31.5.06

A irmãzinha da Quequel

Ontem a Quequel, o Rubens e eu fomos ao fórum para começarmos um novo processo de habilitação.

Foi o primeiro passo! Buscamos a lista de documentos e soubemos das mudanças que aconteceram. Como disse a psico, "o tribunal de justiça burocratizou o processo". Demorava um mês, agora vai demorar quatro! De qualquer forma, a comarca de São Bernardo do Campo continua sendo maravilhosa se compararmos com tantas outras que levam meses e meses, né? E o atendimento aqui é perfeito! Elas nos receberam muito bem e ficaram felizes de rever a Quelzinha.

Difícil mesmo já está sendo segurar a empolgação da Quequel. rs Gente, está demais!

Hoje ela chegou do colégio me perguntando se podia ter contado. Depois que já contou, né? hehe A Quequel falou para a professora que vai adotar uma irmã! Uma amiguinha perguntou qual será o nome dela e a Quel explicou que ela já virá com um nome.

Minha fofa não fala em outro assunto! Já me perguntou se ela poderá conversar sozinha com a irmã e explicar que não precisa ficar assustada. Quis saber como será o primeiro dia, se vamos chamar os avós e tios...já planejou como ficará a divisão do guarda-roupa e disse que quer dormir abraçadinha com ela. Ah, ela quer que a irmã seja moreninha como ela!

Eu expliquei que o processo demora, mas ela continua fazendo planos. Ontem expliquei de novo e ela disse: "Ah, não! Não vou ter minha irmã no meu aniversário?".

Amigos, o que eu faço com ela? rs

Ainda nem contamos para a nossa família! Vamos ter que correr com isso, antes que a Quel espalhe para todo mundo.

Nossa história

Esses são os meus tesouros Natanael (11 quase 12), Aloísio (4), Luana (3 faz amanhã!)
Fará 5 anos no dia 15 de junho que eu conheci o amor da minha vida inteira!
A adoção sempre esteve na minha vida, mesmo com algumas experiências tristes relacionadas a ela. Experiências que vivi como filha( minha mãe tentou uma adoção tardia) e por ser ainda muito pequena não tenho como relatar na totalidade. Mas a visão da adoção como coisa natural sempre esteve comigo, e a certeza de que eu nunca engravidaria.
Não sei de onde vem essa convicção, mas eu sempre soube. E meus exames todos e do meu marido sempre foram normais...mas a gravidez realmente nunca aconteceu.
Sou professora, e na escola onde trabalhava havia o caso de 5 irmãs que provavelmente seriam encaminhadas para o abrigo. As idades variavam entre 1 e 12 anos, o que comoveu minha diretora, que na época propos que cada uma das meninas ficasse com um dos membros do nosso grupo de amigos. A menininha que ficaria comigo chamasse Rafaela, hoje tem 6 anos e é a filhinha muito amada da minha amiga Ana Luiza.
Na época comecei a pesquisar com meu marido sobre adoção e resolvemos nos inscrever no forum. Posso dizer que dei muita sorte , me inscrevi em março e em junho minha habilitação estava para sair...cabe aqui um parênteses, moro no interior, numa comarca com o quadro técnico completo oque agiliza um pouco a coisa, e a assistente social e a psicóloga que fizeram minha habilitação foram muito humanas com a gente.
Na hora de traçar o perfil, tivemos algumas divergências, pois eu queria até 5 anos menina, e o meu marido até 2 sem destinçãod e sexo, por fim fizemos de acordo com o desejo dele, entramos num acordo de que aceitariamos conhecer crianças mais velhas mesmo com esse perfil.
Numa visita á minha sogra que mora em Santos fomos conhecer a Casa Vó Benedita, e lá conhecemos nossos anjos da guarda, Tia Beth e Tia Jane, que até hoje vivem nos nossos corações e a quem sempre visitamos quando vamos á Santos.
Quando dizemos que queriamos adotar uma criança até dois anos a Tia Jane deu uma lição na gente explicando como era o processo, que não adianta ir ao abrigo sonhando sair de lá com um bebe rosa nos braços e tudo aquilo quepra gente foi uma novidade imensa!
Ela nos apresentou os meninos que estavam para adoção, todos em grupos de irmãos e com mais de 5 anos em média. Foi nesse passeio pelo abrigo que literalmente tropeçamos no Natanael.
Ele brincava em baixo de uma mesa, e pulou no colo do Léo...Espertinho ganhou a gente na mesma hora! Ao me abraçar ele disse que eu havia demorado pra ir busca-lo, oque deixou todomundo espantado, pois o Nata costumava ser um menino muito arredio depois que o irmãozinho foi embora.
Levamos ele para passear, e voltamos para Assis com o coração apertadinho de saudade...mas decididos. Pedimos uma cópia da nossa habilitação no forum , visitamos ele nos fins de semana ( 500km de distância), ligavamos todos os dias, até que eu entrei de férias e tivemos oportunidade de ficar uns dias em Santos para resolver a papelada dele.
Recebi a guarda dia 18 de julho de 2.001, exatamente 4 anos depois o forum de Assis me ligou para conhecer um casal de 1 e 5 anos. Eram duas crianças lindas, mas a menininha nem olhou pra gente, não houve " empatia " como dizem, mas pelo segundo casal chamado ela se apixonou.
No mesmo dia que conhecemos este casal, vimos o Aloísio e a Luana.
O Aloísio veio todo feliz contar pro Léo que ele ia no dentista, e mostrou os dentinhos todos careados, contou que tinha dor e não dava para comer...apresentou a Luana, nessa hora meu coração ficou apertadinho...Que olhar mais triste ela tinha, com o dedinho na boca, a cabecinha cheia de alergia...meu coração apertou.
Fomos nos informando sobre eles, ficamos sabendo suas histórias, que ainda não estavam destituidos , que esperavam a resposta do estudo de uns tios, mas pedimos autorização para visita, e começamos a visita-los em agosto de 2.005, sempre acompanhando de longe o processo no forum, pois não tinhamos acesso direto.
Em setembro tomamos a decisão de brigar por eles, contratamos uma advogada ( nosso terceiro anjo da guarda) e entramos com a petição de destituição familiar e guarda para adoção... Pior mês da minha vida, entramos com o processo dia 14 de setembro e no dia 14 de outubro ganhei meus presentinhos de dia do professor.
Hoje escrevendo aqui para vocês vejo como o tempo voou...fazem 7 meses que eles estão em casa...parece que sempre estiveram ali!
A adaptação deles ta sendo mais fácil do que foi a do Natanael, mas hoje em dia vendo o meu moção todo bonito, não consigo me lembrar das dificuldades, sóda vitória...as dificuldades com o apoio de boas leituras e apoio de um grupo como o nosso fica mais fácilde ultrapassar.
Hoje vendo a Milena com o Natinha dela, revejo a minha história e da uma saudade do meu Natinha quando era pequeno...vou procurar uma foto para mostrar como ele era.
Bom gente é isso...esse post ficou longo demais!

