3.11.07

NOVO SITE DO FERRÉZ

Já está no ar novo modelo do site do Ferréz. Mais dinâmico e com uma interface muito bonita, desenvolvido pela equipe 1dasul (Web Site).

Ferréz é um híbrido de Virgulino Ferreira (Ferre) e Zumbi dos Palmares (Z) e uma homenagem a heróis populares brasileiros.

Ferréz começou a escrever aos sete anos de idade, acumulando contos, versos, poesias e letras de música. Antes de se dedicar exclusivamente à escrita, trabalhou como balconista, vendedor de vassouras, auxiliar-geral e arquivista. Seu primeiro livro, Fortaleza da Desilusão, foi lançado em 1997, com patrocínio da empresa onde trabalhava.

A notoriedade veio com o lançamento de Capão Pecado que está na terceira edição, lançado em 2000, romance sobre o cotidiano violento do bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde vive o escritor.

Ligado ao movimento hip hop e fundador da 1DASUL (marca de roupa totalmente feita no bairro).

Ferréz atuou como cronista na revista Caros Amigos. Em sua prosa ágil e seca, composta com doses igualmente fortes de revolta, perplexidade e esperança, Ferréz reivindica voz própria e dignidade para os habitantes das periferias das grandes cidades brasileiras.





Acesse http://www.ferrez.com.br/
Alguns links ainda estão sendo finalizados.
Auto-gestão em ação, por uma periferia melhor...

2.11.07

Da justiça para a terra

É impossível melhorar a situação social do Brasil sem fazer a Reforma Agrária. É impossível comer bem no Brasil dependendo do alimento envenenado do latifúndio. Distribuir a terra e fazê-la cumprir com sua função social é obrigação do país, está na lei, na Constituição.

Só aos grandes exploradores do campo e seus funcionários na direção dos veículos grandes de imprensa não interessa à Reforma Agrária. A todos os outros ela é necessária, fundamental, urgente.

Com informações do Setor de Comunicação do MST no RS:

Marcha do MST comemora 22 anos da ocupação da Annoni

Teatros, shows e um ato público marcam, neste final de semana, as comemorações dos 22 anos da ocupação que deu origem aos assentamentos na Fazenda Annoni, nos municípios de Pontão e Sarandi, no Norte do Rio Grande do Sul. As atividades em torno do aniversário acontecem no sábado (03/11), no Camping Zambiasi, no Assentamento 16 de Março, em Pontão. São organizadas pelas famílias assentadas na Annoni e pelos 1.700 integrantes que realizam a marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado.

A Fazenda Annoni e a Fazenda Coqueiros, no município vizinho de Coqueiros do Sul, possuem a mesma área e o sucesso dos assentamentos realizados na década de 80 comprova o potencial social e econômico da Reforma Agrária. Antes de ser desapropriada, a Fazenda Anoni era improdutiva e foi onde se desenvolveu o capim-annoni, hoje considerado uma praga nos campos de pastoreio gaúchos. Atualmente, os assentamentos na área produzem anualmente cerca de 20 mil sacas de trigo, 6 milhões de litros de leite, 150.000 sacas de soja, 35.000 sacas de milho, 45 toneladas de frutas, 800 cabeças de gado, 5.000 cabeças de suínos e 10.000 quilos de hortaliças.
As lutas pela desapropriação da Fazenda Annoni e a criação dos cinco assentamentos, em que vivem atualmente 420 famílias, é considerado o marco da atuação do MST no estado e, mais tarde, em todo o Brasil.

PROGRAMAÇÃO DA FESTA
No sábado (03/11), a comemoração começa com shows musicais, às 18h. Depois, às 20h, acontece ato público com a presença de apoiadores, de famílias assentadas na Fazenda Annoni e de lideranças antigas do MST, que contribuíram na criação e na formação do movimento no Estado. Às 20:30h, acontece a apresentação da peça teatral "A História de Sepé e do Povo Guarani", que envolve cerca de 200 assentados, estudantes e integrantes Sem Terra.
A direção do espetáculo é de Tadeu Mello, que também dirigiu outros espetáculos e minisséries de TV, como “Casa das Sete Mulheres”. Toda a programação será apresentada no Camping Zambiazi, localizado no Assentamento 16 de Março, na Área 1 da Fazenda Annoni, em Pontão. A juventude também participa das atividades com um encontro, que acontece entre os dias 2 e 3 de novembro no ginásio do assentamento 16 de Março. Além dos Sem Terra, participam das comemorações sindicatos e entidades apoiadoras, pastorais sociais, associações comunitárias, parlamentares, prefeitos e a comunidade local.

