Não deixarmos que a vaidade nos coloque em situações ridículas por pensarmos que a verdade é nosso patrimônio pessoal. O melhor argumento é o “ sei que nada sei ”.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Filosofia do Bonsai





A Arte e a Filosofia do Bonsai são criação única e exclusiva da Natureza. Antes dos primeiros observadores humanos, a Natureza vem recheando nossos caminhos de belíssimas árvores miniaturizadas. No Extremo Oriente, por razões filosóficas e religiosas, há maior contemplação do Mundo que nos cerca e maior meditação sobre os fenômenos naturais, por menores que sejam. Logicamente, teriam que ser monges budistas os primeiros a transportar para a habilidade humana, essa Arte tão fascinante. Parece-nos irrelevante, neste contexto, discutir quem primeiro fez esta transposição. Chineses e Japoneses devem ter chegado quase juntos na apreciação e execução da Arte. Embora raramente mencionados, os Coreanos também são precursores nesta transposição. A nosso ver, os Japoneses merecem o nosso reconhecimento por terem aberto ao mundo ocidental as técnicas da Arte, principalmente após a Segunda Grande Guerra, principalmente os Grandes Mestres Kyuzo Murata e Yuji Yoshimura.Ou seja, fizeram com que enxergássemos aquilo que diariamente não vemos, embora exemplares existam em abundância. No Rio de Janeiro, é comum árvores assumirem o formato "Semi-Cascata" nos taludes do canal do Mangue, no bairro do Maracanã, ou outras "Fustiga das" nas áreas mais descampadas perto da praia, na Barra da Tijuca ou no Recreio dos Bandeirantes. Estão lá, quase ninguém as vê individualmente e poucos as apreciam. Pela sistematização da Arte do Bonsai por povos orientais, ela traz consigo conotações das filosofias religiosas praticadas há muito tempos, naquelas regiões.

Por.:  Fabiana Kussakawa do Miagui Bonsai

   Espiritualidade e Arte

Filosofia - O ELEMENTO INSPIRAÇÃO - O fato de que o Bonsai pode inspirar e elevar o espírito humano é aceito pela maioria das pessoas. Sua origem tem um significado religioso e filosófico. Assim como os arranjos florais japoneses que são usados para adornar o tokonoma (altar da casa familiar japonesa), também são usados bonsai como um ato de culto com o mais profundo sentido espiritual da vida. Como um longo processo, nascido de uma visão interiorizada de uma árvore em seu habitat natural, transformado em obra de arte, é capaz de evocar sentimentos de beleza, graça e grandeza. A dedicação, a observação, a perseverança, a disciplina, a humildade e a determinação são todos fatores preponderantes em nossas vidas, assim como nos bonsai. Em todo bonsai se encontra a forma do triângulo : Deus - Terra - Homem; o bonsai une a terra ao céu, se converte em alegoria concreta ao conduzir o homem pela rota do espiritual. Se conta a história daquele velho sábio que explicava sobre seu rosto jovem e liso por sua devoção ao bonsai: ao contemplar sua obra, não podia envelhecer, já que "se as flôres murcham no inverno, em sua casa estão sempre abertas". O bonsai, imagem interior, simbolo da eternidade - elimina o tempo, reflete a harmonia entre o homem e a natureza, entre o céu e a terra.
PRINCÍPIOS DE ESTÉTICA - Como arte, os bonsai tem certos princípios de estética que podem ser analisados e estudados, os quais estão baseados nas linhas estéticas das artes chinesas e japonesas. Por tanto, para apreciar a estética do bonsai, é necessário entender em que contexto estas artes se desenvolveram.
Originam-se quase todas no taoísmo e no budismo, com disciplinas complexas e muito técnicas, baseadas nos princípios fundamentais de "wabi" e "sabi". Wabi, significa literalmente "pobreza" ainda que esta tradução não reflita a riqueza de seu verdadeiro significado. Pobreza neste sentido, significa não ser dependente de possessões materiais. Pressupõe que esta pobreza externa autentifica a riqueza interior, devido a presença de algo de valor superior a presença de meras possessões. Em termos intelectuais e artísticos, o wabi encontra-se em pessoas que não caem em complexidades estruturais, de expressão adornada em excesso ou de pomposidade na auto-estima. "Sabi" por outro lado, denota "solidão", ainda que em termos estéticos seu significado seja muito mais amplo. Um elemento de antiguidade também está implicado, principalmente se combinado com uma primitiva falta de sofisticação. Encontramos Sabi nos utensílios usados nas cerimônias do chá. Portanto, Sabi é graça combinada com antigüidade.Permeadas com estes atributos, encontramos as qualidades do amor à natureza, preferência pelo desequilíbrio e a assimetria, evitando a abstrção, o intelectualismo e o automatismo. Em adição a Wabi e Sabi, existem sete características mais que são consideradas como expressões do Zen em uma obra de arte, e combinam os conceitos de Wabi e Sabi: assimetria; simplicidade; sublimidade austera; naturalidade; profundidade sutil; liberdade de movimento e tranqüilidade. Uma ou mais dessas qualidades podem predominar em uma determinada obra artística, porém todas devem estar presentes, em certo grau, para criar uma harmonia que caracterize esta obra.
Estes princípios podem parecer mais abstratos e remotos para o principiante, porém com o tempo deverão ser uma parte intrínseca de sua aproximação global ao desenho criativo. Com estes conceitos em mente, se deveriam estudar as grandes obras reproduzidas nos livros de bonsai.




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