Abraços

30.5.06

Adoção por Juca Chaves

Na primeira vez que encontrei Maria Clara, minha filha, ela já estava irremediavelmente abraçada à Yara, minha esposa. Olhei aquela menina negra de olhos espertos e não pude resistir: Criança não tem cor, tem sorriso. E o sorriso dessa menina me comoveu mais do que todos os outros.
Na noite em que foi abandonada na porta de uma igreja, recém-nascida, e recolhida pelas irmãs do grupo de adoção Tamina, na Bahia, o seu destino parecia ser igual ao de milhares de outras crianças que, diariamente, vêem o pacto de felicidade que lhes deu a vida ser rompido da maneira mais cruel.
No entanto, Maria Clara parece ter nascido predestinada. Os mais crentes diriam que o dedo de Deus deixou sua marca na menina em forma de um curioso sinal de nascença. Negra, Clara nasceu com uma manchinha branca na testa e, logo que a encontraram, as freiras batizaram-na com o mesmo nome da minha mãe. Coincidência ou deusdência? Eu acredito nas coincidências felizes, porque as infelizes a gente tem que esquecer.
Montar uma casa, escrever um livro, adotar um filho,,, Maria Clara não saiu da minha barriga, mais entrou no meu coração, diz Yara para explicar o porquê da adoção.
Na verdade, nós vimos na adoção uma forma de realização suprema do sentimento de paternidade e maternidade, pois implica uma opção muito sincera, na qual o sentimento de querer um filho é muito maior do que simplesmente ter esse filho. É difícil existir no mundo alguém com um amor maior do que o meu pela Clarinha, diz Yara.
Infelizmente, para muitas pessoas, a adoção ainda é um tabu. Há mulheres que preferem passar por um sofrido processo de inseminação artificial a aceitar uma criança que não carregue a sua herança genética. Eu não hesitei em usar a mesma polêmica das modinhas e das paródias políticas que me tornaram famoso em todo o Brasil: Não há maldade pior do que deixar uma criança abandonada. Muitas mães que fazem questão de gerar seus próprios filhos acabam criando traficantes, assassinos ou coisa pior, já o Chaplin, por exemplo, foi criado na rua e se tornou um dos maiores gênios de todos os tempos. Geralmente, o filho adotivo é sempre o melhor, porque a relação surge de uma necessidade de ambas as partes e a educação é mais atenciosa.
No Brasil, a burocracia torna o processo de adoção moroso. Todo ano, acontecem centenas de adoções efetivas, grande parte delas realizada por casais europeus que acabam dando a essas crianças uma vida de Primeiro Mundo. No meu caso, o fato de ser uma personalidade pública facilitou a adoção de Maria Clara. Logo que vimos, a levamos para casa e vivemos um período de adaptação de oito meses, exigido pela lei. Só quando a Clarinha completou um ano, nós recebemos a posse oficial. Foi o documento mais importante que eu assinei na vida. Existem várias famílias que levam uma vida modesta, mais nem por isso deixam de adotar uma criança. Eu não estou no meu melhor momento econômico, mas isso não interferiu de forma alguma na decisão de adotar a Clarinha. Quem morre rico não tem imaginação.
Após adotar Maria ouvi comentários a respeito da cor da menina. Às vezes algumas pessoas velhas me perguntam por que eu quis adotar uma criança negra. Eu costumo dizer que, em primeiro lugar, para melhorar a nossa raça branca que sempre foi ruim e em segundo porque quando Clarinha chegar à idade dessas pessoas não terá tantas rugas e celulites justamente por causa da maravilhosa cor de sua pele.
As pessoas preconceituosas são seres inferiores. Por que minha filha vai se sujeitar a conviver em um mundo inferior? Não quero transformá-la em vedetinha, mas prefiro que ela conviva com artistas e intelectuais, que são pessoas sem qualquer tipo de preconceito. A maior de todas as heranças é a cultura. Se eu puder, vou deixar um seguro-estudo para ela.
Clara gosta de comer peixe e bife de fígado, já freqüenta a escola e também faz natação. À noite, adora dormir no meio de nossa cama, ouvir histórias e canções de ninar.
Clarinha hoje enche de alegria as tardes de Itapuã quando o sol vai embora e também é companhia obrigatória em todos os meus compromissos.

