Thursday, October 4, 2012

"O morcego"


“A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptívelmente em nosso quarto!”
(Augusto dos Anjos, “O morcego”, 214).

A poesia de Augusto dos Anjos pertence à época de Realismo e Naturalismo, que começou em 1881 no Brasil. Ele, conforme as características deste movimento, queria explicar os por quês da vida por meio da ciência. Segundo ele, o comportamento do humano podia ser compreendido só no contexto do ambiente na qual se encontrava e as regras científicas que governavam a mente e os hábitos. Sabendo disso, ficamos mais prontos para entender o soneto “O morcego” por Augusto dos Anjos.

Usando como metáfora um animal (ao qual nós normalmente atribuímos uma natureza fixa), Augusto dos Anjos explica o que é a consciência humana. Como todos os sonetos, tem catorze linhas. É um soneto italiano, pois é composto de 8 linhas, que têm um esquema de rima (neste caso, ABBA BAAB) e 6 mais linhas com outro esquema de rima (CDE CDE). A interpretação e o ponto crucial do poema se econtram nas últimas linhas aqui citadas. À noite, a consciência muitas vezes vem para nos perturbar. Nossos pensamentos mais escuros e desaminadores vêm nos mordendo como este morcego. Ficamos apavorados apenas pelo toque do ‘animal’. E por mais que nós façamos, Augusto de Anjos fala, este animal faz entrada na nossa cabeça. É um comentário da psicologia do homem e como há coisas que ficam além do poder dele para mudar, coisas imutáveis da natureza—assim como o morcego não tem poder para mudar a sua natureza.

4 comments:

  1. Boa análise! Mas ele é, geralmente, considerado pré-modernista pela temática e pelo conteúdo. Sofreu influências parnasianas e naturalistas, mas o conteúdo de sua obra o afasta daquelas escolas literárias.

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  2. Alguém sabe qual foi a crítica?

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