A agricultora do MST, Irene Manfio, que participou das ocupações da Annoni e vive no assentamento, considera a luta pela área um símbolo da resistência. "A Annoni foi o marco, aqui na região, da luta pela terra. Para as famílias, foi a conquista de suas moradas e suas vidas", diz.

OPÇÕES DIFERENTES
No Estado, as ocupações de terra organizadas por famílias Sem Terra iniciaram em 1979, com a tomada das fazendas Brilhante e Macali, em Ronda Alta, no Norte gaúcho. Na época, centenas de agricultores tiveram que sair de suas terras que foram consideradas áreas indígenas no município de Nonoai. Sem receber indenização dos governos (era a época da Ditadura Militar) e sem ter onde ir, os agricultores acamparam na beira de estrada, chegando a reunir mais de 600 famílias.

No entanto, a primeira e maior ocupação de terra realizada pelas famílias já organizadas no MST (a organização foi criada em 1984, durante um encontro realizado na cidade gaúcha de Erval Seco) foi em 29 de outubro de 1985, na Fazenda Annoni.
Cerca de 1.500 famílias Sem Terra ocuparam a área improdutiva, de pouco mais de 9.200 hectares, para forçar o governo militar a criar o assentado na fazenda, que já tinha o decreto de desapropriação desde o início dos anos 70.

No entanto, a desapropriação da Annoni, com a legalização dos lotes das famílias, só iniciou em 1990. A produção movimenta o comércio local e leva alimento sadio para a mesa dos trabalhadores da região. O assentamento também tem quatro escolas para as crianças e os jovens assentados. Já a Fazenda Coqueiros, que é reivindicada para reforma agrária, gera apenas 20 empregos diretos e ocupa 30% do território do município de Coqueiros do Sul. Em impostos, a fazenda contribui para a cidade com a mesma arrecadação que 4 aviários de pequenos agricultores. Além de dirigir toda sua produção para a exportação. "Por isso é que queremos a desapropriação da Fazenda Coqueiros. Para assentar as famílias e fazê-la desenvolver como aconteceu com a Fazenda Annoni", afirma Mauro Cibulski, coordenador do MST e da coluna da marcha que saiu da região metropolitana.

Assista um dos quatro filmes da série Acampados, realizada pela Catarse e conheça quem são os sem-terra:

30.10.07

MENINOS DA REPÚBLICA, o jornalismo na veia de Marcelo Min

Sobre as fotos
O ensaio fotográfico Meninos da República é parte de um trabalho de documentação do centro de São Paulo desenvolvido pelo fotógrafo Marcelo Min. Realizadas nos últimos dois anos, as imagens que compõem esta seleção retratam o cotidiano das dezenas de crianças e adolescentes que habitam as ruas ao redor do edifício Esther. Nas últimas semanas [texto publicado em 07/10/2007], a maioria deles desapareceu da região. Segundo o relato recente de um dos meninos, um por um foram detidos e atualmente cumprem pena de privação de liberdade em diferentes unidades da Febem na capital paulista.


Texto da jornalista LUCIANA BENATTI, especial para o Jornalirismo.



Sozinho, estirado na calçada da rua 7 de Abril, o meni
no que dorme à luz do dia, alheio ao que acontece em volta, é a imagem-símbolo da infância perdida nas ruas do centro de São Paulo. Como ele, dezenas de crianças de diversas idades sobrevivem amontoadas na região da Praça da República. Sem documentos, sem dignidade, sem direitos, contam com seus cobertores imundos como abrigo e as marquises dos prédios como proteção.