JUCA CHAVES

29.5.06





Vocês já viram uma borboleta saindo do casulo? Ela esta lá dentro toda apertadinha e vai saindo de pouquinho, esticando as asinhas devagar, num processo que leva horas mas é muito necessário para o sangue ser bombeado até as asas e para que fiquem firmes sustentando o corpo na hora de voar. É um processo lento, mas de um final lindo, leve... bonito de se ver. Com a adoção é assim também! A gente vai se envolvendo de leve, aos poucos, depois vê que é um bom caminho e aí da um desespero na gente , uma vontade de ter o filho tão sonhado nos braços ...e se esquece que sem a preparação as asas da gente ficam fraquinhas, sem sangue o suficiente para nos sustentar, pode ser que assim fraquinha a asa não sustente o sonho de ser mãe, de ser pai. Acho até que são essas asas fracas que devolvem os filhos ao abrigo. Outro ponto , muito tempo de espera não é sinônimo de aprendizado não, tem que esperar lendo pesquisando, conhecendo... É assim que as asas se fortalecem. Se uma mulher está grávida, por mais nervosa que esteja não pode desejar que o filho nasça logo aos cinco meses, na adoção também é assim, a opção deve ser feita no momento de maturidade e de muita reflexão. Esperar o tempo certo , não quer dizer, não conhecer as crianças, ou não divulgar seu sonho, não ficar em cima do seu processo no forúm...isso tudo também é aprendizado e aqui finalemente chegamos ao nosso propósito...NOSSO OBJETIVO É FORTALECER AS ASAS! Ler juntos, debater em grupo, discutir polêmicas vendo novos olhares...Nosso obejtivo é apoiar! Quando a gente se torna pai e mãe, as asas precisam estar fortes para amparar nosso filho, que como toda criança apresentará todos os comportamentos de uma criança normal: birra, choro, manha, peraltices ( e em cada idade elas são diferentes). Nossos limites passam a ser muito testados, mas as crianças são sempre as mesmas, mas a mater/paternidade , muda muito a gente! Mais uma vez as asas precisam de um reforço. Nós queremos ser esse reforço, esse apoio.Um espaço pra dividir conhecimentos, vivências, percepções, para incentivar a adoção em todos seus aspectos , mas principalmente no que se refere aos pequenos que estão abrigados. Não vamos promover encontros, mas apoiar para que eles sejam felizes e para a vida toda.
Abraços
Glaucia
com beijos especiais para Anne e Carmem

26.5.06

Adaptação à nova família



Quais as possibilidades de uma criança maior de dois anos adaptar-se a uma nova família?

É preciso dividir essa "criança maior de dois anos" em quatro grupos, pelo menos: dos 02 aos 06 anos, dos 07 aos 10 anos, dos 11 aos 14 anos e dos 14 aos 18 anos. Cada grupo desses tem suas próprias especificidades e desafios. O primeiro grupo é o de crianças pequenas e, se a dor delas é excruciante pois são completamente indefesas diante da maldade, sua capacidade e prontidão para receber amor é imensa, podendo se adaptar com bastante facilidade, uma vez enfrentadas as sombras e feridas. O segundo grupo é o de crianças que já construíram e, às vezes, já desconstruiram a esperança; estão na fase de encontrar o esboço de suas identidades e as vicissitudes de uma vida amarga tornam isto muito difícil, sua adaptação depende, não só de muito amor, mas de muita disponibilidade para enfrentar a revolta e refazer caminhos que se perderam ou foram truncados. O terceiro grupo é dos que têm, até, sonhos, mas não têm mais esperanças e suas fantasias são fora da realidade pois a realidade é doida demais; se estão na rua, já foram capturados pela prostituição e pelo delito; se estão num orfanato multiplicaram a primeira e original rejeição pelas dezenas de vezes que viram outras crianças menores mais brancas, ou meninas, serem levadas por uma família e eles, não; essa rejeição cotidiana como uma farpa de sofrimento que condiciona sua auto – imagem e deforma o mapeamento de sua existência. Sua adaptação, numa família adotiva, depende de amor, de um profundo senso de responsabilidade dos pais, de uma lucidez capaz de compreender os problemas e demandas dessa criança, quase adolescente, de forma a fazê-las elaborar e superar o passado para se tornar um adulto feliz. O quarto grupo já é formado por adolescentes e é marcado pelas dificuldades de uma infância abandonada e pelas ambigüidades desta idade; em alguns casos, o apadrinhamento afetivo pode vir a ter resultados mais eficientes que a adoção formal. Nos dois últimos grupos o acompanhamento especializado de assistentes sociais e psicólogos, antes, durante e depois (principalmente, depois) de concretizado o ato da adoção é de extrema importância.Sim, a adaptação de uma criança maior é possível. Mas, mais do que isso, é necessária, pois trata-se de uma criança, de verdade, de um ser vivo e único que não pode ser jogado fora só porque não corresponde à fantasia que os adultos têm de uma linda boneca.
( Fonte: Cecif )

Texto originalmente postado por AnneCris

O que é Adoção?

O QUE É A ADOÇÃO
A adoção não é uma vergonha e não é um segredo!


A adoção não é um ato de humanidade e não é algo a se elogiar!


A adoção é um laço de amor como outro qualquer!


Assim como as mães biológicas podem contar sobre sua gravidez e o nascimento dos seus filhos, as mães adotivas podem contar sobre a espera e o nascimento dos seus filhos em suas vidas (o especial dia em que se conheceram!). As duas podem falar sobre a alegria e as dúvidas que encheram seus corações quando estavam decorando o quarto que receberia seu filho.


Não amamos alguém por causa de seu tipo sangüíneo ou pelo DNA que carrega!


Há milênios os poetas se esforçam em descrever o amor! Como posso eu, uma pessoa comum, explicar o imenso amor que me une à minha filha? A mim me cabe apenas senti-lo e divulgá-lo para que outras pessoas se dêem a oportunidade de sentir a mesma emoção.


Ontem, dia 25 de maio, foi o Dia Nacional da Adoção! Muitas famílias e muitas crianças e adolescentes comemoraram a bênção que transformou suas vidas!


Vamos torcer bastante para que no próximo ano, nessa data tão especial, muitas outras crianças e adolescentes possam sorrir ao lado de seus verdadeiros pais, aqueles que abriram seus corações e seus braços para recebê-los num lar digno e cheio de amor, que é um direito de todo cidadão!

