Como em outras civilizações, a pintura apareceu na Grécia como um elemento de decoração da arquitetura. As paredes das construções eram, muitas vezes, ostentadas por vários painéis pintados que apareciam até nas métopas dos templos, no lugar das esculturas.

A arte na cerâmica proporcionou uma forma de realização da pintura grega. Os vasos gregos não eram conhecidos apenas pelo equilíbrio e forma, eles também são conhecidos pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a ornamentação.

Eles serviam para os rituais religiosos e para armazenar, entre outras coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. Os vasos tornaram-se objetos artísticos a partir da hora em que passaram a revelar uma forma equilibrada e um trabalho de pintura harmonioso.

Na maior parte das vezes, as pinturas dos vasos buscavam representar pessoas em suas atividades diárias e, principalmente, cenas da mitologia grega. Para dar início ao processo, o artista pintava, em negro, a silhueta das figuras. Dando continuidade, ele gravava o contorno e as marcas interiores dos corpos com um instrumento pontiagudo. Esse objeto era útil no momento de retirar a tinta preta, deixando linhas nítidas. O “Vaso François”, pintado por Clítias, retrata bem esse trabalho.

Contudo, Exéquias foi o maior pintor de figuras negras. “Aquiles e Ajax jogando” foi uma de suas pinturas mais famosas. Além do trabalho detalhista nos mantos e nos escudos dos heróis, o artista fez coincidir, nessa pintura, a curvatura do vaso com a inclinação das costas dos dois personagens; tudo isso feito de maneira harmoniosa. Outro aspecto a ser observado é que as lanças desempenham também uma função plástica: o modo como elas estão dispostas, leva o observador a dirigir sua visão para as alças da ânfora e, dessas, para os escudos colocados atrás das figuras. A junção de todos esses elementos cria um todo organizado, além de fazer com que a beleza do vaso seja resultado da integração entre esses detalhes.

A arte de pintar vasos sofre grandes modificações por volta do ano de 530 a.C. O responsável por isso foi o discípulo da arte, Exéquias. Ele foi capaz de inverter o esquema de cores, deixando as figuras na cor natural do barro cozido, além de pintar o fundo de negro também – isso fez com que desse início a uma série de figuras vermelhas. A inversão cromática foi o efeito conseguido com essa inversão, sobretudo por dar maior vivacidade às figuras.