Deve-se dar água aos bebés com diarreia?

Em caso de diarreia leve, recomenda-se aumentar a frequência da amamentação. Quando o bebé está com diarreia moderada ou grave, os prestadores de cuidados devem procurar imediatamente a orientação dos profissionais de saúde e continuar a amamentar, segundo as recomendações das directrizes do Tratamento Integrado das Doenças Infantis (AIDII). Os Bebés com suspeita de desidratação podem necessitar de Terapia de Reidratação Oral (TRO), a qual deve ser ministrada apenas sob recomendação de um profissional de saúde.1


Como é que os programas podem abordar a prática vulgar de se dar suplementação com água?

Para abordar a tão difundida prática de dar água na idade lactente, os gestores de programas devem compreender as razões culturais que estão por detrás desta prática, analisar os dados existentes, realizar inquéritos familiares sobre práticas melhoradas e desenvolver estratégias de comunicação eficazes para a população-alvo.
Os provedores de saúde e os voluntários da comunidade precisam de ser informados de que o leite materno contém água suficiente que o bebé necessita se for exclusivamente amamentado durante os primeiros seis meses de vida. Eles podem também precisar de treinamento sobre como transmitir a mensagem e discutir as mudanças de comportamento. O quadro ao lado dá exemplos de mensagens desenvolvidas nos programas de promoção do aleitamento materno que abordam as crenças e atitudes locais sobre as necessidades de água do lactente.


Quais são as necessidades de água da criança após os seis meses de idade?

As directrizes para a ingestão de água após os seis meses são menos explícitas do que as dos primeiros seis meses. Deve-se introduzir os alimentos complementares — aqueles alimentos dados em conjunto com o leite materno para atender as elevadas exigências nutricionais do bebé — aos seis meses de idade. Os tipos de alimentos que uma criança consome irão afectar suas necessidades de água. Na maioria dos casos, as necessidades de água dos bebés de 6 a 11 meses podem ser satisfeitas com o leite materno. A água extra pode ser fornecida por meio de frutas ou sumos de frutas, vegetais ou de pequenas quantidades de água fervida dada após a refeição.
Deve-se tomar cuidado para assegurar que a água e os outros líquidos não substituam o leite materno. A água pode também suplantar ou diluir o conteúdo nutritivo de alimentos complementares densamente energéticos. Sopa de aveia, sopas, caldos e outros alimentos semi-sólidos dados ao lactente em geral não têm a densidade energética recomendada para os alimentos complementares (0,6 kcal/g). É possível melhorar o estado nutricional de crianças desse grupo etário reduzindo-se a quantidade de água acrescentada a esses alimentos.

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