23.5.06

Desfazendo os mitos sobre a adoção

Tudo o que é cercado de mistério e de segredo, também acaba cercado de mitos. E mito é o que não falta em relação à adoção, especialmente no Brasil. O mais conhecido é aquele que aponta as crianças adotadas como mais problemáticas.
"Não necessariamente", afirma a assistente social Maria Josefiba Becker, especialista em direitos da criança e do adolescente. Para ela, não é possível atribuir todos os problemas de uma criança adotada ao simples fato de ela ter sido adotada. "A qualidade dos vínculos afetivos estabelecidos com os pais, biológicos ou adotivos, é, em grande parte, responsável pelo bem estar, segurança, auto-estima dos seres humanos", completa.
A psicóloga Dulce Barros concorda: "É evidente que nem todas as crianças têm facilidade de lidar com a informação de que vêm de outra família, especialmente quando isto é dito de repente, ou quando nunca é dito abertamente", explica. "Por isso, o certo é dizer a verdade desde cedo, e ficar sempre ao lado da criança, para que ela perceba o amor dos pais, mesmo que esteja magoada com eles".
Outro mito muito difundido é o de que as crianças adotadas sempre desejam conhecer os pais biológicos. "Isso é coisa de novela. Na vida real, a maioria das crianças prefere nem pensar no assunto, e muitas vezes até negam o fato de terem sido adotadas", relata a doutora Dulce.
Outra impressão errada é a de que as crianças adotadas com mais idade, por terem vivenciado mais intensamente a experiência do abandono, são mais revoltadas e têm mais dificuldade de se adaptar à nova família. Como observa a assistente social Maria Josefina Becker, "a experiência do abandono é, realmente, muito dramática.
No entanto, quando adotada por pessoas amorosas, compreensivas e com capacidade de acolher e tolerar algumas frustrações iniciais, a criança pode perfeitamente superar os traumas vividos pelo abandono". Ela também salienta que "a vivência do abandono, sobretudo o abandono afetivo, pode ocorrer em crianças criadas com sua família biológica."
Quanto a esse mesmo tema, a psicóloga Dulce Barros acrescenta que, ao contrário do que pensa o senso comum, as crianças adotadas com mais idade, por entenderem melhor a situação, tendem a se adaptar mais facilmente à idéia do que aquelas adotadas quando bebês. "Nos casos em que um irmão mais velho é adotado junto com os irmãos menores, é ele que faz o papel de mostrar aos menores o quanto a nova família é importante".
Fonte : http://mulher.terra.com.br/maesefilhos/interna/0,,OI384679-EI4108,00.html

15.5.06

Deus e a Mãe de Deficiente



(autoria desconhecida)
Por ano mais de 100 mil mães tornam-se mães de crianças deficientes. Você alguma vez já pensou como as mães dos deficientes são escolhidas por Deus?
Imagine Deus pairando sobre a Terra selecionando as mães para receberem seus filhos e instruindo seus anjos a tomarem nota em um grande livro.
- Para Beth Armstrong, um menino, anjo da guarda Mateus.
- Para Marjorie Foster, uma menina, anjo da guarda Cecília.
- Para Carrie Rudlegde, gêmeos, anjo da guarda Gerard.
Finalmente ele passa um nome para um anjo sorri e diz:
- Dê a ela uma criança deficiente.
O anjo cheio de curiosidade pergunta:
- Por que a ela Senhor? Ela é tão alegre...
- Exatamente por isso. Como eu poderia dar uma criança deficiente para uma mãe que não soubesse o valor de um sorriso? Seria cruel!
- Mas será que ela terá paciência?
- Eu não quero que ela tenha muita paciência porque aí ela com certeza se afogará no mar da auto-piedade e desespero. Logo que o choque e o ressentimento passar, ela saberá como se conduzir.
- Senhor, eu a estava observando hoje. Ela tem aquele forte sentimento de independência. Ela terá que ensinar a criança a viver no seu mundo e não vai ser fácil. E além do mais Senhor, eu acho que ela nem acredita na sua existência.
Deus sorri e diz:
- Não tem importância. Eu posso dar um jeito nisso. Ela é perfeita. Ela possui o egoísmo no ponto certo.
O anjo engasgou. - Egoísmo? E isso é por acaso uma virtude?
Deus acenou um sim e acrescentou:
- Se ela não conseguir se separar da criança de vez em quando, ela não sobreviverá. Sim, essa é uma das mulheres que eu abençoarei com uma criança menos perfeita. Ela ainda não faz idéia, mas ela será também muito invejada. Sabe, ela nunca irá admitir uma palavra não dita, ela nunca irá considerar um passo adiante, uma coisa comum. Quando sua criança disser "mamãe" pela primeira vez, ela pressentirá que está presenciando um milagre. Quando ela descrever uma árvore ou um pôr do sol para seu filho cego, ela verá como poucos já conseguiram ver a minha obra. Eu a permitirei ver claramente coisas como ignorância, crueldade, preconceito e a ajudarei a superar tudo. Ela nunca estará sozinha. Eu estarei ao seu lado cada minuto de sua vida, porque ela está trabalhando junto comigo.
- Bom e quem o Senhor está pensando em mandar como anjo da guarda?Deus sorriu. - Dê a ela um espelho, é o suficiente.


Postado a pedido de Maria Antonieta

A Escola e o Aluno Adotivo ou Abrigado

A Escola e o Aluno Adotivo ou Abrigado *

Trabalhar o tema educação nas escolas é sentido e vivido por muitos pais adotivos, Grupos de Apoio à Adoção e abrigos como uma necessidade. São muitas as situações de angústia e desconforto por uma realidade que não inclui os filhos por adoção ou as crianças/adolescentes abrigados nos conteúdos didáticos e nas relações sociais estabelecidas no universo escolar.

A escola cumpre papel fundamental na formação intelectual e moral de nossas crianças e jovens. Coloca-se como um espaço onde são aprendidos e reproduzidos conceitos e comportamentos culturalmente vividos na sociedade; também conceitos relacionados à família e a adoção. É o espaço propulsor de mudanças e de descoberta de novos conhecimentos.

