sábado, 25 de agosto de 2012

Quadrinhos, melhor não lê-los em sala...Mas se não lê-los, como sabê-los?

Gente, uma das minhas maiores frustrações é que eu simplesmente ADORO quadrinhos, mas nunca consegui passar de forma satisfatória para os meus alunos essa minha paixão. Certa vez, quando dava aula de CEST para o sétimo ano (era para ser reforço de Português e Matemática, mas o que eu fazia mesmo era discutir valores) resolvi passar o filme "Escritores da Liberdade",  como eles se interessaram pelo filme, resolvi abordar mais a fundo a temática do Holocausto. Para isso, me utilizei de fragmentos do livro "O Diário de Anne Frank" e da história em quadrinhos "Maus: a história de um sobrevivente", de Art Spiegelman. Maus, que significa "rato" em alemão é a história de um judeu polonês que sobreviveu no campo de concentração de Auschwitz. Art, autor do quadrinho é filho desse judeu, chamado Vladek Spiegelman e ganhou vários prêmios, como o Pulitzer, feito memorável para um livro de quadrinhos. Mas, mais do que os prêmios que o fizeram famoso, Maus é um quadrinho psicológico, que tem um estilo sujo e uma das maiores graças (se é que pode haver alguma graça em tratar do Holocausto) é a representação dos personagens como animais: judeus são ratos, nazistas são gatos, norte-americanos são cães, poloneses são porcos e franceses são sapos.



Achei que eles iam gostar, mas não gostaram. Acharam chato, acharam os desenhos feios. Não entenderam a proposta. Na época, como professora iniciante, não fui atrás das causas do insucesso, mas hoje, pensando bem, acho que os alunos não estão acostumados a esse formato de história em quadrinhos mais sombrio, herdeiro das HQs norte-americanas, estilo Marvel e DC Comics. Como eu disse, não há como tratar do Holocausto de forma cômica e esse é o maior mérito de Maus. Mesmo sendo um quadrinho, consegue passar toda a angústia e os questionamentos vividos pelo personagem, que não consegue entender toda a avareza e rabugisse do seu pai. É impossível ter vivido a experiência de Auschwitz sem ficar com marcas indeléveis.

No Brasil, as produções mais famosas no gênero são infantis e cômicas (vide Maurício de Souza e Ziraldo). Não conheço nenhum quadrinho brasileiro que seja no estilo "Maus". Mas ainda assim, gostaria de tentar mais, de buscar outras formas de trabalhar com os quadrinhos, de trabalhá-los em sala como gênero textual.
Estou pensando em trabalhar novamente com Maus e com "V de Vingança", dessa vez com o 9.º ano. Estou novamente enfrentando o tema do Holocausto e quem sabe com alunos mais velhos a ideia não vinga?

Acredito que "V de Vingança" tem potencial para dar ideia aos alunos dos regimes totalitários. Os alunos conhecem a história por causa do filme lançado em 2006. Seria ótimo poder fazer um contraponto entre as duas linguagens, mas a escassez de tempo atrapalha. Além disso, a popularidade da máscara de Guy Fawkes em protestos recentes pelo mundo afora, parece ótima para mobilizar os alunos em torno de temáticas como a cidadania e a consciência política agora em tempos de eleições.



Vamos ver o que consigo fazer. Como sugestão, deixo aqui alguns links de História em Quadrinhos que podem ser utilizadas para trabalhar temáticas no ensino de História.

Abaixo, uma sequência didática elaborada pelo LEMAD, Laboratório de Ensino e Material Didático da USP que dá sugestões de como trabalhar a atuação dos Estados Unidos nas guerras, no século XX, a partir dos quadrinhos:

http://lemad.fflch.usp.br/node/1650

Nesse caso, são utilizadas as HQs do Capitão América, Super-Homem, entre outras.

A Proclamação da República contada pela simpática Turma da Mônica. Acredito que essa tem potencial para despertar o interesse dos alunos, uma vez que já é uma HQ conhecida deles.

http://emefmiguelcouto.blogspot.com.br/2011/11/proclamacao-da-republica-em-quadrinhos.html

Quadrinhos disponíveis para download sobre várias temáticas e tempos históricos.

http://historianreldna.pbworks.com/w/page/49091100/HIST%C3%93RIA%20E%20QUADRINHOS

Histórias em quadrinhos têm potencial para transformar as aulas em momentos mais divertidos, só não sei ainda como utilizar essa ferramenta de forma mais satisfatória. Se alguém quiser experimentar e contar sua experiência aqui, o espaço é aberto. Por ora, espero que divirtam-se com os quadrinhos indicados. Asseguro que vale à pena!






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