Em frente à praça, o edifício Esther, marco da moderna
arquitetura paulistana, é um dos prédios que, por ainda não terem sido completamente cercados com grades, emprestam suas marquises a esses pequenos cidadãos invisíveis. Encravado no quadrilátero formado pela avenida Ipiranga e as ruas 7 de Abril, Gabus Mendes e Basílio da Gama, esse ícone da arquitetura, que mantém ainda certa dignidade apesar da decadência, é testemunha silenciosa do cotidiano desses meninos e meninas, para quem a vida se resume a uma sucessão de dias e noites embalados pelo torpor de cola e tíner, sendo sistematicamente obrigados a cometer delitos para sobreviver.

Para essas crianças, não há brincadeira sem perigo. Diversão é risco: pendurar-se na rabeira de um ônibus ou nadar na enxurrada desafiando a força das águas. Invisíveis para a maioria, têm o convívio na cidade restrito aos meninos do próprio grupo. Aos demais cidadãos, dirigem uma única frase: “Tio, me arruma um trocado?”. Como interlocutores de verdade, contam ocasionalmente com os educadores de rua, que chegam trazendo livros e a disposição de lhes contar histórias. E, quem sabe, ouvi-los. Muitas vezes, a conversa é com a polícia. O resultado, uma temporada na Febem – ou Fundação Casa, como queiram.

Desacordado na porta de uma agência bancária, na mesma rua 7 de Abril, um dos meninos traz a imagem de Chaplin estampada na camiseta, na altura do peito. Como observou o poeta Nei Duclós (www.outubro.blogspot.com), ali, junto à criança desamparada, “Chaplin está no lugar onde sempre esteve: na exclusão, encolhido diante da brutalidade”. E segue adiante, apontando um caminho: “Pronto para despertar para o humor e a esperança, quando houver não apenas espectadores, mas protagonistas da mudança”.

[O ensaio mais completo, você confere abaixo].





Fotos: Marcelo Min
Música: aiceman

Baixe a música

Letra:

Noite escura se finda brisa fria com cola aqueço o meu corpo nú
Estou com medo, mas já é rotina seu eu não morre amanhã será um novo dia.

Hei bom dia começo a correria e me acordo com um balde de água fria
Atordoado com o colchão mão comerciante ecoa no refrão

Filhos das trevas sumam daqui repelem a freguesia envergonham a cidade
E a caridade que fiquem pros covardes não vou sustentar vagabundo ou malandragem

Vichi vou subir lá na Sé que talarica não vou amontoa garanto a minha a fita
Os gigante ao redor as pessoa a trabalhar a brisa da cola demoro di passa

Eu vou bote quem sabe um café uma coca cola seria melhor que uma esmola
Um trocado um real Tio cola cum nois prometo nunca mais se ouvir a minha voz

O que eu faço por comida que merda um dia eu saio desse vida megera

Ou então meto os cano vou pra cima do sistema
Casa de correção pra mim não é problema

Pior do que isso apanhar e de funcionário ou morrer na cela enforcado

A saída aqui na rua e vender crack ou fugi dos policia quando rouba táxi

Não, não por aqui meu senhor turista tem que ser bem tratado moro
Imagino o Eslogan lá na Europa o Brasil terra com pivete jogando bola

Mais é assim que funciona o esquema pouco dinheiro resolvia o meu problema
Carinho amor palavras abstratas constroem presídios e montam barricadas

Achava que a vida seria mais bela assim quando chovia brincava na guerra

Não sei quando começou mas eu nasci nela aborto mal sucedido o estado interna

E fácil como dor de cabeça mas o remédio não cura enxaqueca
Sejam bem vindos ao mundo suburbano meninos da república vagueiam pelos cantos

Refrão 3x

Quero viver
Quando crescer quero ter
Uma casinha pra mim
E um brinquedo assim

Seria como eu andar
E nunca me machucar
Minha infância eu perdi
Eu só queria fugir
Break