A escola atua como parceira dos pais e dos abrigos na educação de seus filhos e abrigados, pelo tempo em que permanecem na instituição e pela influência que as relações e o meio social exercem na formação do indivíduo. Entendida a sua importância, faz-se necessário ponderar sobre dois aspectos: a família que se constitui ou aumenta pela adoção e, as situações temporárias e muitas vezes indefinidas das crianças e jovens nos abrigos.

Assim como há algum tempo atrás não foi possível pensar a família a partir do conceito aprendido da 'família nuclear burguesa', a família tradicional: pai, mãe e filhos, unidos pelo casamento e o sistema educacional deixou de considerar este modelo como ideal, normal e desejado e passou a incluir a realidade de outros arranjos familiares - filhos de pais separados, de família monoparental, de famílias recompostas, de união consensual, da convivência com membro do grupo familiar ampliado, etc. - retirando, dessa forma o estigma de 'anormalidade' desses novos arranjos familiares, fazendo com que nossas crianças deixassem de se sentir diferentes e excluídas do sistema educacional, o mesmo precisa acontecer, agora, com a família por adoção e a criança temporariamente abrigada.

Nesta mesma perspectiva a família adotiva é considerada como ‘inferior’ ou de ‘menor valor’ porque não atende ao modelo tradicional de filiação biológica. Forma-se e se consolida pelas relações afetivas e não pelas relações biológicas.

Todos nós aprendemos na escola como alguém se torna filho através da biologia, da união das ‘sementinhas’ do homem e da mulher, mas não aprendemos que alguém pode se tornar filho de outras maneiras, como conseqüência do afeto e do desejo; que alguém pode ser mãe e pai de filhos que não têm a sua ‘sementinha’, o seu sangue. Não aprendemos a diferenciar o ato de ‘procriação’ do ato de ‘filiação’ e entendemos as duas palavras como sinônimos, quando na verdade não o são.

Não aprendemos na escola que não basta conceber um filho, é preciso amá-lo e deseja-lo como filho para que se torne filho. Enfim, aprendemos que pais ‘verdadeiros’ são os pais biológicos, os que colocam no mundo e isto nem sempre confere com a verdade. Talvez se tivéssemos aprendido que pais são os que amam, se responsabilizam, os que ajudam os filhos a crescer e os que assim são reconhecidos pelos seus filhos, não usaríamos a expressão ‘pais verdadeiros’ para fazer referência aos que procriam. Porque fazendo tal referência, por conseqüência, consideramos os pais adotivos como não sendo verdadeiros, como falsos pais.
Se pensarmos bem, veremos que também os pais biológicos adotam afetivamente como seus filhos as crianças que geram, quando decidem assumi-las como pais. Outros simplesmente participam do ato da procriação, mas não se tornam pais. Então, os que assumem afetiva e efetivamente crianças como filhos, independente de serem ou não seus genitores, se tornam PAI e MÃE de verdade.

É preciso reformular os conceitos de paternidade, maternidade e filiação e considerar a variedade de situações familiares. É preciso desaprender o aprendido para poder entender de outra forma, sem preconceitos, sem mitos. E não se desaprende num dia o que se aprendeu numa vida. E não se muda de uma hora para a outra o que está no nosso coração, no nosso entendimento e visão do mundo e das coisas.

É preciso mudar culturalmente e isto demanda tempo. Mas todos concordamos que está na hora de começar e, neste processo de mudança, é fundamental a participação das Unidades Educacionais. Acreditamos na Escola, no seu papel educativo e formativo das novas gerações. Acreditamos nos educadores e na sua capacidade e sensibilidade para fazer acontecer o novo.

Entendemos e partimos da premissa que os educadores são pessoas da população, que também passaram pelos bancos escolares e que também aprenderam a valorizar a filiação biológica; que não foram preparados e educados para falar sobre adoção ou sobre crianças abrigadas com situação familiar ainda indefinida, para viver e entender os múltiplos aspectos de uma relação adotiva. Como toda a população, também carregam preconceitos e mitos perpassados culturalmente na família e na escola.

Sensibilizar os educadores para a questão da adoção e da necessidade de reformular conceitos, buscar informações e compreender o papel da escola na construção de uma nova cultura se coloca imperativo no trabalho dos Grupos de Apoio à Adoção, até porque com o aumento desses grupos em todo o país, os filhos por adoção estão cada vez mais esclarecidos sobre esse assunto e aos educadores seria importante acompanhar essa evolução cultural.

Thelma Pascucci Ferrão – Presidente do ACONCHEGO Grupo de Apoio à Adoção de Bragança Paulista – maio/2006-05-12

Em comemoração ao dia 25 de Maio – DIA INTERNACIONAL DA ADOÇÃO

* Adaptação do texto ‘Escola, as questões da família e adoção’ de Isabel L. Funk Bittencourt, Assistente Social do Judiciário de Santa Catarina, publicado no Boletim Informativo nº 38 do GAARC – Grupo de Apoio à Adoção de Rio Claro em setembro de 2004.

14.5.06

MEU PRESENTE DE DIA DAS MÃES

Minha mãe Carmem e o Natanael

vejam só que coisa linda de Dia das Mães , a moçada acordou ccedo e fizeram café pra mim com suco, pãozinho tudo bem gostoso pra começar bem o dia.
Mas o que mais me alegrou hoje foi esse bilhetinho que recebi do Natanael:

"Mãe você é bonita e linda. Eu gostei de você desde o dia que nos conhecemos na creche. Eu te amo mais doque o mundo inteiro, mais do que o universo.
Feliz Dia das Mães"
Nem preciso dizer o quento a gente se emociona com essas coisas né?! È corujisse postar no blog, mas também é uma forma de mostrar que sementes de amor rendem bons frutos, independe da idade em que são semeadas.
Muita gente está deixando de ter um dia das mães bem especial por se fixar em padrões e conceitos ultrapassados, por estar fixado num perfil idealizado. Deixando de ser feliz por não acreditar no potencial de amor armazenado nos meninos e meninas dos abrigos, nos meninos e meninas " velhinhos" e fora dos padrões de sonho.
FELIZ DIA DAS MÃES

