domingo, 14 de dezembro de 2008

O LADO OCULTO-ESOTÉRICO DO CASAMENTO

INTRODUÇÃO
O casamento do homem com a mulher, do ponto de vista oculto-esotérico, é um empreendimento altamente complexo, porque envolve, simultaneamente, aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais. Ser feliz no casamento é tentativa frustrada, na maioria das vezes, porque as pessoas não conhecem as variáveis envolvidas, assim como também não conhecem a importância relativa dessas variáveis.

O conceito de felicidade é muito incompreendido e confundido com a sensação de possuir coisas materiais. Na realidade ser feliz não depende da posse de coisas assim como não depende das circunstâncias materiais da vida. A felicidade é um estado de ser - e não de ter - que depende de nosso grau de satisfação tanto interior quanto exterior. Interiormente, nossa felicidade depende da satisfação ou aceitação em relação ao ser que realmente somos, isto é, em relação às nossas qualidades e defeitos, paz de consciência e harmonia interna. Exteriormente, nossa felicidade depende da satisfação ou aceitação em relação às coisas e circunstâncias materiais da vida, principalmente em relação às coisas que não podem ser mudadas.

Se o homem e ou a mulher não são felizes em suas vidas de solteiro, não é o casamento que deverá mudar essa situação. A felicidade não pode ficar na dependência, por exemplo, de que determinada pessoa se case conosco ou que goste de nós. Nunca seremos realmente felizes se a nossa felicidade ficar na dependência de algo que esteja fora de nosso controle, ou seja, fora de nós mesmos.

As chances de sermos felizes no casamento aumentam se descobrirmos, antes de nos casarmos, em qual nível de consciência está o nosso relacionamento. O relacionamento pode estar no nível físico, emocional, mental ou espiritual. Ao meditarmos sobre qual nível de consciência está o nosso relacionamento, teremos mais condições de predizer se o casamento poderá ser duradouro e também estaremos melhor preparados para superar as dificuldades naturais do aprendizado da vida a dois. Se percebermos que o nosso relacionamento está apenas no nível físico ou emocional, então o recomendável é não se casar, seguindo o velho ditado “antes só do que mal acompanhado”.

Os quatro níveis de consciência no relacionamento com as suas respectivas variáveis e importância relativa são apresentados a seguir:

FÍSICO
O casamento no nível físico de consciência consiste numa união, oficializada mediante a assinatura de um contrato, o qual poderá ser quebrado assim que existirem desacordos de natureza puramente material. Problemas ou mudanças significativas nas variáveis físicas poderão gerar mudanças significativas e definitivas no relacionamento.
Variáveis: Ritual, beleza e saúde físicas, fama, dinheiro, bens materiais, qualidades ou defeitos físicos, instinto, sexo com compromissos de natureza física apenas.
Importância relativa: O menos importante de todos aspectos.

EMOCIONAL
O relacionamento no nível emocional de consciência se caracteriza pela predominância da paixão ou do desejo. O casamento neste nível de consciência, entretanto, não garante a manutenção da união quando acontecem mudanças tais como o esfriamento da paixão ou a perda do desejo. É a doçura do mel e prazer que se acaba e a terrível rotina que se inicia. No entanto, mudanças significativas e problemas materiais tais como dificuldades financeiras, doenças físicas e perdas de bens materiais poderão ser superadas no relacionamento.
Variáveis: Paixão, emoção, vontade, desejo, afinidade emocional, qualidades e defeitos emocionais, sexo com compromissos de natureza física e sentimental.
Importância relativa: Mais importante do que o aspecto físico apenas.

MENTAL
A união do casal no nível mental de consciência pode ser sustentada por toda vida com base em pensamentos afins tais como no planejamento da vida a dois, na amizade, na escolha do local para viver, na seleção dos bens materiais, na vontade de se tornarem pais e na escolha das atividades profissionais. A maioria dos casamentos com maior duração, provavelmente, se encaixa neste nível de consciência. Problemas ou mudanças significativas nos aspectos físico e emocional poderão ser superados no relacionamento. Assim, problemas devido às modificações normais que acontecem com o passar do tempo tais como o esfriamento da paixão, doenças físicas ou emocionais, perda da beleza física ou dificuldades financeiras poderão ser compreendidos e superados pelo casal.
Variáveis: Razão, intelecto, planos, afinidade mental, amizade, objetivos, formação, educação, arte, cultura, qualidades e defeitos mentais, sexo com compromissos de natureza física, sentimental e mental.
Importância relativa: Mais importante do que os aspectos físico e emocional.

ESPIRITUAL
A união no nível espiritual de consciência tem a sua base no amor verdadeiro. Problemas ou mudanças significativas nos aspectos físico, emocional e mental poderão ser superados no relacionamento do casal. Assim, desacordos em relação aos objetivos individuais, esfriamento da paixão, surgimento de doenças físicas, emocionais ou mentais ou qualquer outro tipo de problema poderão ser superados pelo casal, de modo que a união pode se estender por toda vida, e até mesmo, para a vida do além túmulo.
Variáveis: Amor verdadeiro, carma ou compromissos adquiridos de outras existências corpóreas, afinidade espiritual, qualidades e defeitos espirituais, tendências, intuição, sexo com compromissos de natureza física, sentimental, mental e espiritual.
Importância relativa: O mais importante de todos os aspectos.

Um comentário:

EU disse...

No Symposium de Platão o personagem Aristófanes repete um antigo mito grego sobre os seres humanos originais, que eram perfeitamente redondos, tinham quatro braços e quatro pernas e uma cabeça com duas faces, parecendo opostas entre si. Essas esferas humanas possuíam qualidades tão maravilhosas e de tão grande inteligência que rivalizavam com os deuses que, pondo em ação sua inveja e terror, cortaram as esferas em dois, a fim de reduzir o seu poder. Os seres esféricos originais ficaram separados em duas metades, uma feminina e outra masculina. Desde então, continua a estória, as duas partes separadas do ser humano original viviam lutando para se reunir. “E certo dia uma delas encontra sua outra metade”, Aristófanes informa-nos, “a metade real de si mesma,... o par mergulhou num deslumbramento de amor, de amizade e de intimidade, e não queria ficar fora das vistas do outro... ainda que por um momento: essas são as pessoas que passam toda sua vida juntas; entretanto, elas não conseguem explicar o que desejam uma da outra”. (The Philosophy of Plato, tradução de Jowett, ed. Irwin Edman, Symposium, The Modern Library, Nova Iorque, 1928, p. 356).