Crescer quero ter
Uma casinha pra mim
E nunca me machucar
Eu só queria fugir

Onde está o estatuto da criança
Onde está o dinheiro que se ganha
Onde está o valor do ser humano
Onde está a vergonha da sociedade
Que no quarto de despejo jogam
Os filhos dessa mãe gentil

Pátria amargurada
E que o sangue não seja das almas inocentes

Caldeirões incandescentes
Caiam sobre nossas mentes
Pois não ficaremos para sementes

Postado por Aice às Domingo, Outubro 21, 2007

O camisa 5 - por João Wainer

João Wainer é de primeira catiguria. Leitura obrigatória. A postagem de ontem (29) atrapa e aquece a alma. Informado, o leitor não é mais o mesmo. O jornalismo subverte. Rápido, intenso. A merda toda é que na irresponsabilidade dos grandes grupos, a força da reportagem é também perversa, se aproveitando justamente disso. Samuel Wainer, seu avô, sabia bem de tudo.

O tranca rua é seu blog. Indicamos também seu site pessoal

Agradecidos à Clarinha Glock, pela indicação.

Começa assim:

"Toda segunda-feira no Carandiru era dia de acerto de contas. Quanto mais longe do final de semana melhor para resolver as tretas pendentes na cadeia. É que fim de semana tinha visita e quando ladrão fazia merda na véspera, a entrada dos parentes e amigos era suspensa no ato. Quando a merda acontecia na segunda, dava tempo da direção esquecer até chegar o sábado. Essa era a rotina da maior cadeia que já existiu na América Latina, abrigando em sua lotação máxima 8 mil presos.
Aquela segunda, alem de ser o dia de acerto de contas era dia de clássico no campo do pavilhão 8 e só se falava sobre isso na Detenção. Dois times tradicionais duelavam pela final do campeonato organizado pela FIFA (Federação Interna de Futebol Amador), na época presidida por meu amigo Monarca, um dos presos mais antigos e respeitados do Carandiru. Todos os olhos da cadeia estavam voltados para aqueles 22 jogadores. Na beira do campo, momentos antes de começar o jogo, uma roda de samba animava a bandidagem regada a Maria-louca e muita maconha. Senti falta da câmera de vídeo quando os presos cantaram “Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”.
Na condição de visita, logo consegui um lugar no banco, atrás da linha de fundo.
Ao meu lado, sentou o Paraíba, um negro alto, magro e de bigode farto com quem eu sempre conversava bastante. Era um típico “cabra-da-peste”. Dizia que nunca roubou, não gostava e nem tinha talento para isso. “Só de pensar em roubar alguém minha mão começa a tremer. Não acho certo. Meu negócio sempre foi mesmo matar. Acho que nasci pra isso. Odeio ladrão” dizia com uma naturalidade estonteante.
O jogo seguia equilibrado, com muitas faltas e poucos gols. No meio do segundo tempo, Paraíba me cutucou e disse: “Ta vendo aquele cara ali, o camisa 5? Vai morrer hoje a noite”. Levei um susto, engoli seco, controlei os nervos e perguntei despretensiosamente, fazendo de conta que tinha ouvido algo normal, o por que do assassinato? “Treta de cadeia, já tá condenado mas ainda não sabe” disse sem dar mais detalhes.
Não consegui dizer nada. Parei de fotografar e perguntar pra ficar olhando para o cidadão com a camisa 5 que corria dentro do campo. Era a primeira vez que via um morto jogar bola. Muitos outros ali já sabiam que aquela noite haveria sangue.
Homicídio no Carandiru era um acontecimento. Havia um julgamento e depois da sentença, o cara que ia morrer era colocado ainda vivo em uma cela e esperava igual a um porco no matadouro a hora da morte. Não adiantava gritar. Diziam que a maioria ficavam em silencio. Um preso da faxina chegava com água, sabão, balde e rodo e deixava ao lado da cela. Assim que levava a primeira estocada, o sangue jorrava e começavam a limpeza. Vagabundo não gosta de sujeira na cadeia. Quando parava de se debater, o morto era puxado pelos pés e levado para a porta do pavilhão. O rastro de sangue que ficava era limpo na hora pelos responsáveis pela limpeza. Na hora de descer a escada, o barulho seco da cabeça desfalecida batendo nos degraus era assustador.
No dia seguinte, algum preso endividado ou com uma pena centenária ou milenar assumia o crime. Algumas vezes mais de dez assumiam a morte. Na lei, quando mais de dez matam na cadeia fica caracterizado motim, e ai ninguém é punido.
Sentado ali na beira do campo assistia ao morto vivo jogar bola. Imaginava cada etapa do assassinato. Pensava no que fazer com aquela informação. Gritar, avisar o cara, a direção do presídio, a policia? Meu cérebro entrou em parafuso e não fiz nada. Fui embora como se não houvesse ouvido aquilo. Nada do que eu fizesse mudaria o destino que se desenhava para aquele camisa 5. Conheço bem o parágrafo primeiro na lei da favela. Boca fechada sempre. Não sou louco de desrespeitar, mas não dormi direito aquela noite. Toda a seriedade que falta na justiça brasileira sobrava no Carandiru. A lei da cadeia é cruel e implacável, não existe apelação nem Supremo Tribunal Federal.
No dia seguinte voltei pra Detenção e na portaria me informaram que não poderia entrar pois houvera um homicídio na noite anterior. Sentei na calçada e lembrei daquele camisa 5 correndo atrás da bola. Não o conhecia, não sabia seu nome, porque estava preso nem a quantos anos foi condenado. Sabia que aprontou alguma e foi punido. Aquele volante raçudo era bom de bola e peça importante no time, tanto que esperaram o campeonato acabar pra manda-lo embora pro inferno".