13.5.06

Dia das Mães

Aprendi que ser mãe não é esperar nove meses, nem ver a barriga crescer nem muito menos ter o seio farto de leite. Podemos levar um tempo muito maior ou menor do que os nove meses para ter os filhos nos braços. Podemos deixar o coração inflar ao invés da barriga. Podemos alimentar o filho com mamadeira ou com um belo prato de comida, se quando ele chegar não for mais um bebê.
O que nos faz mãe de verdade é o amor incondicional. É sentir uma emoção infinita por um lindo ser que não sabemos exatamente de onde veio, como veio, de que jeito chegou e que, embora com data marcada pelos Planos Deus, não tínhamos a noção exata de quando chegaria. Podemos ser mãe do dia para noite, quando menos esperamos. E viver uma emoção que muita gente pensa que só existe na maternidade, na hora do parto.
Comemorar o Dia das Mães para mim é muito pouco se tenho outros 364 dias para viver intensamente a verdadeira maternidade. Por isso, nesse meu primeiro Dia das Mães não quero homenagens. Quero apenas homenagear meu filho Giovanni que me ensinou o verdadeiro sentido da palavra mãe e desejar a todas mamães e grávidas do coração uma maternidade plena em todos os dias de nossas vidas.
Um beijo
Salete Silva

12.5.06

SOBRE HOMENS E MACACOS


Ontem fui assistir a uma palestra de um professor que eu detesto!Não gosto do sujeito mesmo, pra mim ele se sente a ultima bolacha do pacote e não sou fã de gente assim.
A palestra era sobre indisciplina na escola, mas lendo ao post do Panthro logo aqui em baixo me lembrei de uma história que ele contou , mais ou menos assim:


Lá pelos anos 60 quando a psicologia experimental estava no auge, reuniram em uma jaula 5 macacos. No centro da jaula estava pedurado um cacho de bananas bem madurinho e cheiroso, e embaixo dele, uma escada para facilitar a vida de quem se aventurasse.
Pois bem, quando o primeiro macaco foi subir a escada, os outros quatro que observavam tomaram um jato de água gelada, que se repetiu cada vez que algum macaco tentasse subir a escada. Na terceira ou quarta vez que um macaco tentou, apanhou tanto de seus companheiros que nunca mais tentou.
Um dos macacos precisou ser substituido, e o novato ao chegar mal sentiu o cheirinho da banana e foi subir a escada, e novamente a agressão aconteceu, até que o novato nunca mais sonhou sequer subir aquela escada.
O mesmo ocorreu com o segundo, terceiro , quarto e quinto macacos que substituiram os primeiros participantes da experiência...Estavam agora na jaula 5 macacos que nunca haviam tomado um jato de água gelada ao ver um colega subir a escada,nas repetiam a mesma agressão que o jato de água fria provocou. Eles nunca subiam a escada e agrediam quem tentasse ...e se pudessem falar ao serem questionados sobre os motivos da agressão ao " assanhado" provavelmente diriam:
__ Mas as coisas sempre foram assim por aqui!

O PRECONCEITO se justifica assim, dizendo que ele sempre existiu, " As coisas sempre foram assim por aqui".
Se justifica afirmando que um homossexual não pode ser pai adotivo por que o que os outros vão dizer? Não é preconceito " mas as coisas sempre foram assim".
Não há nada o que fazer contra o preconceito, afinal " as coisas sempre foram assim por aqui"Por que mudar o que existe assim desse jeitinho por tanto tempo?
Não é bom " pegar pra criar" uma criança grande , sempre dá problema, semrpe vai usar droga e virar bandido, mas não é preconceito" as coisas sempre foram assim por aqui'.
Dá pra escrever um livro só com os mitos que envolvem a adoção, mas nós queremos é mostrar o que é a verdade, ela é esse amor imenso que a Quel escreveu na cartinha pra mãe dela, isso vale qualquer jato d'água fria do mundo...Para Quel e para muitas crianças abrigadas nem sempre as coisas foram assim, mas podem passar a ser sempre, tendo o carinho e o amor que lhes é de direito, e que a vida em família proporciona.
Vamos deixar de entender a vida como sendo " sempre assim por aqui', tudo pode ser melhorado e renovado, cabe a nós pesarmos num mundo melhor, numa vida melhor, em idéias e valores melhores... Se o mundo ficar um pouco menos" assim mesmo", depois que a gente partir, já terá valido muito a pena viver!

Cartinhas de amor

A adoção tardia nos proporciona muitas maravilhas. Um bom exemplo disso são as cartinhas de amor.

Praticamente todos os dias a Quequel escreve cartinha de amor para mim. Eu ganhei a primeira cartinha no primeiro dia em nosso lar! Até hoje ela está guardada na minha carteira; todas as que vieram depois estão guardadas numa pasta que nós organizamos juntas.

Hoje ela escreveu algumas palavras inéditas e extremamente preciosas. Ela escreveu tudo colorido, fez desenhos, colou várias folhas de caderno para montar um rolo e amarrou com um laço azul de tecido.

Vou digitar aqui a parte que mais me emocionou:

"Eu já vou te dizer que eu te amooooo. Muito mesmo bem no coração que é mais importante para mim. Eu adorei nascer do coração da minha mãezinha. Não é legal nascer no coração da nossa mãe? Eu acho que todo mundo deveria nascer no coração das suas mães. É muito bom. Você deveria nascer. As mães são importantes para a gente, não é? É, eu concordo com vocês esse papo das mães. É muito legal falar de amor principalmente com as mães, não é? Sim claro com certeza."

11.5.06

Perguntas e Respostas

Por que, num pais mestiço como o nosso, ainda encontramos tantas barreiras para adoção de crianças etnicamente diferentes da gente?

Porque não somos mestiços. Somos um país branco. Mandamos vir um monte de gente da Europa pra que o Brasil deixasse de ser mestiço. Claro que qualquer um que conheça uma pessoa branca de verdade sabe que de brancos não temos nada, somos, quando muito, pardos. Mas as pessoas gostam de se pensar brancas. Gostam de se separar pela cor da pele, não é nem étnico. Tanto faz se seus pais são negros brancos ou japonês, é mais importante você ser pálido. Patético? Ô! Mas o que se pode fazer? A grande parte das pessoas é burra que dói!

O que explica que meninos negros ou pardos com mais de 5 anos tenham pouquíssima chance de adoção?

Três coisas. Primeira: São meninos. As pessoas preferem meninas, porque querem brincar de boneca. Acham meninos violentos. Sendo que antes da puberdade não existe diferença nenhuma. Tirando, é claro, que as meninas mordem com mais força e se você bater na cara a Diretora pode te expulsar. Algumas crianças precisam até de brinco pra identificação! Claro que se você cria meninos e meninas pra serem diferentes, eles ficam diferentes. Mas isso tem muito mais a ver com como você educa seus filhos (e a sociedade em que ele é educado) do que razões orgânicas. Vide Suécia e seu programa anti-sexismo. Eles não têm mais casos de violência entre os meninos porque todos são criados da mesma forma.

Segunda: São negros. Ou pardos, o que quando é marcado no papel quer dizer "negro, mas não tão escuro". É um dos tipos de eufemismo pra coisas que não são negativas. Ser negro não tem nada de mais. Quer dizer, é claro que tem algumas coisas a mais, como ter maior resistência a câncer de pele e menor resistência a parasitas sanguíneos. Mas fora isso... O mais hipócrita de tudo é que as pessoas justificam seu próprio preconceito mal assumido (porque ninguém é racista, não... Não existe esse tipo de coisa no Brasil) dizendo que não quer que o filho sofra preconceito. Oras, se não quer que seu filho sofra preconceito, comece a tentar mudar a cabeça das pessoas preconceituosas. A começar pela sua. Você não tem que deixar de criar um filho por
causa do preconceito, você tem que lhe dar elementos para lutar contra o preconceito e tornar o mundo um lugar melhor. Pro seu filho e pros filhos dos outros.

Por último, a criança é velha pros padrões de adoção. Eu adoraria pensar que as pessoas só adotam bebês porque gostam muito de fralda suja, choro de madrugada e vômito morninho nas costas. Ou que gostam de gastar fortunas pra sustentar um bichinho extremamente frágil, que se você apertar a cabeça, afunda. Infelizmente tudo me leva a crer que o motivo é muito mais torpe. E ele se divide em dois: A genética (oh meu deus!) e as experiências da criança.

O da genética da criança vocês já devem ter visto. Impede as pessoas de adotar qualquer criança e é muito comum nos EUA. É o medo que a criança traga em seus genes alguma psicopatia, uma tendência a violência ou coisa do gênero. E, é claro, isso é uma palhaçada. Não existe esse gene. E mesmo que existisse um conjunto de genes reguladores da violência, eles seriam tão influenciados pelo meio quanto quaisquer outros. Ou vocês acham que uma pessoa desnutrida vai chegar a ter dois metros de altura se tiver genes pra isso? Você precisa de uma situação ideal na qual os genes se desenvolvam ou não. Você poderia até ter um "gene para compor sonatas de piano perfeitas", mas se não tiver um piano ele nunca vai funcionar.

O das experiências da criança é burro igual, mas é uma burrice muito mais sutil, que se você não prestar atenção, passa por inteligência. Uma vez que nós somos influenciados pelo meio, a criança que já passou uma cara no abrigo foi muito influenciada por um meio desconhecido. Isso pode levar a criança a ter comportamentos desagradáveis pros pais. Então eles não levam a criança pra casa. Sem entrar no lance de querer uma folha em branco pra poder decalcar a sua personalidade envolvido nesse caso (o que eu considero quase patológico), eu tenho que dar um dado chocante: O filho não sofre influência exclusiva dos pais. Mesmo nos estágios iniciais do desenvolvimento da criança, tipo, três, quatro anos, a criança sofre cerca de 50% de influência do ambiente externo. Não tenho idéia de como foi feita essa determinação, mas ela está no livro do Pinker, "Como a Mente Funciona". Para além dos números, o importante é a idéia: Seu filho não é criado só por você. A escola faz diferença. Os amigos fazem diferença. A TV faz diferença. A internet faz diferença. Então que história é essa de ter medo do que o garoto está trazendo de experiências do abrigo? Ele também vai ganhar um monte de influências que estão completamente além do seu controle. Seu trabalho é justamente deixar ele livre pra experimentar o mundo (a menos que você esteja criando o garoto da bolha de plástico) e apagar os incêndios que surgirem no caminho. Ou vocês acham, só pra citar um exemplo comum, que quando o filho usa drogas é porque os pais ensinaram?

Se não temos preconceito, por que temos tanto receio de enfrentar a sociedade e a família numa adoção diferente da gente?

Porque somos carentes e queremos ser amados por todos. Se nós não nos expomos ao preconceito, podemos pensar com alegria que as pessoas gostam da gente acima de qualquer coisa e que não temos amigos preconceituosos. Quando nos expomos, colocamos tudo isso à prova. Será que eles gostam mesmo da gente? Será que eles são mesmos livres de preconceito? Será que podemos sentir orgulho da nossa família? Será que podemos contar com eles sempre? É mais ou menos a razão porque muitos gays não se assumem. Têm medo de perder a ilusão de que tudo está bem. Mas eu acho que é melhor perder a ilusão de que as coisas estão bem e educar as pessoas pra que elas realmente fiquem bem do que tapar o sol com a peneira. Eu prefiro descobrir que meus alunos não sabem nada de Química e que eu vou ter que começar tudo de novo do que aprová-los sem que eles realmente tenham aprendido.