28.10.07

Los 'sin tierra' indios imitan a Gandhi

ACONTECE NA ÍNDIA, HOJE
SEGUNDA-FEIRA-29
"Éste es el movimiento de resistencia pacífica más grande desde la Independencia"

DO EL PAÍS - TEXTO Y FOTO
"Si estamos muriendo de todas formas en las áreas rurales, nos vamos a ir a morir fuera del Parlamento", dice P. V. Rajagopal, el organizador de la marcha. Cuatro fallecieron ya en el camino, extenuados. Otros tres fueron atropellados.


A Devaras Dehera, un jornalero indio de 60 años, le caben todas sus pertenencias en un costal: un plato y un vaso de metal, un jabón, una cobija y unos pocos cacahuetes. Con este equipaje cargado en la cabeza, ha caminado 350 kilómetros con el asfalto de la carretera quemándole los pies descalzos. Dice que quiere conseguir "un poco de dignidad", lo que para él significa un poco de tierra para cultivar.

Dehera no está solo. Su marcha ha sido la de un ejército de desposeídos. Unos 25.000 hombres, mujeres y niños que llegaron ayer a Nueva Delhi, la capital de India. Exigen al Estado que cumpla una promesa de 60 años, cuando el subcontinente se independizó de Reino Unido: el derecho de todos los campesinos a un trozo de tierra.

Aunque hubo varios procesos de repartición, hoy sigue habiendo 170 millones de personas sin ninguna propiedad, sobre todo intocables. Además, durante las últimas décadas, comunidades como la de los adivasis han sido desplazadas de sus tierras para crear parques naturales o usar los recursos naturales.

Los sin tierra se han inspirado en Mahatma Gandhi, el padre de la patria, y emprendieron este viaje el día del aniversario de su nacimiento, el 2 de octubre, desde Gwarlior, al sur de Delhi. "Éste es el movimiento de resistencia pacífica más grande desde la Independencia", asegura el respetado gandhista Sewak Sharan. El Gobierno ha recibido su propuesta de Reforma Nacional de Repartición de Tierra, pero hasta ahora no ha dado ninguna respuesta. Ellos dicen que se quedan en Nueva Delhi hasta que les den lo que piden.


"Si estamos muriendo de todas formas en las áreas rurales, nos vamos a ir a morir fuera del Parlamento", dice P. V. Rajagopal, el organizador de la marcha. Cuatro fallecieron ya en el camino, extenuados. Otros tres fueron atropellados.

Leia também