7.5.06

Dicas de litetatura infantil sobre adoção


FOTO:Jaqueline Maia
Aqui estão alguns títulos sugeridos pelo grupo de discussão Dobras da Leitura de Peter O´Sagae, faço paerte deste grupo que é parte dos ite www.dobrasdaleitura.com , o Dobras é referência de trabalho sério em Literatura Infanto Juvenil e faz parte do PNLL do Ministério da Cultura

ALGUNS TÍTULOS:

Alan Roberto de Oliveira - Amazônia (Saraiva)
Anna Claudia Ramos e Ana Raquel Máximo Pereira - Família (Formato)
Jamie Lee Curtis - Conto de novo a história da noite em que eu nasci(Salamandra)
Lúcia Pimentel Góes - Vínculos (Atual)
Márcia Lopes - A historinha bonitinha de Maria Estrelinha (Edicon, 1997)
Maria Salete Domingos - Mamãe, por que não nasci de sua barriga? (EA)
Rita Espechit - O livro mágico da bruxinha Nicolau (Atual, 1993 )
Sandra Diniz Costa - Dona Coelha não tinha coelhinhos (Claranto, 2003)
Sônia Barros - Diário ao contrário (Atual, 1997)
Uma das pessoas do grupo qcomentou que o livro da Jamie Lee Curtis é lindo, vou comprar e depois faço uma resenha para vocês.
Beijos Glaucia

3.5.06

DICAS PARA A REVELAÇÃO DA ORIGEM:

Comparação: Existem inúmeras histórias de adoção que podem ser contadas como referência. Diante de uma história semelhante, a criança não se vê como uma pessoa diferente das outras.
É importante para a criança visualizar / conferir que tem outras que também não nasceram das barrigas daquelas mães com quem convivem.
Oração: Independentemente do credo religioso, é interessante no momento da oração fazer agradecimentos a Deus por todas as coisas boas, dentre elas: a vida e aqueles que a geraram,daí surgem as figuras dos pais biológicos e a dos pais adotivos, estabelencendo-se à cada um (biológicos e adotivos) a sua importância para a vida da criança. A oração é uma prática interessante, para auxiliar a compreensão da criança pois além de valorizar a Fé, contribui para que não se estabeleça julgamento dos pais biológicos.
Histórias Infantis: Existe um grande repertório de histórias infantis que tem protagonistas adotivos. EX: Mogli foi adotado pelos animais da floresta, assim como Tarzan que foi adotado por Kala, uma macaca. O Super Homem nasceu no Planeta Kripton que foi destruído, quando ele tinha 2 anos, seus pais o lançaram no espaço a bordo de uma nave que caiu numa fazenda, onde o casal de fazendeiros o adotou. O Robin era um menino de rua e foi adotado pelo Batman, que por sua vez, também foi adotado aos 10 anos de idade pelo mordomo, depois da morte dos pais. No Rei Leão , Simba depois da morte do pai, refugia-se na floresta e é informalmente adotado pelo javali chamado Pumba, e um suricate de nome Timão. A revelação da origem do filho adotivo feita através das histórias permite que a criança se coloque no lugar do protagonista, estimulando o imaginário infantil.
Registro Fotográfico: Através da montagem de um álbum fotográfico, mostrar para a criança o repertório de fotos que registram as diversas fases do seu desenvolvimento e a sua história. Nestes casos as primeiras fotos devem mostrar a chegada da criança na casa, as pessoas que compartilharam daquele momento, o quarto que foi preparado para acolhê-lo, etc...Através deste registro fotográfico, os pais vão contando a história, do porque resolveram adotá-lo, de onde ele veio,como foi "escilhido". Essa abordagem contribui para que a criança visualise a sua história, valorizando todas as etapas de sua vida.
O dia da Chegada: É possível criar na família o "dia da chegada", para que anualmente se comemore a "chegada do filho". A criança terá além do aniversário, outra data de comemoração, como se tivesse nascido duas vezes: uma para o mundo, e outra para a família adotiva. Desta forma a criança verá com naturalidade sua história e verá na adoção motivo de alegria.
É importante ressaltar que não existem receitas que garantam o êxito de uma convivência familiar saudável, principalmente em se tratando das relações adotivas. As dicas apontadas podem servir como apoio aos pais que encontram dificuldades em abordar a revelação da origem do filho, no entanto, não são as únicas formas. Os pais devem respeitar o seu estilo, a sua maneira de ser, pois cada situação adotiva é única, assim como as pessoas envolvidas.
O importante é que a revelação leve em consideração a idade da criança, sua capacidade de compreensão e que seja feita de forma gradativa, preferencialmente lúdica, acompanhando o desenvolvimento e a curiosidade apresentada pela criança.
(Texto elaborado por Maria Inês Villalva- Grupo de Apoio à Adoção Laços de Ternura)

1.5.06

Alguma indignação e alguns dados


Ontem assintindo ao Sob Nova direção da rede Globo eu fiquei estarrecida com uma cena do episódio.
A personagem sonha que está idosa com um filho marginal, e se sente sozinha e sem filhos (?) e se questiona com a frase " Isso é que dá criar filho dos outros!". Sou só eu que vejo o absurdo que há nisso?
No Planos de Deus recebi respostas tão idignadas quanto a minha, no nosso grupo, mas nas comunidades do orkut, chegaram a me dizer que não havia nada demais.
Ha muita coisa aí sim!. O texto do programa mostra que mesmo gente esclarecida e inteligente pode compactuar com uma visão de filho adotivo tão tacanha e preconeituosa.
É esse precocceito que faz com que os índices realcionados a adoção sejam esses:

IDADE /PROPORÇÃO
0 a 2 anos/ 36 para cada criança
2 a 5 anos /05 para cada criança
5 a 7 anos /02 para cada criança
7 a 10 anos /13 crianças para cada família
mais de 10 anos /66 crianças para cada família

Fonte: CECIF - Centro de capacitação e incentivo á formação de profissionais
Acredito que num país como o nosso onde a Rede Globo exerce tanta influência seria de fundamental importância que protesassemos com relação a esse episódio pedindo mais cuidado no trato com o tema, para quem sabe daqui um tempo esses índices mudarem um pouco.
Abraços
Glaucia